domingo, 19 de junho de 2011

REGIME, DIETA... ( wikcionario dicionario onomastico etimologia enciclopedia )

O humanismo é, antes de uma doutrina, ou teoria, uma atitude do homem
ante a sociedade e cultura, uma reposta ou uma ação crítica aos
abusos que civilização perpetra, paulatinamente, contra o indivíduo,
quando essa civilização começa s se enrijecer com normas cada vez mais
independentes da vontade humana, com fulcro tão-somente em vontade
política, que é a vontade de ninguém, exceto dos interesses dos donos
do poder, seja ele econômico, jurídico, executivo, legislativo,
judiciário, ou do poder dos meios de comunicação de e massa, que
massacram impiedosamente seus adversários, reduzindo-os a pó, agindo e
reagindo ( na realidade mais reagindo que agindo, pois não está na
esfera do pensamento humano não alienado : o poder é uma esfera que
existe alienado do pensamento humano em alma ( um pensar morto e
sepultado com o filósofo morto ), porém vigente ainda no " espírito
das leis", espírito sem alma , ou pensamento morto, leis essas que, pela
farsa da impessoalidade, pune quem deseja punir
e faz galgar aqueles que são servos úteis aos poderosos). Não há
espírito algum em lei sem alma ( alma sempre em sentido-latim pagão,
não o cristão, que remodela o termo ao cunhar outra idéia fundante da
estultícia cristã e sua gnosiologia inerme, pusilânime ). Lei pétrea
ou com tal cláusula ( ou clausura?).
Nenhum poderoso é humanista, porquanto não é possível ser humanista
sendo psicopata, vivendo sob o anátema ou o estigma da psicose ou do
poder, que traz a megalomania inexoravelmente. A paranóia decompõe o
homem em vida, rasga a alma de par a par. Marx, sim, era um humanista
ferrenho, conquanto materialista dialético, ateu. Contudo, em sua
tolerância, nada tinha a opor a deístas ou ateístas, fora do estado
que rumava para a utopia do comunismo marxiano.
O humanismo, mais que tudo, é uma atitude, mas antes de ser uma
atitude radical é uma noética ( não creio ser viável qualquer ética,
mas sim a noética, que é
a inteligência da ética ou comportamento humano racional ) : dá-se
esta atitude radical quando o homem se põe no centro do universo,
tomando o lugar de Deus ou dos deuses.
Tudo isso ocorre no sentido negativo da polar ou bipolar maniquéia
que perpassa todo o pensamento humano, em todas as culturas, desde as
brumas dos tempos imemoriais, guardados, entretanto, no relicário
genético, implica num vetor totalitarista, num totalitarismo à maneira
das piores ditaduras da histórias, se, de fato, não discutindo o
direito, há, nas instituições humanas, outra forma de política que não
seja a ditadura.
A ditadura é a pior forma de alienação do pensamento ; tal forma de
pensar alijada da realidade humana do homem provem da religião, que
plasma as demais instituições ou alienações do pensamento. A religião
é a primitiva forma e conteúdo da ditadura.
Talvez por isso, ou por esse ar no cérebro, Marx tenha aventado a
idéia de ditadura do proletariado ( lúmpen-proletariado), cônscio,
quem sabe,que era o único
modelo do poder, seu paradigma inelutável. A inelutável ditadura do
povo, par ao povo e ao pelo do povo. Sofrível democracia! ( A
democracia e as demais formas de governo são tiranias moderadas ;
quando falta essa moderação, que se caracteriza por uma certa medida,
um comedimento na aplicação da dieta, a qual evoca a virtude da
“temperança”, em regime governamental, então a boca do povo vai ao
dicionário onomástico, “filosófico” ou etimológico e berra,
esbraveja, faz o consumo da palavra “tirania” ou ditadura. Em que pese
o universo onírico que verga os vocábulos para a utopia e o idílio,
todos os governantes são ditadores, tiranos, caudilhos, sátrapas.
No que tange à natureza da ditadura, quiçá seja a democracia, ou a
nobreza, a monarquia, enfim, todas essas formas e demais, não
arroladas, no sumário, formas brandas de ditadura, que a palavra, com
sua capacidade plástica e sua tendência inata, na alma do homem, ao
sofisma, não tenha mitigado o que sempre é uma ditadura em várias
modalidades.
A oligarquia mesmo é uma ditadura e está presente dentro de qualquer
democracia, na alma e no espírito da República e até da utopia, que é
uma república à parte, jogada no onírico e no Direito, que partilha o
legado do onírico durante a vigília, porquanto o Direito é mera e
meritória ficção poética, dramática, ritual, com provas fictícias e
quase nenhum homem probo para trazer a prova à baila ou a lume de um
pequenino vaga-lume na escuridão da noite que o ronda sem assas de
coleóptero, as quais o pirilampo ostenta desdenhoso ante a improbidade
do homem, que, assim réprobo, nada pode provar, senão através
expedientes fraudulentos e
fraudes, interpretações obscuras e eivadas de interesses escusos,
ignominiosos.
O homem, em geral, é a própria representação iconográfica da
ignomínia, da perversão, da boçalidade que lhe toma o beiço, a face
inteira! E, efetivamente, um ser lamentável, um misantropo em
sociedade, um misógino
efetivo. Uma hecatombe, calamidade, pior e mais perverso que um
cataclismo natural : "Ecco homo".
Erasmo de Rotterdan, talvez o primeiro humanista, ou o dos mais
competentes e um dos mais celebrados humanistas, tem esta posição,
algo esdrúxula, uma bizarrice ( mas o homem é bizarro! : assim somos )
: coloca o homem, um louco, no centro do mundo e, ao mesmo tempo,
critica Deus, a Igreja, as mulheres, os sábios, eruditos, enfim, todo
o mundo, inclusive a si, tomando como epíteto de si a loucura ou
estultícia, demência atávica, hereditária.
Erasmo de Rotterdan é uma personagem do humanismo , um protagonista de
peso ; ele lê e escreve o humanismo dentro de uma maniquéia esdrúxula,
bizarra : polariza o mal no mundo, parece se sentir desconfortável,
paradoxalmente, com a ausência de deus no mundo e a nova posição que o
homem toma nesse ínterim, do timão do iluminismo para o humanismo, que
se complementam, se não for o mesmo pensamento com diversa terminologia
histórica, um movimento ou um mover o tempo paulatinamente, com as
respectivas mudanças ou mutações que renomeiam a esteira por onde
cavalgou o pensamento, num galope de corisco sobre o alazão, o corcel,
a cavalgadura de Hércules ( Héracles), Pégasos, ou o unicórnio da
mitologia grega.(Cavalo Andaluz, Árabe, Quarto de milha, Pônei,
Crioulo, puro sangue inglês, lusitano, Bretão , Berbere, Pampa,
Mangalarga marchador, Paint Horse, etc.).
Ele, Erasmo, cético e mesmo incréu, ateu cínico e irônico, useiro e
vezeiro de subterfúgios maliciosos para não cair nas garras da
inquisição, a simpática Inquisição à espanhola ; não obstante os
riscos da empresa, esse renomado erudito medieval sabia
brincar com o fogo sem se ferir ou queimar na fogueira do inquisidor,
pois o que ele critica e satiriza o faz com tamanha habilidade que
ninguém consegue decifrar a heresia evidenciada alhures em seu texto,
mormente na obra "O Elogio da Loucura", que é um panegírico invertido
do mundo comandado pelo poder do homem na ausência total de Deus, o
inexistente fora da metafísica, o inexistente na física.
Para o humanista em tela, o homem é um louco ( estulto) e o mundo sem
Deus e, consequentemente, sob a batuta do homem, é a loucura (
estultícia ) ou o pólo negativo da maniquéia, sem nenhum possibilidade
de tensão com um pólo positivo falso ( o rebanho sobrevive sob a capa
da mendacidade, que é outra forma de mendicância do vulgo ); destarte,
como o pólo positivo, com o homem no comando, sendo o homem o povo, o
arrivista, o político, enfim, com a probabilidade de que os homens
sórdido e impudentes tomassem o comando, após o humanista, pois mesmo
sob a ameaça de Deus o homem, ainda dentro do claustro, nas abadias,
nos monastérios, na vida monástica, já se comportava de maneira
deplorável, consoante constata todo o tempo Erasmo ao fazer a
"apologia" da loucura humana em todas as suas atividades e
comportamentos,resta ao autor, sob tal ótica, se por como pólo positivo
fático e "magnético", a fim de salvar o mundo com a ironia, o
sarcasmo, e, para tal fim, se polariza ao lado do bem, encarna o bem
enquanto crítico mordaz, ferrenho, na sua diatribe em função do bem
( que os hipócritas chamam pejorativamente, na língua deles, de bem
comum, mordendo a língua de Platão quando viva e com enzimas
gustativas para a sapiência); na falta de Deus, mesmo porque o homem
se arvora em único pólo positivo do maniqueísmo renascentista,
humanista, iluminista, porquanto o ser humano, enquanto ente
filosófico, se erige em crítico sagaz, perspicaz, arguto e descrente
ou com umas pontadas de ceticismo e cinismo ( todas essas
"filosofias" ou escolas filosóficas estão presentes no pensamento do
humanista Erasmo, cujo ateísmo é evidente, mas a desesperança grassa
neste pensamento em desalento ).
O pensamento humanista ou humanizado, desbastado na personagem Erasmo
de Rotterdan, homem de sua época, busca uma linha de pensamento
inovadora, ao se deparar irremediavelmente com a ausência e
inexistência de Deus no mundo, dentre os entes e as coisas e,
concomitantemente, da aniquilação ou do niilismo polar presente no
corpo da maniquéia humanista, enceta um novo olhar para as coisas
mundanas, profanas, pois o antigo Deus medieval já não serve à vetusta
maniquéia, vez que saindo da existência, após o advento dos filósofos
iluministas, os ilustrados, enciclopedistas, e os humanistas, ocorre
um movimento pendular que polariza toda a carga do bem não mais em
Deus, que passa da suposta existência ( dos entes mundanos )à essência
( ser de pensamento ou ente sacrossanto, não alijado do mundo,
porquanto nunca esteve na corrente da existência, excepto se se
considerar o panteísmo um deísmo, mas não um teísmo ) e contrapondo-a
ao mal, cujo pólo era o diabo e passa a ser a humanidade, corroída por
homens ruinosos, ignóbeis, vilãos, turba enxovalhada que se erige em elite
pelo voto da massa dirigida, massa de manobra, massa falida.Uma
desolação!
Então o humanista supra mencionado polariza o bem para si, no fim de
Deus, ou morte de Deus anunciada em Nietzsche, a fim de por em
andamento a escritura e leitura, enfim, a literatura da maniquéia, que
parece ser a única forma que o homem encontrou para decodificar a
natureza, o universo e o pensamento; ou seja, a física e a
metafísica, nas quais está contido o conhecimento, porém não a
sabedoria, que sobeja na alma, transcendendo o espírito ( pensamento,
ser, essência) humano.
Suprimida a atividade cênica de um deus, sem essa cenografia, o
indivíduo, que esse é o ser humano real, existente, na corrente da
existência remando ou representando, resta ao homem individual,
individuado ( nem todos são individuados, conquanto sejam indivíduos!
Há discrepâncias de natureza da conceituação, embora sutis ), se põe no
pólo positivo contrapondo-se aos não-indivíduos ( seres
não-individuados, usurpados de sua suposta inalienável individualidade ),
que servem à sociedade alienada na condição de escravos formados
( essa uma profissão à sombra das moles dos edifícios, invisíveis até
para as bactérias e os fungos florescentes ).
É o mais recente embate do maniqueísmo : a justa entre o bem e o
mal, a qual, agora, atualmente, não faz mapas para reservar os
lindes ou as terras lindeiras de Deus, com terrenos nos céus de anil
ou com púmbleas nuvens, porquanto os céus são, paradoxalmente e sem
escabelo para
os pés, as "terras" da divindade, depois do monte Olimpo, e os
respectivos subterrâneos do diabo, com todos os seus subterfúgios e
sortilégios, dos quais nem Hades ou Dostoievski gostava. Essa batalha
entre Deus e o Diabo há muito se findou; teve fim ao irromper a aurora
do iluminismo e do humanismo, doutrinas congêneres, suplementares,
talvez ou com enorme afinidade.
Essa porfia, que desceu dos céus e pisou o barro e as ervas na terra,
ilumina-se na obra de Erasmo de Rotterdam que, não obstante todo o seu
ateísmo sistêmico, sistemático, elucubrado, se sente perdido com a
ausência de Deus e a entrega do mundo para os arrivistas, os loucos de
todo gênero, os sequiosos de poder sobre os demais animais humanos ou
inumanos.
Então, Erasmo, o humanista sóbrio, se põe no lugar de Deus,
enquanto indivíduo crítico, conforme fez Marx, Giordano Bruno e outros
eruditos e sábios, que pereceram nas mãos dos vândalos no poder,
sempre no poder, a perpetrar seus crimes contra o indivíduo ( ou o
conceito vazio de humanidade) em nome da lei, que são seus interesses
escritos claramente, sem rebuço.
A loquacidade do filósofo pugna contra esta humanidade mefistofélica,
que são os novos e reais diabos, os autênticos, fáticos e genuínos
adversários do homem, os filisteus reconstituídos no gigante Golias,
que, então, era a Igreja, e hoje é o estado ( o estado dito de
Direito, cujo único direito é o de atormentar o indivíduo, tolher sua
liberdade, estorvar ; o estado moderno é uma empresa, na realidade, é
sua finalidade é ser um estorvo para a maioria obediente e uma
alavanca para os donos do poder); outrossim, o país, a nação, enfim,
o demônio em voga, a afiar a espada, garras e dentes contra o
indivíduo, cuja luta e inglória, certa a derrota, pois peleja contra
todos os inimigos, uma vez que nesta história a canalha toda é inimiga
odiosa.
Antes matavam e torturavam para maior glória de Deus ( um ente
inexistente que ainda mexe com as gentes!) e assim vão
indefinidamente, sem solução de continuidade, numa maniquéia que é
mais útil para loucos que para sábios ou sãos, santos, límpidos de
alma ( alma sempre no sentido vetor do latim, bem como no escalar
também, amém).
O loquaz Erasmo de Roterdão, humanista assaz brilhante, obtempera,
subliminarmente, sem que nem ele mesmo o perceba ou leia o que
escreveu ( o escritor é "analfabeto" dos símbolos e outros
penduricalhos que correm pelos seus escritos, quais ratos no porão ou
nos esgotos, pensamentos cujo efeito é o de extravasar idiossincrasias
inconscientes ou cuja intermitência torna a auto-leitura irrealizável
), que sem Deus o mundo muda de paradigma e também desembesta na mão
da besta humana, o que parece reforçar a idéia de Apocalipse que os
tempos e teólogos( ou texugos?!) medievais escreveram na cabeça do
humanista ateu. Assim, apresenta cético um maniqueísmo precário,
irrisório, cuja polaridade do bem é tênue, quase uma despolarização,
consubstanciando, no fundo, uma maniquéia frouxa, na qual o pólo
negativo ( ou o gigante Golias, o filisteu na pele do novo lobo : o
estado ) não tem êmulo ou rival que o possa afrontar.É o fim do
indivíduo ou o caminho para o fim. O começo do poltrão, senhor do
estado, cujas leis distribuem o Direito e a justiça para poucos : os
amigos do caudilho, do sátrapa.
Por fim, é mister dizer que toda a maniquéia dos filósofos se acha
bifurcada em dois pólos, os quais dividem as ciências em física e
metafísica; são dois termos, neste caso a propósito, porque propugnam
em si, em seu espírito ( pensamento ) a própria essência da
maniquéia, no princípio do
contraditório que medeia física de metafísica, essência e existência,
conquanto, ambas, enquanto ciências cognitivas, não têm liame algum
com a existência, mas somente com a essência, alma e espírito que
anima a ciência, cujo espírito é um maniqueísmo universalmente
presente no conhecimento e, outrossim, talvez, na sabedoria, codificado
e decodificado mercê de suas contradições, que afirmam a maniquéia
como doutrina universal constituintes dos princípios da razão humana,
de priscas eras, ó sibila célebre!

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