Náufrago que deu na alva areia /
que peneira a ilha /
- sou Robinson Crusoé! /
o solipsista Robinson Crusoé /
Também sou e sei que sou a areia branca /
alva areia, areal extenso.../
e a praia na costa litorânea que se espraia /
a praia lânguida na orla marítima /
na languidez do havaiano /
com o vento ainda menino traquinas /
balouçando nos braços dos coqueiros /
verdes cordas em olhos de tocar o vento com carinho /
- ternura de Chopin ao piano /
Sou o mar lambendo o sal /
- sal que sou em minha solidão solar /
solícito com solidéu /
e solitude anil levantada ao céu /
alçada até ao azul em cimo /
no paco-paco-papaco peco do pico /
com potes de chuva potável /
com o ápice do anil franqueado a olhos d'água vistos cheios /
( a olhos vistos nos olhos d'água sem mágoa na água ) /
veios seios cheios de enleio no leito /
da ribeira que corre na beira da cachoeira /
com a cabeleira de deusa grega em cachos na espuma flutuante /
anotada por Castro Alves em poesias /
Oh! solitude que mensuro /
- solitude ante mim e meus olhos no horizonte /
que já mentiu o anil /
do qual omitiu o til /
pois há um til fora do anil /
vil til do bem-te-viu /
que ti viu anil no céu /
anilado pela anileira /
cujo plantio é de ponta cabeça /
( planta plantada de ponta-cabeça!) /
Sou Robinson Crusoé exausto na costa leste /
latitude longitude olhada de esguelha na olhadela dela /
da bela amarela na pintura de Modigliani /
que espraia a vela perdida no horizonte /
longe da orla onde /
o naúfrago bateu em areia /
( e o que é bateia? /
Pergunta sem contexto /
exceto com o limo da rima /
- quesito prejudicial /
sem pedra filosofal /
ou Monte Pascal /
em tom clerical /
do tempo medieval /
ó Bernardo de Claraval /
dos beneditino brancos /
contra os beneditinos negros /
cuja irmã vivia no Priorato de Graville /
na solidão do claustro das Cartuxas ) /
Voltando da digressão : /
sou Robinson Crusoé /
sozinho na ilha /
em solitude no mundo /
quiçá no cosmos em contexto grego /
mas não gregário /
enfim no universo com matéria negra /
energia escura permeando todo ato e fato /
tudo tato no mato onde vou até o pé de pato /
e de pequi com caserna para marimbondos e cupim assim /
num mundo de anum mudo sem fim nos confins /
Em pé na areia branca /
com a barra da alva na mão /
e uma flor de laranjeira nos olhos /
o odor da flor de laranjeira nas narinas /
e no vento que passa pelos pelos do nariz /
simples assim sim /
Robinson Crusoé sou /
me escrevendo e me lendo /
nas dupla pessoa do discurso /
locução interlocutória com monólogo e redundância redonda /
no eclipse da elíptica /
prevista na hipótese da equação elipsóide /
uma sentença aberta /
escrita em natura o que está grafado e desenhado no pé de pequi /
que olha do verde das duas folhas e ri /
em frutos encapsulados em verde envoltório /
relicário cujo verdor guarda no anjo da guarda /
o ouro amarelo do fruto /
que é fruta fresca na legislação tributária /
isenta de tributos pelo fisco em Minas /
a mancheias nos campos gerais /
das minas gerais de frutos do cerrado /
filão de frutos e flores /
ervas daninhas e arbustos /
lianas pela flexibilidade das cobras que serpenteiam /
pelo poder da peçonha da jararaca /
Se eu escrevesse um diário /
tipo o diário de Anne Frank /
narrando os horrores inenarráveis da guerra /
que é mais guerra durante a paz das pombas /
diria que hoje e todo dia /
é dia de estratégia para armar a guerra /
mesmo na paz das igrejas /
eivadas de guerras semiológicas /
e batalhas teológicas /
refregas lógicas /
para desgosto das pombas de colarinho azul-pombal /
azul qualquer coisa além do céu de anil puro /
bebida da planta /
que dá um suposto sumo anil /
de anileira desplantada do azul do céu anil /
arrancada com raiz da terra negra da noite do anu /
- anum num bando que forma as moléculas de trevas /
a mole das trevas no edifício da noite /
feminina nos olhos e nos longos cabelos /
penteados com esmero /
Se começasse um diário hoje /
diria que todo dia é hoje /
ontem e amanhã é meramente abstracto, /
abstracção de um pedaço do espaço que chamamos tempo /
a porção móbil do espaço /
o pedaço que se desloca por ser leve /
de pequena massa ou mole /
no sentido da mole do edifício /
que se vê á distância /
e da mole que forma a palavra molécula /
exprimindo o significado de massa no radical /
não importando se grande ou pequena quantidade de massa /
se na mole do edifício ou no corpúsculo formado por moléculas /
como a mole da água corrente /
esbravejante na torrente veloz /
descendo pela escada do rio /
como se água fossem anjos a descer e subir na escada de Jacó /
( Sem embargo dos percalços que os há /
lá para lá do luar (bah!) /
há um ontem abstracto, /
abstraído da realidade do hoje, /
espaço em tempo real, natural, objectivo /
e objecto dos sentidos : /
objecto abstrato, ente mental, /
que é ontologicamente,/
mas não existe,/
não está no mundo, /
porém estava naquele tempo abstracto que denominamos ontem /
que a onomástica cobre tudo em equações de sentido ) /
Hoje(sic), no entanto, /
vejo o tempo como o espaço móvel,/
o espaço com mobilidade
ou, abstraindo o espaço, a mobilidade, o movimento ; /
enfim e menos abstractamente falando : /
hoje vejo o motor, /
conquanto o motor seria o que impulsiona o movimento /
e então "complexica" e "perplexica" o conceito de movimento /
para ironizar a perplexicação e complexicação /
ou a abstracção percebida no conceito anterior /
enfocada na concepção anterior de tempo /
não para inovar ou inferir outra categoria temporal /
porquanto o tempo é motor que se move sem motor /
arranco sem torque de quinhões do espaço /
elucubrados depois em equações com derivadas parciais /
que cantam o canto de Planck e Einstein /
( equações da luz e da propagação das ondas /
- equações de tudo o que se move /
e é motor ao se tornar móvel ) /
Sou Robinson Crusoé até na concepção do tempo /
não apenas algo que está na cadeia das palavras /
mas que transcende à teia das palavras /
que é uma teia conecta tal qual a da vida /
ou o ciclo da água ou do motor Otto de combustão interna /
mas também no entendimento que tenho de tempo /
de discrepa de Einstein e Newton( ai de mim!) /
e põe no mundo o tempo não apenas como algo natural /
consoante sói à filosofia natural /
porém põe o tempo como vocábulo /
que é algo que refoge à realidade plena /
e se refugia na realidade enquanto algo dado aos sentidos /
e que depois intelectualizamos no desenho do conceito /
e põe o tempo no mundo para além do simples ato de pensar /
e que pensa com a voz da filosofia natural que o tempo é objeto
presente no real /
e não apenas objecto dos sentidos ou da razão /
que observa os fenômenos no mundo contando-os /
graças ao intelecto humano e a diversidade dos indivíduos /
bem como pelo poder do uso da razão /
( exclua a grei miserável /
intelectualmente inerme /
inerte amorfa massa /
para os quais somente há uma resposta /
e uma verdade alheia a eles /
que não conseguem ser indivíduos /
porém apenas grupos /
rebanhos no pasto ) /
tirante estes infra /
há tantas respostas quantos indivíduos ,/
tantas verdades quantos são os indivíduos /
e se contam as inteligências não como sete /
porém quantos são os indivíduos /
também são as inteligências humanas /
graças a Voltaire e depois a Deus /
( natureza, da qual Deus é o símbolo mais palpável e sensível à
textura antropológica e
cêntrica, /
centrípeta força )./
Na verdade ( que é o bom em grego em grego antigo ) /
não existe a verdade, mas a filosofia; /
mas fora do falar grego tangendo para a metafísica /
nem a sequer existe a filosofia há... /
- o que há são filósofos /
meras representações do homem /
( alienação do homem em filósofo /
um ser menos que o homem /
porquanto o homem é tudo : /
monge, médico, monstro, gari, poeta, advogado, doméstica..../
enquanto o filósofo é apenas filósofo /
- um pedaço do ser do homem /
que nem é um homem /
porque parte do homem /
alienado numa profissão de fé /
mesmo no existencialismo ateu ) /
Não obstante, sou Robinson Crusoé /
uma personagem fictícia que encarno /
que somente é em mim /
no bojo do meu ser /
Sinto-me Robinson Crusoé num diário sem diálogo /
( Robinson Crusoé, cujo livro leio, li ontem ) /
Sou Robinson Crusoé /
e simultaneamente sou Anne Frank /
comentando a vida /
olhando para o espelho do tempo no pó da luz /
Ademais, a luz em pó no espelho do tempo em pó /
caído com o anjo decaído no pó do solo para ervas daninhas, /
( dente-de-leão no chão com a forrageira do anil por cima /
em céu de mil azul com flor azul ) /
dá-me olhos e olhar /
para perceber a luz que olho e faz o olho /
( faz o olho com um bisturi de luz ou obsidiana ) /
guardada na redoma do ato natural de fazer pensando /
Meditando silente olho o olho da luz /
olho no olho da luz /
( a luz é o olho que fabrica o olho e o que olho ) /
onde nado e navego com o olhar /
barco para outro mar à vela /
puro veleiro aproando à sotavento /
Nado na luz com os olhos /
piso na luz e nela abro uma picada /
um caminho que vai aos peixes /
que nadam dentro de mim em pensamento /
e fora de mim no azul para pássaro /
que outro nome que se dá aos crustáceos /
que voam incrustados no céu de pedra preciosa tracejada a lápis-lazúli /
ou viaja pelos olhos no azul da ametista /
viandante à sombra do teque-teque /
ou do atum no mar sem anum /
porquanto um anum no céu é quinhão de noite /
todavia um bando de anum faz a noite ser um anu-preto enorme /
esticado qual tapete persa num céu vivo /
para pássaros no azulão do dia /
e morcegos negros no negrejar da noite /
na calada da escura rumando para anum /
tecendo anu na maré alta em ondas negras /
de mar da noite /
pois a noite é um mar negro /
e uma necromante bela com cabelos longos nigérrimos /
de mulher jovem em pleno poder sexual /
no império sexual vasto da bela mulher /
longas as madeixas tal qual o império dela /
sobre os pobres romanos em campanha /
contra a rainha Cleópatra /
lá do Egipto antigo e fixo nas pirâmides /
signos e símbolos eternos /
que fazem pó da luz no espelho /
onde se olha a bela /
aonde ela vai mergulhar na luz /
com mel e leite no oceano perpétuo de luz /
que desmancha o tempo em pó /
e mantém rígidas as pedras das pirâmides /
e as rochas e gemas dos olhos /
asseverando que eu sou o tempo /
no azul do pássaro sobre as cordilheiras de costa a costa /
no verde abissal matizado nas algas que ambienta o molusco e o
tubarão-cabeça-de-martelo /
e no anul do céu aberto escuro para morcego e coruja pia /
que vasculha e bisbilhota a calada escura sem escusa /
- sou a substância do tempo /
e mesmo a gosma nojenta que move o espaço no caramujo /
porquanto espaço é porção do tempo deslocada /
movida como a areia que o vento toca /
- e toca viola, ó violeiro bom! /
Sou Robinson Crusoé e o mundo é minha ilha /
sendo o mundo o corpo que me circunda /
e o tanto de água para mar que sou /
em meu estado físico da matéria /
( expressão estúpida e científica, pomposa.
A estupidez científica é menos estúpida? /
ou menos estupidez ?! ) /
Se eu começasse um diário hoje ( amanhã?) /
tipo Anne Frank /,
o diário de Anne Frank, /
escreveria sobre a guerra /
tal qual Anne Frank escreveu /
sempre sobre a maldita guerra /
cavaleiro da peste e da fome /
cavaleiro negro da desgraça /
- a guerra é o demônio solto a cavalo /
galopando no mundo /
predador pronto e apto máxime para matar /
ferir com peste negra e fome amarela /
sobre o cavalo amarelo /
que galopa fosco no lusco-fusco /
até destruir o caminho do trigo /
até apagar as marcas dos pés do milho /
até apagar o fosco do amarelo no sol /
apagar o espectro amarelo nos pés descalços do trigo /
que anda até o pão /
este andarilho de longa peregrinação /
que é o trigo e o milho em bonecas com bastas cabeleiras /
para brincar de vida com as meninas /
( porque estamos em tempo de guerras /
quando todos os diabos estão no tempo /
como motor do mundo /
que gira sob seus pistões /
e, entretanto, teimam em dar o prêmio da paz para o promotor da guerra /
o senhor do conflito bélico /
onde pousa a águia peregrina /
e o falcão peregrino /
a fim de inviabilizar a percepção da guerra /
e desviar as ondas senoidais /
para a semiologia de guerra , sem paz, /
que comunica os horrores de um campo de concentração /
e um genocídio pretérito /
( holocausto é vocábulo mais caro ao desgosto dos irmãos judeus, ó
Kafka, Kiekiegaard! /
no abstracto aberto a todo pano
ao veleiro da imaginação no vento que sopra o deus Eolo da Grécia /
antiga, fazendo o presidente do império atual parecer a paz da paz, /
que a grei católica gosta de ver como o consolador Espírito Santo, /
um estado da alma mitificada /
ou mística na rosa e na cruz /
ambas pelo mar escarlate do sangue /
grego judeu romano celta vândalo godo visigodo /
engodo é que não é )./
Sou Robinson Crusoé numa ilha do pacífico,/
talvez atlântico, ou atlante, /
e mal grado a solidão monástica, estou em guerra, /
apesar da solitude de longa terra para um povo de pés no Rio Pó, /
paradoxalmente, estou sem paz, ainda à sombra das pombas /
porquanto não me deixo em paz à sombra dos caminhos /
que descaminham antípodas /
e fogem dos chinelos
das sandálias franciscanas ou havaianas
ou dos pés descalços das carmelitas descalças /
nos caminhos incansáveis e longos nas areias para os pés exaustos dos
pacificadores /
marcas nas areias velhas das ampulhetas /
que olham com cintilação das estrelas /
lá de cima da Nebulosa do Relógio de Areia. /
Sou Robinson Crusoé /
não obstante se eu fosse escrever um diário /
não seria como o de Anne Frank, /
embora ela descrevesse os horrores da guerra /
e eu saiba desses horrores dos homens no "front" cotidiano, /
da batalha perdida quotidianamente para o maldade humana /
Não falaria de mim /
( e estaria, inobstante, escrevendo sobre mim, uma auto biografia, /
ou quiçá "Memórias de um cínico com gosto de Menipéia" /
pois mesmo falando de objetos e de outros seres humanos, /
estou a falar de mim por meio desse reflexo do meu ego /
ou subjetividade ( objecto subjacente é o pensamento ) /
no que observo e ponho como objeto do meu logos não
grego, /
da lógica, Farol de Alexandria metafórico e real /
na simultaneidade que é o pensamento, /
ser no qual não se separa o tempo do espaço, /
conquanto nas palavras que traduzem o pensamento /
venha a abstracção, que não entra na intimidade do pensamento, /
o ser que nos põe no mundo enquanto seres pensantes /
e não apenas perceptivos e ativos pelo corpo. /
Agimos também e principalmente, e antes do tempo, pelo pensamento), /
falaria da minha idéia que perpassa, una, coerente, /
a tudo o que faço de objecto./
( Ah! a propósito! ( cruel propósito) : adoro os textos da
Menipéia...mande-mos mais /
ó monólogo em forma de leitor /
que me lê ou não /
ou que me leio enquanto escrevo e o pós-escrito /
pois eles ( os textos ) estão no plasma social, econômico, político,
axiológico, /
dentre outros universos correlatos /
( e todos os universos, no caso, são universos bolhas, /
paralelos, alelos, tais quais genes, /
processados no "sabat" ( "sabá") judaico e grego, /
os quais são alguns dos símbolos e arquétipos /
fundantes e constitutivos da mente humana, /
templo da ociosidade perpétua ) /
Eu sou Robinson Crusoé /
e tenho um modo de pensar e ler /
uma tese ( território ) no mundo /
e toda uma economia e um mercado negro /
não existiriam sem mim /
e seriam afectados por um ato hipotético, /
da minha inexistência real ou ficta /
social e individual /
pois se sou Robinson Crusoé /
devido à minha auto-consciência /
outrossim minha consciência me diz e assinala /
outros Robisons Crusoés no mundo /
captados pelos meus sentidos /
e também mensura a realidade e irrealidade /
da ficção que sou passando pelo caminho da natureza /
da física que me circunda e penetra o corpo /
ainda na mente com a dopamina e as endorfinas /
( porquanto a ficção tem existência mas não vida /
é real no ser que o pensamento faz com a imaginação e o significado /
e irreal em natureza física ) /
que, todavia, pode se tornar real /
ao nascer o "ovo" que encete o contexto ou teia /
que faça existir outro modo de pensar e ler /
o mundo social e, consequentemente, transcrevê-lo para o direito,/
ou seja, normalizá-lo, porquanto muito do que existe no mercado negro,/
ou é produto ou mercadoria do supramencionado mercado,/
se deslocaria para o mercado livre /
( não o do site homônimo, claro),/
mas para o mercado ordinário, /
livre ou regulamentado em lei, quando fosse o caso /
e se fosse, quando fosse. /
Sou Robinson Crusoé /
enquanto idéia e ideal /
com uma ideologia política /
ou céptico e mesmo cínico /
crítico sarcástico e incréu /
( As ideologias são complexos à parte, /
inclusive à parte do mundo real, da realidade, /
pois, obviamente, são idealidades, /
mas, concomitantemente, são mais que idealidades e realidades, /
são seres, entes mentais da espécie das Quimeras, centauros, /
entes cujos existência é meio real e meio ficta,/
corpos de dubiedades, /
se pudermos usar essa expressão ambígua /
para tentar exprimir essa ambiguidade lógica, real e imaginária /
ao mesmo tempo e no mesmo espaço mental e social ) /
assim como ferindo interesses de vários grupos poderosos /
que desejam que tudo continue /
como dantes sem quartel de Abrantes.) /
Sozinho no mundo /
sou Robinson Crusoé entre ilhas Maldivas /
usufruindo de plena solitude /
de quem está no campeonato de moto velocidade /
( motovelocidade é Valentino Rossi /
ninguém mais que Valentino Rossi ) /
com um adversário há mais de 20 segundo atrás /
e o outro 25 segundos à frente /
sem importar as posições do solitário em pista /
- piloto em solitude no autódromo /
e solidão na alma que acelera a Yamaha /
ganhando força no motor Otto /
ciclo Otto do motor /
roncando no torque da motocicleta /
do doutor Valentino Rossi /
um ilustre e típico representante da ordem da cavalaria medieval /
( cavaleiros de Malta e templários e hispitalários /
e um cavaleiro de triste figura escanchado desdenhosamente sobre um
rocim fraco /
na aventura quotidia na sob o põe das auroras em forma de rocio /
- claro rocio que gurada a imagem da lua amarela e recordata no papel /
de lua minguante ou quarto crescente /
ou novilúnio ou plenilúnio quando álacre e sorridente no céu negro ) /
- cavaleiro negro foragido de um Apocalipse escrito em rolos de pergaminho /
sob o capacete (antigo elmo do ambulante Dom Quixote de la Mancha ) /
e balaclava dentre outros adereços bélicos /
reminiscência de fato historial /
talhado no pó da armadura do cavaleiro templário medievo /
ainda em pé depois da vasta história e batalhas /
escritas com o sangue no fio da espada /
do monge e guerreiro na cruzada santa /
senhor da guerra do deus Marte /
e da paz do Jesus Cristo clerical medieval /
Cavalgando entre as ruínas da solidão /
ao ruído estridente(?) do motor Otto /
( lá vai o douto Valentino Rossi!) /
longe latitudes e longitudes das pradarias verdejantes /
mas dentro da minha alma na campina /
onde gorjeia o galo-da-campina ( Paroaria dominicana ) /
tribo de ave passariforme cuja família é a Fringilliidae /
na verdade é uma clade da família Passeridae ) /
fico eu cismando e cavando na flor do imaginário /
um espaço amarelo outro azul /
consoante faz a flor com suas pás com substância tiradas ao espectro da luz /
que desce lá do vôo peregrino da arara azul /
para a floração que cultiva o anil sobre o espaço incolor /
assim como fazem as flores com um ancinho /
pás e picaretas da matéria ondulatória da luz /
com as quais cavocam um espaço amarelo ou azul trombeta /
um pouco acima do solo /
cavado em anil meio-pedaço de céu /
ou o amarelo tomado às tintas das borboletas /
adejando na parte do espaço incolor /
movidas pelo tempo /
que não passa de um pedaço ou favo do espaço /
que ganhou energia com um movimento /
um moto remoto ignoto /
da equação algébrica descrevendo o primeiro motor /
ou primeiro movimento /
com motivo em flor anil /
ou amarelo primaveril /
cavando o espaço branco com duas pás do arco-íris /
iris dos olhos adentro /
ladeados no espaço branco do olho /
que cava a cor amarela e anil /
e o movimento no espaço em deslocamento /
que os algebristas chamam tempo ou função na equação literal /
Em solitude no cosmos imenso /
aberto em céus e espaço sideral /
fico assustado quando vejo /
um fantasma entrar /
ou passar rápido pelos meus olhos errantes na esteira de poeira da luz /
( seria um avantesma ou outro ego /
do outro lado deste mundo em que estou /
cravado como pedra no meu ego /
ou o que quer que seja minha subjectividade /
se a há de fato ) /
Sozinho no universo /
olho estrelas esparsas na noite /
e a estrela do dia /
no amarelo do sol em lápis de cor de Juan Miró /
( ai! que me lembro da infância das crianças que amei /
amor hoje assentado no pó do tempo /
que passou na velocidade do motor em equação de calor /
se não fosse o bebê que levo ao colo /
para o amor levantar do pó /
alegrar as ervas floridas no âmago do espaço amarelo ou anil da flor /
que colheu um pouco do céu e da mariposa ) /
ou quiçá de Wassyli Kandinsky /
da santa terra negra da Rússia de floresta negra /
bosque de bétulas /
tundras e mujiques cossacos /
homens do barro da terra de Chagall /
senhor e rei da aldeia russa /
Só na terra /
sei que sou monge /
poeta médico sábio erudito cientista músico artista /
guerreiro empresário imperador romano /
filósofo sou eu /
e mais ninguém /
pois não tem ninguém /
senão fora de mim /
e de quem eu preciso cuidar /
amar profundamente /
para que a ponte da alteridade /
seja construída /
em lugar do que era esquizofrenia /
autismo e psicopatia /
paranóia com megalomania /
Mas sou Robinson Crusoe na ilha /
- insulado no corpo /
e na minha mente /
capaz de absorver o infinito /
e o tempo pelo conceito-esperança da eternidade /
bem como o todo mergulhar no nada /
um mergulhão algo ao modo do Martim-pescador ou dos atobás brancos /
porém incapaz de singrar os sete mares de solidão /
que não acham porto seguro sequer na solitude /
nem tampouco na alteridade /
que se esforça com todo o amor /
com a paixão que toma o ar /
com odores corporais de fêmeas florais /
( imaginai as vaginais!) /
Em solitude no mundo /
somos Robinson Crusoe /
frente às gigantescas instituições /
as megalíticas fundações /
com a mole do edifício voltado contra o ser do homem /
escrito nos hieróglifos da solidão da pedra brutal /
ignorando o homem /
assim como o fazem as leis e estatutos das fundações /
associações, sociedades e outros monstros /
do novo eterno mito /
que põe as instituições como titãs heróicas /
e o indivíduo como uma pobre formiga ou barata-Kafka /
a ser esmagada sem piedade /
sob os pés do colosso de Rhodes /
Sou Robinson crusoé insulado da ilha sul /
usurpado do poder sobre mim /
conquanto jogado na solitude /
duma masmorra de leis na torre do castelo /
com a máscara de ferro pesando sobre o rosto /
grilhões nas mãos e pés /
na umidade do ergástulo /
ou na cela do monge medievo /
arrostando sozinho contra e a favor de todas as regras /
da ordem dos monges negros /
os temíveis beneditinos da Inquisição espanhola /
de triste memória /
com enclave entre terras de lenda negra /
- terra na madeira dos navios-piratas /
bandeira negra da caveira a celebrar a morte alheia /
( a morte sempr é alheia /
algo alienado do ser vivo /
olhando par ao que irá animar a caveira desenhada na bandeira /
tremulando ao vento que sopra seu espírito de ar /
da boca de Deus a encher os pulmões /
- as duas árvores da vida plantadas no corpo humano /
separados pelo coração ) /
Sou Robinson Crusoéumidade /
porque somente sinto o mundo como sinto /
tenho a inteligência do mundo como eu sou /
e sendo faço o ser /
- ser o que eu sou e vejo e faço /
( o ser é meu pensamento e percepções misturados /
na união do sentimento e razão /
Sou um monge medievo longe arrastado do tempo /
por um motor alocado no espaço /
( motor que é o próprio tempo /
sendo o tempo nada mais que uma parte do espaço /
que se movimenta e movendo-se vira tempo /
ou se desdobra na palavra tempo /
que o acolhe em conceito /
esse novo fato natural ) /
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