Quanta confiança no menino!
Ele olha o mundo para a frente
cheio de confiança
com tanta fé!
pronto e prestes a conquistá-lo!
pois o mundo é dele
- dele a madrugada toda se for preciso!
com o candor do canto do galo
sob palor de lua
quando o luar está para palor
a ritmar o passo trôpego do ébrio
que é um menino alienado da mãe
um náufrago a nado
no rio amarelo de cerveja
indo ao encontro de um promontório alhures
um arquipélago para Robinsons Crusoés
ao instar a madrugada por um banjo
ou um violinista triste
de melancólicos olhos e lábios
à maneira do poeta Manuel Bandeira
que era sorumbático
ou Mário Quintana
menino infeliz e doentio
passando fantasmagoricamente pela vida sofrível
que a vida é sempre decepcionante para todos
depois que o menino fica numa cápsula de tempo
longe do homem incréu
Ai! quanta falta me faz o menino em mim!...
mesmo quando essa dor lancinante é mitigada
pelos meninos que nadaram no meu sangue
peixes-espermatozóides!....
A atitude auto confiante do menino
mesmo com toda a sua ternura pueril
me traz à lembrança
as faces juvenis dos astros e estrelas de Holliwood
a sorrir felizes e apaixonados pela vida
sem especular que hoje
estariam subjugados nos ossos
repousando quedos na caveira e nos ossos do esqueleto
esparsos e dispersos nos jazigos
onde jazem com o tempo desligado neles
sem sequer a rigidez do sorriso
nem o olhar no vácuo
nem tampouco um pouco de tez na face
do Narciso sem espelho
sem espectro sob a chuva de luz das estrelas
ou do astro que a barra da alva
após o dilúculo na madrugada tardia
ou no fim do lusco-fusco
baço e melancólico
Oh! o menino é tanto!
que é impossível dizer um pouco deste tanto! :
O menino é tudo na vida com um sorriso
e um brinquedo à mão esquerda
outro à destra
e um bola no pé de Pelé
( imagine que Pelé foi um menino
cujo pião rodopiou
até parar na alma do futebol
pois foi aquele menino
que deu toda a glória ao futebol
e não o futebol que glorificou Pelé
o douto e sábio com a bola
que foi seu pião
e ganha-pão
que não somente de pião e pipa vive o menino
mas também de todo o rastro escrito pro sua infância
até nas sombras das fotografias
que apagam sua beleza com alma da luz
porquanto á luz não se fotografa
nem a lua no céu em forma navegante de barco...)
Quanta beleza no olhar confiante do menino!
Ele não considera as feras
as bestas que trotam no Apocalipse diário...:
O menino as ignora /
( As pessoas comuns
são como os meninos
essas criaturas descendente em dinastia direta dos deuses
tomam a si com a vida
causas alheias
que são sã suas
mas de outrem
dos que dominam o mundo
o rei e a lei no xadrez político
Os homens inteligentes
são tão incréus
que nem nas próprias causas crêem
são profundamente céticos
Todavia pior são as pessoas de mau caráter
que transformam seu ceticismo abominável
até as políticas públicas )
O menino é o pião rodopiando
o barco de papel na enxurrada
( o batel, o bergantin, a caravela ou o galeão espanhol no sonho flagrado...)
a humildade encarnada
no modo de olhar dialogar espocar em gargalhas espontâneas
em todos os seus gestos sem teatro do absurdo
e em suas atitudes atividades cantos folguedos...
Ah! ele é a espontaneidade!
o ser humano integralmente vinculado à existência
Enfim, o menino é o gênio da natureza
a divindade natural perceptível
refazendo ou replantando o mito grego
porque aonde desce um regato
vai junto uma ninfa
para o menino admirar
- na primeira paixão do olhar!
( A paixão mitocondrial...
do menino a proclamar com gritos estridentes...: Mãe!!!...
e posteriormente sussurrar : amor!...)
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