sexta-feira, 17 de junho de 2011

PENUMBRA EM FOLHAS DECÍDUAS, CADUCIFORMES EM SONO LÍRICO

A flor escondida no amarelo /
no casulo do amarelo /
que se põe em flores e frutos e folhas amarelecidas na tintura do outono /
é produto da indústria do silêncio de tintas naturais outonais /
com um pingo de tempo que grassa pelas tonalidades do amarelo temporão /
a cor enquanto recém-nascida no berçário da fábrica hexagonal /
da Casa da abelha /
quando jovem viçosa e robusta nas flores mais álacres e tintes /
( Tinte : coordenadas : 51 graus 53 minutos Norte 4 graus oito minutos Este ; /
Kade 12 : 3234 - Tinte, Netherlands : 51.883333,4.133333 ) /
e por fim envelhecida ao sabor do tempo para o melhor dos vinhos /
a melhor cachaça Havana ou o uísque velho da velha terra e águas de Escócia /
no Reino Unido pela Rainha Elizabeth /
abelha-rainha, abelha-mestra de uma nação de homens poderosos em sua etnia /
- mesmo no amarelo morto /
caído de amarelecido falecido nas paredes dos casebres /
a cor amarela extemporrânea /
em edição do amarelo amaríssimo /
quase em queda livre dos anjos e demônios /
que batam com a face no pó do solo poeirento /
colorindo ou descolorindo na multicor mesclada com tempo /
a casinhola que pende para um lado de queda de anjo bom /
ou de Torre de Pizza ou torre de Babel /
em escala e proporção humílima em relação a estas obras mestras da engenharia /
- o amarelecido solto no céu em folhas volantes de outono amarelo /
profetizando ou anunciando em voz de arcanjo /
em alto clamor a beleza amarela no ipê amarelo /
fazendo alarido dessa beleza mágica /
na fazenda que faz a moenda /
indústria extrativista desde os tempos de antanho /
antes mesmo de Santo Antão ou Antônio casamenteiro /
( ai! o ipê amarelo endemoninhado de amarelo solar! /
cor caida caindo de velha na parede da casinha velhinha /
da casa amarelecida da velhinha /
da anciã coroada por uma guirlanda de cãs /
- a cor amarelecida no moinho de vento do tempo inexistencial enquanto unidade /
matiz mais antigo que a bisavó viva /
e o tataravô que olha o mundo /
que em breve para ele terá um fim /
no fim da luz em seus olhos vidrados no gozo e quiçá dor da morte /
que lhe retira o coração do peito com obsidiana /
no sacrifício final que o povo Maia copiou da natureza /
a sempre selvagem natureza da deusa virgem das matas virgens /
- a casa amarela da velha senhora /
da viúva que não soçobrou ainda /
que ainda lê os sinais dos dias /
e sabe que os dias passarão dos olhos /
que irão antes que a terra os plante /
- a velha casa que fora amarela /
agora amarelecida tal qual a tez da tataravó /
cainhola de pernas bambas /
apoiada apenas por dois arbustos /
( arbustos-netos ou filhos ou filhas ) /
sob cujo amplexo amoroso se mantêm em pé /
ao pé do pé de goiabeira de goiaba amarela /
que cheira a uma cor amarela de maturidade /
na madureza da fruta para a boca faminta /
do fruto ao colo da goiabeira /
anelando sair para o mundo e espargir sementes /
( há outro amarelo pintalgado no odor em tom de cor do amarelecido visual /
parte não captada pelo espectro solar /
que fugiu com Bach do poder do sol /
e foi viver no reino do deus do nariz e da captação do odor /
em suas nuances variegadas e sutis /
como uma sinfonia para o sentido dado na respiração /
o qual aspira a gustação e mastigação /
A flor amarela precedente ao fruto /
no ar em gás deixando rasto de aroma /
outrossim presente na folha /
aberta aos portais de entrada da luz /
- a flor de um amarelo em cor e olor também amarelecido /
algo próximo a um réquiem na música para narinas /
quando o fruto da goiba se deita do chão /
para o período quase sexual das sementes /
para o sexo da sementeria /
num olo forte que tange e colore a atmosfera em volta /
na forma de um anel de fragrãncia preciosa /
- deitada num barco à vela de um réquiem /
que transcende o limite dos sentidos /
e se presta também a ser sentido ou "ouvido" /
em cor e aroma a cavaleiro do alazão de gases /
compondo e tocando a sonata aromática que pinta de amarelecido o ar /
que então não se vê mas se cheira a cor com as narinas hiper-abertas /
tipo as narinas resfolegantes de um corcel em velocidade /
que é um dos elementos formadores da concepção do tempo /
O odor lido no sentido que capta o ar /
que aspira a atmosfera circundante /
é extremamente vivo e sensível e notável /
nas goibas amarelas e amarelecidas /
pinta a cor amarela no ar /
amarelece-a com o ritmo do Stradivarius que toca a natreza /
em conjunto de cordas com o olfato /
na melodia do deus olfativo /
que os gregos não puseram em cana /
( goibas são frutas amarelas-amarelecidas por excelência /
conquanto não saiba eu se na botânica o fruto seja deiscente ou indeiscente /
se se trata de uma angiosperma ou gimnosperma /
se criptogâmica tal qual as samanbaias /
ou o que seja no reino de nomenclatura binominal de Lineu /
- sei que o fruto vira fruta quando serve de pasto /
na pastoral dos poetas românticos ou irônicos ) /
As goiabas apresentam essas duas tonalidades diversas /
que separam a vida em tenra idade /
da veilhiçe decrépita e escura em plena luz do sol /
e a morte que apaga a luz /
e deixa o breu das trevas tomar o corpo /
e mormente o que olhamos fora do corpo /
colocando a alma nos olhos /
( os olhos sem alma estão vidrados /
exceto quando reviram momentaneamente no orgasmo /
na plenitude da vida e do viver /
que é o ato sexual /
pelo qual esperamos por toda a vida /
e raramente logramos realizá-lo plenamente /
devido ás várias roupas sociais que nos vestem /
até de armaduras de cavaleiros medievais /
que aqui na vida também são amazonas /
porquanto não há cavaleiras ou amazonas medievais /
para exprimir as amarmaduras que não deixma a mulher se despir por completo /
e assim ter o orgasmo engasgado no clímax /
que quase nunca é clímax /
quase sempre é fianl infeliz /
mas pago à meretriz ou à esposa ou concubina /
sempre com a moeda corrente para cada caso /
- pois cada caso parece se constituir num país ou reino independente /
uma nação soberna de mulheres melancólicas e frustradas ) /
Tudo isso está escrito em cor e odor na partitura grafada na Pedra da
Roseta da goiaba /
pois a goiabeira é uma das melhores poetas-escritoras que já li /
de versos deliciosos e vitais demais /
sendo sua obra escrita e cantada /
concerto para violino e orquestra /
concerto para oboé e para trompas /
sonata e soneto e noturno de Chopin ao luar amarelo em cheio /
na cheia da lua cheia que enche marés /
move montanhas de águas do mar em maremoto /
enquanto os poemas da goiabeira em pé /
inflam a poesia da vida da goiba /
e a goiba e a goiabeira /
compositoras e pianistas mais virtuosas e versáteis /
que Chopin e Shubert juntos em um só ser /
poetas mais profícuas e profundas no sistema vegetal que Goethe /
somente não construíram uma existência /
porque faltou-lhe um Dostoievski para lhes dar a conhecer o existencialismo /
e não apenas saber do existencialismo /
porque a inteligência do saber vem dos sentidos /
os sensores da vida com a terra interia /
da parte com motor invisível no vegetal que medra /
imóvel no mineral que não obstante como sais na água viaja em nave célere /
e o móvel acelerado e sem raízes nos animais /
fazendo dos animais o princípio não pio do homem errante /
o arameu errante e pio /
sempre em diáspora /
o nômade de corpo e alma e espírito /
que liga o motor para sacudir a força centrígufa da pedra /
para fugir dessa força inercial /
e ligar o fogo da vida /
que outrossim move os vegetais em câmera lenta /
para longe dos olhos imediatos /
mas junto aos olhos no tempo amarelecido /
dos velhos que sabem /
conquanto muitas vezes não conheçam o mundo /
que está "in natura" /
mas também cifrado nos alfarrábios /
para os olhos dos eruditos /
que quando inteligentes ou genais /
lêem os hieróglifos da Pedra de Roseta que é o homem /
a metade do homem /
sua primeira parte de centauro na pirrção human de símbolos e signos /
que outrossim o homem tem outra partitura escrita em geoglifos /
levígel na areia apenas para os mais sábios e brilantes intelectos /
enigma a ser decifrado à sombra da esfinge no deserto /
os Champolinos e Dostoievisky /
mas Champolion e Dostoeviski num só corpo e mente /
( um centauro de Champolion e Dostoievisky /
o escritor russo e o leitor francês /
um gênio d natureza da leitura /
e outro gênio da natureza da escrita /
ambas pressupondo escrita e leitura juntas /
pois são outro modelo de ccentuaro bifurcado /
que faz o homem um ser completo em intelecto ou mente ) /
pois o homem é um ser escrito em sua mente e corpo /
em duas línguas vivas : em hieroglifos e em geoglifos /
no grego e latim e sãnscrito primeiro /
e depois em cada idioma vernáculo /
bem como na língua complexa da matemática /
que poetiza a física e todas as demais ciências /
pela geometria que forma a sua base /
uma vez que toda a matemática é uma língua que se funda na geometria
euclidiana /
assim como toda língua para escrita e fala se fundamenta em
hieróglifos e geoglifos /
até se simplificar nas línguas alfabéticas /
que o latim espargiu pelos quatro pontos cardeias do mundo /
pois o mundo ainda é de domínio romano /
o mundo ainda é de Roma /
nos idiomas que fala e na religião de Cristo /
( o grande e sábio escritor e cientista e filósofo Dostoieviski /
- Dostoevisky : o Champolion da leitura da alma humana na alma russa
de barba-russa /
posteriormente foi copiado por Nietzsche, Heidegger e mormente por Sartre /
em seu belo existencialismo ateu /
que somente tinha essa estupidez de ignorar Deus e Alá /
ato que torna o homem mais pequeno e rastejante /
que a menor serpente peçonhenta /
que anda possuída com o corpo do diabo no mundo /
- um corpo químico de farmácia ) /
Enfim, a flor oculta sob amarela cor /
amarelece no fruto /
irrompe nas folhas do outono amarelecido /
faz pensar que vemos o tempo /
na tinta do amarelo amarelecido /
ao rodar das folhas no espaço /
em desecontro inteligente com as borboletas amarelas /
inteligentes entes volantes /
no adejar colorido de amarelo em suas asas /
que vão amarelecer poentes /
- poentes poetas /
poetas poentes /
reentrando na terra-tinte e tinta do amarelo /
tal qual o pintainho que saiu do ovo para a vida /
o homem volta à gema amarela do ovo /
ou volta a entrar no ovo /
na morte que põe o amarelo amarelecido de seu sol ao poente /
desaparecendo dentro da casca do ovo /
ao descer as serras que acenam do horizonte /
com tintas tinte do fim do amarelecido /
e a continuação do amarelecido no astro poente /

II
A borboleta rodopiando dentro do espiral do amarelo /
em sua crisálida toda de amarelo /
( a borboleta amarela /
é uma folha de outonal amarelo /
e uma flor amarela inteligente /
ou um fruto no amarelo-ouro que sacia o apetite /
o amarelo que erradica a fome /
e espanta para longe o Cavalo Amarelo /
montado pelo cavaleiro amarelo do Apocalipse /
que se regozija em espalhar a fome e a Morte /
- a morte em todas as suas mainfestações /
quando o amarelo natural é fartura /
fertilidade do solo /
e refrigério para os olhos cansados /
Ah! a borboleta amarela /
na obra de R´ben Braga e da natureza /
é uma folha ou flor amarela solta ao vento /
- uma folha de outono ou uma flor em queda /
caindo aos giros como as asas rotativsas do helicóptero /
- folha outonal em giro sem eira sem beira /
que evoului para a inteligência do vôo /
de dominar o vento /
pois as folhas rodam tolas e sem direção /
volantes na ventania sem inteligência de direção /
flutuando nos fluídos gassoso /
até que a ação da graviade as pões ao chão /
porquanto elas não tem inteligência para superar a força gravitacional /
e apenas sufam no ar /
surfistas malucas /
usando o fluído aéreo como se fosse um mar em procela /
que as afunda qual veleiro frágil /
que soçobra nas ondas de ar /
As folhas secas pelo outono /
que as amarelece antes da queda sem pára-quedas /
tem caimnho para o tombo na terra /
e a outra linhas aéreas no céu para aeroplano /
- as planadoras borboletas amarelas /
que planam e têm motor interior /
- moto natural ) /
As amarelas borboletas /
ostentam o amarelo amarelecido pela natureza /
- o matiz criado no outono /
obra da aquarela de Deus /
que pinta um amaralecido amarelo /
de tom em tom e cheiro em cheiro /
tecendo a teia da vida com aranhas espectrais /
aracnídeos em espectro amarelo /
rondando o amarelecido /
e debuxando o esboço do prazer pplantado nos olhos /
desenhados e pintados sob o sol de Deus /
e o girassol de Van Gogh /
filho amoroso de Deus /
que logrou êxito em amarelecer os girassóis /
sóis de Van Gogh girando /
- girândolas com cores espocando por todos os lados /
que há um Van Gogh /
gênio natural /
que está em natureza viva /
e outro em natureza morta /
pois o gênio do meteoro holandês /
voltou ao estoque de gênios naturais /
e poderá smepre voltar melhor /
soprando outros moinhos de ventos /
com os ventos de seu espírito de Eolo /
pois foi o artista que inventou os ventos para moverem seus moinhos /
porquanto todos os moinhos de vento de van Gogh estão sob ventania /
porque o artista holandês criou moinhos que antes nunca existiram /
e que não existem senão na tela de sua mente /
mente que é uma flor sempre-viva /
uma planta sempre-viva na mente /
tal qual a mente desse artista /
posta em tela com toda a inteligência /
e beleza inexcedível /
Pintoro oriundo dos Países Baixos /
feito da terra e da água daqueles mares de Holanda /
- dos países Baixos onde os homens pisam mais em água /
que em terra firme /
pois a terra está sob os pés do mar /
que calca-a com sandálias /
pisa-a com pés descalço de mar /
um mar descalço á maneira das carmelitas descalças /
que calçam o doutordo de santa Terezinha do Menino Jesus /
a mais humilde das sábias /
Os paíse Baixos /
ao pé do mar /
onde o amarelo amarelece nos trigais de Van Gogh /
e mais ainda nos trigais e gralhas da terra /
onde os espantalhos exibem o amarelo-palha /
que não lembra nem de perto /
o fulvo magníco dos cabelos do meu pai /
que tinha um louro único /
conquanto levasse a coroa de São Francisco /
formando uma espécie de aureóla na cabeça /
onde os cabelos foram rtosados pela natureza /
( tonsura natural dos cabelos do mais precioso ouro /
da melhor pepita de ouro achada no riacho /
do melhor mel /
maisdoce que as abelhas /que, por sua vez, /
- as abelhas de Europa são mais doces que o mel /
de flor de laranjeira perfumando a casa /
arquiteta pelos arquitetos experts em gases /
e engenheiros prontos no conhecimento e técnica para erigir casas /
e edifícios e castelos de puro oxigênio /
misturadas a alguns metais alcalinos-terresos /
que desta forma foi arquitetada e edificada /
a casa amarela onde moro /
quando estou em solitude não /
porque a solitude é impossível na turba /
mas quando estou gozando ou sofrendo de solidão /
que a solidão pode estar no favo cheio de mel /
ou no girassol triste de Van Gogh /
anunciando a visita do anjo da morte /
com a espada em riste /
pronto para cortar o coração de todos /
naquela casa longe da minha /
onde o luto escureceu o sol /
numa eclipse de lua e luto ) /
No que tange a tonsura do meu progenitor /
ela estava circusnscrita a uma numa circunferência /
sobre a parte mais elevada do crãnio /
aquela parte que refletia a face de Deus e as estrelas /
sob o sol tão loiro quanto os cabelos ao redeando a tonsura do meu pai /
a marca da Ordem franciscana e de ritos de tempos antigos /
punha sua cabeça a descoberto no topo /
assinalando um macho cheio de testosterona /
um varão vigoroso e virtuoso /
o qual conheci na idade madura /
pois ele se caou com minha mãe já passdos dos trinta e tantos anos /
à beira da idade da razão /
que não chega para todos os homens /
poruanto a mioria do povo continua menino por toda a vida /
e anida com as cãs deliram sua infantilidade intelectual /
pois não desenvolvem intelecto /
talvez pelo fato genético de pertecerem a famílas de servos e escravos /
desde os tempos perdidos nas brumas /
Mau progenitor, no entanto,
era homem que em tudo apresentava uma beleza física e química invulgar /
e mesmo insólita /
para não dizer insolente e escarninha /
pois jamais vi outro homem que tivesse tão belos cabelos fulvos /
de um luro com a auréola da Ordem santa de São Francisco de Assis /
a Ordem franciscna abençoada graças ao seu fundador /
sua pedra fundamental /
um homem que nem todos os homens juntos da Ordem por ele instituída /
é capaz de ser digno de lhe lavar os pés e tirar as sandálias /
conquanto o pobre Francesco de Assis andasse mais descalço /
e com uma fome imensa /
que mais tarde lhe custou caro à saúde /
que deteriorou terrivelmente /
Mas no meio dos fulvo cabelos de meu pai /
mais belos em cor que a luz do sol /
cintilava sob o chapéu de sol ou de luar /
um amarelo mais belo que o do meteórico holandês /
- mais belos que os girassóis de Van Gogh /
e ainda que os girassóis de Deus e Alá /
que são os mais belos /
após as fulvas madeixas /
que não encaracolam em dondas na cabeça dele /
sendo de lisa lisura /
como sera o seu carácter austero e duro /
( Pelos caminhos do mundo foi meu pai /
tomando seu alforge e seu surrão /
com uma tonsura franciscana ao meio do cocuruto /
ou topo da cabeça /
até encontrar um dia sem luz /
a ausência de luz /
que cobre os mortos /
com sua mortalha negra do piche da noite mais melancólica /
tal qual a luz é o véu de quem nasce /
e foi o véu que cobriu a cabeça dele /
quando veio á luz /
assim como quando foi para fora da luz /
nas trevas que precedem o anjo da morte /
Mesmo meu pai que era eterno /
( meu pai teve seus derradeiros dias muito escuros /
como um dia todo ser humano terá as suas noites na alma crucificada ) /
um dia morreu /
conquanto sua saúde de ferro o fizesse crer eterno /
como sói ao jovem forte e imortal /
na sua fábula de visão do mundo /
que crê no silogismo de Aristóteles, o filósofo, /
que diz que Sócrates é morta /
pois o próprio estagirita não se pôs a si mesmo como mortal /
pois não aceitamos nossa mortalidade /
meu pai era de um viço tão prodigioso /
que se via fora do silogismo do filósofo /
como, aliás, todos nós nos vemos fora do amldito silogismo /
do fúnebre silogismo /
Meu pai era como o jovem eterno /
que não conhecera a velhice na idade avançada /
por isso,baseado, em seu corpo são e em perfeito funcionamento /
via a morte como o vê todo jovem /
como um mito para si /
e uma realidade triste para outros /
patra os pobres velhos e doentes e acidentados /
Morreu às três horas da tarde! /
Não creio que tenha sido três horas da tarde em ponto! /
para dar um tom de tragédia ao drama da morte /
que todos temos que enfrenta rum dia /
ou numa noite apavorante e tóxica /
como uma cascavel no leito /
- Um dia meu progenitor faleceu /
perdeu o facho de luz /
ficou sem o archote /
que ilumina o caminho longo dentro da caverna escura /
a caverna negra de que nem platão sobre descrever por completo /
focando apenas a parte do intelecto filosófico /
que era sua monomania grega /
a diversão dos nobres gregos da antiguidade clássica /
como diz a ficção da história /
quando tem que usar uma palavra para unificar a multiplicadade /
que jamais pode ser unificada /
nem pelo vocábulo ou conceito /
nem tampouco pelo conceito-ação do yoga /
ou de algum guru que pensa a unidade /
mas que ao pensá-la já lhe desmanchou em pluralidade /
pois o que entra no pensamento /
se transmuta em forma do ser /
que lhe dá uma forma ideal platônica /
e depois lhe entrega á prncheta do arquiteto e do "design" /
que passa aos cálculos concretos do engenheiro /
e põe a mão do pedreiro a realizar a obra /
que vai do sábio e do genial e do erudito /
até o mais humilde opoerário /
que faz a obra de fato /
depois de todo o trabalho do intelecto /
e da razão e da perpeção /
enfim, depois de toda a obra da inteligência /
que se espalha nos homens /
e sobe e desce a pirâmide social /
na realização cabal de um ser humano /
que realiza sua obra /
como se essa fosse um outro Adão /
não criado por Deus /
mas inventado pelo homem em conjunto /
no périplo do espírito Absoluto de Hegel /
que perspecrutou a fenomenologia do espírito humano /
com seu método tríade : a dialética ) /

O amarelo bom e belo das pintainhas /
que cavam um caminho de saída na casca do ovo /
um portal para um mundo de fora /
- o universo pleno exterior á gema /
onde ele se mergulha e banha da tinta /
entrando entranhado no amarelo-gema de ovo /
para sair à luz amarela num rasgo do espectro solar /
vir a lume na fuga quase natatória da cadeia em elo do amarelo vivo da gema /
ao fim do amarelo na gema
encetando eus passos trôpegos /
ao clarão amarelo viandante nas ondas de luz /
que sacodem as trevas trêmulas /
sob a luz tremeluzente /
O líquido amarlo de aonde repousou e medrou o pintainho amarelo /
é um relicário da vida /
uma pequena cela onde o pintainho esperou crescer o espaço em células
em torno de seu corpo /
( esse espaço em inflação é um dos fenômenos /
que ganha o nome genérico de tempo /
para uma quantidade infinita de eventos /
que resumimos na palavra tempo /
pondo a realidade na conta do limeite da palavra /
e do conceito que não pode expressar /
o ilimitido dos ats e fatos que formam o que cognominamos tempo ) /
Da gema amarela do ovo /
onde o périplo de sua vida de bípede emplumado /
está no meio de miríades de sucessos anteriores /
que por fim ( ou sem fim ainda) puseram a semente do galo no óvulo da galinha /
emerge o pintainho molhado de amarelo ouro /
amarelo-pintainho /
saindo nadando de uma gema amarela /
ao encontro de uma terra opulenta em minerais /
imóveis nas rochas e móveis nos sais minerais /
que fluem no que flui em rio /
- que rio e riacho e mar é fluir /
assim como o mar que invisível no ar /
sem olhos para ver suas cores tambem pela bnda amarela do espectro /
mas para usufruto de outros sentidos /
signos e símbolos legíveis com outros sensos /
- do saber dos bichos e do ser humano /
que compartilham a inteligência do saber /
tal qual se evidecia na criança /
ao tentar levar tudo á boca /
para provar o mundo /
a fim de saber o mundo pelo sabor /
saber o gosto das coisas /
que este é o primeiro senso a desenvolver plenamente a inteligência /
desde a mais tenra idade /
mormente nos animais /
Todavia também no homem /
que prova com a língua sápida /
o saber é de imporãncia primordial para a sobrevivência /
pois no rasto de seu faro e senso se busca o alimento /
rastreando as ondas do ar /
as volutas no vento /
e as cores amarelas nos frutos /
assim como também se procura o sexo /
pelas essências que estão antes na flro de larajeira lavada na barra da alva /
mais doces e dóceis que abelhas européis /
as quais são mais doces que o mel /
da flor de laranjeira suja na barra da alva /
- sujas de ali serem lavadas /
( Nada há mais puro que a barra da alva /
a virgem que antecede ao sol /
esse chapeleiro maluco /
de chapéu de palha /
no amarelo da palha e do espantalho /
do milho no cablo de sua boneca /
esvoaçantes ao vento que levanta crinas /
e desmancha cabanas no ar /
em pleno furacão ou tufão /
ou outra palavra que rime com cão /
com "O Cão dos Baskervilles" /
da lavra de Conan Doyle /
que nos deu seu filho Sherloque Holmes /
para gáudio da literatura policial ) /
Tudo para dizer que a pintainha e o pintainho /
amarelo em pelo ou negro ou pintalgado /
saem da gema líquida e gelatinosa /
de uma cela do mundo dentro do ovo /
para o universo que é uma enorme cela /
na qual irá encontrar outras gemas /
essas preciosas e estudas na mineralogia /
no ramo especial dedicado à gemonologia /
que outrossim têm lá suas pedras amarelas /
suas gemas inscrustradas no amarelo /
engastadas no amarelecido natural /
(Vide o âmbar o heliodoro o olho de tigre ) /
As pedras que rolam /
outrossim serão estorvo no caminho dos pintainhos /
até que se torne um galo cantor das madrugadas /
e coemçe também a fazer rolar seuas pedras /
tal qual os Rolling Stones o fizerm com sucesso /
graças ao amarelo precioso de suas gemas musicais /
e as pérolas compostas pelo seu guitarrista mor /
Keith Ricrads e os movimentos de corpo /
na dança expressiva e orinigal de Mik Jagger /
que recompõe as concões em forma de dança e de vocalização /
O intérprete dá alma a canção assim como o crítico á poesia /
e á obra literária do escritor /
que é diferente do poeta /
pois o poeta escreve pouco e o suficiente para anunciar ao mundo /
suas descobertas do mundo /
descobertas que passam despercebidas pelo comuns dos mortais /
equanto o escritor extende a poesia ate a filosofia /
encontrado aí ssua personagem para o escritor /
- pois é a filosofia a personagem teatral e trágica do poeta /
que o escritor consegue colacar ao longo do que se escreve no poema /
que pode atravessar linhas e livros de milhares de páginas /
como se fez na Bíblia e no alcorão divinos /
poquanto o homemé o criador do ser /
e o ser cria objetos que são outros seres /
e não mais somente entes naturais /
pois o pensamento não é pedra /
exceto o pensamento do povo que é pedra parada /
água estagnada e mar morto /
porque povo não existe /
o que existe é o homem enquanto ser da exist~encia /
o inventor da existência sob a forma de vida e de pensamento /
de cultura e de política /
de economia e religião /
que tudo isso não passa do homem /
o homem alienado de si enquanto religião ou pensamento /
vivendo morto nas instituições /
que perpetual as múmias do penamento /
mormente na religião e na política /
onde o Direito exerce essa função de pedra /
nas suas clásuras pétreas ou líquidas ) /

O amarelo revela o que se oculta /
sob a cor amarela /
um rio amarelo corre /
por toda a China /
cuja monarquia tem por símbolo a cor amarela /
sendo o chinês denominado o povo amarelo /
O amarelo é um esconderijo com chapéu /
- chapéu de palha e palhoça que abriga a vida /
seguido de um instante eterno de silêncio na inteligência /
na pausa de Deus quando sai do homem /
na sua passagem ou passamento do homem /
que é quando o ser humano expira /
e a divindade sai /
ficando o corpo cavo de alma /
um buraco negro sem alma /
que não se enterra no corpo /
mas retorna ao ciclo dos nascimentos /
com Deus nascendo imediatamente em outro ser vivo /
na encarnação permanente /
que os teóricos confundiram com reencarnação /
pondo somente o homem no processo /
no egísmo natural do homem e em sua ânsia de viver /
no seu pavor pânico de morrer /
de não mais ser /
de estacar no ente /
que é pedra ou pau ou qualquer outro objeto do ser /
e coisa da natureza /
- coisas inanimadas /
aonde a alma de Deus passa lépido /
na sombra da borboleta amarela /
mas não pusa ali /
porque não há água na pedra /
ou se há a quantidade é inferior á necessidde da vida /
que precisa de um batismo de longa imersão /
um batismo de São João Batista /
- batismo do profeta do rio Jordão /
que é o batismo da via simbolizado no profeta /
ou encarnado no profeta /
quando a alma de deus nele habitava /
em sua tenda que é seu corpo são /
porquanto Deus não habita corpo morto ou inanimado /
sendo a vida inteligência /
atributo exclusivo de Deus /
excludente do homem que almeja em sua pequenez /
passar pelo ciclo das reeencarnações /
que na realidade e paraxoxlamente passa /
mas não enquanto homem ou Buda /
porém enquanto luz e água beta que é Deus /
que abençoa um corpo com o nascimento e com a saúde /
que a presenteia aos homens de boa vontade /
atentos ao amor do Senhor /
uma eterna vida na carne de sues descendentes /
- eterna vida de Deus /
e não de homens /
conquanto o homem e cada individuação /
é consciência pura de Deus /
é "Deus conosco" ou Emanuel /
é o Buda de volta no anel do eterno retorno /
que a vida é tão paradoxal e cheia de anfiboligia o pensamento /
que é árduo o caminho do conhecimento /
embora o homem contribua com Deus /
em sua experiência simples de cada vida amarela no ouro /
Esta volta á vida do homem em sus descendentes /
retorno que ele pode assistir nos filho, netos e bisnetos /
quando longânimo /
é o cumprimento da aliança de Deus com o homem /
pois Deus colocou uma aliança amarela /
no dedo da virgem /
a filha do homem /
dando ao homem o filho do homem /
que vem límpido do ventre da virgem /
( e é isso que significa em pedra de rosta /
a virgem maria e o nascimento de Cristo /
filho do homem e Deus passando /
Deus habitando tendas e tmplos junto ao homem /
no filho do homem /
O anel de noiva virgem /
colorido no abdómen da abelha /
de mel amarelo /
de mel de ouro /
a abelha mais doce que seu próprio mel /
que é a virgem virtuosa /
noiva de mel /
noiva do leite /
terra onde jorrará leite e mel /
para o filho do homem /
que virá no fio da voz do profeta /
ou no ouro feito de mel na anunciação /
quando o anjo anuncia o natal /
que ficará para sempre dependurado na árvore da vida /
na árvore do paraíso /
na árvore do conhecimento /
que sempre é maniqueísta /
pois há mel no amarelo /
mas também há veneno /
da mamba negra que abre a boca negra da noite e inocula peçonha /
na sua atitude de farmácia /
que cura e mata /
que dá a saúde ou a morte /
consoante a dose que cada um tolera no sangue /
como tóxico ou remédio que salva dos males /
Nos anéis com que se pinta o abdômen da abelha /
Deus anuciou dois pactos de sangue /
dois noivados na vida /
O noivado de ouro com a virgem /
a jovem com mel /
com o mel e a lua banhada de mel /
mas ainda sem o correr do leite nos peitos /
ainda apenas a terra prometida /
onde jorrará leite e mel /
quando nascer o salvador /
um menino que vai substituir ao pai em em encarnação /
na encarnação nova de Deus /
naquela Casa como na casa de Davi /
um novo rebento /
Essa aliança com a virge do senhor /
outrossim dá a fruta madura para a saliva e a saciedade /
cujas primícias são o dízimo /
a parte que cabe ao Senhor /
- Senhor da terra e dos céus /
que deus dá ao homem em enfiteuse /
e o enfiteuta deve sempre ao senhorio /
Também dá para refrigério dos olhos /
a flor amarela em borboleta para se apreciar o võo suave /
de nave silente e inteligente /
que Deus criou e o homem inventou na poesia /
- na poesia só de olhar! /
no olhar ocioso do poeta /
No rol desses bens dados por Deus /
também está o sol e o girassol batendo à porta da casa /
assim como a lua bêbada bate a porta de madrugada /
quando o galo canta sua vitória /
( uma Vitória de Samotrácia /
uma vitória alada /
na arte e na guerra /
de Niké do idioma grego para Nike nos esportes e na mercância /
na mídia de Ronaldo Fenômeno /
futebolista de inteligência cinestésica genial ) /
A vida e a longevidade e o ouro /
a mirra e o incenso /
vem do senhor dos anos /
o Ancião dos Dias /
Ouro para o lastro da fortuna /
mirra para o amargor da vida /
e a cura das doenças /
e o incenso para louvar ao Senhor /
que faz o macróbio e o micróbio /
o bio e o brio /
o trio e o cio /
e o ócio amigo dos negócio e do pensador ) /
Por outro lado /
no anel negro que se enrola no abdomen da abelha /
como uma serpente negra /
uma víbora cheia de peçonha noturna /
veneno capaz de apagar a luz da vida /
que os olhos coam e filtram /
No anel negro como uma noite de puro piche /
está engastada a morte em caveira /
no duro e inquebrável diamente da morte /
a noiva do vestido escuro /
já postada na pintura de Joan Miró /
em noviciado com a lua negr foiceforme /
lascívia e peçonhenta na mamba negra /
boca da noite /
negra boca da noite em serpente /
ofídio silvestre /
mas silvestre de ponta /
no silvo da cobra venenosa /
na boca em trevas noturnas da mamba negra /
e no veneno da víbora bufadora /
- animais silvestres de ponta! /
a noiva letal /
encontro fatal /
de Dalila com Sansão /
trocado no escambo o valor dos cabelos /
que em geral são valiosos na mulher /
porém não tão precisos e até desprezados no homem /
( outro embate fatal /
tecido na alegoria /
assim como Davi e Golias /
ou a dupla de amor Raquel e Jacó /
sendo a alegoria um tipo de arabesco /
para adornar a história secreta alma /
que não é história humana /
as natural na boca do vento que leva falas de flores com abelhas ) /

A casa amarela velhinha /
a casinha amarela velhinha tal qual uma bisavó /
ainda lúcida e íntegra com o corpo no tempo amarelecido /
que a ama como o profeta Elias devia amar a viúva de Serepta /
é uma casinha bamba e de pobre São Francisco /
da pobreza de bordão velho e surado do mendigo serafim de Assis /
padroeiro dos mendigos deste mundo cruel /
é uma casinhola plantada na pobreza do peregrino de Assis /
despojada de tudo /
porém abraçada em cada lado /
por duas árvores ou arbustos floridos /
que a amam mais que filhos e netos amam a velha senhora /
amarelecida com a cor que o tempo tem para pintar tudo /
com suas mãos de Van Gogh /
Aliás, o casebre é amarelo /
é uma casa amarela /
da cor amarela na tinta antiga /
que serve de base á tinta do tempo /
que não é marela /
mas sim de um amarelecido /
tipo folha que voou do arbusto para o chão no outono /
ou páginas de livros seculares /
que sabem á quele cor amarelecida /
que somente o tempo sabe fabricar /
porquanto o tempo é um Van Gogh mais genial /
que cria do amarelo uma cor que não é o amarlo/
mas ao mesmo tempo é o amarelo /
com uma tecnologia que o tornar uma cor não amarela /
mas uma cor amarelecida /
pois tem o que o amare4lo do sol e de van Gogh /
ou a tinta dos homens não posuem /
que é o tempo em absoluta mixórdia com o amarelo /
a tinta mesclada á vida /
que faz do amarelo o amarelido nas paredes e na tez /
e nas folhas que o outono soltou ao vento amarelecido /
consoante a cor da estação /
Todavia o tempo pinta de uma amarelo vivo /
o girassol e os frutos maduro ao pé da goiabeira /
o maracujá e o caju /
as flores e as borboletas marelas /
que exibem um amarelo-borboleta único /
assim como cada flor e fruta à boca da fome / tem seu amarelo
exclusivo e individuado /
( o tempo não existe enquanto unidade de fato em natureza /
porém é um conjunto de fenômenos os mais variegados /
que vai desde o crescer da relva /
à formação de ilhas vulcãnicas /
claor e frio e fogo e sol e eletetricidade /
dentre miríades de inseto se encontra o tempo /
e em todos os motores que o espaço faz funcionar /
graças às forças da gravidade e as demais forças e energias /
que banham o cosmos e baixa à terra /
num mar e luar de bençãos celestais /
A palavra tempo reúne em nossa imaginação uma unidade na diversidade /
que nem sequer ou raro suspeitamos /
e tratmos o inexistente como existente /
tal qual é o hábito milenar da mente human /
impregnada de poesia religiosa e mitológica /
mais dada a lendas que á história /
porquanto de qualquer história somente temos o pedaço mínmo da história/
que na verdade como o tempo é um conjunto de histórias /
que queremos e fazemos uma /
graças a uidade que a língua proporciona ao que é multiforme e separado /
A língua liga tudo no cimento da construção do conhecimento /
tanto na fala na esritae na matemática /
bem como no idioma de símbolos /
que falam desenham e escrrevem no mais sideral dos silêncios cósmicos /
O tempo não existe senão como produto do ser do homem /
sua luneta para ver e mensuar o mundo /
seu instrumento para medir temperatura e velocidade /
sua ficção de idade Média /
Idade da Pedra lascada /
paleolítico neolítico jurássico pré-cambriano /
idade Moderna e Idade Contemporrãnea /
eis o que é o tempo : /
uma parte de símbolos e signos /
que a mente humna se utiliza para ler e escrever e dsenhar o mundo /
e pô-lo dentro de sua arquiteura e engenharia e ciência /
mormente a linguística a semiótica e a semiologia /
bem como as língas matemáticas silentes /
que dialogam com a natureza do universo ) /

Essa casa amarela é onde moro /
quando estou sozinho /
( e quase nunca ou jamais estou em solitude /
mas sim muito tempo passo em solidão absoluta /
em emeio ao burburinho das gentes ) /
Vivo nas paredes dessa casa amarela /
que não existe nem no ar /
não está edificada nem com os gase nobres /
nem como os gases pobres que Dimitri Mendeileiev não listou em sua
Tabela Periódica dos Elementos /
o químico russo de barba-russa /
o barba-russa genial /
profeta racional dos elementos que deixou a descobrir /
descrevendo-os com perfeição absoluta e exata /
único profeta que não deixou nada às alegorias ou metáforas /
que podem esticar infinitamente a interpretação ds profecias /
mas foi sucinto e econômico na sua racionalidade profética /
porquanto quiçá tenha sido o primeiro profeta das ciências /
esse barba-russa das terras da floresta negra e das estepes /
e dos mujiques e dos cossacos /
de Liev Tolstoi e Fiodor Dostoiévski e Anton Tchekov /
mestres numa língua que somente Champolion foi sábio /
- na língua de entender o que lê e escreve o outro ser /
- decifradores da Pedra da Rosetta /
pois a pedra de Rosetta está para ser decifrado em seus códigos /
em cada livro de Dostoiéviski e mesmo do poetrasto meíocre /
ou do erudito estulto /
ou do douto por título e não por tese defendiada ante a vida /
como o fez Dostoievski /
que decifrou a Pedra de Rosetta que é o homem e sua esfinge /
sendo a esfinge do homem /
nada mais que sua escrita geoglífica no corpo e hierioglífica no espírito /
com a escrita de símbolos e sinais do saber na alma /
que compartilha com os outros animais /
que provam o mundo com a boca /
enquanto o homem adulto o faz com as mãos e a mente /
( A pedra de Rosetta precisa de ses Champollions /
em cada escrito que se lê /
porém raros são os Champolions /
pois raros são os gênios raros /
que sabem ler o mundo /
com sua inteligência privilegiada /
( a maioria é analfabeto de si /
não conhece nem seu próprio corpo /
e muito menos sua alma e espírito /
não passando aniamais vestidos /
cuja única possibilidade de serem racionais /
é possibilizada pela missa /
momento em que a igreja católica ritualiza racionalmente /
a inteligência colocado sob parábolas e alegorias /
como o fazia a mitologia grega /
que punha toda a ciência sob a forma simples de histórias de deuses /
para que o povo simplório e o homem comum /
pudesse partilhar minimamente da razão que ilumina os sábios e gênios /
os artistas e os poetas e os eruditos inteligentes /
os profetas e os fiósofos e cientistas de inteligência rara e brilhante /
capazes de decifrar os hieróglifos de que forma ao espírito humano /
os hieróglifos os geoglifos que são os homens /
e constituem a sociedade e a cultura /
prsidem a política e exprimem a zoologia /
na qual estamos submergidos sem consciência plena ou mínima disso /
( O ser humano é em sua mente e corpo /
hieroglifos que constituem os símbols e signos e sinais /
elementos constituintes da mente humana /
e os geoglifos que constiteum o corpo humano /
inclusive o cérebro /
com seus ritos /
que fazem do homem o homem /
o animal vestido e calçado /
exceto quando carmelitas descalços /
somente vestidos em seus hábitos de monges /
- os solitários de Deus no mundo /
os eremitas do Senhor em seus cenóbios /
os ermitões em vestes talares /
quando não na pobreza mendiga de São francisco /
o mendigo de Assis /
o sefarim que peregrinou nestas terras /
- o santo padroeiro dos mendigos e de todos os desvalidos /
( se os há desvalidos neste mundo /
onde o homem por mais baixo que esteja /
pode-se erguer á alturas em que voejam as águias e os condores /
sobre as Cordilheiras do Andes ) /

O único ser que vê o amarelo é o homem /
pois o homem é o único ser /
um ser que cria entes /
que se grudam ao seu corpo e mente /
como a biblia ou o avião /
o violino ao violinista /
o automóvel ao motoresta e a motocicleta ao piloto Valentino Rossi /
asim como na alegoria de Salvador Dali /
qiue mostra o homem saindo do mar /
com o veleiro preso á sua carne /
carne de sua carne /
como um filho que nasceu em seu próprio corpo /
um filho que torna o pai e o filho siameses /
- pois o homem é o centauro que le inventou no mito /
nas obras tecnológicas e lógicas /
os cantos e os ritos e al literatura /
que o faz um centauro tecnológico /
o centauro cujos artefatos que inventa /
torna-se com o tempo carne de sua carne /
carne em sua carne /
sendo o tempo aquele conceito /
que leva em conta o mito do deus Cronos /
que é um mito que leva a um conjunto de eventos sucessivos /
que se calma na palavra "tempo" /
que não diz o que é o tempo em multiplicaide /
e em unidade que lemos na multiplicidade /
a fim de construirmos um conceito /
um espaço abstrato aberto ao ser do homem /
o ser que faz seres e entes /
consoante a capacidade intelectual ou sensível do ser humano /
ou a inteligência que o anima /
- a inteligência ou "nous' é atributo de Deus /
sendo o "nous" da língua grega antiga /
vocábulo que exprime tudo o que é inteligência /
nas suas variegadas vozes : /
noção nocivo inocente notário noviço noumeral nominal numeral /
notícia notável numernal nomenclatura nome nova inovar notar anotar /
notação gnose ( no nose da gnose o nous ) /
daí agnóstico gnóstico cognição /
dentre outras várias palvras para inteligência /

Creio ser o amarelo ou a cor amarela /
outro invento do homem /
assim como o tempo /
A cor amarela não é cor no sentido físico do jargão /
na terminologia exata da ciência /
mas um conjunto de eventos no espectro solar e nos olhos /
que cognominamos amaelo por ser impossível /
ilustrar a vastidão de fenômenos que fazem o que vemos como cor amarela /
Aliás, o universo é uma criação de Deus e Allá /
mas também um invento do homem /
que para captá-lo e entendê-lo /
para saber e conhecer /
precisa provar com a boca /
tal qual o fazem as crianças com todas as coisas /
com as quais não temos contato real /
porquanto somente apalpamos os fantasmas das coisas /
nos objetos que formamnos na mão /
quando o tato nos dá um contato /
- ao ler o mundo com o tato /
depois com o olfato /
a visão e a audição /
e a gustação que nos faz sapiens e seres /
- o homem é o único ser no mundo /
não havendo outro senão deus e Alá /
que é o ser supremo e está no homem /
iluminado-o de denttro com vida /
pois Deus e Alá passam pelo homem enquanto vivo /
como corrente de vida /
que atravessa uma unidade que denominamos tempo /
como o fazemos com o amarelo e outros termos /
uma vez que a linguagem e a língua /
por mais opulenta em capacidade de expressão que seja /
não pode exprimir sequer metade da inteligência /
que Derus e Alá fazem passar pelo corpo humano vivo /
enquanto estão neles /
como alma e espírito que vivifica /
e batiza com água tudo o que é vida /
e retira as águas de tudo o que é morto /
pois o espírito de Deus e Alá paira sobre as águas /

Tudo no homem é invenção do homem /
Ieste fato está expresso com maestria /
na alegoria de Salvador Dali /
no quadro "O Barco" /
obra pictórica que mostra um homem saindo do mar /
pisando na areia /
levando as costas um veleiro /
- carregando sua iinvenção presa á própria carne /
que as invenções do ser humano /
se tornam sua própria carne /
como se fossem irmãos siameses /
mas representadno o paradoxo inexistente /
de um homem cujo filho /
que no caso é a sua invenção /
é produto de sua mente e de sua carne /
que ficou encarnado no ser humano /
como um irmão siamês /
que é antes um filho que um irmão /
ocasionando um paradoxo louco /
como o Chapeleiro Maluco /
personagem em Alice nos Páis das Maravilhas /
o qual me parece representar o paradoxo do paradoxo /
ou o paroxismo do paradoxo em paradoxo no paradoxo /
que de tão complexo já nem é paradoxo /

O homem que olha o amarelo no amarelecido das tintas do outono /
esse centauro mitológico e tecnológico /
inventor de seu mundo /
dentro do universo que Deus e Allá criou /
III
As florzinhas amarelas /
que vestem de sexo a sebe /
são borboletas sem asas /
mariposas fixas em caules /
violinos melodiosos grudados nas mãos do violinista verde /
- do violinista que toca as frases melódicas da vida na flor /
Cada uma é um sol aberto em amarelo /
na linhagem amarela do astro /
no espectro em amarelo /

Amarelo flor é outro matiz em amarelo canário /
ou amarelo radiado pela estrela no fruto /
na maturação do signo da cor /

As florinhas amarelas trepadas na sebe /
recolhem-se na chuva /
apagando meio-amarelo /
e deixando outra metade da cor /
para irradiar júbilo /
quando o filão de ouro do sol /
cava um caminho nas nuvens túrgidas /
até descer pela escada plúmbea /
que a pomba constrói com presteza e tirocínio /
antes que as nuvens cheguem ao cúmulo /
e se trajem de um negro-bruxa /

As florzinhas amarelas /
são anjos amarelos que fazem um coro com o sol /
e um silêncio de violino sem dedos de violinista azul /
durante a borrasca ululante /
(elas me consolavam /
com seu espírito santo /
substituíam a alegria sem fim /
da menina dos meus olhos baços /
então errrabundos pela crosta terrestre /
escavando andorinhas lá em cima /
no telhado do violinista azul /
- um vagabundo tocando violino /
bêbado de todas as vodkas russas /
filho da viúva noite /
retratada em Joan Miró /
em noite de lua morta pela foice negra /
ameaçando ceifar cabeças abaixo /
em lua falciforme de Joan Miró ) /

Um amarelo na cor do lápis-de-cor das crianças /
ou saídos vivos dos dedos de Juan Miró /
em sua sinfonia para quadros /
tinge outras florzinhas amarelas /
assim matizadas no alegre do dia /
quando a escola apresenta Miró em cores de valsa /
para dançar com as pinturas das crianças /
que sabem pintar o sol e as flores num amarelo divino /
advindo dos dedos de Deus /
que lhes toca com a simplicidade /
- e então sob esse toque fino de menino /
que Deus sabe ser /
as florinhas pintadas na infância /
saem mais singelas e belas /
do que pode o colorido do lápis-de-cor /
nas ineptas mãos dos pequeninos /
arremedados por Joan Miró /
na infância longânime do artista sublime /
( Parece que Deus considera todos os pequeninos /
filhos da Assis da Ordem dos Frades Menores ) /

Na cor que tinge os olhos transeuntes /
aquelas pequenas e doces flores no amarelo /
não se aventuram em navegação pelo ar /
como o fazem as brancas flores tipo helicóptero /
que descem à terra girando /
travestidas de noivas de Chagall /
planando o planar em plano de planador /
em vôo pleno e plano /
desenhado na geometria de Euclides /
e cumprido pelo temerário piloto /
arriscando e riscando o plano de vôo da vida breve /

Porém a flor-helicóptero /
noiva branca-Chagall /
ficou no museu de um tempo /
aonde passava o menino para a escola /
triste de ir e vir /
cujo regozijo eram as flores alvas /
cumprindo função físico-matemática de rotor de helicóptero /
na queda do pára-quedas helicoidal em abrupta espiral /

Por aquele caminho ermo /
eu ia para escola em menino /
triste e só no hábito do monge /
pensativo e murcho na cela do convento interno /
onde estava encerrado em vida /
- emparedado vivo! /
ainda criança em desesperança /

Caminho florido e sem abrolhos /
para abrir os olhos /
a fim de observar a emboscada das feras predadora /
foi este que depois palmilhei-o feliz /
quando ia buscar minha filha na mesma escola /
de Santo Antônio milagroso /
no milagre ingênuo dos peixes /
o santo que fez um sermão aos peixes /
( clara referência ao milagre correlato de Jesus ) /
na beleza infantil pintada e desenhada na lenda /
com o lápis das crianças /
e posteriormente com o grande artista Joan Miró /
pintando e desenhando por cima da geometria simples das crianças /
suas obras-primas de beleza inexcedível /
vias insólitas para um retorno ao tempo feliz /
quando o tempo era infância /
e não chuvia outro tempo no mundo /
onde vivia a criança /

Aquele pobre menino /
a palmilhar por aquele ermo /
de onde se via o campo e as serras /
e um ipê todo vestido de roxo na primavera/
- aquele menino não sabia que um dia seria mais melancólica a vida /
do que o fim que levaria o ipê roxo /
desfalcando meus olhos e a flora "endêmica" /
( - tudo flui em endemia e epidemia /
- é o pistão do motor de giro dos ciclos /
para redundar na redundância em abundância /
- que isso é a natureza pronominal ) /
IV

Aquelas mimosas flores amarelas minúsculas e inocentes /
foram decapitadas do ermo do meu caminho /
graças às ações de graça das bestas oficiais /
que comandam o real apocalipso /
e a saga do cavalo e do cavaleiro amarelo /
resfolegando e galopando nas cidades /

O amarelo daquelas flores /
as quais se escodim no amarelo /
no espaço amarelo aberto em Casa /
para flores em fuga de Bach /
- os amarelos eram espelhos /
espelhos do Narciso das mariposas /
passavando elegantes /
nas linhas aéreas da brisa /
aeroplanos naturais /
sem cruz ansata ou suástica /
sem a cruz de Malta dos templários /
cavaleiros do primeiro Apocalipse /
- cruz cristã até no nome das crucíferas verdes /
pintadas nas velas das caravelas com o dedo de Deus /
nos moldes das idéias de cores de São Francisco de Assis /
e Juan Miró que foi da ordem dos frades menores /
na economia da simplicidade /
( a simpicidade é um dos atributos da divindade /
expressa nos gênios ou inteliGências naturais /
arrastada dos genes que são memes em faunos /
exus orixás sátiros centauros /
seres incriados ou ingênitos /
inventados pelo ser do homem /
ao lançar seu ser no mundo /
atirando dados e dardos e dados /
dentre miríades de outros objetos /
nascidos na indústria do cérebro /
e na fábrica das mãos /
Sem embargo deixaram o amarelo intocável /
nas flores dos cardos /
porque os espinhos são sortilégios contra ladrões /
e protegem como um cão /
( o Cão Menor da burguesia ) /
as casas dos que só pensam em bens /
cuja vida é um bem /
outro artefato social /

Para que tal fato estapafúrdio ocorrer /
bastou a prefeitura tomar as providêcias cabíveis /
podando as ervas daninhas /
com seus agentes e servidores públicos /
aptos para tropeçar em cálculos de pedras /
da engenharia urbanística dos cegos /
( Impossível por essas azêmolas /
nos seres em dialética do materialismo de Marx e Hegel /
mesmo porque eles não tem fenômenos mentais /
sucecendo no espírito ( pensamento) desses homens comuns /
a capinar o mato do canteiro de obras /
no caminho tornado tortuoso pelo espinho /
o que, portando, deixam os homem comuns alijados do processo cognitivo /
- excluídos de serem objetos de estudo da fenomenologia do Espirito /
entendo-se por espírito o pensamento humano /
na consonância do materialismo dialético /
e não a idéia platõnica de Deus teologico /
- idéia que criou o mundo /
antes do ser humano se inventar e inventar outro mundo /
erigido sobre as alegorias e signos e símbolos /
que transformaram o mundo natural em mundo do homem ) /
Não, não são racionais /
os homens com a enxada /
a desbastar a sebe com flores no espectro do amarelo /
mirando-se narcisistas neste espelho /
que também soí ser um aeroporto para borboletas /
no qual as borboletas amarelas encontravam pouso /
no vôo inteligente a escolhar trilhas espaciais /
sem faciais apelos à especulação de Narciso /
encarnados em poetas /
os quais são planadores natos /
velhos nefelibatas /
amantes das nuvens /

Antes de desbaratar a sebe inimiga /
desfiguaram completamente uma rua torta e morta /
- era uma bela rua torta /
cuja erosão pluvial dava-lhe ares de que ali /
naquela rua torta e cheia de sebes /
com casinhas simples /
dormitando sob dósseis verdes /
quase em flores descalças de tão simples /
ali naquela rua torta e sem porta /
com a lua à porta /
quando a noite passeava em mulher /
em fuga da pintura de Joan Miró /
Ali onde a lua procurava as fendas /
as ervas deitavam sorrisos aos transeuntes /
e lançavam perfumes como uma bela jovem /
pronta para o amor /
- Ali puseram um asfalto! /
de onde não brotou sonho de flor /

Podia-se sonhar /
que ali naquela rua torta /
que ouvia o rio São Francisco de Assis a cantar /
para o irmão sol e para o irmão peixe dourado /
para a ponte e para as garças /
para as andorinhas do arrebol /
e outrossim para a cachoeira /
que também cantava noite e dia /
e caía cacheando similar aos cabelos das mulheres gregas /
ou de filhas de gregos e dos deuses mitológicos /
( e na calada da noite a voz da cachoeira /
algo embargada pela cerveja ou vodka /
a voz da cachoeira em serenata /
tinha na noite um quê de violino pungente /
um quê de nostalgia em dó maior ! /
um lamento para violinista morto /
com um tom de lamúria sobre um poeta suicida /
um desesperado que sucumbiu à dor /
em cruz bordada no peito /
ou no bolso da camisa /
delicadamente com amor da bordadeira /
a mãe que fiou o filho na fiandeira do ventre /
a aranha de dentro do corpo /
em sua teia de vida enrolada no temnpo /
consubstanciando o corpo do tempo em templo /
- tempo para abrolhos!
a toda da cachoeira /
talvez timbrava na voz /
saudades dos que se foram /
para sempre ou para quase sempre /
como minha pequenina filha /
minha bonina roubada à luz da lei!!! /
- a lei sob a ditadura dos juízes estúpidos /
fáceis de se deixarem levar por sentimentos piegas /
conquanto infensos ao raciocínio elementar /
da geometria de Euclides /
em axiomas límpidos e à luz da razão ) /

Podia-se imaginar que ali /
naquela rua tortuosa /
insulada do mundo qual ilha marítima /
a mar longo mar /
acostumada a mar e a mar o mar extenso somente /
o mar do solitário ermtião /
- ali naquela rua com cara de lua amarela /
a rir o riso com dentes à mostra /
tal qual o gato de Alice do País das Maravilhas /
- ali naquela ruazinha tonta /
no ébrio que atravessava-a na madrugada em madrigais solta /
chutando estrela sno chão /
- ali morava um poeta /
esquecido entre as sebes /
eremita entre as ervas daninhas /
cultor de indústrias em silêncio de mel /
- um bardo escondido entre suas ervas e flores /
e aves e árvores e arbustos /
lianas e trepadeiras escalando o muro /
solitário e longe do mundo /
na solitude de pomba cinzenta em paz cinza /
bem longe do mundo /
e de todo mundo /
vivia aquele ermitão /
em sua rua-ilha /

Era um velho ermitão que não contava os dias /
nem na barba por fazer / ou nos cabelos por cortar /
nas árvores e arbustos por podar /
porque Deus lhe sussurrara /
na sarça ardente da vida /
que se Ele que é Ele não gosta de contar /
porque - diabos! - tem estrelas demais /
e muitas constelações virgens /
que contar seria enfadonho e inútil /
e para isso tem os matemáticos /
e outros contadores /
inclusive de histórias e estórias e casos /
III
As florzinhas amarelas / que vestem de sexo a sebe / são borboletas
sem asas / mariposas fixas em caules / violinos melodiosos grudados
nas mãos do violinista verde / o violinista que toca as frases
melódicas da vida na flor /
Cada uma é um sol aberto em amarelo / na linhagem amarela do astro /
no espectro em amarelo /
Amarelo flor é outro matiz em amarelo canário / ou amarelo radiado
pela estrela no fruto / na maturação do signo da cor /
As florinhas amarelas trepadas na sebe / recolhem-se na chuva /
apagando meio-amarelo / e deixando outra metade da cor / para irradiar
júbilo / quando o filão de ouro do sol / cava um caminho nas nuvens
túrgidas / até descer pela escada plúmbea / que a pomba constrói com
presteza e tirocínio / antes que as nuvens cheguem ao cúmulo / e se
trajem de um negro-bruxa /
As florzinhas amarelas / são anjos amarelos que fazem um coro com o
sol / e um silêncio de violino sem dedos de violinista azul / durante
a borrasca ululante / (elas me consolavam / com seu espírito santo /
substituíam a alegria sem fim / da menina dos meus olhos baços / então
errrabundos pela crosta terrestre / escavando andorinhas lá em cima /
no telhado do violinista azul / vagabundo tocando violino / bêbado de
todas as vodkas russas / filho da viúva noite ) /
Um amarelo na cor do lápis-de-cor das crianças / ou saídos vivos dos
dedos de Juan Miró / em sua sinfonia para quadros / são outras
florzinhas amarelas assim no alegre do dia / quando a escola
apresenta Miró em cores de valsa / para dançar com as pinturas das
crianças / que sabem pintar o sol e as flores num amarelo divino /
advindo dos dedos de Deus / que lhes toca com simplicidade / e as
florinhas pintadas na infância / saem mais simples e belas / do que
pode o colorido do lápis-de-cor / nas ineptas mãos dos pequeninos /
( Parece que Deus considera todos os pequeninos / filhos da Assis da
Ordem Frades Menores ) /
Na cor que tinge os olhos transeuntes / aquelas pequenas e doces no
amarelo / não se aventuram na navegação pelo ar / como o fazem as
brancas flores tipo helicóptero / que descem à terra girando /
travestidas de noivas de Chagall /
Porém a flor-helicóptero / noiva branca-Chagall / ficou no museu de
um tempo / aonde passava o menino para a escola / triste de ir e vir /
Por aquele caminho ermo / eu ia para escola em menino / depois
palmilhei-o feliz / quando ia buscar minha filha na mesma escola / de
Santo Antônio milagroso / o santo que fez um sermão aos peixes / na
beleza ingênua da lenda /
Aquele pobre menino / que palmilhava por aquele ermo / de onde se via
o campo e as serras / e um ipê todo vestido de roxo na primavera/
aquele menino não sabia que um dia seria mais triste ainda /
IV
Aquelas mimosas flores amarelas minúsculas e inocentes / foram
decapitadas do ermo do meu caminho /
Seu amarelo eram espelhos de Narciso das mariposas / que por lá
passavam elegantes / nas linhas aéreas da brisa / aeroplanos da
natureza / pintados com o dedo de Deus / nos moldes das idéias de
cores de São Francisco de Assis / e Juan Miró que foi da ordem dos
frades menores / na economia da simplicidade / um dos atributos da
divindade / para rimar sem necessidade /
Sem embargo deixaram o amarelo intocável / nas flores dos cardos /
porque os espinhos são sortilégios contra ladrões / e protegem como um
cão / as casas dos que só pensam em bens /
Bastou a prefeitura olhar / com olhos tropeçando em cálculos de pedras
/ da engenharia urbanística dos cegos / para logo enviar alguns
proletárias sem Marx / a desbastar a sebe do aeroporto em espectro do
amarelo / no qual as borboletas encontravam pouso / no vôo inteligente
nas trilhas do espaço / onde os poetas também são planadores natos /
O mesmo fizeram doutra vez / com uma bela rua torta / cuja erosão
pluvial dava-lhe ares de que ali / naquela rua torta e cheia de sebes
/ com casinhas simples / quase em flores de tão simples / que ali
naquela rua torta / onde a lua procurava as fendas / as ervas deitavam
sorrisos aos transeuntes / e lançavam perfumes como uma bela jovem /
pronta para o amor /
Podia-se sonhar / que ali naquela rua torta / que ouvia o rio São
Francisco de Assis a cantar / para o irmão sol e para o irmão peixe
dourado / para a ponte e para as garças / para as andorinhas do
arrebol / e outrossim para a cachoeira / que também cantava noite e
dia / ( e na calada da noite a voz da cachoeira / algo embargada pela
cerveja ou vodka / a voz da cachoeira em serenata / tinha na noite um
quê de violino pungente / um quê de nostalgia em dó maior ! / Talvez
saudades dos que se foram / para sempre ou para quase sempre / como
minha pequenina filha / minha bonina roubada à luz da lei!!! ) /
Podia-se imaginar que ali / naquela rua torta / insulada do mundo como
uma ilha / que ali morava um poeta / esquecido entre as sebes /
escondido entre suas ervas e flores / e aves e árvores e arbustos /
solitário e longe do mundo /
Bem longe do mundo / e de todo mundo / vivia aquele ermitão / na sua rua-ilha /
Um velho eremita que não contava os dias / porque Deus lhe sussurrara
um dia / na sarça ardente da vida / que não gosta de contar / porque
tem estrelas demais / e muitas constelações virgens /
V
A casa amarela à capela /
sem arranjo de banjo de anjo ancho /
arrasta entardeceres anoiteceres amanheceres /
o ser que seja no tempo /
que venta folhas amarelas do outono /
e mora do outo lado do amarelo florido /
adejante em borboletas /
pictografado nas borboletas amarelas /
paralelas ao conceito do vôo /
também esvoaçante ao vento do azul-pomba /
no céu enrolado em anil /
( o rolo de anil ou o pergaminho azul ) /
de uma ternura feminina /
na poesia visceral vegetando em Adélia Prado /
( Poesia vegetante-vegetativa de Adélia Prado ) /

A casa é oca no espaço cavado por dentro /
( oco cavado no amarelo /
amarelecido pelo tempo /
com sua sua brocha ou pincel ) /
- casebre oco por dentro do côncavo /
escavado em arqueologia para paredes nuas /
cova para semente /
seminal vácuo /
- casa cavada na veia cava /
que não cava a cova /
- cava a fava ( Vicia Faba ) /
de extensa família botânica enramada no chão /
- a família "Fabaceae "/
família das leguminosas ( "leguminosae" ) /
onde estão o feijão ( "Phaseolus vulgaris" ) /
a ervilha ( " Pisum sativum") /
a alfafa ( "Medicago sativa" ) /

Casa é túnel /
( cavado pelo poema de Adélia Prado ) /
abrindo-se à entrada da mulher /
escavada na rocha geológica /
de objeto arqueológico em egiptologia constante /
no "pi" radiano e na equação de Planck /
quantificando a frequência da luz /
( Mulher é ser não-lido /
- ilegível ser indescritível /
não decifrado na Pedra de Roseta /
- Esfinge respirando as areias do deserto /
aonde Jesus foi para ser tentado /
e Santo Antão também ) /

Casa é ser côncavo aberto ao ser convexo /
coabita na caverna que alberga a virgem transpassada e o varão /
que cava e cabe no interior das trevas /
em energia escura do buraco negro /
de onde se origina o universo /
pela explosão de partículas cósmicas /
a qual precede a luz /
mel de abelhas enxameadas em galáxias chiantes com rãs palustres /
paul pântano charco /
charneca em flor de Florbela /
( Casa é mulher /
a mulher sempre é a casa /
e uma das colunas /
que segura o teto e o arquiteto /
mesmo depois da fuga do arquiteto /
- da outra coluna /
- da coluna Boaz /
que ela é Jachim /
e sustem o teto e o arquiteto /
sob o teto que Sansão não derrubará ) /

Mulher é casa não infensa à demolição /
cabana choupana chalé palácio castelo /
túnel escavado por dentro /
- túnel escavado pelo arroio geológico e arqueológico /
onde cabe um varão vigoroso /
e posteriormente o deus menino Amor /
que o mancebo esquecera em semente na terra santa /
e trouxe como guirlanda de flores ao ventre materno /
- a terra dentro da terra /
- terra interior /
no mais interior da Terra /

Verseja Adélia Prado /
escavando a idéia de túnel e exílio /
mulher adentro /
no seu descampado de poetisa que pisa erva /
dança em cima de ervas daninhas com boninas /
e sobe com o lagarto pela hera /
ou às costas da liana que toma de assalto a muralha do castelo /
- a fortaleza aonde se escondia /
o senhor de baraço e cutelo /
sonhando ser o dono do mundo /
no interior do ventre do castelo /
onde dorme em posição fetal /
e sonha no escuro /
de um sono que não permite ao feto /
abrir os olhos /
antes de emergir à superfície /
onde o sol bate na água /
- num toque de tambor /
percutindo o som que produz a mão-de-luz /
no espaço exterior /
onde se vai paulatinamente fortalecendo no amarelo /
cor vital refletida na luz do vitral /
da gótica catedral /

Entranhado no amarelo /
a casa de poesia de Adélia Prado /
brinca de esconderijo no amarelo /
amarelecido na amarelinha /
- casa de brinquedo /
e bonecas do milho ao vento /
que sopra o milharal /
à maneira de um moinho de vento /
ou dos fios de madeixas fulvas /
no único pé de milho grafado em signos por Ruben Braga /
um poeta adejando com a borboleta amarela /
- que espoleta! /

Não obstante sei /
que naquela casa para o amarelo subir nas paredes /
de tanta alegria! /
há outrossim a dor /
que amarela os lábios /
porque o homem é o Homem das Dores /
flagrado pelo profeta Isaías /
cujas piores dores não doem no corpo /
pois são dores morais /
floridas na lírica intimista /
vazada em lírica intimista /
- e a mulher é o mesmo ser /
com outra planta no corpo /
VI
Casa amarela /
com flor amarela /
pequeninas amarelas flores em umbela /
e uma borboleta amarela /
voante acima da frequência do espectro visível para amarelo /
no campo de ação do amarelecido /
- um matiz da cor encaixilhado no espectro amarelo para olhos de arcanjo /
querubins Serafins quiçá abelhas /
rajadas no amarelo-abelha /
para sonhos de mel no favo /
da indústria hexagonal do silêncio /
laborando silente na aldeia congelada na imaginação /
- enclave na imaginação do poeta /
na cercania dos bárbaros mais hostis /
montados em seus cavalos amarelos de apocalipse /
- cavalos cavalgados por cavaleiros amarelos /
para o Apocalipse amarelo /
chamados aos ventos pelas trombetas amarelas /
sopradas pelas bocas de anjos amarelos /
- todos com genes alelos para o amarelo ) /

Na varanda uma velha amarela /
olha para o fim do mundo /
- a velha bruxa macilenta /
que não é bruxa nenhuma /
na bruxaria da ficção /
nem ante a bruxuleante luz do luar /
que luta com a noite negra nos cabelos das mulheres belas /
na meia-aurora com Jacó e o anjo em peleja /
pela madrugada cambaleante no fio de voz dos galos /
alijados do tempo amarelecido nas páginas da Bíblia /
que descreve e narra a porfia ininterrupta /
de um herói opositor a um arcanjo plenipotente /
- Senhor anjo do Senhor /
desaparecido no redemoinho da clara de ovos da barra da alva /
que o apaga líquida tintura para alba /
- albina desde menina descalça e despreocupada /
pisando a flor e a serpente do Jardim do Éden /
provando do pomo do Jardim das Hespérides /
correndo os pés sobre os Campos Elísios /
empurrada por ventos Elísios /
que giram moinhos de vento /

A vetusta senhora viúva espia a noite /
- espiã lívida de lua /
cujo palor fantasmagórico na madrugada de pés molhados no rio rocio /
é um noturno de Chopin /

Amarela é a casa amarela /
cromática casa na folha do outono /
caída decídua caduciforme caduca /
de um amarelo fosco /
deitadas no chão tosco /
como um anjo decaído /
uma página virada /
no tempo amarelo /
amarelecido /

Amarela casa amarela /
cuja vela vela a noite /
vela a treva do morto /
e a vida da noiva /
com seu véu de noiva /
e sua flor de laranjeira /
alva na barra da alva /

A casa amarela é uma vela /
acesa na noite /
iluminando o amarelo dos objetos /
velando o amarelo /
com um véu de noiva amarelo /
- noiva velada em amarelo /
sobre o cavalo do cavaleiro amarelo /

A casa amarela no ritmo de cor da manhã com pombas /
desvela a noiva em seu véu branco de filó /
na garupa do cavaleiro branco /
e seu cavalo branco-baio /
cor surrealista /
vencedor das trevas /
que embuçavam o cavaleiro negro do Apocalipse /
senhor de todas as noites /

A velha viúva imersa na solidão da mulher /
- a noiva amarela /
cheirando à morte /
esperando contrair núpcias com a morte /
espera no alpendre /
Outra noiva jovem e bela /
a noiva alva /
com vestido de noiva mais branca e branda /
que a barra da alva /
com odor branco-flor-de-laranjeira /
com o príncipe sobre o cavalo branco /
apto a entrar e atravessar o deserto das trevas /
- areias no relógio da noite longa e nebulosa /
mesmo sob o dossel áureo das estrelas /
montadas e chiando em galáxias /
que tocam o infinito matemático /
dentro do nosso cérebro /
objecto de percepção do infinito /
e do eterno imiscuído no tempo /
que jorra como um riacho límpido /
do delta do rocio da manhã /
- Perene torrente /
onde Narciso se afogou /

Casa amarela /
derramada no amarelo /
no corredor das borboletas amarelas /
com sebe de flores amarelas /
tocando trombetas amarelas /
com arcanjos soprando invisíveis amarelos /
VII
Alice era um lavadeira que não lavava no rio /
São Francisco descalço pelas pedras /
um rio cantante na terra onde o peixe pululava /
no principio quando Deus criou os peixes /
após por o espírito sobre as águas /
a pensar no pensar /
que é a metafísica antes de Aristóteles /
Alice era trite e só /
monja sem eremitério ou ermida /
nem teologia ou qualquer preparo intelectual /
de instrução mínima /
ao gosto dos frades menores sob a ternura de Francesco /
Alice era tão soturna que nem cantava /
mesmo onde a água canta batendo na pedra /
na cachoeira de cabelos escachoantes /
aos cachos de deusa grega na espuma /
nas "espumas flutuantes " escritas por Castro Alves /
excelso poeta destas terras e águas /
com palmeiras e verdejar /
e marimbondo a versejar /
- a poesia lírica do marimbondo /
épica em Camões e canhões nos ferrões /
que picam e ficam na ferida onde houve a picadura /
com dor para envergadura de condor nas alturas dos Andes /
aonde voou a poesia de Castro Alves /
elevada e andina e condoeira /

A cascata do rio São Francisco canta a noite inteira /
depois que o tempo diminui o ritmo /
no pingar do orvalho em madrigal na madrugada /
que em si é um madrigal musical /
mas Alice não cantava /
nem uma amarela canção de beco /
um pintainho amarelinho que Caimy punha fora /
na canção que compunha e gorjeava /
o poeta popular da Bahia de todos os santos /
travestidos nos orixás da África /

Alice lavava lá em casa /
( sem lá lá lá mas lá em casa ) /
próxima a uma cisterna aberta /
torcia e batia a roupa no tanque /
ante meus olhos de menino engolindo o mundo /
gulosos olhos curiosos /
pretos olhos grandes de anum assustadiço /
a voar pelos esgalhos que o dia punha nos arbustos /
floridos ou desfolhados galhos na decaída do outono /
decíduo tempo de folhas amarelentas /
a girar lentas no ar /
até cair no chão folhado /
ou folheado a amarelo carmelo /
com algumas flores pulando de pára-quedas das árvores /
e outras vindo pousar de helicóptero /
de uma árvores com flores brancas /
- flores helicoidais /
que giravam no ar qual helicóptero Apache /
brancas como noivas de vestido branco /
mais alva que a flor de laranjeira na barra da alva /
( flor de alba /
Alice era uma flor de alba /
conquanto sua pele fosse do amarelo /
tinta na cor amarela da janela /
ou da parede interna dela /
- da casa interior amarela /
que fica na aldeia da imaginação do pintor Marc Chagall /
- na vila do poeta onde chegou o circo-de-cavalinhos ) /

Era velha e morava numa casa de doida /
- casa onde a noite habitava em todas as trevas /
com todas as partes mais negras revestidas de trevas /
Numa casa de louca /
desaparecida no amarelo /
olvidada pelo amarelo /
que esquecera acor das pardes internas e externas /
numa tonalidade cromática que amarelecia o olho /
numa febre amarela de olhar /
uma casa mancando e quase caindo /
cujas paredes e teto estavam a pique /
sobre a cabeça da pobre velha /
Com paredes escoradas com pau por colunas /
e em companhia solitária dos cães /
que velavam as velas que sopravam a vela da noite /
até o branco na vela da barra da alva /
branca vela nos olhos em paz de pombas /
depois de arregalados e revirados /
no bizarro orgasmo da morte /
última parceira sexual amorosa /
- ali Alice alimentava o fogo na vela /
ou no candieiro antigo e amassado /
( a vida de Alice estava amassada na massa /
que a gravidade amassa na massa /
na massa do átomo e da molécula /
na massa de um planeta ou de uma grande estrela ou galáxia /
na massa falida /
e na massa popular /
massa de manobras do demagogo ) /

Alice não tinha pais nem país algum /
( nenhum Brasil queimava sua brasa no pau ali /
- passava bem sem pau-brasil ) /
nem tampouco homem ou filha /
não tinha história nem tampouco estória /
mas lenda negra /
rondava sua vida /
- macabra lenda de mulher solitária e em perpétua solitude /
que era uma eremita sem o ser /
sem querer ou saber de ermitoa /
sem cacoete para sóror /
- era ermitoa ao modo próprio /
também pelas circunstâncias da vida /
e continuou sendo foi eremita sobre a terra /
uma erva só na terra longa em léguas e alqueires /
até perder os olhos de vista /
para a morte negra /
na morte escura /
que mascara a treva /
mascara os olhos /
tapa a luz dos olhos /
desfaz a luz num borrão /
ignora Lúcifer /
faz cair e jazer em terra /
- nos subterrâneos de Hades /
até que a alma ascenda ao descendente /
que aspira seu corpo em podridão no chão /
e respire aspirando-a para cima /
na primeira inspiração /
soada antes na sopro de Deus na trombeta /
e inflando assim os pulmões de Alice /
em nova parte feita de seu corpo /
com outros corpos /
que pisaram sobre ervas daninhas /
no solo argiloso e nada ardiloso /
raiz para pés /

Alice sempre esteve alienada /
- exilada do país das maravilhas /
aonde não palmilhara peregrina /
andarilha andorinha /
( Talvez quem sabe /
tivesse uma filha /
que poderia ser encontrada /
no País das Maravilhas /
que dista um sonho daqui e dali /
- Dali ou de lá ou acolá ) /
VIII
Uma casa é assim /
( dizendo em forma de dança frenética )/
um corpo das gentes /
- ou outro corpo do ser humano /
- corpo inventado /
no espaço posto /
a olho nu para a dança /
porquanto é uma veste /
um chapéu também /
pares de botas ou sapato ou chinelos /
armadura medieval /
e além de tudo um sobretudo é /
a casa onde habitamos /
sobrevivemos às intempéries /
mais ferozes que a alcateia dos lobos selváticos /
na fúria dos elementos naturais /

A casa em que moramos /
com telhas de cerâmica à cabeça /
chapéus de couro ou palha /
- um espaço interceptado pelo tempo /
o qual sempre cruza o espaço geométrico /
em intersecção euclidiana ou em plano cartesiano /
que redesenha parábolas /
fala e escreve por parábolas /
pensa por alegorias /
ás vezes esculpidas ou arabescadas em árabe /
no frontão da casa dada ao amarelo /
- do tempo que é amarelo /
desde que foi pintado e inventado pelo homem /
( O tempo é um ser inventado pelo homem /
é uma outra espécie do homem /
um filho do homem encaixado na cultura /
enclavado na civilização ocidental ) /

Uma casa é um corpo que dança /
- um corpo que baila na bailarina de Degas /
no corpo de baile do teatro /
no balé " O Lago dos Cisnes" de Tchaikovsky /
na arquitetura e na engenharia /
que seguram a dança com alicerces /
e outros engenhos amarrados em cálculos milimétricos /
( É por acaso um tratado de engenharia e arquitetura /
antes que uma casa /
- que todavia se afirma /
ser uma casa amarela bela ao olho da umbela /
vela no pavio da noite em carvão /
onde outrossim moram flores e musgo /
formigas e até vespas em suas moradias hexagonais /
e até cupins em castelos no meio do cerrado pelado /
- térmitas que vêm e vão em mariposas /
pelo vôo da chuva fina /
e também grossa na mata fechada em floresta escura /
vertendo água sobre a fortaleza do cupim /
cognominada de cupinzeiro ) /

A casa é outro hábito do monge /
que faz o hábito /
junto ao monge /
- o outro hábito /
que produz também um São Francisco de Assis /
e todas as carmelitas descalças /
que cozem a obediência sob regra /
trancafiadas dentro dos muros do claustro /
- muros desenhados pelas mãos das heras /
das lianas e trepadeiras refazendo a escada de Jacó /
e das ervas que tomam todo o espaço vago /
como um novo velho vetusto e eterno império /
- um império romano vegetal /
vegetativo ainda no sistema do monge e na monja /
sobrevivente nos nichos do convento cartuxo mais austero /
com severo abade ou abadessa /
vestido pela dança abacial /
que se amolda ao corpo e à vida sob severa disciplina /
irrompendo nos fios negros da linha da noite longa /
rompendo a barra da alva /
pelo caminho de odor e luz branca expressa na flor de laranjeira /
porquanto a vida é mais severa /
que qualquer norma ou semiologia /
que borde enxames de abelhas vivas no sonho dos pioneiros /
ou no coração da monja /
- e na solidão com solitude pelos precipícios do intelecto do monge /
que olha a terra à frente barbada com ervas /
e sabe que seguirá sempre só /
sem Robinson Crusoé /
- que é outro nome para Deus na amplidão solitária da planície /
a qual olha e mira o horizonte com montanhas e serras sem fim /
até encontrar o traço azul do céu /
encontrando-se com as águas do verde na cor /
quase em pororoca quando há chuva e arco-íris /
( e sempre há chuva e arco-íris escritos ou fáticos! /
na solitude imensa no espaço da pomba voante /
esquecida do bando ou pelo bando de pombas /
mergulhando em vôo na cinza das cores do espectro solar /
- em pleno zênite! /
- tal qual o mergulhão ou o martim-pescador ou o falcão-peregrino /
mergulham com rapidez inacreditável /
do céu ao chão ou à lâmina d'água /
onde há peixe para o pescador /
ou outra vítima para o peregrino falcão ) /

A casa é simples assim /
( mas não simplória à maneira da canalha! ) /
- a casa do amarelo desamarelecido /
( até pelo tempo! /
- que nela parou de respingar o amarelo amarelecido ) /
no casebre em queda de anjo bambo /
onde vegeta um louco /
entre musgos na parede quebrada /
( há musgos ou lodo?! )
subindo pelo lodo escorregadio que o tempo coletou /
nas estações da chuva /
com mariposas em debandada louca /
formigas abrindo asas à liberdade /
navegando no vento /
de moinho a moinho /
de Van Gogh a Modigliani /

A casinhola torta e ébria /
claudicante no anjo ébrio de cerveja /
tem sua existência parada na pedra /
uma pedra sem caminho /
pedra em descaminho /
- desencaminhada no caminhão da vida /
pelo louco que a habita /
há anos sem passar o tempo /
- que para o louco o tempo não passa /
do branco solar para o amarelo outonal /
nas folhas que escrevem o amarelo /
nas suas Pedras de Roseta /
para um Champollion poeta ler /
em grego ou em hieróglifos /
então em demótico /
ou nos geoglifos grafados no corpo e na mente do louco /
- terra ou pedra em psicossomatização /
( outra pedra de Rosetta é o cérebro do esquizofrênico ) /
IX
Velhas casas onde morei /
cabanas ao sopé dos sonhos /
onde haviam serras azuis /
no dorso das araras azuis /
as quais voejavam no baixo-azul /
rente ao topete da flor azul /
mas não ao rás do chão /
raso demais para vôo ligeiro /
Lá fiz lar alado e atrelado ao onírico /
( espaço e terra inteira para o homem cultivar livre /
- livre dos comandos truculentos e legais externos /
em terra cujos senhores são gorilas ensandecidos ) /
Edifiquei morada sob sol e sob ervas verdes /
- ervas daninhas chiando verde /
urdindo tapetes por escabelo /
dos pés do sol de fulvo cabelo /
que põe os pés na terra /
radicando em raízes de cajueiros /
ou ipê roxo vestindo o olhar do artista /
descaindo nas ervas ao som verde do violino verde do Violinista Verde /
( as casas velhas se emendam em sonhos /
- os meus sonhos são massa para cimento /
as quais ligam as alvenarias dessas cabanas de alvenaria /
tal qual a cal cola um tijolo a outro /
e depois branqueia a mole com a cal liquefeita ) /

Choupanas e castelos onde sonhei morar /
casebres ou palácios que habitei sobre o solo onírico /
casas com ervas subindo ao muro /
pelos cabelos naturais de Rapunzel /
cabelos na cor de limo e lodo /
com ervas escalando paredões íngremes /
metidos no sonho líquido e sólido /
com as ervas grunhindo nas muralhas /
( ervas são escadarias para lagartos
que sobem e descem a escada de Jacó /
do verde ao anil abobadado /
no templo mais extenso /
desconstruído para templários ) /

Velhas casas onde morei /
ou fingi habitar /
cabanas ao sopé dos sonhos /
onde não fiz morada sob sol e sob ervas aromáticas /
chiando ao rás do chão /
que serve de escabelo /
tendo o sol por cabelo /
e o girassol por idéia do belo /
originária na mente do filósofo Platão /
( ervas em festa /
ao som verde do violino verde do Violinista Verde /
ébrio de sol líquido em vodka russa /
no topo de uma vila inventada graças à lembrança de sonho /
oriunda na mente do pintor Marc Chagall /
que a inventou com materiais surreais ) /

Casas velhas se emendam em sonhos /
quando os meus sonhos ligam as alvenarias dessas cabanas /
com a cal no liame de tijolo a tijolo /
numa casa de amor /
que é um caso de amor /
na ligadura da cal /
a pá de cal /
e a tinta alvacenta /
caindo paredes para uma distância segura do amarelo /
que amarelece com o tempo /
a pintar casas antigas /
com o aval do amarelo /

Casebres ou palácios que habitei sobre o solo onírico /
casas com ervas subindo ao muro /
pelos cabelos naturais de Rapunzel /
cabelos na cor de limo e lodo /
por onde ervas vão subindo o muro /
ervas coladas ao muro como o tijolo /
preso aos demais tijolos pelo cimento ou pela cal /
na invasão paulatina da natureza /
que toma de assalto as muralhas do castelo feudal /
com soldados e bárbaros de limo e lodo /
a legião de ervas daninhas /
que paulatinamente vão ocupando suas posições /
vão sitiando a torre de menagem /
enquanto o muralha e as paredes da fortaleza cede /
às investidas no tempo que asperge tinta de limo e lodo /
utilizando as "patas" das lagartixas" como brochas /
e os lagartos como pintores sonolentos /
quando então as bactérias descem de pára-quedas /
nas gotas da chuva /
e vão mesclando tintas em silêncio amarelo e verde /
na indústria do silêncio escondida pela natureza /
em qualquer nicho ou bicho /

O limo e o lodo são verdes relógios /
que mensuram o tempo natural /
( na outra latitude do sol à noite /
e pela madrugada fora à gargalo de galo cantor ) /
- relógios naturais grudados às casas velhas /
às choupanas ou palácios mais recentes /
ampulhetas vinculadas à pedras presas ao caminho /
que para elas não andam um milímetro sequer /
( rochas param o caminho /
a meio do caminho /
sem mensuração para clepsidra /
cronômetro líquido ) /
( As hostes bárbaras de ervas daninhas /
aguardam pacientemente a primeira oportunidade /
para tomar de assalto o castelo /
pela menor fresta surgida na alvenaria /
medido pela clepsidra /
relógio para detecta a mínima erosão ) /

As velhas cabanas construídas na aldeia do meu sonho /
tem um pouco de cada uma e de todas essas casas /
se comunicam em matéria e energia /
passando em vôo pela geometria de Euclides /
que vincula todas as mentes /
tecidas em símbolos /
com alma de alegoria /
- são estas casas arquitetadas em cada sonho /
como se fosse todas as casas reunidas numa só /
- numa só casa e uma só arquitetura amarela /
engenharia amarelecida no timbre da folha de outono /
( que mela a vela que vela o corpo na penumbra /
e a vela de luz da vela-padrão /
que nivela a vela ao veleiro ) /
engenharia amarelecida no timbre da folha de outono /
ouvida no transcurso da queda /
- queda queda de pára-quedas /
( estas casa amarelas amarelecidas outonais /
têm a arquitetura misturada simultâneamente /
estão num universo paralelo ao do sonho /
num mundo-bolha do onírico /
que não obstante no sonho /
dentro do sono lírico /
não parecem ser uma casa só /
mas inúmeras em todas e em cada casa /
não sendo de fato nem uma /
nem tampouco todas /
nem a mixórdia que fazem na percepção do sonhador /
que no sonho tem outro senso /
mui diverso do senso comum /
e do senso do seu próprio senso em vigília ) /

Aquela cabana em que sonhei na última noite /
( eu estava dentro daquela cabana /
no tempo de matéria do sono /
- um motor que empurra o sonho ) /
parece ser uma só com todas juntas /
e nenhuma delas juntas
mas cada uma separada e unida
na cal misteriosa do sonho /
preparada e inventada na aldeia do sono /

As velhas choupanas e castelos medievais /
onde morei dentro e fora da aldeia do sonho /
( aldeia que fica inacessível ao mundo /
porque somente eu tenha pé para chegar ao pé dela /
ao sopé dos montes que guardam a aldeia /
algo um pouco ao sopé dos Montes Urais ) /
são casas escritas no limo e lodo /
verdes relógios que marcam a natureza do tempo /
( clepsidras para fazer girar sais minerais /
ampulhetas para por vento nas areias do deserto Saara ) /
rolando pedras sobre Rolling Stones /
Todavia ao invés de marcar o tempo físico ou abstrato /
as casas escritas na notação musical do amarelo temporal /
são entes somente acessíveis à leitura /
na forma desses signos e símbolos /
na alma da alegoria /
( alma de sonho e sono ) /
casinholas silentes e quedas /
prontas para a queda /
- casas em nível de sonorização no corpo do vento /
que somente Beethoven e os poetas ouvem /
casas marelas em que morei /
quando pensava que estava feliz /
porém estava mesmo era louco /
- casas do louco /
sem algumas paredes ou teto /
perdida na rua /
porque são ouvidas por dentro /
para além do som do martelo e da bigorna /
que governam os ouvidos neste mundo /
mas não determinam os ouvidos inventados na aldeia de dentro /
a aldeia que repousa em sonhos /
toda a noite e todo o dia /
de olhos vendados ou alertas /
- o sonho está lá dentro /
X
A casa da velhinha
amarelinha
espera a vida eterna
com um cãozinho montando guarda
e uma escada de três lances
solicitando três passos
ao Senhor dos Passos
para que Ele entre em casa
bem-vindo que é lá
naquela lar cuja única vaidade
está na cor amarela
que vela as paredes
e corresponde ao amor
do luar em palor

Arbustos com flores roxas e brancas
ladeiam a casa amarela
Lilases flores
à flor-de-lis que um dia eu quis!
mas lá no lar não havia lis
nem tampouco "Iris biflora"
nenhum lírio no amarelo esgastado
( a casa tem muito de roxo
como sói a uma morada de viúva
em nuances de cor
que evocam a profecia de vinda
do profeta Elias
amigo da causa da viúva oprimida
consoante reza o Torá sagrado
lei para alem dos tempos )

Uma laranjeira acesa em flor
planta fragrâncias na terra do povo do olfato
em frente à casa amarela
da velha viúva
anfitriã do profeta Elias
o grande taumaturgo

No jardim da casa
brotam dois arbustos
cada um deles vestidos de noiva e viúva
no plantar das flores
tocando ao saxofone o violeta
da cor do som do violino
que dá ritmo ao verde
dançando na clorofila
( Uma bailarina de Degas?)

Pela hora da beleza matinal espraiada na rua
a anciã sai ao portão
com seu porte e elegância de árvore centenária
vestida com um casaco, xale, cachecol;
Tímica, trêmula, assustadiça, enfermiça
algo macilenta
( uma velhinha é apenas uma menina virada pelo avesso
pela bruxa do tempo amarelo fosco
e aquela velhinha encarquilhada
é ainda uma menina de álacres olhos
que se surpreende de chofre
na idade provecta
em meio à intempérie
sem ver o relógio rodar sol
na Terra que gira vagabunda
distorcendo a matéria no espaço
e também no corpo humano
a perder energia
no movimento da Terra )

Na alta idade da manhã leda
fresca no quintal da casa amarela da velhinha
uma menina de vestido cor-de-rosa
passeia com um cadelinha miúda
que também veste uma roupa rosa
e é levada pela coleira
que a criança segura e conduz
numa cena de candura inenarravel

Na menina toda rosada
eu revejo minha filha
- minha filha brincando com sua cadelinha
passeando a inocência
e dando alento aos meus dias
que então não estavam
emaranhados nas asas da borboleta negra
perdida e esquecida
numa noite de borrasca
que Joan Miró me gostou de pintar
com lua negra em foice
sem novilúnio na abobada celeste
nem plenilúnio na cabeça
pendente sob a foice
de lua foiceforme em noite de mulher no escuro
- no lado escuro do paralelo da mulher
( A lua me pia amarelo
quando vem investida na amada amarela
do pintor Modigliani
ao esconder sua esposa Jeanne Hebuterne
na ternura do casaco amarelo
sobre um divã amarelo
em obra pictográfica de rara delicadeza
e incrível doçura
para além das abelhas e do mel amarelo )

A face menina
que passeia com o cãozinho
fez-me pensar que o sol
emana dos olhos dela
e não da natureza
não vem da abobada celeste
nem tampouco de Deus
que ficou cego ante tanta ignomínia!
e ainda fez ouvidos moucos
quedo e mudo
indiferente às eufêmias do Homem das Dores
( Porém Allá é mais clemente...)

Na fotografia do sol da tarde
que a casa amarela capta
aberto o olho e o abrolho
pinturas com a mão de Caravaggio
saem da mão com uma tonalidade
que expressa o azáfama,
o lufa-lufa na tarde clara de olhos,
e quente de ferro velho à brasa,
das pessoas que vão ao trabalho.
(A tarde é uma escravagista
fora da lei dos homens
fora da lei da casa amarela
que espia
- espião russa velhinha
olhando as lagartixas )

Quando a noite sai de capa negra
com morcegos e corujas na rota do céu
também as histórias de terror
de um terror urbano
rondam as ruas com a milícia
à procura de antigos monstros
que teimam em rasgar vítimas
na lua cheia ou vazia
que aponta de lado da casa
pintada de ouro fosco no palor do luar
- da casa então amarela de medo!
(hoje esses monstros
são apenas meninos
que a polícia espanca!)

Dentro da casa-museu-de-vida
casa gravadora do tempo
de vozes gravadas nas paredes,
de rostos fotografados nos espelhos,
de bulício de crianças
e restos da pele em átomos
da bela jovem adormecida em consciência
que hoje é a anciã engelhada...
Ah! quantos trastes, retratos, baús de lembranças!!!...
Quanta vida ali medrou
quando o pó do tempo no telhado
batia tambores de outras chuvas
atrapalhadas em mariposas
e besouros que espocavam na vidraça
anunciando como anjos de chuva
que haveria outra primavera de natal
com fartura de crianças
e cantares de vates enamorados,
que tanto cantavam, mas não contavam
com um futuro que envelhecia...
e depois matava como uma fera
que escolhe com olhar perspicaz
a presa mais frágil no rebanho da vida! :
- os fracos e os doentes e os velhos
presas que a morte vigia com suas presas na foice de Miró
na lua partida em foice sobre a casa amarela
da velha amarela de medo e de tempo
- que amarelece o tempo em outono caído
em folhas pintadas com a cor amarelecida
que vem empós a cor amarela do espectro
- pois há algo no tempo que faz amarelecer
o outono amarelo nas folhas e flores caídas
no anjo ao rés-do- chão

A casa amarela esconde alguma rua
ou se esconde dentro de si
no seu amarelo-esconderijo
- rijo esconderijo

XI
Velhas casas onde morei /
cabanas ao sopé dos sonhos /
onde haviam serras azuis /
no dorso das araras azuis /
as quais voejavam no baixo-azul /
rente ao topete da flor azul /
mas não ao rás do chão /
raso demais para vôo ligeiro /
Lá fiz lar alado e atrelado ao onírico /
( espaço e terra inteira para o homem cultivar livre /
- livre dos comandos truculentos e legais externos /
em terra cujos senhores são gorilas ensandecidos ) /
Edifiquei morada sob sol e sob ervas verdes /
- ervas daninhas chiando verde /
urdindo tapetes por escabelo /
dos pés do sol de fulvo cabelo /
que põe os pés na terra /
radicando em raízes de cajueiros /
ou ipê roxo vestindo o olhar do artista /
descaindo nas ervas ao som verde do violino verde do Violinista Verde /
( as casas velhas se emendam em sonhos /
- os meus sonhos são massa para cimento /
as quais ligam as alvenarias dessas cabanas de alvenaria /
tal qual a cal cola um tijolo a outro /
e depois branqueia a mole com a cal liquefeita ) /

Choupanas e castelos onde sonhei morar /
casebres ou palácios que habitei sobre o solo onírico /
casas com ervas subindo ao muro /
pelos cabelos naturais de Rapunzel /
cabelos na cor de limo e lodo /
com ervas escalando paredões íngremes /
metidos no sonho líquido e sólido /
com as ervas grunhindo nas muralhas /
( ervas são escadarias para lagartos
que sobem e descem a escada de Jacó /
do verde ao anil abobadado /
no templo mais extenso /
desconstruído para templários ) /

Velhas casas onde morei /
ou fingi habitar /
cabanas ao sopé dos sonhos /
onde não fiz morada sob sol e sob ervas aromáticas /
chiando ao rás do chão /
que serve de escabelo /
tendo o sol por cabelo /
e o girassol por idéia do belo /
originária na mente do filósofo Platão /
( ervas em festa /
ao som verde do violino verde do Violinista Verde /
ébrio de sol líquido em vodka russa /
no topo de uma vila inventada graças à lembrança de sonho /
oriunda na mente do pintor Marc Chagall /
que a inventou com materiais surreais ) /

Casas velhas se emendam em sonhos /
quando os meus sonhos ligam as alvenarias dessas cabanas /
com a cal no liame de tijolo a tijolo /
numa casa de amor /
que é um caso de amor /
na ligadura da cal /
a pá de cal /
e a tinta alvacenta /
caindo paredes para uma distância segura do amarelo /
que amarelece com o tempo /
a pintar casas antigas /
com o aval do amarelo /

Casebres ou palácios que habitei sobre o solo onírico /
casas com ervas subindo ao muro /
pelos cabelos naturais de Rapunzel /
cabelos na cor de limo e lodo /
por onde ervas vão subindo o muro /
ervas coladas ao muro como o tijolo /
preso aos demais tijolos pelo cimento ou pela cal /
na invasão paulatina da natureza /
que toma de assalto as muralhas do castelo feudal /
com soldados e bárbaros de limo e lodo /
a legião de ervas daninhas /
que paulatinamente vão ocupando suas posições /
vão sitiando a torre de menagem /
enquanto o muralha e as paredes da fortaleza cede /
às investidas no tempo que asperge tinta de limo e lodo /
utilizando as "patas" das lagartixas" como brochas /
e os lagartos como pintores sonolentos /
quando então as bactérias descem de pára-quedas /
nas gotas da chuva /
e vão mesclando tintas em silêncio amarelo e verde /
na indústria do silêncio escondida pela natureza /
em qualquer nicho ou bicho /

O limo e o lodo são verdes relógios /
que mensuram o tempo natural /
( na outra latitude do sol à noite /
e pela madrugada fora à gargalo de galo cantor ) /
- relógios naturais grudados às casas velhas /
às choupanas ou palácios mais recentes /
ampulhetas vinculadas à pedras presas ao caminho /
que para elas não andam um milímetro sequer /
( rochas param o caminho /
a meio do caminho /
sem mensuração para clepsidra /
cronômetro líquido ) /
( As hostes bárbaras de ervas daninhas /
aguardam pacientemente a primeira oportunidade /
para tomar de assalto o castelo /
pela menor fresta surgida na alvenaria /
medido pela clepsidra /
relógio para detecta a mínima erosão ) /

As velhas cabanas construídas na aldeia do meu sonho /
tem um pouco de cada uma e de todas essas casas /
se comunicam em matéria e energia /
passando em vôo pela geometria de Euclides /
que vincula todas as mentes /
tecidas em símbolos /
com alma de alegoria /
- são estas casas arquitetadas em cada sonho /
como se fosse todas as casas reunidas numa só /
- numa só casa e uma só arquitetura amarela /
engenharia amarelecida no timbre da folha de outono /
( que mela a vela que vela o corpo na penumbra /
e a vela de luz da vela-padrão /
que nivela a vela ao veleiro ) /
engenharia amarelecida no timbre da folha de outono /
ouvida no transcurso da queda /
- queda queda de pára-quedas /
( estas casa amarelas amarelecidas outonais /
têm a arquitetura misturada simultâneamente /
estão num universo paralelo ao do sonho /
num mundo-bolha do onírico /
que não obstante no sonho /
dentro do sono lírico /
não parecem ser uma casa só /
mas inúmeras em todas e em cada casa /
não sendo de fato nem uma /
nem tampouco todas /
nem a mixórdia que fazem na percepção do sonhador /
que no sonho tem outro senso /
mui diverso do senso comum /
e do senso do seu próprio senso em vigília ) /

Aquela cabana em que sonhei na última noite /
( eu estava dentro daquela cabana /
no tempo de matéria do sono /
- um motor que empurra o sonho ) /
parece ser uma só com todas juntas /
e nenhuma delas juntas
mas cada uma separada e unida
na cal misteriosa do sonho /
preparada e inventada na aldeia do sono /

As velhas choupanas e castelos medievais /
onde morei dentro e fora da aldeia do sonho /
( aldeia que fica inacessível ao mundo /
porque somente eu tenha pé para chegar ao pé dela /
ao sopé dos montes que guardam a aldeia /
algo um pouco ao sopé dos Montes Urais ) /
são casas escritas no limo e lodo /
verdes relógios que marcam a natureza do tempo /
( clepsidras para fazer girar sais minerais /
ampulhetas para por vento nas areias do deserto Saara ) /
rolando pedras sobre Rolling Stones /
Todavia ao invés de marcar o tempo físico ou abstrato /
as casas escritas na notação musical do amarelo temporal /
são entes somente acessíveis à leitura /
na forma desses signos e símbolos /
na alma da alegoria /
( alma de sonho e sono ) /
casinholas silentes e quedas /
prontas para a queda /
- casas em nível de sonorização no corpo do vento /
que somente Beethoven e os poetas ouvem /
casas marelas em que morei /
quando pensava que estava feliz /
porém estava mesmo era louco /
- casas do louco /
sem algumas paredes ou teto /
perdida na rua /
porque são ouvidas por dentro /
para além do som do martelo e da bigorna /
que governam os ouvidos neste mundo /
mas não determinam os ouvidos inventados na aldeia de dentro /
a aldeia que repousa em sonhos /
toda a noite e todo o dia /
de olhos vendados ou alertas /
- o sonho está lá dentro /
XII
Até as flores bravias /
perdem sua sabedoria /
e deixam de ser atéias /
quando domesticada /
porque o homem passam sua estupidez /
para aqueles outros seres humanos /
que cultiva e domestica /
dando a eles o seu ser /
arrancando-os da raiz do ente /
o qual está por toda parte /
até sobre a tez da bela mulher /
outrossim nas vísceras /
órgãos e aparelhos do corpo humano /
mas quando percebidas pelo homem /
mudam-se de ente a ser /
no vir-a-ser que o homem transforma os entes /
mormente quando a mutação do ser /
constrói sua existência /
( algo mais amargo que todo o existencialismo ateu dos filósofos ) /

As casas amareladas dos loucos /
caem ao chão /
amarelas de medo /
acometidas de um mal amarelo /
febre amarela ou palidez lunar /
ao avistarem uma pessoa estúpida /
passar ante sua soleira /
já com a porta destrancada /
ou quebrada pela metade /
Míseras casas em queda!
de anjo-pombo sem asas /
( sem cara metade /
porque o louco tem a cara já em metade /
- metade no mundo e metade fora /
num outro mundo similar ao vôo do anum /
trazendo a noite chovendo nas penas pretas /
- penas previstas pelo Código Penal da noite /
escritas e aprovadas pela madrugada em piche /
com galos protestando /
e orvalho choramingando ) /

As florzinhas decíduas, caduciformes /
caídas na descoloração do tempo amarelo nos relvados naturais /
são filósofas cínicas /
- flores Diógenes de Sinope, /
o filósofo cínico da filosofia menor das flores /
As mais simples da flores silvestres /
são seres humanos adornados pela liberdade plenamente exercida /
( humanos porque feitos mesmo húmus /
e pó de estrelas de que foi moldado o homem /
pelo oleiro do ser humano /
os quais são vegetais marimbondos minhocas /
e todo ser vivo originário da terra /
e da água que banha e amolece a terra /
até encontrar o ponto de languidez /
onde há intersecção dos elementos cruzados /
os quais dão função de vida aos entes /
que se transformam em seres humanos também /
quando molhados na luz dos olhos dos seres humanos /
que lhes dão seu ser /
rasgando o ente que há neles pétreo ou líquido /
ou evolando no ar com passos pelos caminhos dos gases /
porque tudo o que o ser humano percebe ou imagina /
é transmutado na sua indústria dos sentidos /
e sua fábrica de desenhos e conceitos /
em outro tipo de ser humano /
- o ser humano inventado pelo homem /
pois o pensamento é um ser que dá o ser às coisas /
com a mente e a mão virando coisas em objetos ) /

Esses outros seres humanos animais e vegetais /
e mesmo os seres tirados da invenção do homem /
- que são os artefatos culturais /
sobrevivem ainda graças à ação de graças /
que abençoa os sábios e poetas /
cuja responsabilidade profunda e social /
grafada na pedra de Roseta da poesia decifrada /
pelos vates mais intimistas /
que lançam o objeto do interior de sua lava e vulcão /
em forma de arte e ciência vegetal /
transcrita em linguagem humana /
na vida social ou política /
as quais exigem e inventam normas de conduta /
postas na cultura como ética /
porquanto não se é livre sendo criminoso ou corrupto /
como sói ocorrer nos países /
em que a lei somente algema as mãos dos pobres /
demonstrando a miséria social /
e a ditadura dos três poderes /
exercendo as três ditaduras /
de um povo bárbaro /
comandado por vândalos /
inconscientes sobre o seu cavalo amarelo e medroso /
galopando para o apocalipse /
que aguarda este cavaleiro amarelo /
com o anjo da guarda /
resguardado da chuva /
sob a umbela do guarda-chuva /
o qual outrossim guarda o sol /
e o girassol olhado até se transfomar industrialmente /
no desenho e artefato do guarda-chuva /
arquitetado no mau-olhado /
do homem que lê friamente com a razão /
transmutando a natureza em tecnologia de ponta /
( O que a natureza tem de tecnologia de ponta /
guarda no silvo da mamba negra /
na peçonha da víbora bufadora /
ou na ferocidade da píton reticulada )

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