sábado, 30 de abril de 2011

POLÍTICA, GEOPOLÍTICA, UTOPIA, REPÚBLICA, MAQUIAVEL, MARX, MORUS : ZOOLOGIA

Política, geopolítica...: tudo isso é Maquiavel, não Marx. Quem sabe
política é Maquiavel, não Marx. Toda ciência política, fora os
detalhes, estão em Maquiavel e... na vida social do homem e dos
animais.
Vide um grupo de símios, outro de zebras, leões, mas não os
zoólogos cujo estudo da ciência que denominam zoologia ( dão a inteligência de
duas palavras gregas) e é uma "zoologia", dentre outras ciências normativas ou normatizadas pela política e geopolítica dos donos do poder e do mundo e, consequentemente, dos homens do mundo e no mundo : a ciência dos donos do mundo é a política ou geopolítica. A zoologia dos zoólogos de escola ou universidade é apenas a apnéia dos dez mandamentos escrita com fogo na pedra dos poderosos snehores dos tolos, que se fazem pasar por cientistas ou sábios, quando são bufões no palco e no circo de cavalinhos; nada têm de zoologia, pois não põe o
homem ou aquele que estuda ( o cientista ) no estudo; portanto, é zoologia sem objeto, essência sem existência, consoante reza a regra de Aristóteles, que diz claramente que a esência ou ser, que é o pensamento exprimido pelo discurso ou "logos" ( lógica, metafísica ) não está presente no mundo natural ou não faz parte dele, ou seja, não é parte integrante da existência ou da coisa que está fora da mente e dos sentidos humanos e que o ser humano observa com os sentidos e conceitua ou dá inteligência("nous) com o nome ou "nous".
O discurso é o "nous" ou nome ( que também é número) e também o "logos" ou lógica, que está na sintaxe, a qual une logicamente, normas e princípios, os nomes dentro de uma relação na frasde sujeito epredicato ou sujeito e objeto. O discurso é a união do nome ( "nous" ou inteligência de nome e numero, que é o mesmo "nous" ou nome em duas formas de signs e símbolos, ou de signos e símbolos na língua que descreve e narra e faz digressões e na língua e linguagem dos números, que mensura e desenha e conta ou numera, bem como enumera e pesa, enfim, quantifica, enquanto o "nous" ou inteligência da palavra ou conceitual qualifica o ser, que é dado pelo encontro das duas inteligências com o mundo pelos sentidos).
Na zoologia, póem Maquiavel, o pol´tico realista, animal alfa, e tiram Marx, idealista, sonhador, utopista cândido, outro Platão ou Mórus, com sua Utopia e República, numa operação política constante, deliberada. Eis a técnica que utilizam, grosso modo: tiram ou abstraem o objeto de estudo primevo, originário, que é o homem, do estudo e chamam
isso ciência, à zoologia, que o é ou fica sendo "ciência, assim posto,
apenas metaforicamente, alegoricamente, para o povo ( o pára-povo é
sempre uma ciência com raiz no mito ), conquanto, na realidade, seja
política,, ciência e ação política, a normatizar objetos com o cordão
umbilical do "princípio da razão suficiente" ou princípio do
conhecimento, que orienta e constrói todo objeto, delimitando-o
politicamente sempre, pois atrás do estudo está o comando dos animais
alfas ditos humanos, tirante o barro que é de todos os animais e
vegetais, os quais sobrelevam-se sobre o barro, plantado nele, com
raiz na areia, no mineral, e com o mineral que o alimenta e dá a
substância dão corpo vegetal, substrato da vida ou alma, que é a mesma
coisa ( "coisa") que vida, mas, não obstante, se transmuta, numa
espécie de metamorfose social originária na política ou geopolítica,
ocorrendo obviamente quando a política reza a missa em latim e
transforma o "anima", originariamente em sendo romano, em alma, indo
(e indo-europeu! ) do sentido vetor ou escalar no latim romano ao
senso de alma no latim cristão, que perscruta e põe outro objeto na
área circunscrita e escrita pelo latim cristão, em jargão de igreja,
com especificidade técnica para determinar um fenômeno novo que,
sempre originariamente, está no latim de igreja e aviva o mito
cristão, no rito de falar, escrever, tecer a história e dramatizar o
mito.
O mito de Cristo vira um mito expresso por um latim no tempo e
retrata a mente de quem o fala, escreve, representa nos atos dos
atores e autores de dramas ( a tragédia de Cristo, em realidade não
totalmente grega, mas na mescla com o latim, língua e povo, pois é
sempre língua e povo e cultura, é ou se transforma em paixão e Cristo,
que engendra os mártires, a "passio" do latim reciprocando o "pathos"
grego, num complexo virado no tempo, pondo o conceito comum de tempo).
Os animais solitários ( em solitude) executam o mister político quando
do acasalamento temporário ( todo acasalamento é temporário). O que
pode ser duradouro é a relação fundada no interesse, que é o motor da
política, do grupo,enfim. Aliás, agrupamento, que somente se forma por
interesses mútuos, é política : todo grupo é um agregado de interesses
antes de ser uma equipe, onde todos jogam pelo poder ou manutenção do
o poder do grupo e de seu lugar na comunidade ou equipe de que é
parte.
Política nada tem em essência com a utopia, ou as teorias dos Platão,
Morus ou Marx, que sonham um mundo ideal, e às vezes, até idílico,
que não há senão na mente ou no ser, que é a mente, mas não na
existência, ou no mundo,na realidade, em natureza. Marx nada sabe de
política, excepto se essa política, que engrossa o caldo do tratado
sobre economia, que Marx põe : Economia Política , cuja palavra
"política" é uma obviedade, pois toda economia é política, mas que
era novidade na época, em que se pensava, ou fingia pensar os
políticos da época, os senhores do tempo em estudo de Marx, que punham
em tese como se fosse realidade que a política e a economia eram
realidades diversas e não se tocavam, não se relacionavam, pois a
ciência era algo objetivo ( "puro" e quase "virgem") enquanto a
política era necessariamente sórdida, continha outro teor ou essência
diversa e podia e devia ser assim ,como ainda o é.
Na realidade, a política é outra forma de ciência e arte, que não está
nas academias, mas no homem; seu objecto está preso à dinâmica do homem
na vida social,nos grupos dos quais participa e lidera, sempre
reiterando os princípios eternos, os axiomas de Maquiavel, que são
imutáveis, porquanto o progresso humano não se dá com paz e
honestidade ininteligente, honestidade estúpida e inútil, porém com a
guerra e a virtude, que é a honestidade do forte, que visa a
necessidade de sobrevivência do grupo social e não somente de si
mesmo.
Este político descrito por Maquiavel, na realidade, está entre Hitler
e Cristo, assim dosado. Todavia, há muito Cristo e Hitler por aí, com
poder ou sem poder, entretanto a dosiometria(?) ou dose deles é raro em natureza e
cultura. A natureza quase não produz homens nessa dosagem, nem
tampouco o faz a sociedade, graças aos desvios que a cultura põe na
mente do homem e o esculpe por dentro; em geral para ser imbecil ou
estúpido, porque alguém tem que levar o lixo ou fazer o serviço sujo:
alguém tem que matar e roubar para o juiz possa existir e brilhar,
exercer seu poder, dar sentido a um poder socialmente conferido.
São os atos livres dos políticos, dos atores políticos ( verdadeiros
artistas e artífices da vida em sociedade) , que fazem a sociedade
progredir, porquanto de sua esperteza, que é uma inteligência para a
sobrevivência em grupo, a inteligência do grupo, o saber e o
conhecimento do grupo é uma inteligência natural do político; da
esperteza dos políticos é que derivam os estudos para a lei melhorar
e, destarte, proteger melhor o povo, que é sempre o "menino"
desprotegido, infantil, incauto.
Dos atos livres dos políticos ( alguém tem que estar plenamente livre
na sociedade, porque senão não há progresso que somente advém da
liberdade para pensar, dizer e agir ) é que nascem os estudos dos
filósofos como Marx, os quais são úteis para ler a vida pregressa dos
políticos e assim poder ver onde se pode melhorar as leis, a
sociedade, a cultura, enfim, pelos atos livres deles é que se lê a
sociedade: por isso, a história sempre focou os reis e os príncipe e
ainda o faz, conquanto os historiadores não gostem dessa "falta de
democracia" na ciência ou historiologia, historiografia.
Os políticos são os príncipes do mundo e Maquiavel sabia disso;
contudo, Marx, Morus e outros utopistas , olhavam apenas o que é
idílico e não o real no homem, assim como o faz a ciência que, quando
se diz zoologia, olvida o homem e pensa nos "outros animais". A palavra animal só pesa nos outros animais, pois um dos "nous", o "nous" para número não põe ( tese, por o ser) do homem entre os bichos.
A política está presente tanto no grupo dos homens quanto na dos símios e demais animais, mesmo, quiça, nos insetos; aqui, sem Maquiavel para orientar o príncipe a conter o rebando e Marx, Morus e Platão, evitando insurreições com pia utopia da República e do comunismo marxiano.

domingo, 17 de abril de 2011

SURA DO CORÃO PARA AS MULHERES NO ESPAÇO EM ÁLGEBRA ( FILOSOFIA ÁRABE PRA TEMPO E ESPAÇO ARABESCADO ))

Minha porção de mar interior /
mar vermelho de hemoglobina /
tem no sangue mouro /
o gosto pelas suras do Alcorão /
( Em uma sura do Corão /
estão transcritas as mulheres /
- a mulher no Corão ) /

A paixão árabe pela água /
( paixão-álgebra arabescada ) /
está queda nas fontes de água a jorrar /
inquietas e rumorejantes /
e nos palácios à maneira árabe de Alhambra /
nos quais pelos desenhos em arabescos /
os arabescados desenhos /
explorando a geometria árabe /
contida na gramática para a inteligência do espaço e tempo /
que é a álgebra do árabe /
cuja inteligência se estende até os meandros da matemática /
e vai além dando-lhe uma gramática /
transmutando a gramática em filosofia árabe /
porquanto a álgebra é também uma semiologia /
uma semiótica com oitiva no Corão /
que utiliza signos e símbolos em pura abstração /
sendo a álgebra a ciência do abstrato /
a última palavra em abstração da ciência /
a ciência de ponta /
que traz uma ponta da filosofia grega /
( a álgebra é a abstração em árabe /
é a metafísica em árabe /
lógica em árabe /
enclavada no idioma e na etnia do povo árabe /
beduínos pelo deserto humano que é o mundo /
- gramática e semiótica presente /
nos prazeres intelectuais da poesia /
da ciência e da filosofia grega /
que veio em língua árabe com Averróis e Avicena /
com o gosto que só se prova /
nos idiotismos de um idioma /
dizendo e grafando sua cultura /
em tudo o que estuda e dá o seu ser /
- o ser do homem árabe /
o negro viandante no meu sangue /
o qual sabe bem ao Islão do Corão
desde pequenino menino /
com olhos-álgebra ) /

Meu sangue de arameu errante /
faz-me errar por lugares distantes /
sempre buscando a parusia /
esperando a vinda do Messias /
enquanto faço a festa da páscoa /
com pães ázimos /
pães não levedados /
ervas amargas /
enfim : todos aqueles ritos /
os quais não executo mais /
porquanto eles ficaram /
marcados na terra sem água /
dos meus antepassados no pó /
- homens em pó desidratado /
sem areia no relógio de areia /
ou água para mover clepsidra /
ou olho para ver sol /
quando em lágrimas /
( arroio-de-dentro ) /

Meu sangue derramado pelas bárbaras tribos germânicas /
que desafiou e subjugou legiões de Roma /
ama os moinhos de vento /
no vento que Van Gogh pôs em cores /
impressionistas e expressionistas /
consoante a pintura do pintor da paixão em estado escarlate do coração /
( O coração! /
este outro bárbaro germânico /
irmão germano /
de São Francisco de Assis /
frade gêmeo univitelino /
do amor à simplicidade /
que desponta em mim /
no sol de todo dia /
mesmo em dias plúmbeos /
com pomba plúmbea passando lépida /
em solitude de pomba acinzentada /
em sua esfera de vôo /
a desdesenhar o espaço /
desarquitetar o tempo /
fluindo aquática-pato-branco na desengenharia das desditas ) /

Meu sangue de Espanha /
um mar de Espanha /
leva-me pela rota do sol por onde cavalgou Dom Quixote de La Mancha /
o Cavaleiro da Triste Figura imortalizado no espanhol /
língua e etnia escritos em Cervantes /
poeta magno da humanidade /

Dom Quixote de La Mancha /
manchego cavaleiro do apocalipse jocoso /
guerreiro e cômico e trágico poeta /
esteta no amor à Dulcinéia /
é o homem a cavalo sobre a terra sob Apocalipse /
e cavaleiros na saga apocalíptica /
na sanha de decapitar e estripar e estuprar /
que é isso a guerra de Marte /
outrossim um deus do Apocalipse /
( Se o Apocalipse não tinha Marte /
ponho-o sobre o cavalo do bárbaro huno /
no agressivo e ferocíssimo Átila, o huno /
um centauro completo com o cavalo de fato /
montado sobre outro corpo equino /
- ser equestre /
que faz o Quixote ser pedestre ) /

O grego que há em mim /
não se exaure na filosofia /
passa a passo pelo paço da poesia /
ode a elegia /
soneto não nem tampouco canto épico /
ama a escultura e a pintura /
a tragédia e a comédia /
que também pilhei de Dante /
tal qual abelhas que pilham açúcar /
coletando o que há restante no papel de sorvete /
( e fica um gosto de réstia de luz no mel /
ao sabor dos olhos perdidos ou esquecidos no vento /
empós a pilhagem das abelhas ) /

Meu sangue de Roma /
sangue romano /
linfa do mesmo povo /
vem de italianos e quiçá etruscos /
e hordas de bárbaros /
godos visigodos ostrogodos /
que devastaram e assolaram aquela região /
numa etnia de paixão pelo crime e pela santidade /
dois extremos que se beijam no beijo de Klimt /
tensão esticada entre São Francisco de Assis e El Capone /
o qual morreu tocando sua tristeza num violino /
que clamava por liberdade em Alcatraz /
enquanto lá fora sobre o mar /
o pelicano "alcatraz" pescava livre /
- livre principalmente dos homens /
( essas escórias dos demônios ) /
pois são esses seres que prendem os demais /
porque são cruéis ao extremo polar /
com gelo e neve no pico da alma /
sempre covarde e carniceiro /
oportunista e traiçoeiro /
em sua investida contra o próximo /
quando este se acha momentaneamente caído /
( caído ou decaído no anjo que é /
no Lúcifer que é contra o mundo constituído /
todo demarcado e proibido por Direito /
que é o decreto do rico contraposto ao pobre /
- decreto-lei antípoda de tudo o que anela no homem /
cujo desiderato é o de abraçar o mundo num anel /
de sonhos e ametista ou diamante /
que é devolvido à mulher amada /
ou já sem a alma do amor /
- aura que arrefece depois da juventude /
que pode tudo em atitude /
olvidando as vicissitudes ) /

Nas terras que desembarquei /
outras plagas longe de onde o barro e a vegetação /
se ajuntou em mim até formar o Adão que sou /
trago em meu sangue o gosto da terra e vegetal /
bem como o sabor da carne dos animais das faunas variegadas /
os quais são a estrutura molecular e genética do meu ser /
Todavia ainda que longe longos passos e pernas longas /
das terras de onde venho /
- a terra de onde veio meu corpo e alma /
está em mim /
e a planta que floresce lá /
plantada em mim /
florescendo em em meu corpo e espírito /
plantas originárias de ilhas e arquipélagos /
a gosto de lagoa córrego mar /
- mar e marimbondos pintalgados /
no xadrez preto e branco /
que os exibem em seus vespeiros /
tão próximos à tempestades /
e aos anjos que sopram a trombeta do vento /
durante a ventania a galope /
porém serenos em seus vespeiros /
as vespas parecem se esconder dentro de mim /
ou do meu medo e gosto pelas borrascas /
ó Éolo, - deus dos moinhos de vento de Holanda! /

Piso nestas terras com o corpo em outras plagas /

quarta-feira, 13 de abril de 2011

SANTO ( ESPÍRITO, SALVADOR DALI, ANTONIO, ANTÃO, GRAAL, SUDÁRIO...)

O ser humano livre /
é aquele ser despojado /
que não se preocupa nem consigo mesmo /
pois está em paz plena /
com o seu universo interior estruturado na saúde completa /
de corpo e alma sã /
- corpo santo e alma beata /
no nirvana dos santos orientais /
e na saúde despojada de São Francisco de Assis /
ou Santo Antônio antes da hidropsia /

O ser humano assim saudável é o santo /
cujo corpo e espírito estão salvos /
dos micróbios e das enfermidades /
e a alma plena de vida /
sem os incômodos e os cuidados /
que a doença traz /
junto com o médico e o monstro /
e seus ademanes /
( O monstro é o conjunto das drogas farmacológicas /
- a farmacopéia do demônio /
e o médico a pobre pessoa que nada sabe sobre o corpo individual /
mas antes sobretudo sobre o corpo da sanguessuga /
ou do "corpus aristotelicus" da doutrina médica /
ou um abstrato corpo humano inexistente entre os fatos /
meros atos do pensamento sonolento /
dentro do ovo dos sonhos paranóicos de Salvador Dali /
operando o olho e o olhar de Lacan /
ao som formal e pictórico do método crítico-paranóico /
do surreal artista Dali /
salvador de sonhos /
salvador do onírico deus grego /
- divindade plantada no mundo surreal ou surrealista /
que serviu de suporte e inspiração ao surrealismo /
um movimento pictórico-literário célebre /
com berço na Europa /
que invade pensamentos com literatura e pintura e arquitetura /
enquanto a América usa o cinema /
- sétima arte /
Septimo Severo ) /

Já o ser humano santo ou são /
ou saudável em espírito corpo e alma /
é o santo canonizado pela natureza /
única igreja da vida /
capela da alma santa /
( a outra igreja é da morte de Cristo /
- do Cristo crucificado /
que em realidade é o homem crucificado /
- sacrificado enquanto indivíduo /
porquanto o individuo sempre foi tido como inimigo do corpo social /
e por isso sacrificado em todas as aras /
e o Cristo é essa lei sob a forma de alegoria /
- lei em forma de parábola /
legislação e Direito implícito /
tácita forma de condenar /
pela Inquisição do Silêncio /
que cala as palavras e as vozes dos indivíduos /
e depois os fazem profetas mortos e veneráveis /
pois assim sempre agiram os criminosos /
que conquistaram o poder /
que antes era de Calígula ou Alexandre Magno /
Napoleão Bonaparte ou se quiserem Hitler... /
fiquem com Hitler /
que já é menos que um cadáver ) /

O santo é livre /
livre principalmente de si /
pois somos a pior prisão para nós mesmos /
( a pior masmorra e a mais sombria /
está em nossos porões /
individuais e sociais /
aonde corre o minotauro /
- o grande touro-homem Asterion /
mito minóico ) /

O santo anda alheio a si /
e em aparente paradoxo arraigado ao seu interior /
com radical de erva ou árvore frondosa : /
enorme abacateiro ou doce cajueiro /
com os braços abertos em cruz no cerrado /
cajueiro em flor de cheiro característico /
único nos pelos das narinas apalpando o ar /
ou ipê roxo circundando o espaço com suas flores belíssimas /
trazendo o espaço para o roxo ou violeta cor /
que há violeta flor /

O santo está em paz com o universo interior /
por isso o homem são volta-se para o mundo exterior /
onde ouve pássaros gorjeando /
e pessoas infelizes pedindo socorro /
( amoroso e feliz ser /
o santo pode se dar ao luxo de cuidar do outro /
pois está resolvido em si ) /

O homem santo se volta para fora de si /
para o mundo exterior /
uma vez que seu interior é um cosmos /
um todo harmônico e melífero /
sem quaisquer laivos de carência /
Então com o ser sereno /
volve a face serena para o homem de verdade /
aquele que atingiu o ápice do seu ser /
galgou o supremo pico do ser /
amealhando o máximo de inteligência /
durante o curso da vida /
bem como o que puder de liberdade /
em uma sociedade de condenados às galés /
que somos todos nós pobres ou ricos /
sábios ou tolos /
todos amarrados nos nós do dinheiro /
poderosos ou frágeis criaturas sem destino no livro da vida /
ou seres humanos santos /
com plena para ter o poder de buscar o Santo Graal /
( seja lá o que seja o Santo Graal! /
ou que Santo Graal se busca ou busque! ) /
porquanto a saúde é a coroa do rei da vida /
única coroa que vale a pena ostentar /
conquanto com a modéstia suave /
que caracteriza o senhor da vida /
abaixo apenas das penas do Senhor Deus dos Exércitos /
- do clemente e misericordioso Alá ) /

O doente é o antípoda do homem santo /
pois o enfermo de corpo e mente /
se fixa no seu próprio ego /
no pequenino espaço que é o ego /
que nada mais é que um mísero momento no tempo /
porque o ego é apenas um pedaço diminuto /
em comparação com o ser /
que abarca o universo inteiro /
por fora e por dentro /
em todas as galáxias interiores e exteriores /
que demandam estrelas e constelações /
e super novas e quasares e cefeidas /
com a vela padrão na mão /
( O ser abraça o todo e o nada ) /

No santo cabe o universo /
no verso e no anverso /
e ainda sobeja espaço e tempo /
para universo paralelos sem fim /
pois se há algum universo paralelo /
é o universo bolha que criamos desde crianças /
não em folhas mas em bolhas /
quando em menino sopramos as bolhas /
( a criança é o que é anjo de verdade /
porque na infância tudo é mais verdadeiro /
mais real que o espaço e o tempo posterior /
mais ao cinza que o azul infantil /
o amarelo infantil /
ou o escarlate infantil em Joan Miró /
pintura de memória infantil do artista catalão /
que pintou o sonho por dentro e por fora /
no seu surrealismo real e não surreal /
trazido de dentro para fora do sono /
em obras cujo teor de verdade e realidade está nos sentidos /
como jamais estará depois da cobertura cultural /
a qual é um bolo confeitado a embotar os sentidos /
desfigurar e configurar os sentidos /
no âmbito dos interesses dos donos da sociedade e da cultura vigente /
que envia dissidentes ao verdugo ou ao psiquiatra /
( se não ao dentista /
que que tire os dentes do dissidente /
ou de quem não anda conforme a marcação do passo pelos grilhões nos pés /
que este é o diapasão social /
o rito para o ritmo social /
e a máscara de ferro na face da personagem /
que toma o lugar do homem no anfiteatro /
os nas masmorras da torre do castelo feudal /
que ainda briga outro feudalismo /
cuja inteligência do nome /
foi inovado para capitalismo /
depois de "O Capital" de Karl Marx ) /

Tudo o que ocorre na infância /
tem uma sobre-realidade /
(uma supra-realidade em camadas sedimentares /
que fica em tempo arqueológico /
tempo geológico /
tempo paleontológico /
tempo para egiptólogo ) /
- tempo que depois não existe mais /
vira pó na casa abandonada /
- na casa do louco /
( a casa do louco tem como arquiteto e engenheiro o tempo /
também o pedreiro o jardineiro o pintor /
- o pintor do amarelo-infantil é Joan Miró ) /

O cão policial que apareceu lá em casa /
no tempo em que eu era criança... /
demonstra axiomaticamente /
o que é a percepção de uma criança /

Em menino conheci o cão /
que seria sempre o cão /
e não um mero cão /
- não mais um em uma pluralidade canina /
era o cão e não um cão /
que um cão pode ser um ou nenhum /
ou dois ou trilhões de cães maiores que a conta para cão menor /
mas o cão é único /
ente existente /
por fora da conta da matemática /
e da abstração equacionada em álgebra /
- uma gramática para o pensamento no tempo e no espaço /
( gramática para engenheiro e físico ) /

Ao cão que errava pelos caminhos... /
- chamando nomes de cães /
meu pai chamou "Rex!" ao animal /
que de pronto atendeu ao nome /
e assim ficou sendo chamado /
por todo o passado /
onde tudo fica em espaço de pó /
- poeira ou gramíneas na estrada /

Nunca mais houve outro cão mais real /
pois este cão foi o cachorro conhecido em infância /
e era o cão que acompanhava meu pai /
nas suas caçadas e pescarias à beira do rio São Francisco /
(Nesse corpo líquido /
corpo de água /
São Francisco da tonsura /
não tem como escabelo para os pés /
a cidade de Assis /
que não é nenhum enclave em Itália ) /

O cão companheiro de meu pai /
é mais real e realista que o rei /
e que o vocábulo "Rex" do latim /
e de que os cães hoje presentes /
olvidados debaixo dos sentidos /
sub-sentidos e sob sentidos esquecidos /
pois aquele cão vem lá da tenra infância /
plagas cada vez mais longe /
praia longe do náufrago /
que nem sabe se se salvará em Robinson Crusoé /
porquanto a costa está longe /
e o nadador pode morrer na praia /
ou quiçá até antes dela /
se não vier uma vela /
no mar ou no céu /
( para onde olhou Ismália louca /
- louca da loucura que temo /
neste mundo de loucos desvairados /
que compõem toda a sociedade e cultura humana /
inconscientes de sua demência /
marcada pelo vinco profundo da estupidez /
que é a marca da besta no ser humano alienado /
perdido em si e no mundo social /
olvidado e abandonado como o cão sob-sentidos ) /

Hoje tudo está longe /
da terra no corpo de um menino /
que olha o mundo com os primeiros olhos /
( o menino não olhava para a gramática sem sentido /
senhores de frases e orações gramaticais /
professores sem rivais ) /
Ah! os primeiros ouvidos /
para violinos Stradivarius ou Amatis /
para ouvir Paganini novo tocar uma vez por ano /
aquele violino em museu /
um Stradivarius perfeito... /
tocando o ar /
o coração do ar /
e do ouvido tenso do menino /
que sabe a alegria de rir /
e de dar gargalhadas livres... /
Oh! as primícias /
as primícias que são reservadas ao Senhor Deus do universo! /
estão todas no menino que ri /
gloriosamente! /
( O menino é a glória do universo /
Depois vem Deus...) /

O menino é um rei no universo... /
até que o reinado passe /
quando a matilha entra em ação /
com nomes pomposos de cultura /
inteligência humanidade sociedade religião... /
- tudo o que perpetra o crime de usurpação /
do poder de um ser humano /
enquanto ser individual /

segunda-feira, 11 de abril de 2011

CHUVA NO MORRO DA CARIOCA (RIO DE JANEIRO DO DEUS JANO)

Na água que cai do céu
( cai do céu?! - na calha e no que calha
e não cala na calhandra da goteira )
voando em direção às goteiras
aos pequizeiros e às goiabeiras na beira do penhasco

Que asco ver casas à beira do precipício!
( nojo da sociedade comandada por criminosos
corruptores dos três poderes
a trídua injustiça injustificada da besta!
- a besta "tricorniana"! )
prontas para se precipitar à menor erosão!
sem eira sem beira aonde se agarrar
( aonde segurar mão-a-mão
pé-a-pé e ir devagarinho: pé-ante-pé?!...)
com mãos nas ervas daninhas
a subir monte
- monte de terra ajuntada durante as eras geológicas

Casas no morro
- casas que morro de dó
sem ré mi fá lá si dó menor em dor maior
no morro da carioca
no rio do curiboca
e do deus Jano em Janeiro e fevereiro e março
no olho do que diz a canção de Gilberto Gil
que atravessa o morro pelos ares
e mesmo por terra chã
tal qual as ervas que andam por todos os caminhos
armadas de espinhos
ou simplesmente despojadas
quando são filósofas cínicas da escola de Menipo
a rir zombeteiramente dos homens

A chuva em conta-gotas de uva
não passa ( uva passa!) de garoa para cantares de demônios
Vem numa espécie de nuvem branca com asas de pomba
abandonada pelo bando
no vôo sem banjo de pombo sem asa
- pomba obscura em pleno zênite
cinza pomba na cor que impregna o espaço circundante
- pomba em solitude
instando por milhares de asas translúcidas
sob as quais navegam pelas espirais e pelos senos e co-senos
as térmicas aladas
as quais os sábios eruditos chamam isópteros
na ponta do latim ressuscitado
( térmitas aladas
aladas mariposas em baladas
- embaladas pelo piano de Chopin
agora ressuscitadas
no Cristo corporificado em Missa )
vivas ou redivivas na terminologia de Lineu
térmitas que o povo também chama de cupim
( e põe fogo no que chama! - queimada
chama a cama do fogo na mata virgem
se há ainda uma virgem mata
- mata virgem! )
Cupins são viventes habitantes do chão
em castelos ou torres denominados de cupinzeiros
Quando portadores de asas
são quase-anjos cujo bater de asas no ar é algo inefável
até a queda na poça d'água da enxurrada
onde cai também esse outro "pombo sem asas "
anjo ou querubim atenuado na queda d'água da chuva
e na poça irisada pelo mel das cores
mormente nos matizes do amarelo
cujo espectro vai do ouro à peçonha nas presas da naja indiana
ou da jararaca do brejo
inoculando o veneno do corpo à alma
esvaindo na luta do ar
que anela pelo retorno da alma ao anel
- que é o universo
( espaço com motor
arrastando pedaços de espaço
na marcação do tempo
outrossim marcado em luz solar
porquanto o sol é um imenso relógio
um relógio com indústria de areia
fábrica de água e asas para a temporada das mariposas
- o sol é produtor do espaço e do movimento espacial
que é o tempo e a vida
outro nome para o espaço-móvel-inteligente
espaço com "nous"
espaço inteligente
espaço para o ente
até o ser superar o ente
e erguer sua cabeça sobre as ervas
e sobre os insetos e os animais
e sobre todos entes perante o ser
- do ser que nasce no homem
a começar no menino
- primitivo ser de Deus e para Deus
em si no homem
que sobrevive à pressão social e cultural
para acumular ou cumular o poder de ser em si
livre de tudo e todos
das peias e cadeias sociais
o homem que pode fugir de tudo
livrar-se de tudo e todos
- menos dos fatos cruéis
esses Fados a que está submetido
conquanto livre em atos
que são movimentos de pensamentos
do cérebro à mente construída para a existência
inventada pelo ser do homem
para serví-lo ou escravizá-lo
até que finalmente os movimentos
produzidos no encéfalo
e posteriormente reconstruídos em símbolos e signos e alegorias
que formam a alma da mente
- até que esses movimentos em dança simbólica-alegórica
cheguem às mãos que tangem a harpa e a tecnologia
que é outra harpa para Davi
( Davi somos! )
e a todo o corpo humano que dança e canta...
quando Davi toca a harpa
ou derriba o gigante Golias
na porfia de cada dia
que afia as garras de harpia )

As térmicas são membros da guilda do deus da floresta
sem elas nem uma flor entra no meio
de um emaranhado de relações vegetais
da semente subindo ao céus
numa escada de Jacó feita de raiz e tronco
até a escritura de uma bíblia nas nervuras das folhas
( Folhas são anjos verdes
rapsodos verdes
verdes violinistas verdes
executando as melodias em ritmo de primavera a outono
- folhas são pedras de Rosetta vivas
guardando no verso e anverso
os signos e símbolos e alegorias
em forma de histórias ou conceitos
ou fábulas ou poemas ou cantos de bardos trágicos
que formam uma Bíblia e um Alcorão sagrados
escritos ou escrituras para vegetais
regendo o sistema nervoso vegetal
do homem que anida nem veio
nem está em feto no ventre da madre )

Mariposas em revoadas...
mariposas voam nas águas batizadas das chuvas
trazendo besouros e anfíbios
tanajuras silentes e já raras
( já rara jararaca! )
miríades de insetos com asas
de criaturas que rastejam e pululam
(Até parece que Moisés
está escrevendo o livro do Êxodo todo ano
e invocando as pragas do Egito
que na realidade sem o tom melódico da lenda
são a expressão mais portentosa da vida
exprimem a vida na forma literária da alegoria
cantante em seu símbolo-mor e bíblico
de praga de gafanhotos
- um exército de insetos verdes
cujo ruído que produzido em vôo
semelha o troar de um exército de demônios furibundos
e quando vêem em grande nuvem
é de fato assustador o gafanhoto
com sua "voz" terrificante
similar a tonitruante trovão ou canhão
que anuncia a tragédia
a peste negra
A praga de gafanhotos
é um Apocalipse com toda sua cavalaria
todos os cavaleiros negros e amarelos
vermelhos de fogo e verdes de ódio

Os cupins constroem a vida na terra
a partir do grito verde da floresta
que é a flor
a flor escarlate ou violácea
a flor de qualquer cor
a flor de energia
desenhada na geometria do poema-equação de Einstein
- a flor pura
nascida no berço do coração do poeta
ou na idéia do filósofo
que acompanha a companhia em campanha
dos gafanhotos em formação de nuvem
II
A flor fica no meio das relações vegetais
é o instante de beleza para os sentidos
e de labor com o candor das abelhas
coletoras do pólen
( ou seria o néctar no pólen?!)

E vão polinizando a floresta
espargindo o amor voador
- o amor voador é das abelhas!
só das abelhas melíferas!
e não dos anjos inexistentes
já voejante no anjo chamado Eros
e antes em Hermes
mensageiro dos deuses
( e mensageiro é anjo
em lato latim de vulgata )
e do Amor dos romanos
o menino-deus traquinas com aljava cheia de flechas
e arco para atirá-las aos corações desavisados
( todo menino é deus
- todos meninos Jesus!
pois todo menino é belo
para além do breu das trevas
e da alva na barra da alva
e na flor de laranjeira
que nasceu para adornar o véu da noiva
- a mais bela virgem!
Toda menina é deusa
depois estrela da manhã em Vênus
- depois Vênus bela )

A flor no coração da floresta
( o coração da floresta é a flor
e está inscrito na palavra flor )
e das abelhas das térmitas e do poeta
nasce no meio da árvore e da erva

A flor é a epifania do amor na floresta
e no vate no arbusto na hiena
no bulício do fauno
perseguindo as fêmeas
- o fauno da fauna
( o fauno é o espírito da fauna
cuja alma é a flor
- espírito em sexo
que fauna é inteligência ou nome para fauno
( nome é inteligência de ser )
feminilizado em fauna
na conjunção das inteligências do feminino e do masculino
as quais são inteligentes ao cruzarem-se sexualmente
aqui posto onomasticamente
- no "nous" ( nome) da onomástica
que é um nome para nomes )

Depois da flor vem o fruto
que é o amor consumado
- o amor consumado no amarelo
ouro na cor do alimento
tempo colorido amarelo
tempo amarelo
a prover o rito de passagem do fruto à fruta
- o fruto dependurado na árvore
e a fruta na boca salivar
Quanta saliva!
- quanto sal a contar!
sob sol a girassol
antes de Copérnico
ordenar que o sol parasse!
e a lua rodasse no carrossel do céu
ao léu das quatro luas
III
Empós a alba esculpida nas abelhas
num xadrez de abelhas enxameadas
e a relação flor-abelha
ocorre outrossim o coito animal
- o ósculo do colibri
e as três paixões que cindem o peito humano
com espada ou adaga :
em Cristo o amor ágape
- paixão alegórica de Cristo
( de fato paixão pela prole )
A paixão sexual de Eros
- amor do homem pela mulher
e a paixão de Vênus
amor da mulher pelo homem
considerando amor e paixão
atos e fato que levam à conjunção carnal
até o orgasmo ou clímax
chegando à reprodução de um ente querido por ambos
- carne e sangue do Cristo simbólico que há no casal
( Casal é ato sexual
o resto é natal
do menino mais feliz do mundo!
e da aquela menina em flor de arrasto...
quando bem pequenina...e com a face na fralda!...
e com todo o sentimento expresso com um candor...
- candor de galo cantor na madrugada silente
até nos meandros da alma molhada pelo orvalho )

A flor pura fica no meio de todos os corações
e faz da semente um viandante no tempo
um argonauta no espaço florescendo em novo corpo
porquanto o amor somatiza
é a relação de dois corpos
e desabrocha em flor num único corpo
que é o seu fim e seu novo começar
- os filhos e filhas é esse recomeçar
este anel de vida
aliança de ouro
colocada na mão da vida
esposa e esposos dos cantares da natureza
faunos e faunas
cujos signos e símbolos são materializados
porquanto a natureza é madre
- produz matéria com energia

Os pais podem se olhar nos filhos
e se afogar neles
tal qual o fez Narciso no rio
ao contemplar o seu reflexo na lâmina d'água
e se apaixonar perdidamente
a ponto de se olvidar
como sói suceder com os pais
que amam os filhos para além de si
na transcendência que é o amor
- paixão dolorosa na via dolorosa
em que passa o Homem
- que é o Homem das Dores do profeta Isaías
simbolizados em cada indivíduo
que constituiu sua prole
e tem de defendê-la com a própria vida
que se esvai pouco e pouco
alimentando com sua energia
a prole que lhe exige e toma tudo
- ate a última gota de energia
antes que a matéria caia em terra
desmanchando-se no pó que é o homem
quando toda a sua energia se evola
e tece no ar a fuga da alma

domingo, 3 de abril de 2011

PIEGUICE NA INFÂNCIA DO POETA EM FRAGRÂNCIAS

Infância - crisálida de poeta
( casulo enrolado no menino )
tempo mítico e real
sem a pieguice juvenil ou senil
que canta a paixão do amor
ou a avareza de possuir.

As fragrâncias do caju,
em flores, folhas com nervuras,
tronco com esgalhos retorcidos
num esgar de bruxa,
traziam o cajueiro
plantado no meio dos meus sentidos.

Mãe, pai, vovó
eram as vozes, o canto angelical
da criança que fui - feliz de corpo e alma!
(Porquanto anjos cantavam
melodias que Amadeus Mozart
sequer pôs em partitura
para o "Stradivarius" de Paganini).

Toda menina bonita era Rapunzel.
Haviam bruxas más
e arrepiantes histórias de lobisomens
e mulas-sem-cabeça no escuro
que a lâmpada apagou
como se fosse uma borracha
sobre um rascunho a lápis
(histórias que a ciência
compilou como lendas : estórias).

A infância é paraíso perdido
do qual fomos expulsos
ao desabrochar da sexualidade,
que alienou o amor
entre a sexualidade e o celibato.

Infância é orgasmo no corpo inteiro!!!...
- Felicidade de corpo e alma!!!...

Depois vem o primeiro movimento do réquiem
quando o orgasmo se concentra no sexo

sexta-feira, 1 de abril de 2011

CARDOS NÃO SÃO FLORES CARDÍACAS

Ficheiro:Cynara cardunculus 3.jpg
Ali havia uns cardos /
- haviam uns cardos a caminho /
de lugar algum para lugar nenhum /
a cavaleiro azul vestido /
metido na armadura medieval /
não indo nem para longe ou perto /
não saindo do lugar em raiz ou caule /
apenas podo as penas das folhas ao vento /
soprando moinhos de vento /
na terra de van Gogh /
nos Países Baixos /
- uns cardos que embelezavam os olhos /
e os faziam cintilar mais que estrelas /
no céu em pleno breu das trevas /
( as trevas são noctâmbulas nos trevos /
os quais parecem imóveis no caminho /
mas estão a caminho dos cardos /
e a cavaleiro da lua /
no corcel amarelo-velo-de-ouro /
do cavaleiro amarelo /
ou da amazona que ponho no apocalipse /
depois de milênios da Revelação de João /
que nem joão-ninguém era na Era /
na hora da fera do apocalipse /
com seus sete chifres profetizados ) /
Uns cardos quedos e mudos /
abraçados com algumas ervas daninhas /
ao rás do chão /
punham umas flores azuis /
de um anil de anileira /
melhor que o céu /
pois não havia mister de levantar os olhos /
e sim apenas abaixá-los timidamente /
candidamente como a menina /
- a cândida menina que um dia será noiva branca /
na candidez da cor do coração dela /

Os estúpidos deixaram as ervas /
( ainda bem bem-ti-vi! ) /
porém destruíram os cardos /
desmancharam o azul do caminho /
- um desmanche do manche /

Isto ocorreu quando passei ontem /
hoje segui o mesmo itinerário /
e lá estavam espetando o céu por baixo /
os tais cardos de ontem /
- mais altos e viçosos /
( para onde olhei ontem /
que não os vi ?! /
- embora os tenha procurado insistentemente /
com olhos atentos /
( eu só tinha olhos para cardos! /
ou para buscar cardos com a luz dos olhos ) /
no anil do cardo em flor /
e nada vi senão o plúmbeo /
nas nuvens de um céu de pomba em solitude cinza ) /

Em outro dia de hoje /
( o hoje hoje mesmo /
que logo não será mais hoje no logos grego /
que é a nossa serra do espinhaço idiomático /
será amanhã e foi há pouco ) /
Logo, hoje de novo /
vi os cardos em capítulo azul /
quando vinha pela vinha sem uva do rocio /
manhã ainda molhado como o pintainho recém-saído do ovo /
e os cardos estavam lá /
cabeças levantadas para o céu /
mirando a cor e refletindo-a /
no espelho de suas flores /
( toda flor tem um Narciso interior ) /
e quando retornei após o zênite /
os cardos estavam sem flores /
que devem ter partido para o céu da arara azul /
ou do violinista azul de Chagall /

Não me lembra os cardos /
ao passar por eles ao arrebol /
na queda da tarde /
esvoaçando nas andorinhas extintas /
mas parece que eles não amam o sol no zênite /
nem tampouco ao nadir /
- sei que não subiram pela escada de Jacó /
trançada com cordas pela madrugada /
feita tipo ponte pênsil ou "tereza" /
para fuga de Bach e seus comparsas /

Sei outrossim ( para por um fim em mim aqui! /
num suicídio de letras ) /
que cardos são filhos da madrugada líquida no aljôfar /
- que cardos são ungidos no orvalho da madrugada /
no arroio em aboio silente na madrugada /
riacho fluvial /
ribeira vertical /
nascida no céu dos arcanjos /
olvidados no anil /
até que caiam em matéria de rocio /
com a face de Narciso ao rés-do-chão /
no rio de pó /
hidratado pelas lágrimas /
dos anjos em queda livre /
- serafins sem pára-quedas /
para mitigar a trágica queda /
( a queda do homem na morte /
lida e escrita no intrincado das alegorias /
que diz por símbolos /
o que não quer se ouvir ou ler /
ou o que fica assim analfabeto /
ainda em língua não alfabética /
- nos idiomas em glifos /
( hieróglifos ou geoglifos ) /
ou no "logos" grego ) /

O cardo que vejo /
não é o cardo dos botânicos /
( "Cynara cardunculus" ) /
nem dos poetas românticos /
- é um cardo plantado na terra do meu olho /
- só e para o meu olhar /
a perscrutar luar /
que amarela a terra roçada /

ANDORINHA PARDA (ANDORINHA-DE-RABADILHA-CINZENTA )

Hirundo daurica.jpg
Andorinha parda /
na tarde que tarda /
- que tarda na tarja da tarde /

Tardia ave na tarde que arde /
( no bardo ardo /
pardo bardo /
cujos dons são dons de dons Quixotes /
cavaleiro da Mancha /
vetusto manchego /
montado em rocim fraco /
equino quase dado ao amarelo /
quase na furta-cor do apocalipse /
- quase numa "cor unum" para apocalipse /
ou cor anum para noite /
anum nas penas negras da noite /
com cardo amarelo de lua /
pondo a cor no palor ) /

Pássaro bardo /
penas no pardo do pardal /
no que tardo em pardo pardal /
pardo cardo /
sem abrolhos nos olhos /
nos escolhos e molhos /
- molhos de salsa /
molhos em clave de sol /
- salva verde /
verdinha de querer muito mais verde /
de um verde que quero ver de perto /
- quero-quero muito quero o verde de ver-te os olhos /
verdes escolhos em abrolhos no mar verde de ver-te /
ao luar da lua louca /
nua na companhia falciforme da lua /
integral no luar do olhar /
dirigido à andorinha-de-rabilha-cinzenta /
pardacenta na tarde cinzenta /
cujo corpo é da matéria da andorinha-de-rabilha-cinzenta /
( "Pseudhirundo gryseopyga" ) /
na tarde friorenta ) /

Tarde parda /
pardacenta andorinha /
pardo pardal /
penas e penhas pardas /
penas nas cinzas das asas /

Andorinha parda /
que a lua não arda /
em tua asa parda /
vôo pardo de bardo com alabardo /
correndo veloz o guepardo /
sem o fardo das muitas penas /
que adornam o bardo /
com a alma em cinzas /
e o corpo no cardo /
com fardo de sangue /
( Ai! e a lua louca /
aspirando o suicídio no mar /
caindo na tentação da mulher louca /
desgrenhada nos cabelos de Medusa /
despenteados no salão de beleza da dor /
na estética da dor moral /
escrito pelo esteta /
que descreveu e narrou a tragédia /
na loucura desesperadora de uma Ismália /
que pode ser qualquer outra não-Ismália /
mas Lia ou Bia ou Maria da Pia /
Oh! a dor imensurável do poeta /
Alphonsus Guimarães /
ouvindo os sinos em dolorosos responsos /
rimando com Alphonsus /
- grande Alphonsus! ) /
excelso bardo trágico /
tão trágico quanto Shakespeare ou Goethe ) /

Todas as sombras me voltam as costas no chão /
retorcendo-se languidamente /
revirando-se nos desenhos e caricaturas /
que fazem de mim na hora-zênite /
mas as andorinhas não acham óbice /
e vão saindo do chão /
e entrando dentro de mim /
tracejando sombras delicadas /
na geometria espacial da minha mente /
no escuro da minha alma clarividente /

As andorinhas entradas nas entranhas do pardo /
entranhadas no parcento /
estranhandas no gris /
rumo à estrada gris /
nas cumeadas de Joan Miró /
pintalgando um estranho gris /
cavalgando sutil no luar /
a cavaleiro escarlate do apocalipse /
estão essas andorinhas /
que ciscam o azul com asa gris /
algo plantadas no cardo /
alhures no nardo /
na aquarela em cor de sonho do arrebol /
em cor de poente de sonho /
( crepúsculo de ato em sonho /
- fato onírico em chuva de cores ) /
Essa andorinha sonhada ao poente /
no gosto do ovo do sol /
a se por no horizonte azulado /
- essa andorinha onírica /
entra dentro de mim e faz sombra /
tal qual o sol crepuscular /
espargindo a cor pelo onírico /
dentro e fora dos olhos pescadores /
do martim que não sou /
mas é outro pássaro bardo /
virado no cardo /

A andorinha andarilha na sombra /
sai do sol e se esconde dentro de mim /
à sombra de minha alma /
ao acaso do ocaso /
que roda sol e sombra /
ao por o sol natural /
no por-do-sol do sonho /
encetado com a entrada nas entranhas da noite /
que não se estranha em horizonte onírico /
- a andorinha se arrasta /
dos campos em girassol /
e se esconde dentro de mim /
feito feto em posição fetal /
medrando à sombra do sol diurno /
no sol noturno tocado a piano /
por Chopin dentro do meu sonho /
antigo arquiteto do romantismo na poesia de Goethe /
- que o sonho de todo poeta /
tem alma nesse arquiteto interno /
nas entranhas que recebeu a andorinha /