segunda-feira, 11 de abril de 2011

CHUVA NO MORRO DA CARIOCA (RIO DE JANEIRO DO DEUS JANO)

Na água que cai do céu
( cai do céu?! - na calha e no que calha
e não cala na calhandra da goteira )
voando em direção às goteiras
aos pequizeiros e às goiabeiras na beira do penhasco

Que asco ver casas à beira do precipício!
( nojo da sociedade comandada por criminosos
corruptores dos três poderes
a trídua injustiça injustificada da besta!
- a besta "tricorniana"! )
prontas para se precipitar à menor erosão!
sem eira sem beira aonde se agarrar
( aonde segurar mão-a-mão
pé-a-pé e ir devagarinho: pé-ante-pé?!...)
com mãos nas ervas daninhas
a subir monte
- monte de terra ajuntada durante as eras geológicas

Casas no morro
- casas que morro de dó
sem ré mi fá lá si dó menor em dor maior
no morro da carioca
no rio do curiboca
e do deus Jano em Janeiro e fevereiro e março
no olho do que diz a canção de Gilberto Gil
que atravessa o morro pelos ares
e mesmo por terra chã
tal qual as ervas que andam por todos os caminhos
armadas de espinhos
ou simplesmente despojadas
quando são filósofas cínicas da escola de Menipo
a rir zombeteiramente dos homens

A chuva em conta-gotas de uva
não passa ( uva passa!) de garoa para cantares de demônios
Vem numa espécie de nuvem branca com asas de pomba
abandonada pelo bando
no vôo sem banjo de pombo sem asa
- pomba obscura em pleno zênite
cinza pomba na cor que impregna o espaço circundante
- pomba em solitude
instando por milhares de asas translúcidas
sob as quais navegam pelas espirais e pelos senos e co-senos
as térmicas aladas
as quais os sábios eruditos chamam isópteros
na ponta do latim ressuscitado
( térmitas aladas
aladas mariposas em baladas
- embaladas pelo piano de Chopin
agora ressuscitadas
no Cristo corporificado em Missa )
vivas ou redivivas na terminologia de Lineu
térmitas que o povo também chama de cupim
( e põe fogo no que chama! - queimada
chama a cama do fogo na mata virgem
se há ainda uma virgem mata
- mata virgem! )
Cupins são viventes habitantes do chão
em castelos ou torres denominados de cupinzeiros
Quando portadores de asas
são quase-anjos cujo bater de asas no ar é algo inefável
até a queda na poça d'água da enxurrada
onde cai também esse outro "pombo sem asas "
anjo ou querubim atenuado na queda d'água da chuva
e na poça irisada pelo mel das cores
mormente nos matizes do amarelo
cujo espectro vai do ouro à peçonha nas presas da naja indiana
ou da jararaca do brejo
inoculando o veneno do corpo à alma
esvaindo na luta do ar
que anela pelo retorno da alma ao anel
- que é o universo
( espaço com motor
arrastando pedaços de espaço
na marcação do tempo
outrossim marcado em luz solar
porquanto o sol é um imenso relógio
um relógio com indústria de areia
fábrica de água e asas para a temporada das mariposas
- o sol é produtor do espaço e do movimento espacial
que é o tempo e a vida
outro nome para o espaço-móvel-inteligente
espaço com "nous"
espaço inteligente
espaço para o ente
até o ser superar o ente
e erguer sua cabeça sobre as ervas
e sobre os insetos e os animais
e sobre todos entes perante o ser
- do ser que nasce no homem
a começar no menino
- primitivo ser de Deus e para Deus
em si no homem
que sobrevive à pressão social e cultural
para acumular ou cumular o poder de ser em si
livre de tudo e todos
das peias e cadeias sociais
o homem que pode fugir de tudo
livrar-se de tudo e todos
- menos dos fatos cruéis
esses Fados a que está submetido
conquanto livre em atos
que são movimentos de pensamentos
do cérebro à mente construída para a existência
inventada pelo ser do homem
para serví-lo ou escravizá-lo
até que finalmente os movimentos
produzidos no encéfalo
e posteriormente reconstruídos em símbolos e signos e alegorias
que formam a alma da mente
- até que esses movimentos em dança simbólica-alegórica
cheguem às mãos que tangem a harpa e a tecnologia
que é outra harpa para Davi
( Davi somos! )
e a todo o corpo humano que dança e canta...
quando Davi toca a harpa
ou derriba o gigante Golias
na porfia de cada dia
que afia as garras de harpia )

As térmicas são membros da guilda do deus da floresta
sem elas nem uma flor entra no meio
de um emaranhado de relações vegetais
da semente subindo ao céus
numa escada de Jacó feita de raiz e tronco
até a escritura de uma bíblia nas nervuras das folhas
( Folhas são anjos verdes
rapsodos verdes
verdes violinistas verdes
executando as melodias em ritmo de primavera a outono
- folhas são pedras de Rosetta vivas
guardando no verso e anverso
os signos e símbolos e alegorias
em forma de histórias ou conceitos
ou fábulas ou poemas ou cantos de bardos trágicos
que formam uma Bíblia e um Alcorão sagrados
escritos ou escrituras para vegetais
regendo o sistema nervoso vegetal
do homem que anida nem veio
nem está em feto no ventre da madre )

Mariposas em revoadas...
mariposas voam nas águas batizadas das chuvas
trazendo besouros e anfíbios
tanajuras silentes e já raras
( já rara jararaca! )
miríades de insetos com asas
de criaturas que rastejam e pululam
(Até parece que Moisés
está escrevendo o livro do Êxodo todo ano
e invocando as pragas do Egito
que na realidade sem o tom melódico da lenda
são a expressão mais portentosa da vida
exprimem a vida na forma literária da alegoria
cantante em seu símbolo-mor e bíblico
de praga de gafanhotos
- um exército de insetos verdes
cujo ruído que produzido em vôo
semelha o troar de um exército de demônios furibundos
e quando vêem em grande nuvem
é de fato assustador o gafanhoto
com sua "voz" terrificante
similar a tonitruante trovão ou canhão
que anuncia a tragédia
a peste negra
A praga de gafanhotos
é um Apocalipse com toda sua cavalaria
todos os cavaleiros negros e amarelos
vermelhos de fogo e verdes de ódio

Os cupins constroem a vida na terra
a partir do grito verde da floresta
que é a flor
a flor escarlate ou violácea
a flor de qualquer cor
a flor de energia
desenhada na geometria do poema-equação de Einstein
- a flor pura
nascida no berço do coração do poeta
ou na idéia do filósofo
que acompanha a companhia em campanha
dos gafanhotos em formação de nuvem
II
A flor fica no meio das relações vegetais
é o instante de beleza para os sentidos
e de labor com o candor das abelhas
coletoras do pólen
( ou seria o néctar no pólen?!)

E vão polinizando a floresta
espargindo o amor voador
- o amor voador é das abelhas!
só das abelhas melíferas!
e não dos anjos inexistentes
já voejante no anjo chamado Eros
e antes em Hermes
mensageiro dos deuses
( e mensageiro é anjo
em lato latim de vulgata )
e do Amor dos romanos
o menino-deus traquinas com aljava cheia de flechas
e arco para atirá-las aos corações desavisados
( todo menino é deus
- todos meninos Jesus!
pois todo menino é belo
para além do breu das trevas
e da alva na barra da alva
e na flor de laranjeira
que nasceu para adornar o véu da noiva
- a mais bela virgem!
Toda menina é deusa
depois estrela da manhã em Vênus
- depois Vênus bela )

A flor no coração da floresta
( o coração da floresta é a flor
e está inscrito na palavra flor )
e das abelhas das térmitas e do poeta
nasce no meio da árvore e da erva

A flor é a epifania do amor na floresta
e no vate no arbusto na hiena
no bulício do fauno
perseguindo as fêmeas
- o fauno da fauna
( o fauno é o espírito da fauna
cuja alma é a flor
- espírito em sexo
que fauna é inteligência ou nome para fauno
( nome é inteligência de ser )
feminilizado em fauna
na conjunção das inteligências do feminino e do masculino
as quais são inteligentes ao cruzarem-se sexualmente
aqui posto onomasticamente
- no "nous" ( nome) da onomástica
que é um nome para nomes )

Depois da flor vem o fruto
que é o amor consumado
- o amor consumado no amarelo
ouro na cor do alimento
tempo colorido amarelo
tempo amarelo
a prover o rito de passagem do fruto à fruta
- o fruto dependurado na árvore
e a fruta na boca salivar
Quanta saliva!
- quanto sal a contar!
sob sol a girassol
antes de Copérnico
ordenar que o sol parasse!
e a lua rodasse no carrossel do céu
ao léu das quatro luas
III
Empós a alba esculpida nas abelhas
num xadrez de abelhas enxameadas
e a relação flor-abelha
ocorre outrossim o coito animal
- o ósculo do colibri
e as três paixões que cindem o peito humano
com espada ou adaga :
em Cristo o amor ágape
- paixão alegórica de Cristo
( de fato paixão pela prole )
A paixão sexual de Eros
- amor do homem pela mulher
e a paixão de Vênus
amor da mulher pelo homem
considerando amor e paixão
atos e fato que levam à conjunção carnal
até o orgasmo ou clímax
chegando à reprodução de um ente querido por ambos
- carne e sangue do Cristo simbólico que há no casal
( Casal é ato sexual
o resto é natal
do menino mais feliz do mundo!
e da aquela menina em flor de arrasto...
quando bem pequenina...e com a face na fralda!...
e com todo o sentimento expresso com um candor...
- candor de galo cantor na madrugada silente
até nos meandros da alma molhada pelo orvalho )

A flor pura fica no meio de todos os corações
e faz da semente um viandante no tempo
um argonauta no espaço florescendo em novo corpo
porquanto o amor somatiza
é a relação de dois corpos
e desabrocha em flor num único corpo
que é o seu fim e seu novo começar
- os filhos e filhas é esse recomeçar
este anel de vida
aliança de ouro
colocada na mão da vida
esposa e esposos dos cantares da natureza
faunos e faunas
cujos signos e símbolos são materializados
porquanto a natureza é madre
- produz matéria com energia

Os pais podem se olhar nos filhos
e se afogar neles
tal qual o fez Narciso no rio
ao contemplar o seu reflexo na lâmina d'água
e se apaixonar perdidamente
a ponto de se olvidar
como sói suceder com os pais
que amam os filhos para além de si
na transcendência que é o amor
- paixão dolorosa na via dolorosa
em que passa o Homem
- que é o Homem das Dores do profeta Isaías
simbolizados em cada indivíduo
que constituiu sua prole
e tem de defendê-la com a própria vida
que se esvai pouco e pouco
alimentando com sua energia
a prole que lhe exige e toma tudo
- ate a última gota de energia
antes que a matéria caia em terra
desmanchando-se no pó que é o homem
quando toda a sua energia se evola
e tece no ar a fuga da alma

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