Amanhã pode não ser outro dia
o tempo poderá ter se acabado
esgotado o relógio
e a noite continuará
já sem tempo
fora do tempo
- noite de trevas tenebrosas
que sepultam o ser humano em vida
ou por dentro da alma
- que então vira túmulo,
funda cova.
Amanhã, no dia útil,
a manhã permanecerá nas trevas,
o dia restará escuro,
véu negro
cobrindo a face da medusa
em "férias forenses"
n'outras plagas fluminenses
aonde não irão meus olhos
sem luz do sol
que irradia os olhos dela
negros nas trevas
que é o mundo dos homens vulgares
e das mulheres que não me interessam.
Amanhã o tempo poderá
tentar girar o pião em si
mas pode não achar espaço
fora do tempo
que mitigou
ou mão existe mais,
pois sem ela
o tempo não olha à gelosia
nem espera besouro
nem ouve a guitarra dos "Beatles"
com o guitarrista George Harrison
poeta menor
que em simplicidade maior,
sem pretensões filosóficas
ou filosofantes perspectivas,
canta a paixão,
trovador, rapsodo,
na rapsódia pata Medusa,
que é um codinome de mulher.
( O amor por uma mulher
é que constrói a vida
e traz de volta ao entorno
a vontade de viver
- com ela ao lado
do coração cálido, tépido,
lípido como um lepidóptero
hermético como um coleóptero,
porquanto a paixão
se fecha em si
- no cantar de dois corações
a ouvir ademais
um imaginário organista da igreja de Santa Maria Novella
que supostamente deixou um opúsculo.
Sem esse amor
emitido e reciprocado por nós dois
não há luz, calor,
o sol apaga a alma
e a peçonha escorre
dos cabelos da medusa
para a boca dos homens,
mulheres e crianças).
Amanhã pode não ser outro dia,
mas a perpetuação das trevas eternas
que invadem a alma
com o tenebroso e hostil
exército das trevas,
pois hoje à noite
qualquer um de nós
pode, no curso do sono,
ter uma bradicardia severa
que nem todo o esforço hercúleo do cérebro
lutando para acordar
quem dorme e sonha
através da força de arranque
e do torque todo-poderoso
do mais apavorante dos pesadelos,
o qual tem o fito
de nos tirar dos braços de Morfeu
e também da morte
que se avizinha
na noite da coruja e do mocho do campanário
da igreja de Santa Maria Novella.
Malgrado o mal
que paira qual harpia
haveremos de acordar
com a manhã
que vem
e as que virão
porque temos um amor
para viver
- quase eternamente,
no tempo
que muito tempo
há-se voltar amanha
na manhã
ainda que malsã
na maçã.
Entrementes, haverá o dia
em que não haverá a manhã
e sem amanhã
não haverá tempo
para o corpo humano
mergulhado, afogado
na noite negra da alma.
Então as duas almas amorosas
hão-se se amar
malgrado o escuro
em um amplexo eterno
que deixa a madeixa negra,
na noite fria e macabra,
fora do corpo
mas se aquece por dentro
do que já não é mais corpo
e sim alma
que se tornou corpo etéreo
de outra alma mais interna
que se guardara
para o abraço a final,
pois não há final
na paixão do amor,
porém algo que se afina
a final,
- afinal o amor
é o fim e o meio
e ainda o alfa
sem ômega(ômega!)
que não enseje
o ômega 3,
um ácido graxo,
encontradiço nos pescados
sem pecados de pescadores
- de homens pensadores!
( Excertos do alfarrábio "O Opúsculo do Organista da Igreja de Santa Maria novella").
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