Com ela a grua e o grou, o grou e a grua,
tem um encontro
transido
pelo cio
em rito
de acasalamento e nidificação:
sagrada família gruiforme.
Houve um tempo
(período no olvido,
nas águas do rio Lethe)
(período no olvido,
nas águas do rio Lethe)
em que ela vivia
numa Era de pedra,
paleolítica, pré-histórica,
paleolítica, pré-histórica,
longe do meu tempo enrramado
nas heras do caminho
de espinho e rosa,
de poeira de lua,
empoeirado pelo luar
que foi à soleira do lupanar
vender "garopa".
nas heras do caminho
de espinho e rosa,
de poeira de lua,
empoeirado pelo luar
que foi à soleira do lupanar
vender "garopa".
Tempo na trempe
em que meu olhos
em que meu olhos
não a cobriam com terra de luz
e nosso amor
ainda em gestaçãonão fluía nos fluídos
da torrente fluente
afluente do cedro e do gamo
- dois arroios internos
rumorejando seu canto mudo.
( Sou o pastor apaixonado
pela térmita que há pouco
segurei à mão
com um carinho infantil :
o carinho que a ela
só posso dar pelos cantos dos olhos
em rutilância estelar
do olhar cativo
de quem é apaixonado
e quer apaixonar,
perdidamente...
perdidamente ficando
os dois perdidos!
em rito e ritmo luar e solar.
( O amor é a perdição
- e a salvação
num mundo que é nau à deriva,
brigue à bolina(bolina!),
bem antes de Cabral,
"cabalisticamente",
por cá aproar e aportar
na baía Cabrália
em cacofonia(cacfonia!) forjada).
Sem ela não há arrazoar
e a arenga fica
em lenga-lenga de língua
com o bestunto besta
besuntado na graxa preta
do ácido não-graxo
e não-nigérrimo.
com ela
não há passamento
que passe sobre a primeira veste : a derme
e a segunda : a epiderme.
Então vem o berne
no trajeto pelo transepto
da mosca do berne
que ama o verme
e seu retorcer
- gesto de vida
e de vista da vida
avistada no objeto visto
pensado, prensado, alheado...
O amar o mar,
o amor ao mar
em marcha e maré,
ré de músico,
baixa e sobre com ela
no oboé que canto ao violino
em um responso (sonso?!)
porque ela
está na térmita nanica
que pousou à frente do teclado
em que teclo este ensaio.
Na mariposa que pousa
e vai se desfazendo de asas translúcidas
desenhadas pela brisa,
engenheira do vento,
e para a brisa em modo de chuva
no para-brisa do veículo
que não para
nem na queda
do anjo torto no mosaico
da família "mosaica".
Família-mosaico?!).
Com ela os himenópteros
ganham o tinto do negro retinto
e o branco nada tinto,
nata branca,
nas águas-furtadas
a re-luar pelo luar
que tem relicário no mar
- mar de amar e de Omã.
Sem ela sou um relojoeiro
no canto do joio
e em aboio de arroio doce
levado pela torrente da tormenta
morrendo afogado
sem saber nadar
no mar de alétheia
ainda não inquinado
pela mancha
que não mancha
o manche no Canal da Mancha
levando a lancha
e o lanche
para Sancho Pança
se empaturrar e se refestelar
na hora da sesta
na tarde escaldante
sem cauteloso luar branco.
Sem ela
viela bate biela
e dobra esquina na Bielorússia
sem inquinar o país.
Com ela
mela-se o mel da jataí
aí e aqui no pequi
e na mata atlântica
que não mata o atlântico sul
nem o pacifico azul
com náutilos na concha
acusada pela acústica
que se estica no Estige
para ouvir o ouvido mouco
em tom rouco,
roufenho, de velho engenho de cana-de-açúcar
engenhado pelo engenheiro
engendrado pela cultura
que o desenhou, esculpiu, pintou
corpo e mente em Rodin, Bernni,
Van Gogh, Picasso...
e o matemáticos que arranjaram os cálculos
calcados em Arquimedes
e Euclides que mede
a Terra, a Gaia e os céus de anis visíveis.
Toda relação humana
é uma ficção de interlúdio
e se não inventamos o vento no espírito
e invertemos o amor
na graça de Deus,
ela, a paixão, não se põe entre nós,
não nos amarra em seu nós
enquanto artefato cultural:
O amor, o amar,
mesmo todo o mar
vive, sobrevive nela,
dela, porque é dela o amor,
graças a graça das Três Graças
que dançam nela
em corpo e espírito,
corpo com alma
( idem das graças se esgarceando...
céu branco...
brancas nuvens,
broncos homens... ).
O amor que grassa,
graças a Deus!,
na imaginação dos enamorados
em transe e estado poético
que sublima a sanção da lei
- esta senhora de escravos do estado
de direitos decantados
em lamentações de um Jeremias
- chorão!,
de alaúde em mãos
e ataúde na mente ensandecida
pela tristeza que não poupa Alteza
de príncipe e princesa... :
O amor, sim, a paixão do amor! :
- o amor é dela!,
concerne à natureza feminina dela,
pois nela bebo o leite
que emana das tetas
e dá de mamar à criança
que um dia abandonamos em pele e osso
para viver o adulto sofrível
num mundo dos frustrados,
uma leva de prisioneiros...
Dela vivo, do mel
que regurgita na colmeia
para o zangão e a abelha-mestra
( Ah! há um tom no gênero
que modifica até a acepção
dos vocábulos para príncipe
e princesa, no feminino,
sendo o príncipe
para a guerra de conquistas esquisitas
e a princesa para aguardar
o amor do príncipe encantado
no sapo homem :
um sapoti,
no feminino final
que refoge às gramáticas
e se esconde dos léxicos
no eufemismo da voz gutural
em eco de boneco morto
no quarto de brincar
da antiga criança
que fomos num dia claro
e numa noite negra
vertida com os sonhos do dia
e assim acordado no sono
pelo sonho em valsa de Chopin
com um noturno no fundo falso).
Contudo, este nosso amor brioso,
a todo brida,
enfronhado na batalha,
indo ao encontro sinistro
para combater valorosamente
os quatro cavaleiros do Apocalipse,
e quantos mais houverem
a cavalgar, a trotando ou galope,
- este amor pode ser imolado
nas aras dos Capuletos e dos Montecchios
que se odeiam politicamente,
mas não polidamente,
enquanto amorosamente,
"amoralmente",
nos queremos tanto
com todos os ventos e ventas,
com todos os diabos no ar
soprando a favor do sangue
que ferve e galopa
na garupa da garopa!
- à garoupa!
(Vinde a nós
vós, garoupa-do-malabar!
( Em nomenclatura binomial
ou jargão para biólogo ficar à oitiva :
"Epinephelus malabarius")).
Aí, então, vem minha guitarra,
solitária no campo de foices
onde até a lua se entorta em foice
- falciforme lua no céu...
Aí minha guitarra...
ai! minha guitarra!
toca meus dedos
e começa a prantear George Harrison
e todos os amigos"Beatles"
ou não-"Beatles"
que me chegaram em canções gentis
num tom sutil
arranjado em suas guitarras
e voz de trovador no rancho
onde não me arranjo
nem me arranjo
ou arranho o banjo
do anjo morto
caído, decaído da murta,
suspenso no odor da lavanda
que lava e leve o olfato
não em leva de prisioneiros,
mas de filósofos e poetas livres
para viver,
que mais que sobreviver,
é amar até o mar secar!
(Ah! preciso dizer
que há fósseis de náutilos
no Baixo Mondego).
(Excerto dos "Apócrifos da Medusa").
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