matéria tão plástica
quão flexível
quase invisível
equidistante do sabor
essa obra de arte
arquitetura e engenharia
do senhor dos universos
paralelos, bolhas...
quânticos e não quantificados
nas dobras do tempo
e do espaço baço,
escuro no escuro,
preto no negro,
anum no anum preto
com o branco no olho
que olha o anum branco,
mas não bronco
consoante muitos humanos
do mesmo barro
molhado com a água do pote
que faz o hipopótomo
e a mesopotâmia(mesopotâmia!)
A vida é água
gravada na planta
que planta o homem ao solo arenoso
sem raiz que não o pisar
flutuar sobre areia e água
no levantar o pé,
pé a pé em sucessão.
O homem que se levanta
do vegetal
graças à graça da glicose
energia que constrói
e mantém o corpo
( carga de energia,
pesado fardo
que o animal carrega
qual cruz de vida,
nas crucíferas,
e também de morte,
no crucifixo romano).
A água com areia
se ergueu no corpo vegetal
e depois deixou para trás a raiz
que o prendia ao chão
e encetou o movimento da liberdade
que vai do animal ao filósofo de fato,
não o PHD (" philosophiae doctor"),
filosofastro de direito,
que ganhou alma e título da catedrático
na teologia dum Duns Scot
e suras no Corão ditado,
recitado por um político
e escrito por eruditos,
sábios poetas árabes
com filosofia, geometria
arabescada,
pelo belo do arabesco
que desenha a álgebra
em conceitos puros,
eminentemente abstratos
na iminência de filosofar
em transliteração do grego
no idioma árabe,
que identifica um povo,
uma cultura e uma civilização.
Mas quem é o criador de fato
e não apenas de direito
como até aqui foi
antes do marco merencório de Nietzsche,
o inimigo e litigante de Deus?!
O criador é o amor
que vive, morre
e recomeça como a erva.
que brota viçosa
em qualquer reentrância.
A paixão move o mundo
e começamos a mover o mundo
pelo nosso microcosmo
que é a economia individual
ou doméstica, da casa:
a asa da borboleta
na teoria do caos,
meus Deus Caos!
Quem ama muda mundo,
pois é o melhor,
o enamorado, o pastor apaixonado,
o melhor amante
com a mulher que ama
com todo o ser :
corpo, alma, espírito...
- com o mais santo espírito!
Quem ama de verdade,
na verdade,
é um anjo operante,
não um anjo decaído,
morto junto às folhas outonais,
no outeiro,
na oitava do violino
que chora gentilmente
qual fosse guitarra dos "Beatles"
dedilhada por George Harrison
e voz de John Lennon
e Paul MacCarthney.
Ai! Minha guitarra!...
que chora e ora,
- ora por ela!
numa hora
e n'outra ora
- ora por ela, ora!
( Ela que viaja já,
não sei se a jato,
a bordo do supersônico).
Quem ama sofre,
a paixão é sofrimento
exatamente igual a vida
que é dor
( morto não sente dor!).
Quem está apaixonado sofre
porque está mais vivo
que os mortos-vivos
que não sabem amar :
não sabem a mar,
que é amar
na maresia.
Não digo que o poeta seja um apaixonado,
pois o poeta apaixonado
é uma redundância grotesca,
quase soluça no solecismo
e tropeça nas aliterações.
Minha paixão é a do pastor apaixonado
que se esparge pelas suas ovelhas
e das abelhas
tira o mel
que oferece á pastora
- apaixonada!
( As pessoas incultas
soem distinguir paixão de amor.
A paixão e o amor
canta um sentimento similar
só que um em língua e cultura grega
e outra, o amor,
em idioma de Roma :
o latim pagão,
pois no latim cristão
- o amor se vira em caridade
ou "Caritas!
"Deus Caritas Est":
eis o criador dos mundos
- e dos meninos e das meninas
que se apaixonam
e amam mesmo entre as madeixas da Medusa,
- minha amada medusa!
que Deus leve e traga sã e salva
de viagem pela paisagem
a caminho de Camille Pissarro, Corot...).
( Fragmento do livro "O Opúsculo do Organista da Igreja de Santa Maria Novella")
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