quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

EXCERTO DOS "APÓCRIFOS DA MEDUSA" - etimologia


O amor beija de verdade
com unhas e dentes
língua e saliva trocada
sem nojo
com gosto
Beija furiosamente
com todo o ser,
o corpo em frenesi
a alma em gáudio
O primeiro beijo do amor
tem toda a sede do deserto
- sede que acha sede no oásis.
O amor é oásis no deserto
e oaristos sob o ruflar das cefeidas.
Ósculo que sela o pacto
- este o selo do "pathos".
O amor é um "pathos"
que faz esquecer a renite da filosofia
e a economia da política
Aliás tudo é política
na economia humana!,
ainda o amor,
a paixão efervescente,
incipiente, incisiva, evasiva...

A paixão beija na boca com  sofreguidão,
beija bem demais!
- e sempre esganada,
sempre desesperada
como se aquele fosse
o último beijo,
o beijo de adeus!
A paixão sempre dá adeus
porque não sabe
se haverá amanhã,
se outro dia virá
com a bola do sol
e a lã caprina da noite
escura no ventre livre,
escusa que nem precisa se escusar.

Amar se aprende
ou nos pegamos amando outrem?!
Na quadra infantil
somos tão mimados,
parece que o sol cintila
dentro do nosso corpo
(e como rutila!)
que o mundo em pessoas
se volta para a criança
como se fora um rei guerreiro, tirano,
uma rainha mimosa, despótica.
Chega a puberdade
e o amor é retirado bruscamente
quando, então, o "abandonado" à indiferença
e pertinazes cobranças
se sente perdido
e se procura em outro
- que passa a ser seu sol exterior
iluminado pelo na pele
e no interior,
no plexo em brasas,
nos abraços abrasivos,
num amor de abracadabra,
com fulcro no pensamento mágico.
O adolescente ensaia o amor,
que, na maioria das vezes,
jamais chega,
ou se chega, não temos maturidade,
mesmo aos 30, 40, 50 ou mais anos,
para amar ou não sabemos mais amar,
nem ser amados.
já nos esquecemos
porque estamos casados,
acomodados, acovardados,
proibidos de amar pela moral,
a falsa moral,
pelas leis e pelos costumes
e outros estrumes
que sedimentam a hipocrisia
e amplia a solidão a dois, a três...
a quantos filhos e amigos forem
os comensais e os beberrões
a rir de suas momices toscas
com se fossem
as pessoas mais felizes do mundo
enquanto houver acepipes,
quitutes e bebidas fermentadas ou destiladas.

Amar é sinônimo de vida,
mas somos proibidos por lei
de amar e temos que amargar
um péssimo enlace matrimonial
tudo por medo de mudar,
como se não fôssemos mudando
ata a transformação da morte.
A lei e os médicos meticulosos
nos aventam a ideia esdrúxula
de que somos eternos
e que o amor dura
igual a pedra dura
ou a tez da juventude,
com os arroubos todos.
- Um teatro para marionetes,
míseros títeres
é esse amor legal,
responsável (com quem?
- se não respondem
nem corresponde o sentimento
do casal em divórcio
- sem voz
e sem razão salutar?!
Precisamos viver esse velório
por causa dos filhos,
que nos deixarão?!).

O amor é, de fato,
a economia da loucura;
por isso os velhos e jovens
e as pessoas maduras
de todas as idades,
são coagidos por lei
a desistir da amar.
O amor é proibido e coibido.
Por que se fala tanto
e em todo canto
- de amor?!
Porque é raro
e não é tolerado
- pelos invejosos
e, principalmente, pelas invejosas, frustradas.

O amor beija na boca,
mas só com esta paixão
se faz tanto,
pois se não se estiver
doudamente apaixonado
não há ósculo
nem amplexo
mas nojo, repulsa.
O amor se busca
um no olho do outro
e depois um na boca do outro...
beijo febril qual vulcão em chamas
erupção e lava ardente
e fluxo piroclástico.
Somente a paixão grega agrega
que é o mesmo amor latino, romano,
que na igreja é chama de serafim
na palavra "Caritas".
Só o amor, a paixão,
vence o asco
e beija com ternura,
embora ansiosamente,
sequioso da água
da boca do outro
ou da outra.
água para beber,
água para a vida eterna,
fonte do amor sublime
que na igreja é o amor dos serafins
que em chamas é denominado "Caritas"
e no anjo grego
se diz ágape.
( o amor não é escolhido por nós,
mas pelo corpo,
que o reconstitui das cinzas do vulcão,
levanta-o das cinzas da fênix,
das cinzas do tempo).

O amor beija
e com esse ato bizarro
vence o asco natural.
A paixão faz perder o juízo,
o siso vira cizânia
e joga sobre o corpo
cinzas de penitencia
cilício e outros instrumento de tortura
trapos cobrem o penitente...:
a paixão é a economia da loucura.

O amor empreende fuga
da colônia penal
sob a qual vivemos
sob  os nomes mais angelicais
de cultura e civilização,
fábricas de prisioneiros da responsabilidade,
que nos faz esquecer
que não somos eternos,
mas ternos seres
despojados da ternura
pelas vestes da lei.

Amar é sair de si
doar-se a outro
sem qualquer interesse
que não seja amar
e ser correspondido plenamente
até o tempo assassino
matar o amor
e os enamorados.

Eu sou um filósofo,
não um professor de filosofia,
- e um filósofo é um poeta
um homem livre
inclusive da alienação que representa;
um filósofo é às vezes
um epicureu, outras um cínico,
na acepção de escola filosófica,
um estóico, um tomista...
enfim, um homem que absorveu
todo o acervo filosófico e poético,
toda a literatura,
toda a erudição de  todos os tempos
e das várias culturas, línguas e civilizações.
o filósofo é um homem livre,
não se deixa prender nas armadilhas políticas;
um homem independente,
emancipado,
livre de si e do peso dos imbecis
e da da parvoíce deles
e de sua grei.
O filósofo , que nem se admite filósofo,
porquanto não faz da filosofia profissão de fé
e está cônscio da alienação
que é o papel teatral, cômico,
do professor de filosofia,
que assume ares de filósofos
para os pobres efebos.
Um filósofo faz da filosofia
um cepticismo teórico do conhecimento,
consonante Nietzsche,
mas nunca um ceticismo prático
dos porões onde estão presos os bobalhões,
dos histriões que pensam ter poder :
reis, governadores, catedráticos, escritores...
- porque um ceticismo prático não existe,
o homem é mais complexo que o filósofo,
que o poeta , o monge, o político...
de que todos os atores do ser humano
representando a peça teatral na moda do tempo
ou o texto em contexto.
O cepticismo é teorético,
pois na realidade intrincada e rica
do ser humano vivo,
atarefado atravessando o rio caudaloso da vida,
distraído e inquieto com esta travessia,
preciso da fé,
- da fé no amor  reciprocado
em eco na garganta profunda,
de onde se grita
- por ela,
a medusa, neste instante,
longe fisicamente,
mas quão próxima mentalmente,
nas mensagens que vem
e ondas eletromagnética no ar,
dispersas ( em Persas!),
comunicando-se comigo
e eu com ela
de átomo em átomo,
batendo o tambor atômico
que a tecnologia ainda não descobriu
na psiquê humana
e quiçá animal.
Alias, a fé é a profissão de fé do poeta,
do profeta e do sacerdote,
do místico sublime,
do asceta e do monge,
de cada uma das alienações do homem
e da mulher!
cada um de seu lado
e com seu interesse político
( tudo é política
na economia humana!)

O amor beija
com duas línguas de fogo
ou em fogo no serafim :
a paixão, que beija em grego
e o ósculo do amor em latim.

Amar é agir como se o tempo não existisse;
é como se não fôssemos jamais
destruir nossas faces de areia
ao levá-la à água doce
e lavá-la com a água
que mensura o tempo na clepsidra
ou na ampulheta
que vai contando o tempo
em areia da face
que passa pelo rio da vida,
arroio que rói.

Desmanche de faces
não conta no nebuloso
Relógio de Areia
em Nebulosa no céu.
Quão nebulosa é ela!...

Oh! o amor à amada medusa,
musa!
- dura setecentos anos
escrito em poemas no cálcio dos ossos
- de um Matusalém.
( O amor é outro Matusalém
que vai além
- do mal e do bem!,
do pobre e restrito,
tímido, maniqueísmo no pensar :
a  máquina maniquéia de pensar).

( Sou, de certa forma, incréu,
não creio em nada
de modo absoluto,
nem tampouco na "ditadura do relativismo",
consoante diz o Papa Bento XVI,
mas, sem ser quixotesco,
entrego-te a minha vida,
- a ti que és a medusa!

- de dar medo!).
(Excerto dos "Apócrifos da Medusa").
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