Maquiavel quando escreveu "O Príncipe" somente pensou naquele governante
que detêm o poder bélico e faz do direito a astúcia da raposa para
comandar. Ele pensou apenas no senhor que submete uma cidade, reino ou
estado pela força das armas e a sagacidade da raposa; porém olvidou os
demais poderosos que dominam pela palavra : os escritores, os profetas,
que sucumbiu no poeta, sua caricatura, os médicos, os religiosos, os
filósofos, os sábios, os eruditos, dentre outros. Só que estes príncipes
governam através do estado da palavra; e a palavra, na verdade,
construiu mais reinos, impérios e estados que os príncipes mundanos,
profanos. Os santos, uma espécie contextual do profeta e do filósofo
cínico ou estóico, erigiram a Igreja Católica Apostólica Romana, um
império cujo poder sobrepuja a de muitas governos unidos, um estado de
palavras, mitos e ritos que não acha fronteiras que o detenha ( que seja óbice à igreja).
Os Evangelhos constituem os fundamentos de todos os estados hodiernos(hodiernos!)
ocidentais. E são, outrossim, literatura, mas, óbvio, não só literatura;
aliás, toda literatura não é só literatura, mas também "n" coisas
outras, pensando algebricamente com o árabe que cunhou a palavra
"álgebra". Os textos de Marx criaram a civilização comunista ou
socialista, os Vedas e outras obras dos brâmanes tiveram a força de
constituir politicamente toda uma civilização e cultura fundamentada na
casta. São literatura; os textos de Marx, de Maquiavel e todos nós,
seres pensantes pela literatura, levam- nos a pensar, ao pensamento,
graças à lógica de Aristóteles, que usa do "logos" corrente na língua
grega ao ser pensante no silogismo : fórmula de indução ou de induzir o
pensamento literário ( escrito com a arte da retórica grega) ao
conhecimento do ser, do ente (fenômeno) e do universos ( leis naturais
em Newton, o "filósofo natural"). A literatura em Aristóteles e,
posteriormente, em outros sábios, leva à ciência.
O pensamento do filósofo dá instrumentos literários ao pensamento :
Aristóteles vai, miraculosamente, do "logos" à lógica, torna a língua, o
"logos" grego uma lógica, um pensar através da literatura e da
retórica, um pensar consequente, um raciocino fundado em princípios
evidentes, apodíticos, fundamentado pela razão e não pela emoção. Não
totalmente razão, é óbvio, pois somos mais emotivos que racionais. A
emoção é fundamental à vida, é sabedoria, amor; a razão desnecessária á
vida, mas útil à comunidade e amparo ou luxo, um modo de viver e
conviver melhor, mais lúdico e lucidamente.A literatura, desde então, se
bifurca e se separa filósofo e o físico( o pensador) do poeta trágico,
dramático, cômico e lírico e do escritor romanesco, que não existia na
Hélade, salvo engano.
Os médicos, que tudo transmutam em patologia, pois esse o seu
objeto de escrutínio, ao estudar a imbecilidade imagina-a apenas
patológica, põe o ser-objeto de estudo na patologia apenas, limitando a
esfera do saber e do conhecimento e,
destarte, como a maioria absoluta dos seres humanos são mentecaptos,
débeis mentais, estultos, porquanto isentos de intelecto, ou cuja
atividade intelectiva é subdesenvolvida, - os médicos inventam
nomenclaturas para essa "modalidade" de infelizes, mormente quando a
situação é severa, e escrevem sobre eles a terminologia "oligofrênicos,
solucionando um problema que é mais político, como o viu Michel
Foulcaut, que médico-psiquiátrico ou psicanalítico, se não psicológico (
A ciência oficial odeia a psicanálise, porque esta criou a psicologia
profunda, que se lia em Dostoievski, Nietzsche e outros engenhos da
literatura e da filosofia dentro da obra do literato com estofo
filosófico e perspectiva filosófica ampla. A psicanálise é uma ciência
não reconhecida porque despreza aquilo que sempre esteve posto como
politicamente correto e polidamente conjurada) .
Para abrandar e mitigar a multidão dos oligofrênicos reais, existentes,
postula a normalidade em contrapartida á anomalia, denominando de
normais
aquela maioria de "oligofrênicos" beneficiados politicamente pela
palavra "normal", simplesmente porque são obedientes, vacas de presépio,
marionetes, ou seja, no dizer desapiedado que leio eu ( não sei se ele
escreveu o que li!, mas ouvi de seu pensamento talhado nos signos de
Erasmo de Rotterdan, que achava loucos e tolos todas as pessoas e,
principalmente, aqueles normais, os que se julgam sábios e coisas que
tais). O critério dos donos da ciência para a normalidade sempre foi :
obediência
ou fármacos,camisas-de-força em todos os sentidos, metafóricos e
reais...ou terapias que fazem o ser acometido por alguma
aberração cerebral, ou neurose, psicose, se comportar feito criança.
pagar mico!, porquanto as sagazes terapias transforma o paciente numa
caricatura da criança, pois a criança é o belo, o bem, a sabedoria e o
amor e faz tudo com espontaneidade, enquanto seus gestos e trejeitos
naturais são tragicomicamente arremedados pelas técnicas dos
terapeutas.Ora!, o adulto, assim ridicularizado, rebaixado a uma
condição
sub-humana, a um títere, um palhaço grotesco e tragicômico a pagar
"mico"
não se pode curar, mas evoluir paulatinamente para neuroses
fóbicas ao perder toda a dignidade que lhe restava e com a dignidade
ferida de morte perder a auto-confiança definitivamente.
Ao fazer suas prescrições e diagnósticos os médicos tem o mesmo poder do
Direito, que é uma forma aparentemente desarmada e pacífica de
controlar, manter sob jugo, sob obediência ( ou então vara!, sanção...)
os seus indefesos pacientes, não infensos à iatrogenia e outros males
mitigados pela palavra.
Na realidade social, que é , concomitantemente política e cultural, a
medicina e, todas as outras aplicações da ciência, não passam de um
ritual pré-natal; e no transcurso da existência um rito pré-morte, uma
preparação para a morte; aliás, isso dizia literalmente Platão sobre a
filosofia que, para aquele filósofo grego, era um preparo para a morte.
Seria a filosofia, que fundamenta toda a ciência, a língua e a literatura, meramente uma propedêutica da morte?!
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terça-feira, 19 de março de 2013
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