domingo, 10 de março de 2013
BALCÃS(BALCÃS!) - etimologia etimo
O homem somente precisa saber amar.
O resto é futilidade.
( O amor é frugal assim,
ó escatológico Aristóteles,
homem do bom fim
e do sumo bem : a felicidade.
- A mulher?!).
A mulher já sabe amar
por isso pode se dar ao luxo
de ser - fútil?,
porquanto é muito útil
e se junta ao agradável
e às vezes ao desagradável
quando não está afável.
Esse ser impenetrável,
doce, mas com travo amargo
de amargas ervas daninhas
que não deixa a terra
se tornar maninha.
Ouço a bravata
da satisfação plena
"ou seu dinheiro de volta"
e concluo e incluo,
ó demônios Íncubos e Súcubos,
que acaso me lêem...
- concluo que sempre,
junto ao não-molho da sempre-viva,
melhor para a vida,
que é o desabrochar para o belo
e o despertar para a verdade
ou para a bela Aletheia,
- que é de bom tom
( um tom Jobim! no cancioneiro...)
que se deixe
algo ou tudo inconcluso,
incluso os autos
e a utopia dos arautos
a fim de que a vida
não se acabe
em tédio suicida
ao amarelar do outono
na queda do anjo das folhas caducas
e flores fenecidas.
De bom tom, Tom,
que tudo não se acabe
assim feito o feito
da obra de Kafka
com afta ou sem afta.
( Pergunte ao universo
de Drauzio Varella
que ele há de esclarecer com varíola
ou, quiçá, com varicela).
Escuto no culto inculto,
quase íncubo
( - e quase sucumbo!),
que o mundo está tomado
- todo tomado por fora
pelas hostes de Átila, o Huno, Gascões...
e não há por onde passar,
fugir, nem por água de nautas sem naus,
timoneiros sem timão ( - e pumba! : morreu a pomba).
Não há como escapar,
estamos sem escapismos românticos.
Vamos, então, por Santo Antão!,
pintando em tentação por Salvador Dali
e visto por meu ego daqui,
- vamos entrar para dentro de casa
retomar o caminho de casa
- da casa que somos e erigimos
por dentro de nós
com quatrilhões de nós górdios,
e que fica na velha aldeia da velha bruxa
onde nem tudo foi tomado de assalto,
onde o direito romano não chegou esbaforido,
civilizatório,
com seus sicários, seus mercenários,
seus mecenas, seus poemas,
prontos para prender nossa alma
emparedada no corpo
no meio do nada,
em niilismo perene.
Empreendamos uma fuga
para onde a mão pesada
do que chamam de justiça,
que é o ato de escrever a lei cruenta
sob o papiro frio e sem vida
ou dizer o direito romano
pela boca de seus juízes
limitados pelo juízo do contexto,
que jamais é judicioso,
pois o dizem para aqueles adversários
alcunhados de bárbaros...
- Fujamos a cavalo solto em galope sem brida
para onde esse direito do romano
não colheu nossa alma indômita
nem debandou
as aves de arribação de nossos sonhos
mais queridos ou opacos
das noites bem dormidas,
que são as noites das noites
em dupla raiz no mundo onírico
onde tudo é Salvador Dali,
chagas de Chagall,
"Sherzos" de Joan Miró,
ou a melodiosa voz de Gal
vazando água no imenso paul
do ouvido e do rio do olvido ( o Letes!)
rimada e ritmada pela voz do lobo no auuuuuuuuuuuu...
à lua que atua de pua
e pau, caniço,vara com minhoca
para se fazer justiça à fome do homem
e da mulher,
que é dona do homem
desde pequenino.
( Minh'alma é uma minhoca
que torce retorce ziguezagueia
com verve de verme
nada inerme,
mas ajuda com a ajuda de Nossa senhora da Ajuda
a pescar peixes e homens bons,
mulheres ótimas,
procelas para as procelárias...).
Louco são os físicos quânticos
( quantos tísicos?)
- quânticos doudos são estes
filósofos de um tempo cínico
sem um filósofo cínico
para arribar o riso
ao objetar e arguir com práxis abjecta
sobre a escatologia humana
mefítica escatologia metabólica
que não cheira ao metafórico na flor de laranjeira tenra,
alva na alma do alvo,
o cândido efebo,
que nasceu no coração da rua,
medrou sobre o asfalto cinza-serpente,
sob o Serpentário suspenso em luzeiro
que penso e apenso ao céu em negror,
- a flor cândida
regada com o aljôfar
em ponto de orvalho
descida em cachos de cachoeira
dos olhos da madrugada
a postos no olhar do poeta Carlos Drummond de Andrade
buscando e achando o amor
oculto sob o tédio, o ódio e o nojo...
- num mundo imundo, iracundo,
onde a cor do homem
é vista com olhos maus,
eivado de preconceitos violentos,
enquanto o amor de um homem
é escarnecido
e pode morrer envenenado
nas madeixas da medusa,
em endechas de tristes bardos
qual Cruz e Souza
que viola violões de anões
e faz da poesia
um canto no silêncio.
( O poeta cruz e Souza
que era negro
nos olhos negros
de uma noite pesada na alma
dos desalmados
que constituem
o princípio e a constituição
de um estado da maioria boba
de almas penadas
que são os homens
quando industrializados
em industriosos
pobres-diabos...
perdidos, nus, num estado
que não alforria ninguém,
nem o governador
e outros sátrapas
com belos e pomposos nomes
palavras-pavão
que dissimulam-se em democracia.
Heróicos, heróis Herodes de todos os tempos
- até o fim dos tempos!...
são estes déspotas
sempre vivos e com o mesmo poder desumano
passado em leis
e repassadores de ordens em decretos
que ferem de morte as leis
e o direito que se esconde no pensamento
e se recusa a alienar-se na arena romana
preparada para matar cristãos.
Eternos mártires somos!,
ainda que nos deixe a vida
- despedaçada!
Ah! os físicos quânticos
estes novos epicureus sem Deus
ou com o bom Deus,
sem rei ou com o rei do momento...
Ai! Estes são inocentes
e vivem esparsos
pelos mundos paralelos
e nos espaços alelos dos genes!
São criaturas de poder
tal qual os reis e imperadores,
mas seu reino é metafísico
e eles somente tem poder mental,
nunca neste mundo para belicosos primatas
que sabem usar as patas
e as mentes das inteligências natas,
que eles cooptam e prendem,
para dominar mundo cão
- majoris e minoris.
( Sou da ordem destes minoritas!).
E enquanto o mundo corre,
nos cabelos da mulher
a medusa espreita
cheia de desdém
porque ela é bela,
de uma beleza natural,
e o homem a serve solícito
com toda sua verve no verbo,
feito um lacaio "laico".
A mulher é maior
em fortaleza que o homem
e por isso o espezinha continuamente.
Ela já é madura e astuta
desde tenra idade
enquanto o homem passa a vida
em folguedos infantis
e em idade provecta
brinca de filosofia
e ciência e poesia.
A superioridade congênita da mulher
está expressa na sua vida
- ela vive da arte de amar
da qual nada soube Ovídio
nem nenhum esteta e sábio
que pude ouvir ou ler
no seu casulo de signos,
nem empós escapar so invólucro na crisálida
que lhe tolheu ou preparou as asas
para o voo cara e vela
para o sol
único espelho
em seu espectro lucífero.
A mulher é a sabedoria em prática-práxis
e ensina o amor ao homem.
Só então, depois de aprendiz de feiticeiro,
o "trouxa" pode amar.
De fato, o poeta pode ser mestre
nesta arte de errar
pela dor e pelo prazer mais deleitoso
proporcionado pelo leite no leito,
pois é mais pato a amar
de tanto amar o mundo
e ao se tornar, enfim, mestre na arte de amar
- vai amar a mulher
que faz a vida seguir
com a criança que encanta
e é um deus e uma deusa
no lar que leva a levante de novo
os antepassados deitados em covas
- com frialdade insensível nos ossos
onde se aninha a morte,
enovelada, velada,
sem sopro para oboé
na sexta sinfonia de Beethoven,
pastoral para Baudelaire, o louco...
(- Para onde fugiremos, pastora!,
tocando avena...
Não há lugar, lagar...:
o mundo está fechado
sitiado pelas legiões romanas,
até nas letras dos poetas apócrifos
- que, lamentavelmente,
sonham ser canônicos
e se perderem na fama,
aonde hão-se chafurdar!).
A mulher!, que é, outrossim, uma medusa!,
quando a olho no olho,
vejo que não é para ela
que olho primeiro,
mas para várias faces
que vem antes dela
e que Berlini
deixou ao esculpir
e também a escapulir
porque é complexa demais
a face e os cabelos da medusa em ato,
a mulher verdadeira, real pomba.
Ao olhar para ela
vejo um monte de sonhos perdidos
rostos esquecidos na infância sem tanta fanta
mas com fantasia dada ao infinito.
Quanta infância e infante!...
Quando a olho,
ó Betelgeuse,
miro, miro, teus olhos estelares no céu
de um preto anum,
e outro tanto Anúbis,
mudando "mutatis Mutandis"
o tempo do verbo
para desprezar as penosas pessoas do discurso
imposto em retórica torta
e amar as pessoas reais
que não reinam como personagens no palco social,
na coorte cheia de cortesãs e aduladores
mas sob a carne viva do ser humano
macho ou fêmea,
consoante Deus nos criou,
abaixo da Betelgeuse.
(No meu mirar,
do meu mirante longe dos Balcãs(Balcãs!),
evoco um apelido querido,
de um ser humano querido por mim:
Miro era a alcunha de um preto velho,
não um macumbeiro!,
que conheci em menino
e que parecia amar o infante
que fui nos idos de década em folhas morta...
Havia acabado de nascer
no bem-nascido berço
que me embalou
nas canções de minha mãe
que não conhecia Alfred de Musset
mas sim Alvares de Azevedo.
Tempos depois
vim a conhecer aquele homem
cuja morte foi rápida e trágica...:
Toda morte é assim).
Assim como eu
quando a miro e vejo
- vejo tantos fantasmas á sombra
de seus olhos negros,
quando ela me olha
também vê algo atrás de mim
e de si :
um rosto do pai
de um primeiro amor
que se deixou enterrar no tempo.
Pasma, vê um fantasma!
- sem ópera, opereta, bereta...
lembra de gestas
narradas por antepassados
(cova rasa, cava veia,
velha aveia,
candeia, estrela cadente, candente...),
por isso me mira assustadiça
em contraponto com a memória que retorna
e retorce, entorta, distorce, torce o tempo
e o espaço na equação de Einstein
e a luz equacionada por Max Planck
que não sabia rosar rosa da rosa,
mas sim assinalar o corpo escuro.
Ela é a árvore da vida
dentro do meu jardim edênico;
- ela me faz respirar
e viver dessa música
que sopra oboé do nariz
- com o sopro do anjo
que vive nas folhas, flores e frutos
da árvore que a sustem
e me alimenta
- até que chegue o outono, amarelo anjo,
e ela caia
e eu decaia,
pois não vivo sem o sopro da musa
que toca minha vida,
nutre minha árvore da vida,
sem vida
- sem ela.
A senha, a senda é ela:
musa e medusa.
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