Um marimbondo em preto e branco
pintalgado na entre-cor-não-cor
do tabuleiro de xadrez
ou do piso enxadrezado de um "Scotch" bar
assentou-se no meu braço
entre os pelos
no abandono confiante
de quem está em casa
ou no vespeiro
construído com barro
na palma do coqueiro
- sob a palma
ou no lado da palma da palmeira
virada para baixo
no engenhoso e impávido
desafio à gravidade
( O marimbondo põe a palma
com calma
muita calma
- virada no diabo!
lidando com a gravidade
numa casa-caixa
cujo alicerce
fica de ponta a cabeça )
Fato similar se deu com uma mariposa
em solitude sob meus pelos do braço...
- Uma térmita veio voando de longe!
flutuando
flutuante no ar
fluindo sob aguaceiro pluvial
fluída sobre o fluido fluvial
fluente
influente
afluente
fluídico
na canoa
a fluir
Esses fatos agora transcritos
foram atos desses insetos
ocorridos antes e depois das chuvas
no tempo tecido em filó
para mariposas noivas
com asas em cruz
ativas térmitas
dinâmicos demônios alados
- diabos à chuva
As criaturas de que falo
( e canto seu encanto
num acalanto para pranto de chuva! )
- vieram e vêm me visitar
pelo vagalume
o qual é um besouro lucífero
e por outros entes alados
voantes no anjo aos bandos
com banjos
conquanto anjos não existam
inexistam
Entretanto estão postados na mente humana
entre um querubim
e um serafim
- seres criadores da essência mental
a qual passa de arcanjo
com asas descruzadas
para insetos
cujas asas formam a cruz no voo
- no conceito desenhado ao planar
no plano de Euclides para geômetras
Picassos e Modiglianis...
( Insetos são anjos de verdade
- arcanjos na existência
na benção e batismo
oriundas das mãos da água fluindo
fluente vertical ou horizontalizada
- a água desenhando e moldando
- dando concepções ao barro!
- à terra que se molda em moringa
graças aos gestos abençoados
por mãos aquáticas
as quais são as mais humanas
- a água molda as mãos
de todos os seres humanos
os quais moldam o vespeiro
o cupinzeiro o castelo a colmeia
ou o ninho do passarinho
pois cupins aves lagartos e homens
são todos seres humanos
- entes moldados pela água
que desenha a vida na terra
Oh! O rascunho do galo!...
Ah! o rascunho riscado
da notação em partitura
rabiscada no pergaminho da madrugada
onde notas musicais
de melodia incipiente
para canto de galo
ficaram borradas sob o rascunho
- todo riscado!...
numa poça de borrão )
Os insetos d´água
- esses propulsores da vida
eclodem da água
e vêm de longe me visitar
( revisitação!...)
Amo de um amor de amar o mar
mar a mar a espraiar pela praia
- amo todos os insetos que vêm a mim
derramar sua benção de mar
de água pura e benta
- água da vida
de encontro chuvoso com os insetos
batendo asas em cruz
em dia e noite chuvosa
- ou eles que vêm a mim?!
porquanto deles descendo
- de todos os insetos dependo para viver?!
- minha vida e minh'alma
está na gota de vida e alma
que os insetos trazem
pelos bater das asas
aparentemente silentes
Insetos e anfíbios
expressam a vida
na literatura da natureza
escrita com geoglifos
na onda eletromagnética
que dança na água
e se desenha em senóides
na arte da geometria...:
pois se se extinguir a luz
dançante na noite
mais negra que o anum
- sem a luz errante do vagalume!
ai! se apagará a vela das estrelas
nos olhos apagados
riscados do rascunho!
Olhos de todos os viventes
então cegos e sem sol
e consequentemente sem água
pois a água é a concubina do sol
Sem o sol
que anima os pirilampos
apagar-se-á toda luz cambiante
furtada nas águas-furtadas
emitidas a pinceladas pelos olhos verdes
descidos ao mar
e subindo em águas-furtadas
( - "homem ao mar!"
"olhos verdes ao mar!"
grita o marinheiro
ao se deparar com o verde
- ao verde em pastoral
emergindo dos olhos do meu pai!
- uns olhos para acender sonhos
- no universo... )
Outrossim
dos olhos castanhos
será despejada a luz
Dos olhos negros
sem a alma de Lúcifer
a luz não deixará pagadas
de sapatos ou pés descalços
Lúcifer
o cavaleiro negro da luz
de olhar negro
a contemplar um sol negro
Dos dois azuis olhos
em face cândida
de um azul cerúleo... :
- do dúplice azul cerúleo!,
refletido no mar,
enquanto olhar para barco e veleiro
- duplo olhar
do homem em ato
e do Narciso em mito
Dos olhos decíduos
junto às folhas
descaindo na graça da força
centrípeta e centrífuga
emitida pela turbo-hélice de outono
quando sopra o anjo no vento
no moinho de vento
do anil para a grama
- esses olhos postos no anil do céu
e posteriormente
descidos descalço à terra-terra
água-água
terra-água-e-água-terra
da realidade natural
existencial e essencial :
- água-terra!
são olhos angélicos
em folhas amarelas outonais
com anjos decaídos
sob suas asas ininteligentes
( folhas ao vento soltas
são asas sem inteligência
- sem a inteligência montada nas asas da borboleta
que dão liberdade de escolha
contra o despotismo do vento
Mas quem lê o livro natural
de excelsa poesia
pura filosofia
plena sabedoria
- obra decodificada em vida?!
O Livro da Vida escrito pela vida
enquanto poetisa
no seu código geoglifico...
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