A chuva nasce em mim
E cai lá fora plissada
Rola qual bola
Até achar a poça d’água
E verdejar a grama
E toda gama de verde
Que passa a reinar
Na criação de besouros
Herbívoros a pastar
Onívoros a contemplar
O que há que há
Com a chuva
Que dança em queda
Desaba no chão
ao rás do chão
e depois alcança o céu
no ciclo do sol
que chamam da água
( água é sol
Destilado ou fermentado
Pelo tempo no calor
A mover bactérias
Plantar fungos
E alcatifar com lodo
O chão e as paredes pintadas
Com esse verde
Roubado ao espectro )
Chuva é anjo caído
Em gotas no conta-gotas
Contra o solo
E tudo o que se radica no chão
Ou flutua com raiz n’água
Benta
Água voa no céu em ave
Aprofunda no rio
Em cardumes ou em peixe
Na solitude de um nicho
Individuado
Bóia nos nenúfares
De Monet sem olhar
Voltado ao impressionismo
Que dá as cores aos olhos
Pescadores
De cromáticos furores
Também se agarra
Em raiz na terra
Sobe à muralha da árvore
Por um triz da raiz
Àgua é santa
- santa mãe!
Anjo caindo
Na vertical do céu
Entrando corpo humano adentro
Invadindo o castelo das ervas
Daninhas no ninho
Do passarinho...
- água nada em tudo
em todo vivente
sorridente
no homem que mostra os dentes
e no animal
que morde e rasga a carne
com seu sorriso de leão
ou veloz guepardo
ou alcateia de lobo ou cão
- maior ou menor
No céu desenhado
Pela mão e olho de homem
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