depois livre-se de si
solfejando um si maior
no oboé de Buda
ou de outro ser ao léu
que ofuscou o sol
as estrelas em pisca-pisca
castanha...: acaju ( "Cedrela odorata")
ou a caju na cor em cajueiro
( "Anacardim occidentale" )?!...
- di-lo a voz do meu progenitor
foi e fica
rabiscada em grafia sonora
nas garatujas do fonógrafo
peça de museu da voz...
assim posto
na tese em pegadas
na minha genética
que o homem livre
e um bendito
porquanto tudo e dois
e nada é um
e dois é um
- na unidade...
da sucessão ecológica
em comunidade clímax!
Enfim, para por fim à dialética sistêmica
em tratado sobre aletheia grega
tia da teia tênue do conhecimento
e da sabedoria em intersecção euclidiana-cartesiana
ilumino um quadro de Modigliani
- um maldito!,
um indivíduo livre das peias
agregadas pelo agregado social :
grei caprina
caprídeos monteses
montadas reses
gado asinino...:
tudo isso não é um Modigliani!
que silha o cavalo baio
e fuga no galope do vento
para o amarelo apocalíptico
- o amarelo final
terminal
o derradeiro e primeiro amarelo
criado
inventado
para ornar Jeanne Hébuterne
num quadro cuja tecitura
é ouro vivo
ressuscitado filão
das minas gerais
Um Modiglini!...:
um ser :
um uno no uno
- no todo uno
unificado
na paixão
pelo ser
espanto grego
filosofia incipiente
Um Modigliani!
Oh! um Modigliani...:
uma una ideia una
uma una coerência una
um uno homem uno
cuja simplicidade genial
passeia na assinatura da obra
revolve as cores ao intimismo
insondável no vulcão
que bate e rebate
ao coração de terra
no magma de Magna Grécia
na Ilha de Santorini
em arquipélagos com lagos de chuva caída
à beira do pélago profundo
Ah! um Modigliani!...
Ha´um Modigliani
em poema e fuga para ré menor
na obra do amarelo nato
- inato ato natural
no contraponto
que une o simples ao complexo
no amplexo da paixão
em perspectiva filosófica-vital )
Com o mel do sol nos olhos
ilumino um Modigliani em símbolos
típicos símbolos arquetípicos
- e na pintura-partitura do mestre italiano
vejo estampada a liberdade
em cada gesto pincelada
ou não pincelado
o gesto
livre
na liberdade retratada com requinte!
- com uma sofisticação obscena!
extensiva até o Complexo de Narciso
- do Narciso ao Caravaggio
o qual precede ao Complexo de Édipo
- o mesmo complexo em Electra
com as tênues nuances que desvia a cor da flor
na luz irradiada na terra
( a terra que vai das gramíneas
à comunidade clímax
em uma floresta amazônica
no topo do mineral ) :
Ei-la integral mineral-vegetal-animal!
eis a complexidade congênita e adquirido
que faz o homem e a mulher
solúvel na simplicidade do gênio natural ...
e ao drama escrito antes de eu nascer
- na semente
que olha para dentro de si
com o que é ante-ser-fetal
um ser antes de ser embrião
no olho de Caravaggio dependurada
como se fosse um olhar de lua
ou de Modigliani
reorientando a flor do olhar
para onde foi o sol pastar
ervas ovídeos panteras
feras e bestas...
( Trago no barro dos meus pés
a terra genética
ajuntada na raiz da planta do meu pai
e minha mãe
e seus antepassados
protagonistas antes de mim
que palmilham comigo
na peregrinação do monge
que sou ( que somos! )
na solidão hermética
da terra circundando a ilha do corpo
- ilha de um coqueiro
acenando a palma num adeus
narrado pelo poeta trágico
em sua poesia silente-cantante
Na terra hieroglífica-geoglifada
com pena e tinteiro genético
caminho sobre camadas estratificadas em mim
gerações de antepassados
os quais eclodiram na semente
na qual eu estava escrito
em código genético
no Livro do Gênesis
rascunhado pelo primeiro patriarca
que me desenhou ao longo do tempo
- e se desenhou geometricamente
geração a geração
pisando no barro
do primitivo Adão do clã )
O filósofo e o poeta
fogem para dentro da aldeia do homem
que Chagall cansou de pintar
contrapontisticamente ao mundo
- o mundo em decrepitude individual
cada vez mais político-econômico-jurídico
( dos três poderes da república
e nenhum poder dos indivíduos
postos na conta de povo )
- o mundo... este mundo
vencido pelo cavalo baio do Apocalipse
do qual caiu o cavaleiro
num trigal amarelo com gralhas e grous
enquanto cavalgava intrépido
por estradas pavimentadas
com as parábolas pictóricas-poéticas
do artista russo-judeu
Marc Chagall...
O homem independente
emancipado em seu ser e saber
e em sua erudição
talhada para rebanhos
mormente com as pressões sociais
Há uma hierarquia
implantada geneticamente
imposta coercitivamente
porquanto há alguns poucos
que são perdidamente livres
perdidamente apaixonados pala liberdade! :
- filósofos e poetas
e outros deuses em terra!... :
dos tiranos e déspotas em geral
tais sábios
nem dão sua anuência
a qualquer forma de governo
desprezando inclusive a anarquia
- que é pior que milhares de governos
por isso não tropeça em si
não é um estorvo para si
e um peso para os demais
que compram e vendem bengalas
para imbecis qualificados
Quem aspira à liberdade
sem asas de "Honda"
abandona a sociedade
ou foge dessa prisão
e outrossim emancipa-se de si mesmo
de suas mazelas
mágoas maledicências mendicâncias
- de suas auto-normas
auto-filosofia..
- está livre do mundo
e livre de si mesmo!