A água abençoa o vinho /
- a água abençoa a vida! : /
é a alma da vida /
A água se ira em vinho /
dada sua arte plástica /
sua flexibilidade incomparável /
( Vinho é bebida espirituosa /
e do cesto ao incesto /
vai a uva /
- do cesto ao incesto de Noé /
vai a uva pisada no lagar /
onde ocorre o verdadeiro milagre do vinho /
tinto ou branco /
Milagre que prescinde de Jesus /
mas provavelmente não do homem /
mão e mente e pé diligente /
que fabrica o vinho /
que inventa o vinho /
uma bebida espirituosa atravessada por água pura /
da fonte segura da química molecular /
com sua fórmula químico-algébrica ) /
Dizem que Jesus transformou água em vinho /
sendo tal milagre /
uma mostra do poder de Jesus Cristo /
por ocasião das bodas de Canaã /
na Galileia dos gentios /
Claro e clara é essa anedota /
que, não obstante, cumpre função importante /
enquanto símbolo da ação do homem /
aqui eternizado na figura imaginária de Jesus /
produzindo um milagre : /
o milagre de transformar água em vinho /
que o ser humano já fizera muito antes de Cristo /
eras geológicas, metaforizando as Eras da geologia /
porque aqui é poesia ) /
Conquanto esse suposto ato de Jesus /
seja narrado como miraculoso /
trata-se de uma alegoria /
cujo fito foi dar mostra do poder do Senhor /
porque na realidade é o homem /
enquanto ser individual e coletivo /
ser genérico /
que transforma e transformou água em vinho /
através da indústria da vinicultura /
em processo industrial /
milênios antes de Jesus /
sequer ser concebido sem pecado /
no ventre da virgem /
( o recurso literário da alegoria /
permite narrar um fato genérico /
como se se tratasse de ato de um indivíduo /
que representa a espécie humana /
- no caso qualquer um de nós /
representamos plenamente para nosso ego /
toda a espécie humana /
Todavia, para os fanáticos que se perderam no caminho de si /
tocando a nota si na gaita de fole /
e se mirando nela como Narciso na lâmina d'água /
do rio que corre até a morte, /
para os fanáticos, no entanto,
a espécie ou o gênero humano /
simbolizado em Jesus /
ou outro profeta legislador ou filósofo grego, /
quando grego era em grego /
toda a filosofia que ainda é se desfia /
Kant acima /
Kant abaixo, /
não tem leitura do simbolismo /
não acha esta leitura no homem que se perdeu de si
na nota si monocórdia /
pois para ele o simbólico é real /
e o real uma ilusão de Maya e Maria. /
Canta isso, patativa do sertão profético! /
Cante até que cante Kant! ) /
Antes de vir-a-ser vinho /
a água já vem vindo na correnteza /
que passa por dentro da videira /
desagua na uva /
passa pela uva /
( não na uva-passa /
que é desidratada /
não abriga leito de torrente interior ) /
molha o esôfago /
e encharca o espírito /
- o espírito de vinho tinto! /
ou quiçá branco vinho /
em cavalo branco /
a galopar pelo Apocalipse quotidiano /
cavaleiro branco com arco e flecha /
centauro social /
- centauro da guerra /
Cadê minha amazona?! /
- a amazona do Apocalipse... /
( O vinho é um paul /
- água estagnada em álcool /
guardião de bactérias e fungos /
vírus e outras hostes bárbaras /
a cavalo sentada /
montada em sela /
tal qual um cavaleiro ou uma amazona /
dúplice centauro /
que surge no Apocalipse do dia-a-dia /
pois o Apocalipse dá-se de sol a lua /
falciforme e negra lua em Joan Miró... ) /
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