terça-feira, 24 de maio de 2011

JACARÉ AÇU , O VIOLINISTA VERDE DE CHAGAL NO PANTANAL, PAUL

Jacaré é água
- água de paul
sob céu azul

Céu azul é
vôo de arara azul
outro violinista azul
violinista de paul
outrossim

Ao sul
o jacaré açu
açula os cães
a morder o Cão Maior
e o Cão Menor
que caça estrelas consteladas

Jacaré verde
sinuoso como a água
que lhe corre dentro
e por onde nada fora
insinuando-se no tupi
língua mãe das águas
barriga d'água
sem mágoa
na lagoa
onde soa a loa à toa
feito uma andorinha de Manuel Bandeira
( ou de João-de-Barros seria a andorinha
pardacenta na tarde parda que tarda!
com cinzas no tempo
voando em outra andorinha
- já cinza, cinzenta, acinzentada andorinha!...
minha andorinha que não aninha
sozinha vista no céu de plúmbea pomba
em solitude no vôo...
e pomba cinza em solitude é sempre cinzas na cabeça
solidéu e solidão de monge em penitência...
"ora pro nobis" " Opus Dei..."
monges que somos todos
ainda sem querer
sem nenhuma vontade!...
mas toda vocação
que é vocação para o homem
ser e ser só no mundo
existir na solidão
sem nunca se contentar com a existência
nem com a solidão angustiante
que faz o mundo sempre apertado
mesmo nas gargantas dos Grandes Cânions! )

Jacaré é
água de goiabeira
da mesma beira de água da goiabeira
sem eira nem beira
Da mesma água
do verde ali
verde buriti
com pé calcado ao chão
em raiz quadrada de goiabeira verdejante
com a água rasa que rega a goiabeira
por dentro do que é goiabeira
em insinuante corpo com nuances insólitas
( nu corpo nu
nua lua
plenilúnio
de amarelos olhos
acima do verde...:
que desce no jacaré açu!
abaixo do azul
acima do verde em erva daninha
em companhia de joaninha...
Na asa a azinhaga
curva um ínvio caminho
no ramo com espinho
e flor branca à capela )

O jacaré é o que é a água
A água é o que é o jacaré
bicho de água
água-bicho-água
bisado batizado n'água
pelo batista João
de barro a barros e a barcos
com velas de veleiro às costas
de costa a costa
tal qual na alegoria de Salvador Dali
de mar abertas as velas do brigue
a convite de piratas e corsários
bucaneiros e flibusteiros
livres bandeiras negras
a assaltar no Caribe
juntando caveira e ossos
onde bebe a morte na taberna
quando em companhia do marujo na taberna
ébrios companheiros
bêbado casal
( Quem seriam os maiores e piores piratas?
Os piratas a albaroar navios
ou os corsários bucaneiros e flibusteiros vestidos de reis
adornados com títulos pomposos de imperadores
ou presidentes de repúblicas
a roubar usando a sanção da lei
a violência ou violação irresístivel da lei
- que é a violência da lei
a pior e mais cruel violência contra outro ser humano!
A violência da lei é pior que o crime mais bárbaro
e mais cruel ainda!
porquanto toda a violência da lei
repousa ou age na sansão
sob o eufemismo sanção
e tem o apoio da multidão bestial
a canalha ingênua
os mesmos que aplaudiram Nero
e condenaram Jesus Cristo ao calvário?!
Tem Sansão personagem mítica-bíblica
e sanção : personagem de lei ou carrasco
verdugo algoz
- A lei é mais algoz que albatroz
e o Direito uma vara torta
reta curva (parábola narrada por Cristo e desenhado por Descartes )
que é segmento de reta em Euclides grego
e se curva ao rei e à gravidade em Einstein
se se por tudo na ilha de Lesbos
ou em boa loa em Samoa )

Jacaré é água
e água é jacaré
um por fora outro por dentro
formando um corpo
com dois corpos
pois é assim que toma forma material e energética a existência
com a tensão na dicotomia dos corpos
que se polarizam na existência
e se unificam na essência
a caminho do ser
a remo do barco do homem
com âncora no invento
do engenho
que Salvador Dali
põe às costas do homem
na sua alegoria na costa do mar
com o náufrago com os pés na areia
ou o homem-veleiro pisando terra firme
depois de tanta água mole!
depois de tanto chapinhar na água
caminhar a modo do lagarto jesus-cristo
e depois entrar pelo vão da aurora de porta aberta
areia aberta aos pés descalços de carmelitas e franciscanos
e dormir feto no ventre de Robinson Crusoé
( Que é jacaré?!..)

Jacaré é água que água bicho d'água
- jacaré é água
que desagua na boca de índio
mar de idiomas e enzimas
indígena aborígine autóctone
( jacaré é água
não jaca
mas parte de jaca
na voz e natureza líquida
liquefeita feita
em língua tupi
na enzima da língua tupi
que há de deglutir o jacaré
outro animal canibal
que dá a natureza vegetal
para o jacaré viver
porquanto viver é vegetar
existir em planta
O homem existe também em planta rabiscada
em signos linguísticos e geométricos
e os respectivos símbolos
que dão significado á história
que sempre é história da ontologia
e não da humanidade
nem tampouco da filosofia
que filosofia nada é
senão uma palavra para o gosto e o arroto
além do bocejo e o bosquejo )

A água tem corpo dentro
e corpo fora do corpo do jacaré
corre com seu corpo aquático do chão ao céu
do jacaré à jaca
( O homem se estende
do jacaré à jaca
este é o território onde pisa
e domina quando dominante besta
- dominante e indomável fera
O mapa territorial do homem
se espicha por terras e terras
latifúndios minifúndios sem fundo
perdidos até ao infinito matemático
do matemático que sonha numéricamente )
Outrossim a água que é o jacaré e a jaca concomitantemente
se enterra sob areias
ou "vive" vida aquática sob rochas
sob arbustos e libélulas lépidas
lepidópteros e coleópteros
dentro do coleóptero vagalume
que risca a noite de luz
pirilampa seu relâmpago
o pirilampo e seu lampejo

Água no leito
se deita sob lençóis freáticos
ou sobre nuvens ao plúmbeo
- plúmbeo de cor de pomba
voando no cinza
que esparge no caminho de vôo lépido
simples voar de pomba
( Simples é a vida
o homem é que quer salvar com remédios e doutrinas de ser
que abrigam seus conceitos de essência ou ser
e sua concomitante não aceitação da existência
tal qual é a existência
e não o que ele quer fazer da existência
com o invento do ser no discurso tenso
- quer salvar o que não tem mais salvação
- o corpo que já é alimento a caminho
a meio caminho
para o rito da morte
que o homem já põe no templo do apocalipse
para evadir-se da realidade
que não usa paliativos como remédios
não tem farmácia para remendos de estropiados
mas farmácia para vida e morte
na picadura da serpente peçonhenta
e no que de tóxico carrega as folhas dos vegetais /
- todos cavaleiros da vida e da morte /
cavaleiro negro e amazona branca /
branca amazona a cavalo ) /

Jacaré é réptil da ordem Crocodylia
da família dos aligatores
família Alligatoridae
uma das três em que foi dividida a ordem desses repteis :
Gavialidae Alligatoridae e família Crocodylidae
nas quais estão em corpo anatômico-científico
os gaviais aligátores e crocodilos
todos animais aquáticos
animais-água na poesia
que dá sombra às catedrais de seus corpos
templos da água benta pelo profeta canonizado São João Batista
o senhor das águas
depois do rei das águas
que está na dinastia do jacaré
e que também é denominado Moisés
no santo livro da genética escrito na fórmula química das águas
- das águas que agem ( pensam) na fórmula
que as águas formularam na lâmina da álgebra

O jacaré é o rei das águas dos pântanos
rei do paul
onde o mato engrossa e dá nome ao Estado do Mato Grosso
O estado do mato Grosso é uma nação originária das ervas daninhas e boninas
que arrastam a palmilha pelos chãos infindos para a liberdade das ervas
( as ervas riem de tudo em nós homens
porque ervas são filósofas cínicas
e homens tolos bufões de ópera
ridículas criaturas
polichinelos na comédia da arte italiana
que é a comédia do mundo
tal qual Dante a lia
na liana que escreveu e descreveu em poemas longos
cantos que chegam ao inferno )

O estado de ervas do Mato Grosso
essa nação das ervas filósofas cínicas
povo de gente simples e austera
filho herbáceo do rio Araguaia
que zagaia as onças pretas que erram pelo mato grosso
que lhes cobre com flora divina coroada pela orquídea brasileira
a qual abrasa os olhos em brasa estupafaciente
acesa na camuflagem da fauna bravia
chamativa de abelhas em enxame de uvas sem passas
na loucura de sonho sem lógica da natureza vista em mata fechada
- ouvida cheirada tateada no silêncio de vidro quebrado pela ave canora
ou pelo grilo que sai da sotaina negra da noite dominicana
( a noite é um frade negro da Inquisição eterna
- a Inquisição que não sai do medo que temos dela ainda em voga nos
ramais dos tribunais e seus anais
onde o grilo canta "grillus" em latim jurídico
este insecto ortóptero da família griyllidae Ordem Orthoptera
sendo que no latim
o vocábulo inseto é, jocosamente" :
"animalis insectus" para signficar "animais que não tem partes"
ou ainda "animais sem secções"
não segmentados ou seccionados
pois essa a visão dos"donos" do latim )

O jacaré fugiu do Plioceno era mesozóica na Europa
para o sul de azul à flor do céu
e evoluiu na práxis à Darwin além da espécie
no gênero Alligator, na América do Norte,
onde prospera também o gênero Crocodylos
na língua do latim e na física e química do norte
com seu corpo herbáceo por baixo
e o corpo eletromagnético por cima
e pelos quatro lados do quadrado
na quadrática raiz das ervas de raiz quadrada no solo

O jacaré põe seu ovo e seu sol
ao oeste onde o mato é grosso
naquele nicho de erva que denomina o Mato Grosso
que foi tratado nas Tordesilhas
sem a anuência do jacaré
ao acaso das ondas senoidais que narram fatos na lâmina d'água
ou ao ocaso do sol

O ovo do jacaré no ocaso do anil
em levante de anum
de algum anum
ou nenhum anum
ou todo anum
na barra da alva com flor de laranjeira à beira da ribeira
e na noite que na nata dorme em tom de anum
no escuro do sonho do anum
um negro sonhar
( a noite é um anum
num bando de anum
ou num anum só
em solitude negra
com lua negra falciforme
pintada por Joan Miró
com personagens dramáticas na noite
- da noite enamorada
nonada nata inata )

Lá na terra e água do jacaré açu
não canta o sabiá
na palma da palmeira que baila no vento de moinho de vento
girando na roda de Van Gogh vivo
Dentro do mato grosso não canta o sabiá
sabe se lá porque o lá sem bemol da flora
não canta lá onde o mato é grosso
mas não é grou
mesmo porque por lá não voa grou
mas sim tuiuiú
jaburu jabiru
Vá saber lá o porquê
se algum sabiá há lá
no lá lá lá do pássaro que canta lá
canoro canora ave
a encher o vento com canto
( Sabe se lá se há lá algum sabiá; há?! )

Lá o lá sustenido que canta na mata cerrada
canta canta em Vanessa da Mata!
- a raiz quádrupla do canto primordial da mata dos Xavantes
e das ervas que se despejam por baixo das matas
com suas cabeças herbáceas tocando o levante na flor
que risca o céu no azul de baixo
e o verde violinista verde das ervas
que sobe à sublimidade além céus
pela escada de Jacó da mata verde
uma cabeleira vegetal de Berenice no solo
cabeleira verde
de violinista verde
grave na toada lenta do violoncelo
com ocelo de inseto
para ferreiro com martelo e bigorna
na oitiva do grave
som que se arrasta

O jacaré é o existencialismo ateu posto n'água
corpo a corpo de água
por dentro dos canais do jacaré
e também pelos leitos dos igarapés das matas
dos rios que fluem entre e sobre terras batizadas
e prontas para fazer todo o Adão
que é um ser do homem
uma concepção meramente humana
sem vínculo material com a realidade ou natureza
conceito esse que vai da planta
nada no jacaré
e anda ereto no homem
corpo a corpo
anatomia a anatomia
fisiologia a fisiologia
consoante engendra a natureza
- essa flor grega no nome para natureza
e tupi na denominação para jacaré

A vida é um jacaré
e procura caminho
por dentro e por fora
na conservação do corpo interior
e da relação com o corpo exterior
espelhado pelo sol nas águas
Não busca remédios
busca reprodução
ou usa a farmácia na peçonha da víbora
ou nos venenos nos vegetais
que equilibram a matéria e energia
ou mata o bicho
para alimento de predadores ou vermes
- Na dança dos vermes
a dança da morte !
e também da vida!
( Ora-pro-nobis ó "Pereskia aculeata"! )

Água é vida
- vida é existência
(realidade, natureza a por flor e esgalhos tortos por luz
na busca do mel contido na luz do sol )
mas o homem se aliena em filósofo
teólogo ou místico sufi
e faz da existência uma essência (inexistencialismo cético )
coisa sua ou "causa sui"
- coisa que a vida não é
pois a vida nem é coisa
mas função de ato com água
- e água é jacaré
que é água
que é vida ...
- simples assim
como as pombas são assim
pombas enfim
- Fim

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