O Apocalipse vem a cavalo /
o Apocalipse está nas patas do meu cavalo /
trotando ou marchando /
- marchador marcando o passo /
no Manga larga Marchador /
( O Apocalipse refoge aos alfarrábios
velhos escritos no pó
com o dedo no pó
desenhado em arabescos /
que não são do árabe /
mas do hebraico-aramaico /
que passa ao grego pela Septuaginta /
e só vem parar em voz em latim /
quando a Vulgata fala /
canta e escreve a revelação do profeta morto /
há temos coberto de pó /
- profeta em pó /
empós tantas alvoradas belas /
que me evoca o poeta Mário Quintana /
já caveira e ossos para bandeira de pirata /
flibusteiros e bucaneiros /
e corsários do Byron romântico bardo inglês ) /
Elia! Cavaleiro Negro do Apocalipse! /
Vem cavaleiro negro do Apocalipse! /
( O Apocalipse é velho como o tempo do homem /
a sobrevivência do macróbio /
do Ancião dos Dias /
do varão vigoroso e virtuoso que sobreviveu ao ímpio /
para regozijo dos justos /
- tempo eterno de longânimo em solidão e solidéu /
se não vir a amazona /
da qual segue o rastro /
porquanto ela está montada no corcel vermelho do Apocalipse /
rumo a uma fonte rumorejante /
onde o profeta espera-a viva /
em carne viva e sensual! /
para a perpetuação dos dias /
que se seguirão a todos os Apocalipses /
até o Apocalipse final /
- o momento escatológico do homem e da terra /
enquanto planeta que morrerá /
enquanto Gaia, a deusa mãe /
que nos mantém em tríduo ventres : /
no ventre escuro de antes do feto /
e no ventre escuro da madre /
e por fim no ventre negro de Gaia /
sob terra ou no pó que fica do corpo /
buscando tempo para arcanjo ou serafim ) /
Sobre o corcel negro, o Apocalipse cavalga /
- o Apocalipse é um cavalo /
com um cavaleiro negro à galope /
um intrépido cavaleiro negro do Apocalipse! /
centauro solto pelos moinhos de vento! /
- centauro soprado pelos arcanjos nos moinhos de vento /
- moinhos de vento de Van Gogh! /
Sobre quatro patas /
quatro cavaleiros /
avançam montados sobre quatro cavalos /
- cavalos com ventas no vento /
crinas eriçadas do manga larga marchador /
em cores letais no cavalo amarelo /
- amarelo cavaleiro a cavalgar distâncias de peste /
espargidas nos quatro ventos /
nas quatro rosas do vento /
espalhando miasmas com palha no ar /
- ar mefítico de paul sem vida /
sem saracura do brejo /
peixes ou jacaré /
ou quero-quero a passar e gritar /
tocando pela brisa sua corda no violino /
numa espécie de tatibitate que ouvimos como se fora : "quero-quero!" /
mas que é qualquer som /
sem qualquer querer ou voz em onomatopéia para ave /
Quatro cavalos /
quatro cavaleiros /
tamborilando o solo /
- Quatro céleres cavaleiros! /
No entanto, nenhuma amazona!... /
Quatro cavaleiros do Apocalipse /
tamborilam tamborilam tamborilam /
fazem do solo escabelo para tambor /
tambor solista /
sob as quatro patas a tamborilar solista no solo /
solidificado sob os quatro cavaleiros do Apocalipse a tamborilar /
tamborilar tamborilar tamborilar... /
com as patas de seus cavalos /
São quatro os cavaleiros /
o Apocalipse sopra quatro cavaleiros ao vento /
- mas nenhuma amazona!.../
( por quê nenhuma amazona
é partícipe do Apocalipse?!...) /
Quatro cavaleiros do Apocalipse /
e nenhuma amazona! /
Nenhuma amazona para deixar seu rasto /
o rasto dela /
ou meu rasto nela /
no corpo dela /
no corpo da mulher! /
- Meu rastro em geoglíficos genes /
escrito ou riscado no corpo dela /
corpo de amazona /
pois também sou cavaleiro /
- cavaleiro branco do Apocalipse /
ou às vezes cavaleiro negro /
escuro no escuro /
obediente à vocação do tempo /
que chama também uma amazona /
para encetar outro Apocalipse /
que o profeta não percebera /
ou não estava legível no tempo da revelação /
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