Quão bela eras tu com tua boneca!
- quão bela menina!
( quão bela é a menina!
- toda menina!
em sua paixão infantil!
sem o homem por perto
a arruinar o sopro do vento no moinho de vento do nariz
pintado no cavalete do menino Van Gogh
ao longo da linha do vento no moinho e no moleiro...
- este artista sublime que cheirou a tragédia pelos moinhos de vento
pelo pelo no pelo do nariz do moleiro
e da ave do mesmo nome
que sabe às intempéries
Oh! mandrião!...procelárias... na procela...)
Quão bela eras!
- Eras de uma beleza apenas vista sutilmente
nos traços e cores simples de Joan Miró
quando o artista olha e põe o mundo em traços e cores
no rascunho da eternidade!...
Quando o pintor tira o mel da luz dos olhos
e põe pelas mãos na pintura
na tinta de mel e luz mesclada
Pelas mãos! e não pelos pés descalços em carmelitas
a descer a escada do céu
envolta a visão em um anil-Miró...
mirado e remirado
num halo de anil Joan Miró
que quando anoitece vira anum
pelo céu da bruxa
em mixórdia com o negrume do anum
tapume de sol
com a mulher perdida dentro das trevas da noite
nas penas capitais do anum
negro feito a morte
- a morte que apaga a luz no carvão
após apagar a brasa
no silêncio do cigarro
que se evola...
com a tragédia escorrendo para dentro
do coração da mulher
enquanto uma personagem em noite de Joan Miró
porquanto o senso trágico da existência
não é exclusivo dos gregos e de Nietzsche
A tragédia é encenada dentro do anfiteatro da noite
Noite fria em penas de anum
lua falciforme negra
similar à cimitarra
curva qual adaga longa
com um carrasco na jugular
e um verdugo cuidando da cervical
na tragédia e rito de execução do sentenciado
( Todos somos condenados
por crimes que inventaram
os senadores do crime
em sua senectude )
Teu corpo de menina distraída
inclinado para a boneca
que colocavas carinhosamente e cuidadosamente no carro!...
- no carrinho cor-de-rosa
que empurravas pela casa fora...
Feliz, de uma felicidade quieta e silente
em surda emoção
Posteriormente tu passaste a puxar o carrinho pela mão
graças ao cordão que amarrei no brinquedo rosado
- com todo o carinho de um pai encantado!...:
quando e enquanto o tempo não era de pedra
mas de água... doce água
- água doce de arroio até na cerveja!
O mundo e o tempo parava então
quedo e mudo te assistindo
outrossim encantado
enquanto brincavas imersa naquele sonho etéreo
Então o espaço deixava de girar com grânulos de poeira
os quais tem o condão de tecer uma cortina para fantasmas no ar
de ar e pó e teias de aranhas semi-arrancadas dos vãos
que o espaço e o tempo abria em clarabóia
para a luz participar do momento lúdico...
envolto eternamente no casulo protetor do tempo
que já criou outras meninas
assim tão felizes de se ver!
( O tempo envolve o ser humano
em uma crisálida de pedra
num fóssil que aguarda a ressurreição dos mortos
porque o homem não quer morrer
não quer deixar o tempo vazio de si
de sua notação musical )
Tudo acontecia quando tu te inclinavas
para teu carinho róseo
e tua boneca amada!
- Era outra Era geológica!....
de tão longe que ficou aquele tempo...
Acho que se passaram eras
- Eras geológicas se passaram pelo tempo depois disso!...
empós esses atos teus
alheios ao geólogo
à geologia à mineralogia gemologia metalurgia...
Ai! como esses atos teus
marcaram indelevelmente a terra
as ervas sobre a terra
a vida vegetal
o planeta e o cosmos!
- e ao meu coração
que é mais importante
que todas as Eras Glaciais
todas as Eras geológicas!
( Dá-se o fim da menina
quando crescem as bonecas...)
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