As ervas entre meus olhos
e o ar a separar
e aproximar
olhos e ervas...
- adicionado
a isto
o céu azul
em pedaços
parcos...
- a luz...
e tudo o mais
visível-invisível
entre olhos e ervas
que está no olhar
( tudo recolhido no olhar! )
dentro e fora
de mim que olho
e colho
a flor azul da erva verde
- limo
verde-limo
( laranja-lima )
lodo
verde-lodo
bacterial
e mais nuvens a matizar o anil
- Que anil!
( varonil?
pueril-sutil-til-vil-fabril-
As ervas trepadas ao muro escuro
cuja vida
está
entre a água que as umedece
e o sol que as ilumina
e dá calor
- amperagem para corrente elétrica
e força química
- que faz a física encorporar...
( ervas daninhas
não deixam a terra maninha,
maninha! :
esta segunda em glossário para "maninha"
era um verbete
da lexicografia
que me evoca a imagem de barro
de um Paulo barbeiro
( Paul da Terra
- um certo Paulo Gaya!
- de tantas dores
- homem das dores
e dissabores!
- que assim sói ser o homem
sobre a carne viva
em chagas de Cristo...
ó nossa dor!
- senhora nossa!...:
de todos os homens vivos!
- que vida é dor
- demasiada dor
física
moral
social
sexual
letal e tal...:
fatal
- até a dor fatal
na derradeira batalha
sobre o Monte Armagedon
em Megido
com o cavalo baio
montado pelo cavaleiro amarelo
que ceifa a vida
- a semear a morte
a peste negra...
as sete pragas do Egito...
com Jezabel de amazona
sobre a égua a trotar célere )
Ah! Paulo Gaya!
que bebeu até morrer
- até a morte!
e também viveu ébrio
no meio do bar
descansando em sonhos
derreado por mar onírico
de bar-barco
à barcarola
que desce o rio
cantante
nos cabelos longos escachoantes da cachoeira
aos borbotões
- que tange o canto a noite inteira
abaixo do clangor dos galos
na rapsódia noturna ...)
A erva no cimo da sebe
com o fogo do sol
a envolver e cozer sua textura
umedecida com vida
- que é alma de água
( água é alma de vida
- vida de égua, girafa, elefante, gorila, flor-de-lis, lírio, ameixeira, cizânia, leão, tigre, pássaros e ornitólogos...
- ornitólogos e pássaros e mais : entomologistas, entomologia, ornitologista, ornitologia... )
E meu olhar a viajar
entre a erva e o ar
pelas ondas eletromagnéticas
da luz que treme
a tremelicar
no vaivém das ondas senoidais
que vão e vem em senóides-sereias
porque meu olhar
é o encontro da luz
com a substância no olho
que captura a luz
fotografa-a
retrata-a
no retrato a olho nu
desenhando pelo contorno do xadrez
- contornando a sombra e a luz
na viagem pela luz
entre o olho e a liana em sebe
Este tecido ou feixe de relações e funções
entre o céu em anil
a erva trepadeira ao calor do sol no zênite
e a luz que leva e traz ondas eletromagnéticas
entre a erva
o céu azul com nuvem branca
o ar que medeia os espaços
entre olho e erva
- este complexo é o meu olhar
em feitio de xadrez
pedrês-marimbondo...
com uma vespa
a voar nesse quadrante do universo
visto
olhado
O olhar é um viandante
com sua sombra e luz
em contorno
É uma peregrinação de elétrons
que faz o olhar
sustentar o anil do céu
no negro de fundo
- de um fundo à Caravaggio
O olhar é um molhar
de treva em luz
e vice-versa
no verso
anverso
e universo
com as rimas
primas
das primas-donas
do canto
mas não do encanto
do cantochão
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