Onde vi uma flor azul /
uma inflorescência azul nas ervas /
uma flor azul em comunidade /
embora solitária no caule /
com tantas outras flores azuis ao lado /
sobre a cabana de ervas /
primeiro telhado que cobre a terra das formigas e térmitas /
gafanhotos e outros insetos
habitantes e transuentes ao rés-do-chão
e ao nível dos subterrâneos ? /
Não foi no fundo de terra dos seus olhos azuis /
que vi a flor azul matinal /
mesmo porque seus olhos não são azuis /
neles não ficam nem resto de um primeiro azul /
tal qual um primeiro violino /
Após olhar o primeiro azul tocando nos seus olhos /
Não sobra nem um rascunho de azul para olhar /
tampouco um segundo azul /
ou um segundo no azul /
( seus olhos não tocam num primeiro violino /
nem num segundo violino :
um Stradivarius outro Amati ) /
De um verde de ervas daninhas e boninas /
seus olhos em rascunhos de luz ! /
Vi essas floradas no azul /
numa manhã pacífica /
Mas ao cair da tarde as flores antes azuis /
rutilavam na cor amarela /
Teriam as golfadas de flores azuis fugido para Meggido ? /
ou nunca existiram por fora dos meus olhos /
estavam dentro deles plantadas /
com as raízes na terra castanha /
que pinta e tangem meu olhar /
Ou seria tão-somente
o azul do céu que descera e se ajoelhara em ervas /
colorindo a alma das flores com azul celeste /
azul e anjo /
Descobrir é apenas perceber /
nada tem de Cristovão Colombo ou de Nuvens de Magalhães /
o poeta não descobre e sim percebe /
Percebi numa manhã em vôo alma de gato /
que haviam brotado num canto do muro /
dentre florizinhas amarelas sobre ervas /
pequeninas e delicadas flores azuis /
no cume da cor /
Com o sol no zênite /
e em seu movimento de nadar até o nadir /
o azul tinha fugido das flores /
e ficou somente o amarelo /
as florzinhas de sorriso amarelo /
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