terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

VALQUÍRIA(VALQUÍRIAS!) - glossario glossário

Ficheiro:The Valkyrie's Vigil.jpg
Solipsistas somos
quando pensamos,
bela Valquíria,

uma das Valquírias,
filha de Odin,
quase uma amazona
em cavalo alado
não fosse o detalhe do seio.

Todavia, esta frase
tem o defeito
da voz estar no plural
quando se disserta
sobre o solipsismo
(um "ismo" a esmo doutrinal,
brava medusa!).

Então recomeço:
solipsista sou ao pensar,
ao passar o pensador
que penso ser
em meu seio.

Eremita do espírito,
tipo Nietzsche,
ou da alma,
que para o filósofo Aristóteles,
era ( a alma!) nada mais, nem menos, Eudemo,
que coisas nossas ("Cosa nostra"),
quer dizer,  os movimentos interiores:
paixões, faculdades e disposições,
coisas que se movem
e constituem a alma
no pensar, talvez sem pensar,
do estagirita de textos exotéricos e esotéricos,
mas não na acepção do místico
que revive em imaginação
os Mistérios de Elêusis.
(No que tange a lira da alma:
eu tenho alma de gato).

Quando penso estou em solidão,
nem sempre em solitude.
Por outro lado
o que medito
faço-o utilizando a língua pelos outros criada,
a qual já peguei, na minha língua
anatômica e fisiológica, 
grande e apta
a expressar um universo
em prosa e verso
desde o berço
até o ignoto para o qual aprôo a proa
em nau para náufrago,
sem embargo de ser
hábil navegador de barcarola,
bergantim, fragata, veleiro brigue à bolina.

Ao pensar penso os pensamentos
que  outros já pensaram
e, destarte, não estou só,
porém em companhia de ideias(formas) platônicas
de um amor que busca outro amor
em outra alma
dita gêmea,
mas fêmea e macho é o que é,
e acha achas de ódio acesas
na escuridão da noite do mocho,
sentimento que mata a alma
ou inocula o vírus que pode matá-la
na mata ou na cidade-fantasma
de almas pensantes
onde grassa a desgraça
em rebanhos de homens
pastando e sendo pastoreados
pensando que são  felizes
tal qual pensava aquele homem
que escreveu a Ética a Nicômaco.
Homem virtuoso, sábio, erudito, magnânimo...:
tudo o que deve ser homem
e o é, se quiser,
com livre-arbítrio ou sem liberdade alguma
na face que carrega o gravame da cultura
e da civilização ocidental ou oriental,
já tardia.

Se penso solitariamente
e, ao mesmo tempo,
não penso em solidão
mas pensando com  pensamento alheio
junto ao meu,
constituindo-o, construindo-o, desconstruindo-o,
pois tais pensamentos e ideias
passam pela minha mente pensante
de instante a instante
a instar pela verdade
ínsita em mim,
a qual só vale para mim
e, no entanto, no  paradoxo da dialética comunitária,
na comunidade dos filósofos,
vivos e mortos os homens,
( os filósofos nunca morrem:
sobrevivem em signos
junto aos poetas!)
- a minha verdade,
que é uma aletheia,
não é válida somente para mim,
neste embricamento em que tudo
é, tautologicamente,  ser e não-ser,
simultaneamente,
em universos paralelos;
esta verdade, no diálogo com Platão,
estão apenas,
com apnéia ou sem dispnéia,
dentre as muitas verdades individuais,
as quais valem para todos,
imbricadas com diferenças de tese,
pois eu me planto
onde outra raiz não cabe,
nem o plâncton;
e o mesmo se dá
com outros vegetais
com ideias cabeludas na cabeça
de basta e farta cabeleira ( da Berenice!)
ou com tonsura
tal qual a minha sem sura
em surreal ato terrenal.

Ao  explanar sobre a maniquéia
dou ao olvido
ou faço ouvidos moucos
à Nicomaquéia
porque sobrevivo num mundo cristão
e, portanto, minha memória genética
tende a lembrar da heresia dos maniqueus
e olvidar a sabedoria justa do filósofo
grego ou árabe.

Entrementes, o conteúdo da Nicomaquéia
e da maniquéia
é tão antigo quanto  pensar do ser humano
e é obra dos povos
e não de alguns sábios e eruditos
e de alguns heréticos
que a santa madre igreja calou
não com as fogueiras da inquisição
que não havia então
mas, quiçá, com o calor
dos discursos inflamados
ou outro modo político mais perverso
e mais afeito aos homens políticos
que nunca perdoam
mas sempre matam
e depois de calar a voz trovejante
perguntam o que dizia o temerário
e coroa-o com louros
para defuntos laureados.
Falácias!
Lauráceas!

Os físicos da quântica coevos
acham que estão no supra sumo do conhecimento,
mas o que sabem e conhecem
é apenas costura de contexto
e amanhã será tão vão
quanto o saber e a erudição medieval
que, não obstante,
é o mesmo saber e erudição contemporâneas
em outra contextualização.
A ciência nunca sabe nada
que não está em contexto;
logo, não sabe nada
e, paradoxalmente, sabe tudo
no contexto lido e escrito, vivido.

A filosofia que é menos prática
que a ciência
e tudo o que sabe e conhece questiona
tem sua práxis no pensamento,
não na realidade realizada ou realizável,
malgrado pensava Marx.
Entretanto, é a filosofia
que constrói o saber o conhecimento
usado na prática
e na práxis do cotidiano atual
e medieval
moderno,
hodierno.
Por Odin dos nove mundos! :
- senhor das Vaquírias.

Digo tudo isso
para o bem da Vestefália.
Vestfália?!
Ficheiro:Valkyrie Copenhagen.jpg
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