quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

BASILISCO(BASILISCO!) - dicionário dicionario

Um  lídimo, incréu amigo,
único e quiçá último
a fazer frente ao basilisco(basilisco!)
errabundo pela terra
aonde pisa
não a torre
mas minh'alma aristotélica,
-  homem na senda de filósofo epicúreo,
não crê, pindoramicamente,
sob a vara da Vera Cruz,
que é bastão também da ciência,
que sou o  guardião da memória
dos meus oito meses de idade!
- tudo porque uns e outros cientistas patetas
pássaros sem asas
prisioneiros de um contexto
que lhes "colga" uma máscara de ferro à face
decidiram depois de rigorosas pesquisas patéticas
que não se tem memória dessa idade
- E ponto final, lobo mal!:
Cumpra-se o mito e rito
e dê voz ao pregoeiro do estado
ou à matraca da sogra.

Certa vez disse à minha mãe,
já casado, pai de filho e filha,
- disse eu a ela, minha mãe,
que meu pai,
que fora atirador emérito,
nem sempre atilado,
certa vez, num evento ocorrido na varanda
ao fundo da casa,
sobre uma balaustrada
que servia de encosto aos cotovelos,
estava com "Bitencourt",
amigo do meu pai,
a praticar tiro ao alvo com espingarda.

Recordo-me perfeita e nitidamente,
como não se fora uma memória antiga,
mas atual, atuante ante mim,
que Bittencourt ( ou fora pai?!)
com um tiro sem "tirocínio"
acertou o pé de uma galinha
fato que deixou em alvoroço
e comentar já espevitado:
"acertou o pé da galinha!"
Este o meu dito
com algum ricto
( A frase inteira não merece um "sic",
deve sofrer com solecismos sofríveis
que não hão de dar azo
a debiques de gramáticos pernósticos)

Minha mãe, ao ouvir-me mais serenamente,
depois do baita susto,
retorquis, sem pestanejar,
que era impossível
eu me lembrar daquele fato
porque era, então, uma criança
com apenas oito meses.
Chegou a aventar a hipótese,
se não me falha a memória ( a memória!)
- exercício mnemônico mais fresco que aquele
do menino de oito meses!,
que ela teria narrado o caso para mim.

( Ora! Um episódio narrado
não é igual ao um fato,
pois na história há palavras
e se se lembra o ouvinte
de coisas visíveis
são coisa imaginadas
pelos olhos não paginadas
com olhos fechados nas paisagens surreais
e não abertos a paisagens reais,
quer seja em obras de arte
ou em natureza exuberante
porquanto coisas visíveis
pode ser imaginadas
ou rebuscadas na memória
já, então com o gosto da imaginação
a pervertê-las, maculá-las,
por nelas um tempo mofo
onde medrou o bolor;
- o que não se dá com coisas vistas
na torrente do existir,
à beira da vida :
estas estão acesas no acervo da memória
e não no cabedal da imaginação,
que faz do artista um caudal
de obras de arte,
miscelânea de memória e imaginação
( um centauro vivo cavalgando Picasso! :
este o artista antes de sua apoteose
- que é seu apocalipse)
O poeta é assim
um alienado de si, sim;
porém não o homem,
que somente se mescla com o artista,
quando aliena a memória na imaginação
ao postular seu pensamento
ou sentimento no  mundo
por meio de uma obra de arte
ou outra forma de opúsculo
para oitiva de organista
do porte de um Buxtehude ou Bach)

Entrementes, parece-me que logrei
convencer minha mãe
não com o rigor de acurada
lembrança visual
demonstrada por mim,
mas porque ela me conhece
desde as entranhas.
Árdua tarefa seria
convencê-la de uma mentira
e se eu fosse mendaz ou fantasista
ela seria a primeira a saber
da fealdade de tal defeito.
Ela sabe que sempre fui veraz
e se deixei enganar
foi por mim,
o que não é o caso "in casu".

Sem embargo, nem desembargadores
a me embargar a liberdade,
falei do tiro que alvejou a galinha,
de cujo destino vim a saber por ela :
a ave foi para a panela
conforme soía ocorrer com os galináceos
que meu pai matava ou furtava,
aos céus  em pombas-verdadeiras e ariris
e na terra aos incautos vizinhos
crédulas criaturas
que meu pai iludia
pondo o sumiço das aves
na conta de alguma raposa
que inventava ele que vira
à espreitar o ambiente;
isso se dava
quando morávamos no mato.
(Velha raposa das fábulas!:
Quanto vento, quanta uva!,
quanta saúva na chuva
que respinga curvas no ar...)

Naquele tempo, já sob Evangelhos canônicos,
( apócrifos não!),
a vida dos homens
ainda  estava a salvo
dos desassisados que tomaram a terra
- de assalto!
e instituíram a escravidão
na esteira da estupidez
que se configurou em doutrina
nos meandros labirínticos
dos meios de comunicação de massa
com os copistas de textos
com suas mentes de xerocopiadoras.

Minha mãe, então, contou-me
que, à época em tela,
estava grávida ("esperando") de minha irmã,
cuja diferença de idade para comigo
é de exatos dez meses (sem matemática!)
- e que eu estava ao colo materno
quanto ocorreu o "indigitado(?)" incidente
debaixo da Betelgeuse ("Alpha Orionis"),
sob a Coma da Berenice
e da cabeleira negra da Medusa.
Adorável medusa!

Assegurou-me, outrossim, minha mãe,
que eu "adorava!" armas de fogo
e, quiçá, por isso, também,
o episódio nunca foi dado por mim ao olvido
nem  fiz ouvidos moucos
aos loucos disparos a espocar
nos meus tímpanos tenros
naqueles idos...

Acho (sem acinte!)
que me lembra até o lugar
onde se fixou esta memória:
era numa casinhola, por certo,
algo torta, qual aquelas
esboçadas e pintadas por Van Gogh,
contígua ao "Colégio do Santíssimo Sacramento".
Contudo, isso pode bem ser, reconheço,
memória em mixórdia
- com imaginação pendular,
pois não tenho memória visual
dos arredores e da rua,
tampouco do exterior do casebre,
que não navegava em prantos
na rua Inácio Quinaud,
o poeta suicida
numa memória douda
que penso guardar
do que minha mãe
supostamente me contou
ou quis eu mesmo,
por conveniência poética,
com licença poética,
assim imaginar
e por em um obelisco
na minha aldeia voltada para dentro de mim
em grito para estribilho de alma rascante
no seguir o voo de ornitólogo
que, logo, no "logos", não sou.
Sou-o a rogo da ornitologia
que clama por mim
nas pombas que rasgam o céu.
( Fico de olho :
- Sou de olho...
na ave : não na ornitologia,
um ornitólogo.)

O que me entristece
e me cresce em "tristesse"
e tece uma prece dentro de mim,
é não lembrar-me de fato,
ato a ato,
com "pathos" filosófico,
que, enquanto eu saltava freneticamente
no colo de minha mãe,
- minha irmã se remexia no ventre da madre
( Não a madre superiora
do colégio supramencionado,
a qual não era qualquer abadessa,
que desça do pedestal de deusa
em templo cristão,
para-templários,
mas apenas uma mera freira com hábito
e véu negros(nigérrimo!)
ocultando bela cabeleira negra,
de onde surgia tipo a lua branca
parte da bela face
de uma mulher com modos distintos,
flora inquieta)

Todavia o que mais lamento
é aquilo que ficou em quilos
dados ao olvido :
- que eu, segundo ouvi em segundos
evangelhos, na voz de minha mãe,
que, aos oito meses
já era um entomologista
formado ( no vento ou no ventre?),
pois estudava os besouros com afinco
depois da meia-noite
(por isso amo tanto os coleópteros!)
e as formigas saúvas também
(por isso amo os himenópteros,
mormente os com asas
no tempo das águas?!,
senhor Deus de Moisés,
que era gago, ou tartamudo,
e Aarão, que não era gago,
mas tinha um nome bom
para o tartamudo irmão tartamudear).

Pena que me não recordo
da vez em que, com a habilidade,
que minha mãe me disse
que me era peculiar,
eu pegara uma saúva
e a colocara no berço
da minha irmã recém-nascida,
num ato de crueldade infantil
da qual tenho saudade
para gáudio da minh'alma aristotélica
e desfalecimento dos hipócritas,
gente que nem Jesus perdoou.
( Jesus sabia quem merecia a remissão
e quem a danação das Danaides).

Que me "pendoem"
mas me não  perdoem
estes atores e autores da farsa
cabalmente perpetrada por eles
- que crucificaram
queimaram Cristos em fogueiras exteriores
e nas fogueiras que são suas vanidades.

Porém "tudo é vaidade"
assevera o Predicador
perdoando-os
- antes de Cristo
( porque eles, os hipócritas,
ignorantes que são
não sabem que antes de queimarem outrem
eles jã se queimaram e se crucificaram
mesmo ( e muitas vezes!)
depois de mortos em vida
- mortos por eles próprios
que se odeiam tanto
que o ódio, o despeito, a inveja, o rancor...
que os atribula a existência
transborda para o mundo
e essa enxurrada de regurgitação do mal
afoga o homens
antes  que possam ser de queimados,
torturados,  crucificados
também se nutrindo por enganados,
esganados e, assim, danados,
dos pesticidas presentes nas crucíferas,
que não são sãs feras
como os homens...
- que são santos e demônios
na alma da nicomaquéia
que passou ao latim
e depois à entidade cristã
com outro móvel
- movimento que tirou a alma
do ânimo do animal
( A palavra em latim me "anima",
mas desanima os etimologistas em Cristo.
Que sol os cresta, crespo Cresto?!)).

Pobres não são os diabos,
mas estes pobres-diabos :
- os hipócritas, esses danados!

Com toda essa arenga
não quero ter a pretensão
de convencer (converter) o amigo,
ao meu credo, que é irrelevante,
ou ao meu cruz-credo! de todos os credos,
credores e crediários;
pois isso seria contra a minha filosofia
da qual sou livre.
( Minha liberdade só esbarra na medusa
quando a barra da alva
solta seus cabelos
que me envenenam :
é a cobra e o rato!
Só não sei quem é a serpente
nesta história predatória...)

A minha,quase-minha!, filosofia,
a qual não me apego,
( como poderia me apegar às alheias!)
constituída por porções ( poções?!)
ou pedaços tortos
em línguas tortas para mim
de muitos filósofos,
que vieram de cambulhada
depois de uma queda da torre de Babel
sobre meu cérebro em chamas.
Por isso, minha quase-doutrina
não tem a presunção burlesca
de nada querer provar
com ânsia de prosélito,
com fanatismo sectário religioso.
( provar é sempre mentir em conjunto
no contexto e em  texto probante)
e seria contra minha ( quase-minha!) filosofia
que é verdade de eremita,
aletheia de poeta azul,
paixão de enamorado da medusa,
demência de cavaleiro andante,
provar qualquer coisa, ato ou fato,
mesmo porque o que tenho
é licença poética
para não provar nada
e penso ancho,
mas não acho,
que minha verdade
-  é verdade verde
furtada à cor do violinista verde
- verdade que só vale para mim!,
enquanto verdade viva,  vital,
e não a verdade avençada
para paz e pasto ao rebanho,
- verdade de pasto, pastoral
 e o pastor de ovelhas.

Tampouco tenho a presunção brutal da lei
confeccionada sob medida
para prender a canalha
e os canalhas e arrivistas
que estão no timão
da nau dos insensatos

Antes os poetas Hesíodo e Homero
eram os doutos e eruditos
que formaram mentes
tipo Ésquilo, Sófocles, Aristófanes,
que deram em filósofos do porte de Platão;
eles escreviam poemas gigantescos
e não se pensavam em prolixidade
porque usavam a poesia para pensar
através da visão do belo nos versos
e nas imagens e metáforas;
sabia-se que não eram prolixos,
mas filósofos que uniam a beleza à verdade,
o útil ao agradável,
na união  do ser de Parmênides, o eleata,
que escreveu em versos.
Hoje uns poetastros
escrevem duas estrofes
ou três versos para simplórios
e se imaginam versáteis e econômicos,
quando não passam de encômios
cômicos e incômodos até para Cômodo,
um imperador de Roma.

Outrossim há uns Filostratos
que enchem mil páginas
e milhões de animais vestidos,
paramentados pára um ritual,
com um assunto monocórdio
que lembra um coração partido
que vai ao médico com arritmia severa....
( Isto não tem fim, Fábio...
(Gostaria de conhecer o deus epicúreo,
o deus dos jardins,
grande desprezador dos homens,
que escrevera trezentos livros
- num jardim!
Diz Nietzsche que Epicuro
passou anos para ser reconhecido na Hélade,
se é que sua doutrina é compreendida hoje!
Imagine Husserl
que escreveu 40.000 páginas!)
(Espero que a física quântica
consiga realizar a travessia
pelas dobras do tempo...
- se é que a doutrina quântica
e a equação de Einstein
não passe de mera formalidade contextual
ou passe de mágica ( mágico, mago!)
ou outro tipo de passe...
Que passe!
- de passista no samba, mulata
com cara de dama de Picasso! :
um impasse na arte
de passar um olhar pelo existir
com geometria irisada no olho
- euclidiano...)). 

( Excertos do opúsculo do organista da Igreja de Saint-Sulpice : "Escolha de Luares para o Pastor Enamorado pela Medusa : um Poeta Árcade Árabe que não Sabe a Cajado nem a Mar Arabescado")


lquiria Odin valquiriaestatua de valquiria equestre cavalo aladoviolinista azul celeste violinista azul celeste violinista verde verde violinista da clorofila fila clorofila verde ver
marcel duchamp mulher subindo escadas marcel duchamp mulher escadas pintor obra pictorica artista biografia obra vida
medusa de bernini canova dicionario filosofico filosófico juridico jurídico dicionário enciclopédico enciclopedico enciclopédia delta barsa enciclopedia delta barsa dicionario etimológico etimologico etimo etimologia onomastico dicionário onomástico verbete glossário verbete glossario léxico lexico lexicografia vida obra biografia pinacoteca arte medusa gorgona górgona mito mitologia grega mito terminologia cientifica terminologia científica dicionário científ
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário