segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O VIOLINISTA AZUL CELESTE E O VIOLINISTA VERDE CLOROFILA - verbete


Sou o violinista azul
esfarrapado de azul
perdidamente apaixonado pela Medusa.

Violinista do azul
- de um azul sem sul
que ama a musa
medusa
musa minha

( E a medusa que me não induza
a vestir a blusa
que não usa
a musa russa
- ursa na maior altura
- à altura do céu
e da altivez
da vez do fruto de vez
useiro e vezeiro
do azul do sul
em sumo de céu anilado
e aniquilado
pelo gasto e gosto de anil
a mil milhas do milharal
e do milhafre
em afresco do vento
que não venta
na venta e nos foles
do porto morto
sem horto e horta
e aorta...
impassível ex-ser
empós as auroras
e negras horas
tecidas com rocio
sobre ruminadas paixões
em serões nos casarões
musicados nos violões
com baixo teor de contrabaixo
em violoncelo no ocelo da mosca morta
e da moça torta
levando a morta
ao necrófilo....
anã marrom classe y
na manha da manhã
raposa velha...)

Sou eu o violinista verde
esverdeado pela ruminação
que toma rumo
nos bovinos do meu coração
vermelho-flamengo,
flamejante flamengo
flamingo ao domingo
servido em dança flamenga
- sapateada, sapateado,
cheio, cheia de paixão fatalista, fática,
- paixão espanhola-árabe,
povos passionais ao extremo :
paixão tão cheia que chia no plenilúnio
amarelo no olho para amar arte de amarelo
alelo ao gene
e um ou outro novilúnio branco
que luta com nuvem alva
e contra a estrela D'alba
antes D'alva
na barra branca,
alva como se pastasse alma
na verdade verde alga,
algo bizarro
em jarro grego
ânfora
roda de moda e modo
- em modo de combate
embate de vate
que late
em latim
e castelhano
lhano
lhama ( "lhama glama")
ruminante a ruminar
dentre outros camelídeos...

Sou o violoncelista
e o oboísta
que quer tocar
a medusa
difusa
pelos pelos dos meus dois olhos
- negros pedaços da noite
devassando a mulher
dentro da noite
da alma pintada por Joan Miró,
aquele arlequim
com fogo de serafim
-  tipo o que queima em mim
seraficamente.
Será fim
ou enfim
o infinito
no amor finito
no infinitivo
do verbo
em verborréia
prosopopéia
européia
abelha...
sem telha
para a teia da noite
tecer
e descer
ao abismo
do mel
e do favo
avo
avoengo
avoado
a voar
no ar
sobre mar
sub amar
que é maior
que mar
e oceano
que não ouço
daqui no ouvido
em olvido de mar
mas não de amar
até passar o céu
lua e estrelas

Sou o violinista azul
que Chagal pintou
numa hora de amor
que tinha que ganhar
vida eterna
enquanto for eterno
o terno amor
entre eu e a Medusa
que me lambe como os olhos
e me transmuta em penha
que o mar lambe
na sua ação
de amar
- que mar também ama,
sabe a mar
e amar

Amar a mulher amada,
amarga górgona,
é sina de homem
e sino a bimbalhar
endechas em responsos
aos tristes Alphonsus
que somos "sumus"
em suma teologia
em agonia de teogonia,
teologia, ufania e epifania.
( Querem mais
animais
divinos
forjados por Nietzsche
em sua fornalha de sanidade
e santidade anti-cristã.
Anti-Cristina?!...
ou tão-somente
anti-cretina...
querendo creatina e creatinina...
santidade incanonizável)

O amor, bela medusa,
é como o sol
que não pode deixar de incidir
sobre a planta
que espera seu olho luminoso, caloroso,
a tocar com carinho
o verde violino verde
que é o coração
do violinista verde
- que sou eu!

Se não há sol
não há canto de clorofila
nas cordas vocais do violinista verde
e então a paixão definha
até o fim
quando o sol
não incide em seus olhos
e de seus olhos
salta para os olhos sequiosos de luz
do violinista verde.

Se há muita incidência solar
cresta a planta
do jardim de dentro das Hespérides
que somos e sabemos esperar ser
para ver e crer
com São Tomé das Letras.

Se já não nos amamos
porque o amor está interdito
por outra paixão toda-poderosa
que nos toma todo
então nem nos sonhos
nos vemos mais.
O olhar, que é sol,
que rutila de dentro para fora
se apaga
mesmo no mundo onírico
- tão rico
e tão livre!

Senhor Deus dos enamorados!,
por que o amor
é este tirano,
o déspota que nos domina
na luta contra o tempo
e o império absoluto da paixão
que luta renhida luta,
mas não vê luto
sob o véu negro
das trevas a fazer balouçar os olhos negros
que se procuram em quatro olhos
que se acham em dois olhos
e se queimam seraficamente?!

Quero me queimar
feito um pai seráfico
em seu amor
no cadinho da paixão
que leio em seu olhos
negros de doer a noite
em borrasca... que desmache
o manche da caravela
que não seja a cara dela.

 
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Um comentário:

  1. Olá ! Gostei da sua poesia! estou tentando o mestrado e falando sobre Marc Chagall na poesia de Cecília Meireles e encontrei a sua. Queria muito saber mais detalhes sobre vc e sua poesia. Também queria saber da escolha pelo quadro de Chagall.
    Um abraço

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