domingo, 17 de fevereiro de 2013

CIDADE DE RUI MUNIZ(CIDADE DE RUIZ MUNIZ!) - verbete


Os Montes Claros das Minas Gerais:
esta a terra de Rui Muniz,
homem todo-poderoso,
um deus epicúreo
a olhar compassivo
os reles mortais :
a ralé a seus pés
- por escabelo.
( Nos cabelos da Medusa
com "endechas" em mechas de serpentes
não há como trilhar caminho
nem se perder o caminhante
em meio ao caminho do meio
que leva a um pequizeiro
que oculta o amarelo,
alelo nos genes,
estampado em estampido de cor
na polpa da fruta,
refeição frugal,
que vem que vem escapsulada
e chama a voz em língua nativa,
faz vibrar  as cordas vocais
na boca, caixa de ressonância,
da língua do tupi,
que havia aqui
ou alhures,
junto ao pequi,
no glossário do idioma indígena,
na própria palavra pequi ("cayocar brasiliense"),
por aí, ali, lá e acolá
( no lá lá lá e blá blá blá)
desde o tempo do tupi e do guarani,
antes do guaraná,
junto ao lobo-guará,
- que Deus o tenha!,
porquanto não é mais espécie extante,
mas extinta tinta de melanina...

Sim, acho, no cacho da língua
que se edita,
neste meu achado chato,
no charco da chávena,
dado ao bolor
ou ao mel de jataí
que, na língua aborígene
de um povo autóctone,
ou no canto de desencanto da juriti,
que o vocábulo "pequi"
não é nenhum  idiotismo,
tampouco mero achaque meu,
ou "homérico" "achismo",
sem licença poética
nem mérito de nenhum anum,
mas usufrui do consentimento dos etimologistas,
senhores da gesta
e da onomástica da besta :
arma e arminho.
( O rei Rui,
o Rui rei,
rói o pequi
sem ruído?!)

A etimologia de pequi
rima e é do tupi,
idioma indígena,
não alienígena,
- isso assevera
a severa enciclopédia não-tupi,
tinhosa, garbosa,
dos enciclopedistas europeus,
que gostam de ouropéis,
- tudo ao gosto de Voltaire
em Dicionário Filosófico
cheio de bazófia e empáfia,
lábia e "máfia",
olhando do empíreo
para o que inferem ser sub-reptício
na ortografia dos gramáticos
que sonham ser
chapeleiros malucos
ou tontos zonzos sonsos :
tudo de um vez e voz,
ó pós-modernos,
hodiernos!).

Senhor deus do dia
e Canis Major
à noite, a tenebrosa rosa negra,
Antares a rutilar nos ares
- direto do empíreo sobre o império:
Este é Rui Muniz,
ou penso que seja
Rui Muniz
no canto que amanhece
e não arrefece,
mas aquece a prece
ou o salmo engasgado ou engastado
na minha garganta
como se fora uma procelária
imigrante dos sete mares
ou Aldebarã ("Apha tauri"), Aldearan!
- a cintilar sobre pomares,
faces de bruxas em esgares
na faceta medieva do tempo
no qual a teologia teoriza
( Teoriza é ministro coevo
do Supremo Tribunal Federal)
e teorizava, aterrorizava,
que as feiticeiras tinham algo
a ver com algas
marinhas ou ilhas maninhas
ou ervas daninhas
danosas e danadas,
que eram e são
na Era coeva,
aquelas mansas "doninhas",
megeras ou moçoilas,
as quais em pecados capitais de luxúrias
e outros que tais,
mantinham relações imorais
com Íncubos e Súcubos,
pois que eram sodomitas heréticas
assentadas na cadeira inquisitória
para maior gloria da história
da cristandade cavalheiresca
e burlesca, dantesca,
antes de ser burguesa
egressa dos burgos da baronesa
e dos conventos das "Teresas",
monjas em maus lençóis,
porém sempre caridosas,
nos cabelos soltos de Rapunzel,
longas madeixas
estendidas para a fuga
dos pobres condenados
-  sentenciados e no rol dos coitados
por uma ninharia
e um juiz corrompido pela vaidade,
que valia menos que a mais-valia
ou menos, ao menos,
 que uma nonada
ou apenas trinta moedas
aptas a comprar para si
o Campo do Oleiro
ou trinta siclos,
preço de custo de um servo
segundo reza o Código de Hamurábi
na antiga Babilônia
da torre de Babel
e dos homens de papel
em signos e símbolos desenhados
quiçá em pergaminhos de Pérgamo
ou do mar que é Morto maroto
ou papiros do vetusto Egipto dos egiptólogos
e dos Ptolomeus
e dos escravos arameus
em cativeiro, na diáspora.

Esta a cidade dos Montes Claros
na poética sem ética
longe da Ática e do Monte Parnasso
pelo Peloponeso do não-ser eleata.
Terra enclavada entre as Minas Gerais,
a qual temos que dividir, malgrado,
com o "Aedes Aegypti"
e outras moscas mortas
junto ao outono de folhas mortas
no outeiro adusto
a amarelar ao rás do chão
feito um anjo decaído
morto o motor em corpo de voo
sem corvo planador
a aplainar o plano ar da planície
e do planalto da Borborema
no rebordo oriental.

(Ah! esqueci-me do caminho
no meio do caminhão
e da metade do cominho("Cuminum cyminum")
no meio do colmilho
e do dente do siso
no veio do siso do assisado.
Insto a Deus para este olvido
não seja o mal
nem me ponha a bailar
com Alzheimer
o médico geriatra que detectou
alguma disfunção
que se dá no idoso
a cavaleiro do lado escuro da lua:
Todos somos estes cavaleiros embuçados
a caminho do negro lado do luar,
encapuzado quer seja no Minho,
quer seja nas Minas Gerais
de Montes Claros
de um preclaro Rui
que não rui,
conquanto a ruína
reine ruinosa
a trote no corcel
do cavaleiro amarelo
e do ginete negro do Apocalipse
a espera da eclipse
e do desenho do movimento em elipse
na equação elipsóide
que capta em linguagem matemática
a forma ou ideia da elipse,
um conceito de geometria plana
que refoge ao analítico:
figura do movimento de um tempo
em metáfora e algo de metonímia matemática,
linguagem algébrica
e engenharia árabe
para arabescos de Alhambra
sem sombra de alfombra.
Saído da Capela Gótica de Sainte-Chapelle
ou na Igreja de Saint-Sulpice
o cavaleiro templário
em fuga desabalada do fogo
na Igreja de Santa Maria Novella,
brasileira à beça
ou à beca...
com o martelo das bruxas e toga
para caçar bruxas à noite
manchado pelo incêndio
que devorou vidas
qual praga de gafanhotos
sobre a lavoura do Egito faraônico
que ficou sem primogênito algum,
exceto os filhos de Israel).

Esta a cidade de Rui Muniz
um plenipotenciário
- o príncipe de Maquiavel
e o super-homem de Nietzsche
para além do mal e do amém
não refém da moral, do imoral
nem do amoral,
ao pé da amora,
livre para ser consigo
e com os outros.
Não um homem mefistofélico
como querem seus detratores
que, dissimulados, fingem não saber,
hipócritas que são,
que um homem de verdade
está isento do bem e do mal,
mas não infenso à maniquéia
doutrinária e prática
que vige no mundo.
Ah! aqueles senhores
não sabem que ser justo
é impossível com o corpo de pó
levantado pelo ar
e coesa na água,
qual fosse uma obra poética-filosófica,
cuja unidade é a mesma
do ser de Parmênides, o eleata.
Aqueles maledicentes, pusilânimes,
jamais fizeram a travessia
por qualquer  Rubicão
montados no alazão
em silhueta de centauro
debuxada entre céus e terras
- refletida na água cristalina
em imagem de Narciso
admirando o belo
que há em si
- musical.
Todavia, fê-lo Rui Muniz,
porquanto  Rui não rui
nem faz ruir os ruins,
os ruinosos, ruivos ou não;
nem cala com a noite, a calada,
por toda a madrugada na adaga
queda e muda com madrigal,
galos em rapsódia e cães a ladrar,
ao léu para o ladrão,
- madrugada que não cala a fala,
tampouco é tampo, tampa,
para o rumor dos ruidosos!
( Apiade-se quem quiser
que "Apiedacea" é da família
que bota botânica nas ervas daninhas
que não deixam a terra maninha
consoante pensa o senso-comum
em homem medíocre
que serve vinho aos odres
podres)

Esta, outrossim, a cidade-estado
da minha Medusa,
cujos ofídios nas mechas dos cabelos
cor de ameixas nigérrimas,
são ofídios que não me ofendem
- são endechas que descrevo
para notação do cantochão.
Ela me suplicia
e o suplício do Império Romano
que vingou por toda parte
nos crucifixos, cruzeiros de igrejas,
Cruzeiro do Sul,
nos céus em anil
ou anum preto
onde os aeroplanos
são cruzes aladas
( Cruz-credo!),
com sinistras suásticas
na guerra pretérita,
cruzes que sobrevoam em planador
sobre o plano de Euclides
e o Plano Piloto
e Brasília de planos infames
pata pilotos perdidos
ou fora da esquadrilha da fumaça,
dentro da quadrilha formada
quase em paralaxe...
- o suplício do império de Roma
que desce ao rés-do-chão
com as crucíferas
que não falam latim,
mas por certo são "faladas",
cantadas e escritas em latim,
em nomenclatura binomial de Lineu
e outros ateus com Deus...
não é suplício maior
do que o que me propicia
a medusa
que não é um mito grego
mas uma mulher que se enamora
do tom carmesim da amora
e eu um homem nada prosaico
plantado na terra
que é a mulher,
sendo que o homem
é um mito cultural
e um rito vegetal
radicado na terra-mãe,
que é a mulher,
que pode ser a medusa ou a musa,
- nela, na mulher
o homem é um vegetal
em exercício no rito do amor,
que é todo o fundamento da religião
e da divindade...
- o homem, mera erva daninha,
danosa, não-maninha,
danada como o danado,
que medra nos meus poemas,
os quais são longos diabos,
gordos demônios,
longevos deuses,
sempre daninhos,
( os diabos não existem,
nem resistem à existência,
mas são seres
entre o pensar humano
e o nada a nadar com nadadeiras ligeiras...)
Já a mulher
jamais é daninha,
nem tampouco danosa,
mas Danaide....
- ai! de mim, derviche:
vixe! dervixe!
rodopiante dervixe!
- disperso na Pérsia
que não existe mais
- em geografia,
mas está em história geopolítica,
geológica, geoglífica...
O homem é um vegetal
- rito em erva
na foto do fóton,
na equação de Max Planck,
na constante da luz
que funda a glicose
no fundo do verde
que funda a glicose
na funda da vida:
o verde é o violinista verde
- de verdade,
com sacarose
e maltose...

Esta cidade ubérrima,
libérrima,
de libélula a libélula
é uma folha bela de bétula
conquanto não haja por aqui
uma floresta de bétula,
mas sim um alameda
por onde caminho
a caminho do ninho,
não do Minho
e do ouro do Douro
Trás-os-Montes.

Esta cidade é minha
e não há de ruir
abaixo do serpentário("Ophiuchus")
suspenso no céu
em anel ou abóbada
que bate embaixo
na rastejante abóbora
ao rés-do-chão
deitada deidade verde na planície
ou no planalto que olha do alto
qual fosse um filósofo epicúreo
a rir com o menosprezo arrogante de um deus
ante a miséria e mesquinharia humanas
que se derramam em demasia
até dar em azia
ou no nirvana oriundo a Ásia.

Esta cidade de Rui Muniz,
homem cuja fama o precede,
é a cidade dos emigrantes,
de todos os imigrantes
e de todas as aves de arribação
que para cá migrar,
que migraram aos milhares
ao pé dos milharais
ao sopé dos montes claros,
aclarados na metáfora
que não é de se jogar fora.

É terra de todas as etnias
em algaravia
em oitiva e escrita
em línguas fossilizadas
e geometrias com figuras em fósseis.

 O homem é um complexo com plexo
que não se comanda,
antes é regido
pela lei dos genes,
que é a lei da casa :
um código escrito
que esculpe e pinta o corpo
incute a teologia n'alma
( beba do sumo da  "Summa Teologica"
e do abstruso raciocínio de Duns Scott)
e a literatura no espírito.
Fauna e flora
o ser humano é o fauno,
no macho caprídeo
e a flora na mulher
que cora feito amora
quando ama
um fauno na flora.

O homem é a sua tragédia
fossilizada no paleolítico
e a poesia da comédia,
a zombaria da sátira,
a picardia da farsa
e o sonho da filosofia
posto no livre-arbítrio :
a voz sardônica-roufenha do sábio ancião
cheio da erudição
e  o timbre cândido da criança
e dos enamorados sob as teias amarelas
que  poeta denomina palor de luar,
um pilar do olhar
e do amar a mar
a insuflar velas
do veleiro brigue
( que não brigue!)
e exibir no céu
estrela polar
a apontar a proa para o norte
aonde vão navegando sobre as vagas
os argonautas de Malinowski,
o grande etnógrafo,
ou aqueles da mitologia grega
que buscavam o tosão de ouro).

Esta cidade de Montes Claros
viva nos vivos,
morta nos seus mortos,
torta nos seus tortos,
rota nos seus rotos,
reta nos seus homens retos,
os justos de Deus
que abençoam a terra
e a água em orvalho,
mar e rio.
Mas o que é a retidão, Nietzsche?!
O que a justiça
ante a justeza
de um homem probo?!
Não há respostas,
mas se as há
são como um ás do baralho
na manga do trapaceiro,
porque o homem é mais profundo
que as fendas ou Fossas Marianas,
doutos oceanógrafos,
biólogos marinhos,
biologistas maninhos...
capitães de corveta
e capitães de fragata
que o digam
discutindo com a corveta à bolina
ou a fragata à deriva...:
nau é pau para naufrágio,
pau frágil
onde se agarra o náufrago.
( Naufrago a seco
no Restelo : Ermida de São Jerônimo
nu em pelo
qual São João Batista
asceta, anacoreta
que se alimentava de gafanhotos,
mel silvestre
e vivia no deserto).

Pelo orifício do olho
do Edifício Flamboyant
com seu tom róseo
abre-se o olho da lua
cortando com foice as trevas
e o olhar que não vem do sol
em desalinho de estrela D'alva.
O edifício vê e vela a cidade
e a cidade desvela o edifício
o que não é ofício difícil,
mas santo ofício
infenso a ofídio
nos cabelos da Medusa,
que me olha
e me transforma em pedra
do Edifício Flamboyant,
coração da cidade.

Rui Muniz,
agora rei Muniz,
munificente ente,
por que foi que fui(ui!, meu Deus!),
enfeixar-te entre meus diatribes?!
Serás magnânimo? - Será?!
Deus dirá
a Dirac
que nos profetizará
em formalismo de linguagem matemática
o que virá
depois da descrição do comportamento do férmion
que preconizou a antimatéria
teses descritas e postuladas
em equações de mecânica quântica e ondulatória,
uma genuína loucura dos tresloucados
seres de barro
- do mesmo barro do João-de-barro
e de João, o Batista
que molhava o barro com água
na torrente do rio Jordão.
( Tenha dó, vovó!,
diria Ovídio
se tivesse ouvido
isto que soaria melhor,
ou mulher, se dado ao olvido
em corredeira no rio Lethes.
Aletheia, ó aletheia
que teia a mulher aranha,
na teia da aranha,
-  com manha de teia da vida!...
ecologicamente inserta
feito a seta certeira
que parte da besta
em galope no paradoxo de Zenão de Eléia,
na bissetriz nominal
que passa em Zeno, o eleata:
dois nomes no mesmo lugar geométrico).

Esta é, no tiro da besta,
em tirocínio do arqueiro,
a cidade das três pessoas do discurso
ou em discurso:
as pessoas singulares e plúrimas,
o Trivium e o Quadrivium
nas pessoas do verbo
- do verbo... - que se enfeite de carne!
- e logo!,
antes que chegue o "logos"
e demonstre, desconstrua (a grua!), desmonte
com o trato e o trator da filosofia,
em "pathos" trágico com Nietzsche,
que o verbo virou homem
e o homem se apagou,
subsumiu-se
na areia movediça,
ponte levadiça
na engenharia do ser
e reengenharia do não-ser
- senão títeres!
sem tretas e tetas,
betas sem metas,
bestas à sombra
- à sombra de alfas
( alfas-homens
ao invés de "alpha centauri")
e alfarrábios sem biosfera
de traça (troça!), carunchos, ácaros...

Esta a terra de Rui
homem virtuoso ou vicioso?
Ou ambas as coisas da alma?
Ou ainda nenhuma delas?
Ou uma terceira coisa de alma aristotélica
que não conhecemos,
mas negamos ignorância até o fim
porque presumimos com o Direito
que tudo conhecemos
oficialmente ou em oficioso
ofício de santo ofídio...
santa inquirição dos anjos descaídos
em folhas de outono
que as derriba no amarelo...:
amarela a febre, a vida no corpo
e a morte na alma
que o filósofo pintou
em belos caracteres
na Nicomaquéia.

Esta a terra de ninguém
com vintém ou sem vintém
porquanto a morte vem
na miscelânea da barra da alva
e o dia amanhece escuro
qual fosse cem anos de noite
no preto sem branco no olho do morto homem
-que seremos, serenos, empós
o romper dos cavaleiros do apocalipse individual.
De febre tifóide ou tifo moído
morreremos quando a barra da alva
for o escuro do ventre materno da terra.
De tifo faleceu Anne Frank.
Gostamos de pensar e crer assim
porque um atestado de óbito
precisa conhecer
da doença ou do mal
que vitimou o ser humano
no dia da ceifa
- no o claro da vindima
que vitima a uva...
Esta a terra que não ficará para ninguém,
pois ninguém sobreviverá
a guerra dos negócios,
nem ao ócio,
nem ao cio,
nem tampouco ao siso ao dente
porquanto desassisado restará
apenas o mal
- o mal de Alzheimer
ou o temor com tremor de Parkinson
que levantaram dois conceitos
( e caíram na cova rasa!)
para tentar ludibriar o frio
que move o olhar da morte
com olhos vidrados
e a indigência intelectual
que motiva a ciência
que encena a verdade
a cada tempo
costurado na fantasia de carnaval em contexto.
( Em descontexto com desconto
de contos de réis
e de contistas célebres
samba o texto sem contexto
trôpego ébrio
ao modo do poeta Verlaine
que morreu no pleno gozo
das funções de beber
algo com álcool e absinto).

( Ah! para atravessar o transepto do amar
arquitetado e construído
pela  engenharia constritora da bruxa,
digo que o grou e a grua
sou eu e medusa
a sós na medula espinhal,
escada do corpo para a alma.
O resto das pessoas no discurso
dou ao olvido
ou às água do rio Letes
que a medusa é tudo
- e o resto, resto de locução,
restolho, rebotalho...).

II
Depois de longo tempo de escriba
passei a desprezar as pessoas do verbo.
Desprezei-as por respeito
àquelas que não são pessoas,
mas seres humanos
fora do "front", do teatro e do discurso.

Desprezei as pessoas do discurso
para respeitar as reais, naturais,
não infensas a atos cadastrais
de teatrais ritos do Direito,
que aqui se chama Direito das "Obrigações".
 
Outrossim, desprezo votei
às pessoas do Direito,
todas fictícias, irreais,
ilusórias e alienadas
tocadas em fanfarras.

As pessoas do discurso,
do verbo em latim,
do "logos" em grego,
que dá "pathos" à filosofia,
as personagens do teatro,
do Estado e do Direito
são seres e não entes,
pois seres não existem,
são apenas palavras e conceitos
e pensamentos d mente que mente à toa,
imperceptivelmente,
no invólucro do véu
ou sob a burca inviolável
aos olhos dos infiéis.
No que tange ao discurso,
mesmo na lira e na cítara
 não é muito mais
que urros escritos
e socos desferidos a esmo
pelo mesmo.

As pessoas do discurso
são frias anãs marrons da classe y,
enquanto os  seres humanos
que não são pessoas,
excepto nas alienações-para-sobreviência,
não representam, porém são o que são,
são o que Deus é
e asseverou que é.
Tais seres humanos,
que são o que Deus é,
 não estão cobertas
ou descobertas 
pelos andrajos do verbo,
que virou carne
e habitou entre nós,
a consonar com o quer 
o sonar do escriba
do Novo Testamento,
que testou e atestou,
foi testemunha fiel,
fidedigna desses eventos
que o vento carregou
nas ventas
que não iventa vento:
aspira-os, inspira-os.
 
São as pessoas do discurso,
que fazem as artes, o teatro,
a filosofia, a alteridade,
ante a beleza inexcedível
da minha musa,
- da minha medusa!

Mas o que sã
ou ousam ser 
todas as pessoas do mundo
e mesmo todos os seres humanos
ante minha medusa?!

O mundo todo
povoado de pessoas
em grande quantidade
- e seres humanos
em pequena quantidade,
(praticamente povoado por crianças,
pois os adultos 
e os jovens se perdem na folia,
viram foliões, proxenetas
santos padres, sábios... )
- o mundo inteiro
com suas pessoas em locução
 poderiam me faltar
que falta nenhuma me ocasionaria,
porém não minha medusa:
sem ela eu não viveria
nem mais um minuto.
Seria a falta do sol
e o advento da Era Glacia mais severa e letífera.

Seria o fim da linha do tempo
Então, eu ouviria a Tocatta e Fuga em Ré Menor,
da autoria de Bach (há quem diga ser composição
da lavra de Buxtehude,
um organista da  minha "Capela Gótica de Sainte-Chapelle"
escondida na aldeia congelada na minha imaginação)
e, faltando cinco minutos para terminar a tocata,
pararia involuntariamente de respirar,
pois meu sistema nervoso vegetativo
daria essa ordem de suicídio ao corpo
e as células encetariam o processo
dirigido pelo deus Thânatus.
 
O que digo do discurso
é que não importa o verbo,
mas a carne queimada pela paixão,
não pela fogueira da vanidade aleatória das Moiras,
porém pela  flor do amor
que nasce e medra metros no coração 
do homem mais desprezador de tudo,
o mais cético dos cépticos,
do filósofo cínico intransigente.
E cada musa
que conquista um desses escarnecedores
tem alguém como eu
ou Rui Muniz
( divido com ele
e com todos os outros homem,
numa gentileza de alteridade)
- cada bela mulher
( toda mulher amada é bela,
a fealdade vem do desamor
que tem um homem a amá-la
ainda que ela seja uma mala
difícil de carregar
no burro das costas
- de camelo ou dromedário!      
( Ou não é,
Rui Muniz?!...: é Kafka?!,
ou seria Maquiável,
que não foi nenhuma cascavel...)  

( Do ensaio poético-filosófico "Buxtheud, O Organista da Minha Capela Gótica de Sainte-Chapelle", Enclavada entre a " A Aldeia Congelada e Abandona na Minha Imaginação", opúsculo em poesia, os "Os Apócrifos da Medusa", obra  filológica com perspectiva filosofante e o livro  "Andares e Vagares do Cavaleiro Andante, Sem Ser Sombra de Dom Quixote, O Da Triste Figura" e do licro "Da Engenharia e Reengenharia da Bruxa Bronca").

 
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