A lenda do João-de-barro está inserta na língua dos
indígenas
brasileiros; língua oral, não histórica porquanto não possui escrita ,
obviamente. Por ser oral é
pronta para ser narrada boca-a-boca, ouvida de ouvido-a-ouvido e passada
pela tradição oral que atravessa os milênios : é a memória do homem, de
um povo, em ação, sendo levado de boca em boca, ouvido a ouvido,
passada de mestre a discípulo, pai a filho, etc.
Ao ser transcrita em idioma que possui escrita e,
concomitantemente, história, esta lenda perde parte do antigo contexto e
se veste com o contexto (cultural, historial, mental, moral, espiritual,
intelectual...) da língua que a narra por escriba e
escrita, pois ambos interferem no contexto : escrita e escriba.O
contexto se torna misto e ora toma o universo mental do escriba, ora o
mundo do aborígene(aborígene!).
Uma língua oral e inculta sendo
traduzida por um erudito pertecente à cultura e civilização de uma
língua culta, rica, com enorme literatura de todo tipo, envolve inúmeras
denotações e conotações imperceptíveis e intraduzíveis, além do mais é
retraduzida pelas gerações subsequentes, que a guardou no relicário da
língua escrita, traduções essas que impossibilitam o diálogo e a
dialética(grega) das línguas que se falam ou conversam por um instante :
no
instante em que insta tornar a narração da lenda inteligível, ao menos
plausível, principalmente no idioma a que se dirige escrita e não mais
para a oitiva do autóctone que já passou de ser no tempo enquanto
cultura e modo de vida independente.
Uma língua falada canta e não diz, nem pode exprimir em seu
ritmo e rito, o que o mito virado no diabo da ciência com rabo quer
dizer em seu silêncio mergulhado ou morto, afogado, em signos e
símbolos,
pois uma língua que fala não pensa, antes age; o oposto se dá na língua
que não fala : escreve, pensa, não age,portanto, cala na madrugada da
matemática, quando em silencio de monge amanuense trabalha
intelectualmente, porquanto antes contempla a
sabedoria filosófica de que fala o filósofo Aristóteles na Metafísica,
nas Categorias, na Ética a Nicômaco, no "De Anima" e outros escritos
filosóficos
canônicos exotéricos ou esotéricos. ( A palavra "metafísica" nunca foi
sequer pensada por Aristóteles : é obra, espécie de neologismo cunhado
por um dos compiladores de sua obra filosófica, científica, erudita,
enfim).
Os escribas que registram a lenda, deixam o registro de sua voz
no
texto, que, paradoxalmente, jaz no silêncio mortal dos signos unidos
numa comunidade de entendimento, porquanto durante os séculos, para
respirar o tempo em presença e
vivo, o tempo do ser manifestado, das epifanias intelectuais e
sensíveis, sociais e políticas, e manter-se viva na literatura, ao
invés de virar cemitério da história ou da tradição oral, a língua teve (
e tem!)
que se modificar em contexto de tempo, beber e se alimentar dos peixes
que nadam pelo rio do tempo ( peixes e águas que Heráclito contemplou e
Jesus, por seus discípulos, pegou para comer e alimentar as multidões,
consonante a lenda ou anedota do milagre, no Lago Tiberíades, acho!).Outrossim,na tradução de uma língua a outra há o contexto linguístico e até gramatical, o qual acaba participando na lenda e dando seu palpites nas mudanças da lenda, que quer ganhar o corpo, o pão e o sangue de cada dia. Só no ato de passar de um idioma a outro já se levanta toda uma hermenêutica, exegese, lógica, ontologia, gnoseologia, etc.
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