Nossa história está num fio de tempo.
Fiada, desfiada.
Fiado no tempo
nosso corpo para arresto(arresto!),
penhor de dor,
sequestro de templários.
Há pouco minha avó materna
pranteava, carpia a morte de minha tia,
sua filha mais velha
e perdia pouco e pouco
a vontade de seguir na vida :
corrente contra a força da morte.
Morreu logo depois
de dois fios de lua.
Somos e existimos
anasalados neste fio de vida
onde estamos presos
pela respiração a prantear
e pratear o cordão
que nos une umbilicalmente à atmosfera
da mãe Gaia, enquanto avós, mães, pais,
irmãos, enamorados,
cônjuges, amantes, amigos...enfim,
encontramo-nos neste fio vida
que nos conduz à luz esmaecida
das cidades armadas em ciladas
com silos e cílios feminis
numa das condições acima predicadas
ou em outras não arroladas em verso.
Esse fio de vida breve
é que estende a memória
e nos lembra o encontro
nunca marcado
nem com cartas marcadas
que poderia não ocorrer
ou cujo poderio seria o de inocorrer
ao invés de acontecer por viés
- dez a dez entre anéis de Saturno
na melodia que mela a abelha
com sápido mel.
Por um fio
sempre esteve
e está minha vida...
- a vida, enfim! :
por um fio de prata,
a consonar com o gosto dos místicos,
um fio de cobre
- que cobre o campo elétrico
e eletromagnético
no qual estou imerso e atravessado
por inúmeras fiações
a fiar as ações
monções, cacões, gibões...?
Sei que algum dia
não preconizado, vaticinado, arrevesado,
hei-de perder o fio
- da meada!
Então o sol se apagará no carvão sem brasa
e a noite tardia
a passo lento
de macróbio cansado
ouvirá em silêncio bruto
o imóvel que não motiva a pedra escurecida
pela falta da brisa
a oxidar as narinas
que deitou ao solo
o oboé do oboísta em idade provecta
- quedo no solo
feio um arcanjo decaído
- sem sopro soprano
daquele que soprando,
em Soprana, Piemonte,
expirava o espírito
- em melodia e ritmo e harmonia
de sábio : o homem,
sápido e vivo
que carregava a sapidez com a vida
não em cruzes
para túmulos cristãos,
caravelas nos mares oceanos,
bandeiras e símbolos templários,
ruas encruzilhadas,
avião no céu,
asas abertas ao gavião,
num cruz-credo de crucíferas chãs
em solo de contraponto,
mas em luzes
para trançar o xadrez de estrelas brancas
com as trevas noturnas.
O triunfo da morte
vai passar a fio de espada
toda vida de Abel
ferida por Caim,
estigma pintado em crônica,
opus Brueghel, o velho.
Sem desvanecimento
deixo o oboé,
aos noventa e seis anos de vida,
ao primeiro sopro do oboísta
que ama a vida
- esta enamorada soprano
soprando bolhas ao vento menino
à brisa menina
tecendo louvaminhas ao louva-a-adeus
e não ao que louva as minhas composições musicais
escritas para ar e outros gases nobres,
pobres e podres no flatos,
presentes apenas na geometria
que dá o ser
- ao filósofo ( alma penada que pensa).
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