A caravela era um moinho de vento /
que o vento empurrava /
na travessia pelo oceano /
Um moinho de vento /
com inovador conceito /
e desenho geométrico para o vento /
dar outro empucho /
( Um sistema de propulsão ) /
Ao invés de por a girar as pás /
na paz de Van Gogh em arte sublime /
a caravela recolhia o vento /
na barriga que a brisa ou monção /
estufava na vela branca /
pintada com cruz escarlate /
que identificava a Ordem dos Cavaleiros do Templo /
As caravelas semelhavam moinhos de vento /
- era o desenho da época /
ou moda conceptual de então /
para engenharia eólica /
A função da vela na caravela
era conter parte da força eólica em vela alva /
que inflava na forma de parábola cartesiana /
a fim de recolher o vento /
em sua alvura sob cruz cristã carmesim /
Se não era vela a catar o vento no cata-vento /
eram as quatro pás do moinho de vento /
as quais foram imortalizadas na ficção de Cervantes /
ao narrar a tresloucada investida do cavaleiro da triste figura /
contra as pás do moinho do vento /
arrostando-as com fúria impertinente /
Oh! pobre e triste cavaleiro andante! /
- Dom Quixote de La Mancha /
imagem melancólica do homem /
que será o homem morto /
e o homem ensandecido /
a poucos passos do abismo /
que se abre para o salto no vazio /
para o suicídio /
sem asas ou cruz cristã /
que arremeda a medo o desenho de asas /
que não servem à concepção do vôo /
sem laivo ou veleidade de aerodinâmica natural /
incapaz de desenhar e conceber
um planador com piloto que não fosse mórbido /
tentando inutilmente /
planar com asas sobrenaturais /
que não estão no planador /
mas na geometria sobrenatural do cristianismo /
que põe kamicazes no céu /
As caravelas e o cristianismo eram cemitérios de cruzes /
partidas pela procela /
partindo na procela /
partilhando da procela /
- braços abertos /
no amplexo fatal /
com o vento e o tempo /
- contra o vento e o tempo! /
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