terça-feira, 4 de setembro de 2012
LONGEVA - dicionário wikcionário verbete
Primeiro temos medo do escuro
sem tempero de lua
Posteriormente emerge o medo da morte
e por fim acabamos com o mais sombrio dos medos :
o medo de nós
só traduzido me linguagem individual conotativa
no medo em mim
de mim mesmo!,
pois eu posso me matar,
perpetrar suicídio após uma loucura irreversível;
logo, tenho o poder de me assustar
até o auge do pânico
melhor que qualquer demônio ou espírito obsessor
uma vez que sou o deus Pã
- o deus silvestre
no jângal dentro de mim
que aparece de chofre
ocasionando o terror pânico
que no jargão médico-psiquiátrico
é o transtorno ou a síndrome de pânico
O recém-nascido, a criança,
têm medo do escuro
que não temperou lua no céu noturno,
de mamífero fechado em olhos
para luz aberta em lua temperada
com o trevo das trevas
que arregalam os olhos
ao menor facho de luz
ao archote : tempero de luz
Cada noite de intempérie,
intemperança natural,
na madrugada longeva,
que vai e vem no balouço do ar
pelas ondas sonas dos galos,
que, destarte, forma um arroio,
- mais medo de mim
é adicionado à trilha da calada,
em passo de horas sombrias
sobre a alfombra orvalhada
com o arcanjo negro
a brandir trevas
sobre um corcel retinto
Do berço ao mausoléu
a luz corre atrás da volúvel borboleta amarela;
porém a escuridão
amarga as ervas do sono,
suscita um tempo para margaridas amargas
e espicaça as abelhas melíferas
O terror macabro
lúgubre no ubre da noite em Via Láctea
é um betume pintando meus olhos
enquanto o pânico em mim
que sobe na surdina de mim contra mim
adiciona um anelo de amarelo ao meu temor
infundado no fundo do fundamento
que me funda na pedra em radical
para medrar o medo em pau
- Pau D'arco!
Entrementes, os meus medos medonhos,
não são arremedos do pavores tribais
dos arianos originários da Assíria,
Líbia e Fenícia,
reinos da época do medo e dos medos
do povo da Média
os quais se exprimiam
em língua do tronco indo-europeu
em cantos de cem versos à Média
aos montes Zacros
e ao país do Elão
Os Medos da Média:
- um povo todo de medos!
Um povo de dar medo!
Horripilantes bárbaros
ginetes sectários do horror
( Os meus medos
não são os seus medos
nem tampouco os nossos medos nos ossos
- os meus povos
são povos incomunicáveis
insólitos
inéditos )
Nadamos do ventre
no líquido amniótico
à cova rasa
na faixa de luz.
Cardumes somos
em travessia nos arroios de umidade do ar
em ponto do orvalho
em carradas de luz.
Viandantes entre as sombras do deserto
e a luz que medeia o andarilho ao claro do luar
- entre as quais atravessa o ser humano
sanduichado entre duas mortes
ou regiões de sombra
que precede à natividade
e, após a travessia,
com os pés plantados na alfombra de luz solar,
e a cabeça tendo por chapéu o dossel verde da vinha,
encontra as águas frias
na região do encontro oeste
ensombradas no que pisa na alcatifa
e no tinge o chapéu negro do dossel da noite
temperado com estrelas alfas e deltas
( É a célebre e breve travessia
de este
ou da morte para a vida
em exíguo caminho de luz
até o oeste
quando as trevas voltam a cobrir tudo
inclusive a vida e a morte
do sul ao norte )
Com uma das mortes no breu
em trevas de antes da travessia pela luz solar
e a outra ao abrigo da sombra
que apaga a última luz,
caminho em passamento para a escuridão glacial
ensaiando primeiros passos de bebê pela luz
sob as veredas banhadas em águas claras de estrelas enfileiradas
que esta é a estrada por onde passa a vida
com sua força e alegria imorredouras
dourando a própria luz
com o frenesi da vida pululante
ululante nos lobos e no vento
- uma alcateia a ulular ao luar
que cintila em espelho nas escamas do dourado
peixe pescado no Rio São Francisco
pelos canoeiros com tarrafas ou anzol
O medo de mim
que jaz em nós
aumenta a cada lustro
e paralisa tal qual o veneno da vespa negra
que imobiliza a aranha
a fim de servir de pasto à cria
da vespa negra assustadora
detentora de temível tecnologia tóxica
cuja arma é uma peçonha
desenhada na química com geometria em linguagem
da farmácia da natureza
e da ciência do homem consumado
O pior pânico
é o medo interno
- o medo de mim!
medrando cada vez mais
na medrosa flor a medrar
na inflorescência amarela
em lividez de lua
assustadiça
de mais a mais
- para o mais
indo cada vez mais
enfronhar-se no tempero preto e branco
de vida e morte
ao sol a este
e sombra à oeste
da tulipa negra
O terror pânico
o temor supersticioso e cioso
do homem mais próximo de mim
- que sou eu mesmo!
esse ser dado à boca da besta
à fera predadora
persecutória
letal
em modo de caça
perseverando atrás da presa
- a infeliz vítima
que posso ser eu
vitimado por mim mesmo
na selva negra embuçada de trevas da noite
do medo sem dó menor
em dó maior
em concerto para piano e orquestra sinfônica ou filarmônica
de Mozart ou Tchaikovsky
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