sexta-feira, 24 de agosto de 2012

MAZELAS - glossário léxico

Quem é feliz,
filistéia,
cava um fosso
entre si e o mundo.
 Mas quem é feliz,
ó filistéia?!:
- A aléia!

Feliz quem opta por  viver em paz
consigo mesmo

a esmo no ermo de si

rumo à ermida

sanduichado entre o sol inclemente

( diferente de Alá,

que é clemente ) 
e a areia fervilhante

a ferir a sandália

do monge andarilho

em trilho no brilho do sol

- puro estribilho de calor e luz! 

E com luar no ar suspenso
apenso no que penso
ao pensar as mazelas
da noite escura e gelada
no deserto das sombras e miragens.

 Quem é feliz, 
 
 filistéia, 
 o é apenas em solidão e solitude 
de ambientes desérticos 

Impossível ser feliz com todos,

em comunidade,
ainda que em aldeias-fantasmas 
com infra-estrutura para eremitas,
ou com  qualquer outro ser
- quer seja a amada ou o abade!
não há felicidade!

Quem quer ser feliz,

Oh! filistéia!, 

cerca-se em uma floresta
tendo como entretenimento 

ler em mente,
longe do azáfama dos museus de mortos-vivos,
a pinacoteca de Cézanne.
Outrossim, não recebe ninguém
nem por correspondência
porque quase todos são estúpidos
loucos sem o pão da poesia.

Todavia, é bom anfitrião

para os não-estultos
não maculados pela peste endêmica,
epidêmica, que assola o homem
esse infeliz fauno em zoológico
ou no papel alienado de zoólogo.

Quem é feliz,
filistéia atéia,
não recebe filisteu
nem tampouco filhos seus

( dos filisteus! )
porquando usufruindo de plena paz 
com corpo e alma serenos
ser humano assim saudável
é visto na ótica do papalvo
como algo desconcertante,
anormal,

indecifrável, 
- uma aberraçaõ da natureza!,
pois num mundo humano em abalo sísmico
movido por espasmos epilépticos
síndromes de pânico
e tantos outros transtornos a distorcer  o homem
no monstro do espelho desfocado
e o leva a ser o legado do mísero enfermo
trapo de corpo e alma rotos
com o que restou de espírito
afetado pela  grande demência humana :
a estultícia perene
caduciforme 

precoce

- sintomática na pieguiçe pegajosa
porosa indecorosa
sem a rosa no rosicler da alva
que enceta outro dia glorioso
para os quesão felizes
tendo a mão da saúde 
a esculpir o corpo 
a alma e o espírito 
com mão e mente de Rodin
ou o escultor italiano Antônio Canova
 nas Três Graças
que se dançam
antes da dança
( Ah! a pieguiçe vem sempre a par com a estupidez

sua companheira necessária! ).

Quem é feliz,
ó filistéia,
não precisa de felicidade
- a qual é um mero vocábulo
que não dá voz a nada
no ser humano disperso
em cantos e lamentações de profeta bíblico
em eterna diáspora.

Quem é feliz,
filistéia?! :
 A lampreia?!,
quando servida em cardápio para o homem
- esse glutão
insaciável
de necessidades infindáveis

no dizer ou "logos"de economistas 
os quais são os inventores da ciência do rico  
 e cujo maior feito heróico 
foi levar as necessidades ao infinito
para acordar com o espírito matemático
de  infinita abstração
para o inexistente numeral
que tão -somente existe
 sob a mente e a mão do homem
a grafar signos e símbolos
compondo as várias linguagens
sob gramáticas e semiologias
( Esses inventores de  ilusão
em seu pensamento mágico
 justificaram a riqueza de alguns homens de sorte,
meros arrivistas sem valor,

mas com muita mais-valia e capital,
confundindo essa abastança irracional 
 com a riqueza das nações
quando de fato são a pobreza da humanidade

sem perspetiva filosofante

ao modo do filósofo Marx

que desfez a ciência de rico,

perscrutando-a

escrutinando-a...
mas criou o  regime doentio
do comunismo
- mais deletério ao homem
que o mais selvagem capitalismo )

Quem é feliz,
filistéia,
sabe à colmeia e mel 
vive com corpo e mente sã

desintoxicado
 mercê de exercício de paz perene
livre dos insanos, insumos, 
que trescalam odor de guerra e política
ao semear tais demônios capitais
( em "caput!")
por onde vão deixando rastos
levando sua vanidade
nos genes e nos memes
- porquanto esta é sua  cruz romana
( ou filistéia?,
- Dalila! )

Quem é feliz
não recebe o filisteu,

ó filistéia bela!; 
contudo, quem sabe um filisteu
filho teu
ache o fio de Ariadne 
que permita fugir do labirinto
por onde erra o minotauro 
- juiz, sacerdote e verdugo
de todos os aglomerados humanos 
aonde a intolerância é sempre-viva
no berço vegetal 
animal e mítico de Asterión, 
sobre o qual escreveu Jorge Luis Borges. 
 

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