sábado, 28 de janeiro de 2012

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Garça branca desenhada contra o azul do céu
brando de nuvens brancas
retratada quadro a quadro
espaço a espaço
plano a plano
pela vida
- que é o pensamento
e ação natural
( O olho dá o ser
que dá a realidade
em retorno ao ser dado
através da linguagem dos olhos
em diálogo da natureza com o animal
observante-observado )

A graça voante-esvoaçante
a apagar a branquidão-cal ( escuridão para formatar tecido xadrez )
das nuvens em branco-tinta-tinto-tinte ( tinteiro inteiro )
no voo-mostra de que a vida quer ser eterna
- e anela por eternizar-se no indivíduo
porém a oxidação é lei
que proíbe Newton de pensar mais
ao "instilar" pena de morte
em corpo individual
- que malgrado sobrevive no corpo da espécie

Que a vida é eterna
ou para fluir eternamente
já vaticinaram os vates de todos os tempos
em todas as liras
com todas as iras
que a morte causa

Ao menos no ser humana
a vida não veio para ser passageira
Basta ver a alegria de um menino
em algum dos cumes de sua infância
( que é toda uma culminância
e exuberância do ser! )
para se concluir
que a felicidade apregoada na Ética de Nicômaco
é uma miséria comparada
a mais simples e modesta expressão de alegria de um menino
à sombra ou ao sol-luar da infância
( essa estrela inteira!... intraduzível
ainda em linguagem de poesia
com laivos de equação agnóstica à Kant
que não equacionou em linguagem matemática-algébrica)

Todavia a vida
ou a natureza que da energia migra para a matéria
e vice-versa quando versa em universo
uníssono sono em tono ( toada trítono moda ária tónus...)
é trágico grego
- poeta cuja poesia
esmorece até achar a cor da morte
no coração que para
sem para-queda
para anjo torto ou reto
na geometria escolhida

Marconni que viajava já nas ondas senoidais do radio
desde pequenino cheio de graça
( da graça que Deus concede ao ateu
e a todo menino feliz
fechado no seu mundo exclusivo
cercado de proteção milimétrica
dos que o amam intensamente )
- neto de boticário
sobrinho de farmacêutico e médico proeminente em intelecto
e saber de ofício ( e de ofídio!
- que a serpente do paraíso edênico
é o anel que forma a farmácia ( Pharmacia )
no traje grego do "Pharmacon"
e se enrosca no ofício
do ofídio ao boticário
- todos à boca da noite da mamba negra
no xadrez material
do qual é tecido tempo e espaço
por dentro e por fora
do olho e da luz
e das trevas nos cabelos encaracolados
do belo exposto na mulher jovem e bela
cujas madeixas cobrem a pele da noite
trançam o renovo do espaço e tempo
em xadrez com cor
e sem cor
- para corpo
e coração )

Marconi, dileto amigo,
diletante em todas as artes e ciências
mestre e douto e erudito
faleceu sem atendimento médico
provavelmente no hospital
ou fundação hospitalar
que trazia no frontispício
o nome de seu tio médico
que fora uma lenda local
no exercício da medicina
( O mito do Esculápio
Asclépio
do deus grego Apolo
e do centauro Quíron
floresce assim
nas ervas que ficam esparsas ao largo
provando a vida
a qual no homem
saboreamos enquanto indivíduos
e enquanto vivos permanecemos
fora do coração do mito-rito
e do Buda em estado de nirvana
plácido
ao fundo da flor do lago em placidez de garça
parada à luz
refletindo e rebatendo o sol
no branco do olho do espectro
- no olho de Lúcifer
a cintilar noite e dia
no estofo xadrez do olho
que fabrica a visão
e o deus vivo
- na água corrente e queda
caída em anjo do azul precipitado
em chuva
de garças na volúpia das mariposas )

Contudo
pior que morte física-química-eletromagnética
que nos desliga da parte branca da luz do cosmos
é a vida que vivemos
- vivemos vidas alheias
sendo personagens de dramas dos outros
abrigando no cérebro ideias de outros pensadores e poetas
- outros que não nós
Acorrentados a doutrinas
não pensamos ao vivo
nem com coerência
- pois nossa cor
é roubada doutrinariamente pela ciência
- nossa cor é furta-cor lesada
pela ditadura das pesquisas
que nos aniquilam
enquanto seres pensantes
e sapientes
- sapientíssimos somos
mas não sabemos
ou nos enganam
acenando com cientistas
e outras autoridades
donas dos vários poderes
que nos fazem crer
ser três ( podres odres! )

Eis a tragédia que Ésquilo
Eurípedes ou Shakespeare ou Goethe
não registraram
em elegia sem dó maior

A comédia que Aristófanes não leu
nem tampouco escreveu Plauto
( hoje todos os Plauto's e Goethe's "vigentes"
enquanto autoridades reconhecidas por lei (" Dura lex!'...)
arrumam palcos de anfiteatro
na profissão de fé do sociólogo-aprendiz-de-feiticeiro-eternamente
ou médicos advogados engenheiros
inviáveis ao luar luarescente
ou quando luarescendo sem irisar
ou não-irisado em arco ou abóbada... :
A morte atual é metálica
- é metal que diametralmente acaba com a mente
Hoje a morte é mental
com menta e pimenta na encomenda
- da especiaria
( ou especialidade-cátara?!
Há outra heresia no catarismo atual
dos sempre santos?! ) )

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