Maria ia ganhar um sapato
Ou dois, no caso dos pés de pato,
Palmípedes que nela sapateava
Ava em avos desde os avos dos avós
Maternos, paternos , não eternos
Até a geração que iria vir à tona
Após a voz dos avós
Em confessionário de
fonoaudiólogo
E dos avos que são
avós
“Matematizadas” pelos gênios em linguajar aritmético
Embricados na álgebra da zebra,
A qual não têm existência,
Mas tão-somente vida
Enquanto eqüídeo listado
Pata ter em cada pata e
casco
vitalidade eqüina espraiada pelo bando
não de bandoleiros, mas zebrado
Com risco de zebra
Cair na boca do leão
Infalível qual Papa à boca da noite
Quando urra e prossegue a perseguição
Daqueles que azurram
No escuro luto do jângal
Onde há a luta renhida
E de onde tão-somente
o homem ,
este ser tão-só no
descampado da savana,
pode fugir numa
jangada,
a qual fulgiu em seu imaginário,
antes da realização,
porquanto sua dinastia da tia-avó aos pais
traz na linhagem junto a ovos e ovas,
a capacidade inata, perene,
de sentir com a língua ,
sua primacial
manifestação
de inteligência do mundo em roda viva,
a vida que o cerca e
cerceia ,
mas também desvela
sua posição no curto cosmos
aonde se move e mora,
enquanto, por outro
lado do paralelo,
no hemisfério mental em hemistíquio,
os rabiscos da
linguagem escrita, desenhada,
esculpida até a
cripta
revelam-lhe a estrutura do universo
em versos que se enfronham na existência,
que não é vida,
mas subjetividade humana,
que o homem é um
sujeito gramatical
dentro do conjunto de
regras
que põe a gramática
como algo da
existência
com seus avos ávidos de vida longa
A dobrar céus e terras!...
Que não hão de passar,
Não passarão pelo passarinho menor
Que levou em asas de condor
Os versos reversos do poeta Mário Quintana
A recender amor no
jasmim, bogari, dama da noite... ).
Todavia, por via das
dúvidas, viria a jovem Maria,
Ainda imaculada,
A adquirir um Kia
Que Kia é um carro-conceito que se guia,
Quando se vai ou se ia e vinha,
Sem perquirir da existência,
Que é o presente o
homem
Na sua solidão de ser
E ermitão na gávea
Ou na multidão
Que desvaloriza o homem
Enquanto indivíduo
No duo coletivo
Que o devora pelo duodeno
Em iniciação de
metabolismo
E finalização de escatologia.
Repito , ela, Maria,
ainda imaculada na Conceição do mundo,
Queria que queria um Kia carro,
Contudo, veio-lhe me
via cava,
logo após o “logos”,
a idéia de dirigir um
Subaru
e dirimir, com tal amparo,
a subida pelas
encostas arenosas:
isso parece ser
tudo o que ela queria porque queria
Na sua paranóia consumista
Montada por economistas
Das economias mistas
Ou por cérebros emprestados às Grandes Corporações,
As quais também
vendiam colchões
E, quiçá, corações
De três em três, tricordianos,
Tal e qual de Pelé com bola ao pé,
Pois sem bola não existe Pelé,
Vive um Edison sem lâmpada de Aladim,
O ladino Aladino,
E com pouco azeite
Para incandescer uma existência pobre
Que não pesa sobre a
personagem fictícia ,
Que é mera existência
E não ser em vida,
Qual o homem que não é personagem de Pelé,
Mas vida de codinome “Edison”
( Pelé é personagem de
imprensa)
Ou do existente inventor homônimo
Que iluminou o conto de Aladim
Para que pudesse ser lido
na calada,
E a vida do outro célebre
homônimo
Preso a uma
existência chinfrim,
Sem veleidades de
existencialismo ateu,
Que sequer compreendeu
A escravidão que crassa
Sob nomes poéticos
De democracia, república, direito, estado
E outras burundangas, algaravias...
Inobstante, no que tange à vida
Teve-a em abundância ,
Com vegetação interna ao corpo luxuriante,
Plena de saúde e vigor
Encontradiço no óleo
de peixe,
No fígado de bacalhau
E, evidentemente, no peixe vivo
Que nada (nada!) no rito e ritmo do rio São Francisco,
Vivaz na brasa
termodinâmica da natureza,
Mas morto, assado, cozido com pirão,
grelhado em taberna homônima
À beira ou à flor d’água
Quando a água enflora
E bebe amora
E belisca a aurora
A latir no coração feliz.
Entrementes, hoje, no tempo de verdae,
Tempo do ser incrustado em si
E no espaço que amasso no amor
O rio São Francisco, qual o santo, pobrezinho!,
Jaz no álveo abandonado,
Está morto junto ao esqueleto de Juscelino Kubitschek
Com existência no mito
E essência no nada
Para aonde nadou o
ser nadificado,
Agora sob terra. No subterrâneo.
Do rio a Hades
Há-de ser o passo
pequeno
Na dança russa
( A existência continua sem o ser,
Que o ser depende do tempo presente,
Mas a existência se encarna em signos e símbolos
E ganha a mente, como
ser morto no tempo,
Pois a mente é,
sobretudo,
coleção de mitos, lendas, histórias, sagas, ritos,
que dão os primeiros passos no teatro...
no anfiteatro...).
Enquanto isso, Maria
e o Kia
Ia rumo à bandeira
xadrez
Que saudava os vencedores
Do nada que é uma corrida maluca de automóveis,
Bólidos comandados por pilotos temerários
Que viviam a servir e cerzir a morte
Ou o trauma pós batida
Que vitimou Jules Bianchi,
Um francês voador,
Agora em pouso
melancólico,
Ao invés de alegre,
Repouso absoluto
Para luto contra a luta dos médicos,
Presos ao “El Niño “ que foram
E continuam a brincar de bulir no mundo
Com suas traquinagens.
Ora esta! – se ela quis porque quis
Um Kia coreano
E um Subaru nipônico
, - que suba no barro
Do carro caro, raro
Comprado pelo avaro...!
Que não quis nem Kia
Que se guia na via
Dolorosa da neurose
Mui carregada com glicosídeo potente
Para coroação de coração-motor.
...entrementes, avaliando pelo faro
Acabou comprando um
gato
Bicho cujo instinto vem
E não vai
Em sentido lato
Do mato ao tato
Que tateia a teia da vida
E da mortandade por endemia
Que não mia no gato
Nem no Kia da Coréia.
( um Kia e um Subaru
Estão na existência
Apenas do homem
Que os colocou
Em análise combinatória,
Pois que a Análise Combinatória,
Que não é um ser,
Mas existência ou
parto do ser,
É, ainda, em corpo de novelas,
História-estória que
prova
A existência do homem,
Que é o parturiente
De si e do próprio filho:
Sendo o filho
O fio filiado ao ser em existência histórica,
Posto a pé e descalço no mundo,
Que é uma estrada
poeirenta e pedregosa,
Em minas gerais ( campo minado!),
Eivada de urzes e cruzes
Que cruzam os
caminhos palmilhados,
Sobre cardos,
- cardos marianos! ;
enfim, o homem tem o poder
de fazer existir,
- de por e depor na corrente do ser,
Porém não dá vida,
Nem tempo e espaço
Para que o ser seja em sua plenitude de momento,
Fora e dentro de um tempo
Que é um instante fugidio,
Um átimo de tempo ao
fogo da fornalha,
Porquanto a vida vem
combinação
De sol e vegetal
E não em análise combinatória,
Que é uma das muitas existências do homem
Postas em tempo de ser,
Nas suas línguas e linguagens,
Que dão a inteligência do número e do nome :
O noumenal, originário do “nous” grego ).
Bem, voltando a Maria
de fato
que comprara sapato para José
E sapato vem par a par
Para se por a andar
no parque
Sem parar de emparelhar
Com outros pares,
Percebeu que o ímpar
Que deforma gato e
sapato
Formam entre si
Pelo sabor do paradoxo
Conjuntos disjuntos
Na economia da matemática,
Da informática e da
existência tensa,
Economias marxianas e políticas marxistas
Postas frente ao Tratado das Categorias aristotélicas,
Que prioriza o “nous”( inteligência) da palavra
Ou então a teoria de Pitágoras e pitagóricos
Cujo “nous” se vira para os números(“noumenon”),
Numa alternativa entre idioma e linguagem algébrica,
Pois o primeiro canta e narra o universo e a ciência
Do homúnculo ao “El
Niño”
Com vozes ( vocábulos) grafados ou fonéticos,
Para filólogos grafar
em modo de “logos”
E o segundo, segundo os pitagóricos,
Ouvi o cosmos e o conhecimento
Sob a batuta dos teoremas
Adjuntos a conjuntos
Cuja existênc ia
Flui ao sabor dos rios nas matemáticas
E dobra as dobradiças
À montante e à jusante
da geometria do
Kia-carro:
no comércio do “nous”
Bipartido em língua e linguagem
Que pensa a filosofia
dos espíritos livres
e a filologia dos
bibliófilos sagazes
Em vernáculo grego
corrente em tempos de antão ,
torrente que Santo Antão quase pegou em vida,
quando abrigara na estufa do corpo cálido
o vegetal que o mantinha em vida
E o pensamento
caducifólio
No curso da existência
A viger enquanto
mente humana
conjunto de signos e símbolos,
Que mantém a existência tensa sob vida,
No transcurso da Flora e Fauna
De que é feita a vida
No homem em corpo tríplice
Em função química,
física e biológica,
Existência esta envolta pelos dogmas da igreja cristã,
Douta mãe santa de imaculada concepção ( Conceição
Que o diga em sua
língua de trapo,
Nada trapista, como se costuma pensar dos monges cenobitas
Que habitavam o mosteiro cisterciense de Nôtre-Dame de La Trappe,
Soligny-la-Trappe,
Um vilarejo em França:
Tudo gato e sapato,
Expressão popular
A cindir com o gládio da consciência conspícua
Um ente inanimado a um ser animado
Com alma no mato do latim,
Mas não no grego do filósofo
Que lida com química orgânica e inorgânica
Que o menino que se julga Deus
De porte da ciência vã e
a tecnologia anã
Quando se imagina homem
Graças ao sopro do Oráculo de Delfos,
Faz do gato o que fabrica no sapato,
Mas nunca do sapato
O que é o gato
Nato, inato.
( o gato é um dos entes vitais,
Sendo a vida sua característica indelével
A vida que segue ávida de peripécias gatunas
E se presta ao clone
Não empresta a vida única
Que traz o élan vital do ser
Sempre no presente tempo natural
A escorrer pelos rios heraclíticos,
Que dão o tom do ser,
Ao passar e molhar,
com cachos à cachoeira tonitruante
Ante e antes da tormenta que se avizinha
Na ave vizinha às procelárias
Que prosseguem em
vôo sereno
Sobre pélagos profundos
Que se abrem em bocas de mar oceano
E baleias ativistas, pacifistas
Ou indiferentes a qualquer e todo tolo engajamento
Para evento de vento
sem âncora,
Nem ânfora, angico ou
anchova aos cardumes...
Que tudo é vegetal no animal, inseto...
Porém não nos artefatos
Tal e qual a ânfora
Que corre na existência,
Mas não na vida,
Torrente bravia,
Pois quando se morre
Volta tudo a inexistência,
Barco à deriva
Desde que nasceu
Da mente e mãos do homem
Quando animal
Animado pela “alma” da glicose vegetal:
Fotografia do sol no verde,
Que não é verde vegetação
Mesmo par ao daltônico,
Mas verde encontradiço a prisma
No espectro solar :
Vida da vida, fonte, elixir...
Do que existia enquanto vivia
Pela via torta, tortuosa... – torturante!:
Praxe da inquisição interior ao homem
E seu ofício, - Santo
Ofício
Para ofídio ofender com peçonha).
No que respeita a José
Presenteado com um par de sapatos,
Fugiu em cavalo baio a galope,
De si, dos demais, que não são de menos mesmo!
- e do poeta Carlos Drummond de Andrade
Que fez a leitura e escritura
De seu tédio
Em si próprio
Quando o transtorno do
Pânico
E da mulinha de leite
Eram mais assustadores
Que o deus Pã,
Que apanha pânico no terror,
E a mula-sem-cabeça
Desembestada no apocalipse carioca.
O homem é o segundo criador,
O ser pensante que partilha
Existência e vida,
Porquanto é ativo e sofre (passivo):
Os demais apenas sofrem
O impacto do “pathos”
E são objeto do pensamento
Enquanto entes passivos,
Do ser pensante,
O qual cria o Kia sem vida
E outros artefatos
Sem vida , “e voz
passiva
Ou voz de “pathos”,
Sendo, destarte, pacientes
( seres que sofrem, não agem, reagem)
Já o sujeito, a subjetividade cavada dentro do homem,
Tem “ voz ativa” na gramática
Que advém do Tratado das Categorias de Aristóteles,
Comanda, Comanche
, ou adverbialmente, sem mancha,
os fatos que criam,
Os quais sobrevêm de seus atos existenciais
Ou exteriorizados, expelidos do ser interior,
Que não se
exterioriza , senão como existência,
Que é a fórmula afortunada de se por o ser,
Em alienação cognominada
existência,
Sobre um microcosmo minúsculo,
Um sub-microcosmos com lindes, limitado.
Aonde o ser não vai
Senão pelos pés da existência, sua liteira,
Que executa a práxis do ser no mundo
Enquanto o ser continua fora do universo externo
E nem sequer toca os pés no chão dos carmelitas descalços,
Pois o ser é em ato
o eterno pensamento
Do filósofo, do poeta, do pensador,
Do homem do vulgo,
Sendo que não há filósofo
Que não seja poeta na veia
e no veio,
No filão do pensamento de ouro puro,
O que não ocorre com o pensador,
Que é um frio , pobre
e objetivo cientista triste:
Um Tristão sem Isolda.
Já o primeiro criador,
Primeiro obreiro do motor primordial,
Deixou , quase ao
abandono de nós,
homens-meninos-traquinas, lúdicos,
Um macrocosmos
infinito,
Sem fim nos confins;
E um microcosmo sem fim,
Ou dos quais não vislumbramos os limites,
Os quais passam pelo
ser humano
E o cria a cada dia,
A cada calada
E a cada Kia,
Que, outrossim, está em seu calado
De navio criador cósmico.
Somos apenas copistas,
Monges amanuenses
Desses universos
Em nossos versos
Em modo de engenharia, física, química...
Com as linguagens e
línguas
Que retratam o “nous”,
Que não é nosso,
Mas obras de furto
e arremedados grosseiros
ao apagar do “nous” surripiado a custo
de vidas e mortes
em contraponto ao que diz
um “El Niño”
“terribundo “e sofrido
como o vagabundo ,
errante, errático que não é ,
mas sonhou e gostaria
de ser,
- e ser bem sido!,
assim como eu o quis ardorosamente.
Ele, senhor dos
burcos negros aberto pela cosmologia,
afiançou do alto de sua cátedra,
em estados que se dizem e querem unidos,
ou num reino que se diz tal e qual
em matéria de união,
que “Deus não é mais
necessário”.
Nem o cosmos?!... – ó senhor físico inglês
cujo saber e
conhecimento do alheio,
adicionados a todos os seus pares e párias
não passa de uma
fração do nada,
um fractal tal e qual
o quer a teoria do caos,
teogonia dos deuses
em outros moldes contextuais.
Que agonia!
Oh! Deus! Perdoe essa facção(facção!) do nada,
Dos niilistas a olhos vistos
A ver navios naufragando
Sem “ terra à vista”
Ouvida do marinheiro à gávea.
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