domingo, 6 de julho de 2014

TENAZ, TENAZ - verbete glossario etimo

Quando a sombra gélida
Desce ao  vale enregelado
Em observância ao glaciar
Ao lado do precipício,
Então o homem treme
Ante a sombra da morte
Que resfria e embuça o vale
Trazendo ao corpo vivo
Entropia,  hipotermia, hipoglicemia...
Assassinas frias, impassíveis,
As quais  podem ser letíferas ao homem
Pois cometem assassínio sem apiedar-se da vítima,
sem compadecer-se do paciente
Do moribundo nas vascas da agonia.
Moribundo marimbondo
Perdido o  voo  perfeito
Longe do itinerário
latitude e  longitude
a cavaleiro do descalabro
sem albor de cavalo em marcha
este é o homem  a  vasquejar ,
no transcurso do passamento,
Inerme ante  a força sobreposta
pelo cavaleiro glacial,
Sitiado  pela hoste  inimiga
Séquito de entes visíveis e invisíveis
Presentes em  fungos, ácaros, feras, ungulados,
Criaturas peçonhentas,  órix-cimitarra,
Todos a erguer a cimitarra
Contra o cachaço,
A dura cerviz,
Que não obstante rolará
Ao canto da  guitarra gitana...
Na terra negra do Cantão
Onde  a treva baixa
E o sol retoma o mutismo do carvão
Enquanto o verme se torce e retorce
ao devastar  a alma
degustando o corpo
Qual praga de gafanhotos
A depauperar a vegetação num átimo.

Os cristais dos  minerais
Nem nascem e, concomitantemente,  não perecem
Com a rapidez da erva daninha
Dada ao fogo crepitante
Que a ventania ululante alimenta
Em procedimento antípoda
À ação da primavera em seu primevos brotos,
Suas vergônteas a tear o verde,
Tecer a história em geoglifos e petroglifos,
Fragmentos de língua natural...:
Cristais não são Cristos,
Sequer cristãos obviamente,
Tampouco anti-Cristos
Descritos por Nietzsche
A desbastar hieróglifos de outro teor historial,
Nem críticos a desbaratar ( O Mahabharata
Ou encetar exegese etimológica
Tendo como objeto o vocábulo “Maranata”)
Traços anti-críticos,  troços acríticos
Em momentos  de movimentos sinfônicos
Equalizados no temporal,
- tudo isso simplesmente
 porque  não sofrem
dor de gramático posta na gramática
em voz passiva
que nos levam a ser pacientes de médico,
passivos, compassivos, passionais
ante as vicissitude cobradas
pelo mundo social-natural;
minerais  sem a pecha da gemologia
sequer sentem o mundo
( sentem-no pela minerologia
Que diz do grego idioma,
Dito pelo grego filósofo,
Homem no ato de  alienação
Exigida ao ator,
Um hipócrita profissional,
De direito e não de fato, necessariamente);
Minérios apalpam apenas o tempo
Com nada às mãos
Em que segurar-se,
Sem conceber o ser
Que emerge pintainho ou pintainha
Da casca do ovo
Ao verso da cor do amarelo à gema e girassol,
Pois sua segurança e porto seguro
Vem da raiz da planta,
A qual semeia e planta a vida
E vem a sentir  a mão que
E a planta do  do pé
Em palmilha
A sentir  milhas de terra
Sob pés-raízes  às “apalpadelas”
No escuro que procura a luz
nos vegetais que são ( somos!)
Primeiros entes a seguir
Os passos da vida
Em rastos no solo, subsolo,
Onde vagam lençóis freáticos,
Aqüíferos Guaranis...
Vegetais, no entanto, ainda não sofrem,
Não ouvem essa voz de apelo
No pelo eriçado da gramática da Ática aristotélica,
Uma vez que o sofrimento,
A paixão dos gregos e de Cristo
Tem início com os animais,
Antes de Cristo,
Pois eles são os primeiros bichos,
Antes de nós,
A aprender a fugir da morte
( o homem, depois de Cristo,
Apreende filosoficamente
Este conceito passível de  elegia,
De poesia trágica
Na Paixão de Cristo)
Ante a sanha do predador
No  curso do processo iniciático da caça.
Quantos aos iniciados
Estes ( nós homens!)  não se furtam à luz
`a sombra do vaga-lume
Com a brasa deste coleóptero
A queimar a mão
Até abrir um buraco
De cabo a rabo
Antes que a morte
Separe-nos a carne
Com a cimitarra do guerreiro bárbaro
A nos cindir ao meio
Parodiando o anedotário sobre Salomão.

No homem, entretanto,  tudo dói tanto,
Onde a  dor moral grassa,
-  suscita dor de tal monta
Que o obriga a fugir de tudo
e de todos os seus semelhantes,
- até  do ermitão
Que vive em si mesmo!
A despeito dos homens gregários
Temerosos de sua própria e solitária companhia.
O homem é uma companhia ruim
Até para si mesmo
Enquanto não  vencer o medo
De  se enfrentar no front,
Homem versus anjo,
Qual o fez Jacó
Que se  derrotou
E, portanto, triunfou sobre  Deus
E sobre os homens,
Porquanto o único vencedor  real
É aquele cuja vitória
É sobre si mesmo
E não sobre oponentes,
Que os não há
Para os vencedores de si mesmo.
Todavia, nada disso  é óbice
Para que o último movimento
em sua sinfonia coral
em seu corpo de baile
na sua ópera bufa
Seja terminado no frio
Sem termas ou sauna
Cobertor ou corpo cálido
Onde se atracar
Depois que o fogo santo do amor
Apagar-se nos sacrários
E tudo passar à treva
Sem Alpha Orionis ( Betelgeuse)
Ou Beta Centauri ( Hadar ou Agena)
Para contemplar.
O homem que venceu ao si mesmo,
Ao seu não-oponente real,
Ganhou outro nome
Porque encetou nova vida:
De Jacó, que derrubava  a todos 
Agarrando-lhe o calcanhar,
“passando-lhes a perna”,
Como o fez com Esaú e Labão,
Quando, então, por mérito
É renomeado “Israel”,
Aquele que venceu deuses e homens
No simples ato de vencer-se a si mesmo,
Na redundância da vitória notória,
e, destarte,  vencer o mundo inteiro,
Constituindo-se em uma nação,
Da qual será o patriarca venerável,
O sábio uno ao Deus pai todo-poderoso.
Sem embargo, mister é que seus filhos,
Em suas doze tribos representadas biblicamente,
Não sejam os espermatozóides
Que perderam a corrida material
E restaram mortos ao meio do caminho do cavaleiro,
Diversos, dispersos persas despercebidos
E nem tampouco retroajam  
da iluminada natureza  búdica
que prescreve a  corrida espiritual,
Única corrida do ouro
- para a Califórnia!
Cantada à Beatlemania  rouca, louca,
Pouca a polca...;
Calada pelo calado da noite fria
- Na  morte
Tramada por assassino fanático,
 prosélito, sectário...
 um pobre diabo dos diabos,
- dos diabos, o mais pobre!
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ENSAIO
No verso tudo descamba no mistério da vida, que não pensa nem tampouco faz pensar. A poesia é o sonho mais próximo da vida, não da existência, que esta é parte da discussão filosófica.  A Bíblia acorda o sonho poético-profético ao narrar a peleja renhida entre  Jacó e o Anjo do Senhor madrugada fora, pela calada a rumorejar versos no rocio em rio manso. É o fenômeno do sublime, a arte no mais alto nível, o labor nobre do senhor Saint-Michel- de –Montaigne  e do barão de Montesquieu, aristocrata.
Na prosa, dá-se o fenômeno do prosaico, que não canta, sequer ama, apenas disserta friamente e busca desvelar o que a medicina põe sob a rubrica de Tanatologia, que imaginamos ter cunho científico, mas não passa de um mito grego dito pelo “logos” na forma do pensador natura, no limiar fronteiriço de um contexto, que contesta texto,  e não mais no canto do bode  envolvido pelo  estro  do poeta trágico, que põe a tragédia no relicário de pesadelos ou jóias de pesadelos  buriladas pelo artista-joalheiro  Füssli,  um pintor de visões assustadoras de  demônios nas versões femininas e masculinas, respectivamente  :  Súcubos e Íncubos que tornam a vida humana perrengue.Um perrengue na noite são esses diabos.
 A tanatologia é, de fato, não de direito, um mito grego que emerge de outro contexto, que dá novo texto e principalmente leitura  à história escrita sob a forma atenuada  das metáforas e com linguagem poética, ou seja, alegórica rica tomada de empréstimo ao poeta,que sonha e ama, pois é um ser que está dormindo um sono longo para a vida real que passa sem que ele, o artista, não veja, absorto que está co sua arte, sua relação que imagina ser recíproca com Galatéia, a estátua.
 A ciência, talvez, não passe de uma notícia sobre outro contexto e, por isso, quiçá por outros motivos tão vastos e de numeração virgulada tal qual a dízima periódica, não valha a pena por a pena na ferida, - por isso e outras razões diversas e inumeráveis e controversas,  a poesia, nem as artes em geral,  tiveram morte súbita ou sofreram algum abalo sério entre pessoas intelectualizadas, após a aparição bombástica e retórica da ciência, secundada e propagada pelos seus cientistas e mesmo seus pseudo-filósofos , então jovens fanáticos e inexperientes,  sectários a cantarolar  loas,  quando o fenômeno da ciência veio se  insurgir no horizonte;  a ciência que tentou, mentindo em seus credos, destituir a filosofia, sua mãe e mestra severa para poder ficar só com a história e, destarte, conquista do mundo vão ( vanidade!), vil e velho,  que já pertenceu a conquistadores implacáveis do naipe de Gengis Khan,  seu filho , Kublai Khan,  o Grande Khan de Marco Polo, que é, por sua vez o grande mentiroso, ou melhor, o megalômano, que , enfim,  dá notícias em primícias da dinastia Khan com sua progênie,  bem como a  Alexandre Magno, com uma época carolíngia e outra merovíngia a alternar a devastação  e a  devassa que esses reis promoveram na Idade Média, mais  da cor do sangue que de trevas, que não raiam, não irradiam ondas luminosas. A luz é ondulação.
A ciência, tal qual a religião, ambas vivem do pavor da morte,  fazem desta profissão de fé,; entretanto,  nenhuma delas foi capaz de salvar o mundo, somente o salvaguardaram, sem nenhum trocadilho nesse sentido. São cães de guarda mesmo! – que servem , ainda ao Khan! : ao Khan vivo na pele dos políticos larápios que arrepiam a terra e não a lei, que é ao gosto deles e para desgosto dos demais : nós, gente tanta, tonta de tanto bebericar cerveja.
O homem que perdeu as batalhas contra si mesmo, a maior das quais é o medo da morte, que o faz esconder na religião e na criogenia da ciência para rico tolo, perdeu a guerra. T quando se perde  a guerra para si mesmo, volta-se pára o inimigo externo, que é mais fraco que o interno, pois pode ser ludibriado co facilidade, mormente para quem tem a experiência vasta e as cicatrizes do guerreiro que perdeu para si próprio o que corresponde a perder para o pior inimigo e perder-se cabalmente na desilusão e no ceticismo cru. Não é mais um homem :
 É um morto,  um zumbi, um ser a tatear nas  trevas das drogas, que podem ser fármacos, bebidas alcoólicas, doutrinas, religião, ciência, filosofia, poder, sexo...etc., nada disso salva, - salvaguarda do suicídio, que já o há em espírito mortificado, mente embotada, paralisada pelo horror da derrocada, o naufrágio em porfia tenaz(tenaz!)contra o anjo do Senhor, que o bateu e abateu no matadouro do Douro e do Minho, no álveo do Rio Douro, nos Pitões das Júnias, em Portugal medieval ou paisagístico, nostálgico, com saudade do poeta Fernando Pessoa e outros de assim peso, calado.
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