Das categorias de Aristóteles a substância é, evidentemente,
a de maior importância na lógica formal e na realidade factual. Direciona o
pensar do estagirita à ontologia, no que
tange aos nomes ( nomenclatura), a qual leva à morfologia, bem como às leis que
regem a sintaxe ou relação sujeito-predicado em última instância.Relação ou
interação bifurcada no dizer(“logos”) ou não dizer do sujeito , ou seja , dizer
o ser, ou estar ou não estar no sujeito que às vezes é gramatical, outras vezes
ontológico, representado por um enunciado, que o define no ramo do ser ou meramente por um nome, que diz
de um estado vazio sem o ser que mostra a cabeça depois do mergulho no fenômeno.
Cabeça que mostra, cabeça de ostra.
O filósofo, em seu pensamento metafísico, parte da
substância primeira que é o indivíduo. Essa categoria, quando no homem, vegetal, animal e mineral, quando individuada, já não é mais mera metafísica,
mas física, natureza, concreção, concretude. O indivíduo é essa concreção, esta
a substância real, fática, da qual depende as demais, que somente existem ou tem o ser
dado pelo indivíduo, mormente o indivíduo humano, parte corpo e parte alma (mente).
Neste sentido e em perspectiva filosofante , os animais, plantas, minerais, moneras, não possuem
alma porque dentro de suas “almas viventes”, as
quais os anima o corpo posto em órgãos e organelas, porquanto não têm
mente,ou seja, não fabricam objetos abstratos como o tempo, a religião,
doutrinas : o ser, enfim. São o ser para
o homem individual, mas não para si. O homem, por seu turno, é ser para si,
faz-se ser e emite o ser que percebe nos
fenômenos : retratos do ser no tempo em que é : o presente fluído como o rio
que passa e por onde ou por cujas águas não se passa duas vezes, no dizer heraclítico.
Os bichos, plantas e minerais não dão o ser ao ser, portanto
não suscitam o ser, deles não emerge o
ser, embora sejam seres, mas sem o substrato abstrato mental não o percebem ou
não os constroem porquanto não possuem signos lingüísticos nem símbolos que
transforme o pensamento abstrato nesses seres ás vezes concretos e às vezes abstratos. Ambos se conectam no
fenômeno e na compreensão do fenômeno enquanto linguagem vital, viva, de sinais
naturais.
Esta idéia ou ideário lógico e ontológico em tese na obra do
filósofo é que vem a criar, para além da
língua grega, a gramática, invenção aristotélica; a gramática : mãe da
filosofia grega que não passeia por outras línguas antes de Aristóteles, se não por acaso e na inconsciência, pois é do
grego pós-Aristóteles, pós-gramatical, é que se funda a lógica vinculada ao
“logos”, transmutando este “logos” com o respaldo filosófico, ou melhor,
ontológico-lógico da gramática de
“logos” em lógica”. Destarte, o grego pós-aristotélico é o único idioma que pensa
a gramática dando-lhe uma lógica, um pensamento coerente, rigoroso, voltada
para a ciência do pensar respaldada pela ciência do fazer : a técnica que,
assim discutido à exaustão,
transforma-se em tecnologia, ou seja, dialética d técnica, que não é mais
apenas o fazer com as mãos,nas também
pensar e por em tese e antítese esse fazer que, dado ao infinito pensar,
evolui para infinito . O “logos” grego pós-Aristóteles é o único-primeiro idioma a dizer, através do filósofo, uma primeira língua cônscia da gramática que
o fundamenta, na voz e e mente
pensante de seus indivíduos mais sábios
e eruditos: os poetas e filósofos pós-aristotélicos.
Não afianço que não haja, tampouco que não havia gramática a
respaldar outros idiomas; digo, apenas, que estas outras gramática, que não a
gregas, são impensadas, impensantes, sem perspectiva filosofante, aristotelizante , meras regas, quase normas jurídicas. A língua
dos mitos gregos cantados nas epopéias homéricas e tragédias de Ésquilo,
Sófocles e Eurípedes, trinca trágica de poetas, não é a mesma língua
calcada(calcada") nas categorias de Aristóteles. Aliás, “o canto do bode” de Eurípedes já
não discute mitos, mas sim dramas
profundamente filosóficos, da filosofia
que o poeta trágico deve ter bebido em Sócrates, apresentado nas “Nuvens” de
Aristófanes como uma personagem bem conhecida na Atenas de então.
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