desenha inaudível signo-senóide
em pêndulo de morte
- pêndulo de Foucault
O insidioso silêncio da serpente...
leva ao jardim edênico
e faz descair almas no Hades
onde há-de ir todo indivíduo terrenal
O silente silvo da víbora
oculta na folha da vide
escarnece a vida em carne viva
com a morte na peçonha
mesclada ao elixir da vida
que mata na mata
e cura à saracura
e ao cura na Cúria
no limiar do miar
do gato gago ao galgo
O silvo na selva
da cobra silvestre
se enrosca na brisa
em amplexo senoidal
de ondas no movimento
nada lento do seu corpo
escamoso, flexuoso, tortuoso...
A picadura da mamba negra
abre a boca da noite escura
para a alma alarmada
libertando-a do jugo físico
- horto morto
No Santo ofício destes ofídios
a arte de ofender e matar
é um ofício oficial e oficioso
se se transplantar a planta da cobra
para a cultura "xamanística"
ou quiçá de Sá Carneiro
holística ou mística
no bastão ( brasão) de Esculápio
que cura e morre
que este deus não é imortal
e vem se consonar
com o silogismo cruel do filósofo
Nos riscos que narram mitos
no véu negro
que cobre a cabeça da mulher,
na noite obscurecida
pela alma de Joan Miró,
o Serpentário parte em cabeça e cauda
a Constelação da Serpente
narrando o inenarrável mito
do deus Esculápio,
patrono da medicina,
porquanto na peçonha da víbora
está a a diferença entre vida e morte
e toda a farmacopéia.
A Cabeleira da Berenice
é o mito narrado em riscos
que tracejam aglomerados constelares
no céu noturno
e depois desce lépido
com pincéis e pastéis
a tingir os cabelos da mulher,
véu nigérrimo e exuberante
no tempo do viço :
Coroa Boreal
"Corona Borealis"
as madeixas negras
que coroam em rainha
toda mulher na noite
- A noite bela dela
está no vigor de seus cabelos bastos!
Negror a mergulhar,
mar a amar...
Cássia, Cássia, Cassiopéia! :
a planta da mulher
cujo silvo e hemotoxina é produzido
e engarrafado nos silos da clorofila
na raiz-terra
( radical do radical no eco :
casa do ser
a rastejar e esvoaçar
entre o a serpente e o homem)
onde se esconde a víbora letífera
de peçonha neurotóxica
e se mostra na mostra dilucular
o céu (véu, chapéu, capuz, gorro, solidéu...)
a coroar esta rainha
com Coroa Boreal constelada
aonde a senhora e virgem mítica,
na geometria imaculada
da Virgem Maria do geômetra cosmológico,
em divina Conceição ( concepção),
que simboliza a mulher em todas as faixas etárias,
pisa a cabeça da serpente
no céu preclaro do cristão
e também do mouro e judeu,
pois o céu foi Deus quem deu
para coroar todas as cabeças descobertas
sem corolários
ou presunção de verdade
Cássia, Cássia, Cassiopéia:
o amor está nos olhos
quedos neste brinquedo,
folguedo...
- neste folgar!
( Ei-la! : a poesia em ziguezague ( zigue-zague) de cobra
um serpentear pela água do rio
que desemboca no ar
em ondas senoidais).
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