Afirmar que a ciência e a
técnica é a linguagem, não passa de linguagem e nada são, de fato e de
direito, além de linguagem, ou, outrossim, que são as várias
linguagens que a constituem, que estão dentro da linguagem-maior, por
assim dizer, não é excessivo, não é afiançar nada em excesso,
porquanto, rigorosamente, a ciência é isso : linguagem :e linguagens
dentro
da linguagem; enfim, um dueto contrapontístico ou polifônico que pode
acolher outras linguagens referente a objetos, dentro de si, como sói
com a linguagem matemática ( ou as linguagens matemáticas, pois nelas
estão inclusas a geometria, a química, a álgebra, os algoritmos, os
ritmos musicais, a música, as artes, a linguagem de símbolos nas artes e
nas matemáticas) tudo isso dentro da língua falada,
cantada e escrita, etc. Ao menos, uma incomensurável, enorme parte da
linguagem
é a ciência, é "consubstância" de ciência, de fato e de direito,
consoante a própria concepção bifurcada da
ciência e da técnica demonstram em seus escólios passando pela efígie do
deus Jano, o bifronte, ou de duas cabeças, olhando o horizonte de
eventos à frente e às costas.
Sendo,
precipuamente, linguagem, a ciência, ou erudição, ou conhecimento, ou
linguagem para acolher objetos do conhecimento e da comunicação simples e
pura, vem almejar conter toda a
sabedoria, que está na natureza ( "in natura", inata), esparsa,
aleatória, em certo sentido, e
por esse saber percebido, executado e vivido pelos entes vivos
naturais, dentro os quais está o animal, o vegetal e o homem , na parte
que refoge a cultura,que, de fato, é a maior porção de "terra"que o
homem possui da natividade ao Gólgota, que não é só para Cristo ou
Creso ( ou Crespo de cabelo crespo ); conter, portanto, a sabedoria da
natureza em sua linguagem ou
linguagens: essa a aspiração da ciência : correr empós a natureza sábia
e transmutar a sabedoria natural em conhecimento, erudição, ou seja,
comunicá-la por inteiro ao ser humano desta, da anterior e das próximas
gerações, se as houver.A ciência anseia por constituir um continente
para a sabedoria natural, no âmbito do conhecimento ou linguagem, a fim
de cominucá-lo, ou seja, torná-lo patrimônio ou acervo comum da
humanidade.
Entretanto,
como a ciência é majoritariamente mais um corpo de linguagem em função
de linguagens para apanhar os vários objetos que a ciência põe sobre
as coisas, os entes e os seres dados, tende, necessariamente, à
estupidez , pois a linguagem, em seu afã de comunicar e mesmo no âmbito
político em que trafega, vai-se "sujando" de contextos, a macular os
interesses científicos com outros interesses de cunho político,
porquanto o homem, como qualquer chimpanzé ( somos símios de outro
naipe!, mas o somos!, banidos bandos de pelos pelo corpo fora )
sobrevive, desde recém-nascido, graças aos afagos políticos ( da mãe, da
tio, do avô, da prima, irmã, amigos..., o grupo circundante! do qual
recebemos e damos mostras de comportamento político, sempre coercitivo,
porquanto a coerção e a troca de todo tipo é essencial à convivência,
lamentavelmente : ou não, quando pode-se ser anacoreta ); sob a à
égide da política convivemos, pois sempre há alguém e grupos que nos
tolhem e
acenam com propostas que atendam a seus interesses, que, muitas vezes,
na maioria mesmo, são nossos interesses também, os quais se confundem e
tendem a fundir com vantagens e desvantagens mútuas, obviamente, que
toda relação é um dar e receber e sempre alguém ganha mais e outro perde
mais, senão demasiado no cassino social, que a cultura, a sociedade é
um jogo, um esporte antes de tudo, algo sempre encravado, com raízes
profundas no simbólico, após os feitos e atos dolorosos das chibatadas e
do esquartejamento de Tiradentes, por exemplo, que é um paradigma de
quem paga tudo no mundo social : quem tem que assumir, por vezes, o
papel do bode que vaga no deserto a fim de expiar os pecados dos homens
eminentes, por meio dos homens indigentes ou próximo à indigência ou com
recursos escassos, econômicos ou sociais esses recursos. Apolítica é
isso equacionado em linguajar matemático.
Sem embargo, a estultícia, que pode macular de morte o conhecimento, está mentalmente e de fato também, expressa no zelo maníaco dos homens que se gostam de ver como perfeccionistas; ou no oposto, naqueles liberais em demasia, que se utilizam politicamente ( inconscientemente) de liberalidade ilimitada, irracional ou mesmo limitada aos seus recursos intelectuais, econômicos, políticos, enfim, das fontes do poder social, algumas das quais são o intelecto, a política, etc.
Sem embargo, a estultícia, que pode macular de morte o conhecimento, está mentalmente e de fato também, expressa no zelo maníaco dos homens que se gostam de ver como perfeccionistas; ou no oposto, naqueles liberais em demasia, que se utilizam politicamente ( inconscientemente) de liberalidade ilimitada, irracional ou mesmo limitada aos seus recursos intelectuais, econômicos, políticos, enfim, das fontes do poder social, algumas das quais são o intelecto, a política, etc.
O direito, no Brasil, tomada aqui como péssimo paradigma, ou paradigma
da errata, por assim dizer, é um arremedo de ciência, porquanto não tem
qualquer status cientifico, justamente porque não é "justo" ( o que é
ser justo? : equivalente, equitativo basta, não há necessidade de um
conceito zelo demais da justiça, que não existe senão enquanto a
estupidez da utopia, quando levada a cabo ou do idílio, da ideologia, do
fanatismo de qualquer espécie, seja religioso ou profano).
Ora!, a ciência é antes de mais nada a intenção, intuito intuitivo de comunicar ou comungar um caminho correto, reto, para dar a conhecer a sabedoria cósmica, e, evidentemente, aquilo que não é justo, que salta aos olhos como injusto, hediondo, não é ciência, não é conhecimento, não faz parte da erudição cândida ( cândida candidata à verdade!, embora com candíase! ) pois a ciência é justa, deve, ao menos, ser justa, ter em mente o espírito de justiça, esse zelo desmesurado deve ser perseguido com perseverança, com afianco, todo dia e minuto, pois somente pode se vestir ou travestir de justiça ou nos arredores dessa concepção algo idílica, utópica, idealizada, algo que lute para tanto : para alcar-se à altura do titã, consoante o delírio de Nietzsche, em seu zelo maníaco-depressivo .
O homem zeloso em demasia, em geral, é um esquizofrênico, uma mente paranóide, um megalômano perigoso, uma besta contida ( até quando?). Ela, a ciência, carece desses sonhos para se revestir de caráter cientifico, para a persecução do objetivo para encontrar o objeto que não é sacro nem tampouco um "santo sudário" ou "santo Graal", que são meras loucuras contextuais, que invadem um tempo como uma epidemia e endemia grava, que grassa e impede a serenidade na saúde. Não obstante à paixão quase maníaca ao zelo, esse mundo onírico contido no sabor do idílio, da utopia e do ideal é a tecitura dos requisitos básicos, basilares, esteios, estribos da ciência ou conhecimento, por meio de linguagem, sabedoria desvinculada da natureza, canalizada ali na técnica e pensada dentro do jargão, da nomenclatura cientifica e técnica.
A ciência não existe sem linguagem, utopia, idílio e ideal ou
ideação ; é um "pathos" tal qual o amor, a paixão desmedida, injusta,
porém com foros e delírios de justiça e nobreza máxime quando envoltos
na atmosfera do sonho os lovelaces, os enlaçados, enredados na teia ,
os enamorados. A alma da ciência é um gás nobre ou está impregnada dos
gases nobres enunciados na Tabela Periódica dos Elementos de Mendeleiev
que, com a dita tabela, prova a existência ou realidade do tempo e do
espaço, este enquanto um buraco ou um junção do tempo em energia que se
entrechocam formando matéria, na velha equação de Einstein-Planck, que
goza do privilégio injusto, injustificável, de ser somente da lavra do
relativista.Ora!, a ciência é antes de mais nada a intenção, intuito intuitivo de comunicar ou comungar um caminho correto, reto, para dar a conhecer a sabedoria cósmica, e, evidentemente, aquilo que não é justo, que salta aos olhos como injusto, hediondo, não é ciência, não é conhecimento, não faz parte da erudição cândida ( cândida candidata à verdade!, embora com candíase! ) pois a ciência é justa, deve, ao menos, ser justa, ter em mente o espírito de justiça, esse zelo desmesurado deve ser perseguido com perseverança, com afianco, todo dia e minuto, pois somente pode se vestir ou travestir de justiça ou nos arredores dessa concepção algo idílica, utópica, idealizada, algo que lute para tanto : para alcar-se à altura do titã, consoante o delírio de Nietzsche, em seu zelo maníaco-depressivo .
O homem zeloso em demasia, em geral, é um esquizofrênico, uma mente paranóide, um megalômano perigoso, uma besta contida ( até quando?). Ela, a ciência, carece desses sonhos para se revestir de caráter cientifico, para a persecução do objetivo para encontrar o objeto que não é sacro nem tampouco um "santo sudário" ou "santo Graal", que são meras loucuras contextuais, que invadem um tempo como uma epidemia e endemia grava, que grassa e impede a serenidade na saúde. Não obstante à paixão quase maníaca ao zelo, esse mundo onírico contido no sabor do idílio, da utopia e do ideal é a tecitura dos requisitos básicos, basilares, esteios, estribos da ciência ou conhecimento, por meio de linguagem, sabedoria desvinculada da natureza, canalizada ali na técnica e pensada dentro do jargão, da nomenclatura cientifica e técnica.
Óbvio que a ciência tende à farsa, essa arte inata ao homem ( e a mulher!!!...), inobstante necessária à cultura e à sobrevivência humana enquanto grupo social, político.A função política prescinde de atores, ou hipócritas, no sentido técnico de representar, o que fazemos diuturnamente, na frase escrita pelos poetas, para entretenimento, mas também, e principalmente, na farsa escrita no direito, na ciência e na religião, com seus códices e alfarrábios em literatura ou linguagem de farsa. A farsa é a mole do edifício que sustem toda a estrutura, o arcabouço do projeto e da realização da engenharia na Cúpula de Santa Sofia social, uma edificação que não se pode ver por trás da mole do prédio original de alvenaria, cantaria. Um cantaria na pedra, outro no projeto social-político que embasa as relações humanas de Hobbes a Nietzsche. Um percentual de 99% da ciência comunicada ao público alvo é pseudo-ciência, restolho, refugo cientifico dado aos porcos na pocilga, a fim de que possam chafurdar na lama sem consciência pesada ou má-consciência conforme gostava de falar Nietzsche que bem sabe do sabre pairando sobre as cabeças coroadas ou com tonsuras originadas no tempo ou no rito de tonsura.
A dose para se lograr um razoável grau de ciência é tarefa hercúlea, impossível mesmo, e está contada, aritmeticamente, novelisticamente, cantada na epopéia mitológica ( qual não é?) e nos contos em baladas; está, certamente, entre os doze trabalhos do herói, de Héracles; e raro tem parâmetro porquanto escassa, escasseia a produção de ciência e está cada vez mais a escassear, vez que a técnica escamoteia e, além de escamotear, obscurece, vem a obscurecer, ou enobrecer a lividez da ciência. Achar o calibre certo ou aproximado entre a linguagem, a utopia que é inerente à linguagem e às linguagens, o espaçamento idílico e o ideal, dentre outros itens não citados, é patinar quase na impossibilidade de por a ciência no mundo, sem falar na política e outros elementos sócio-econômicos de força, além da camisa-de-força do direito que vige em toda terra e domina o homem, em sua maioria, pois o direito é postulado em função de uma minoria privilegiada, ou seja, senhora dos direitos do direito e do direito posto em lei : direito positivo ou de fato, sem trocadilho com a questão de fato e de direito, que é pura ciência, até onde a dose meça a peregrinação à Meca sagrada. Não meça Meca!
A linguagem abriga ou alberga, em signos e símbolos, tudo o que é humano ( cultural ) dentro de si, na sua atmosfera ou hidrosfera, num oceano sub-lingual, escrito ou fonado : consoante palatal ( consoante linguopalatais ), fricativa dental surda não-sibilante, fricativo labiodental surdo oclusiva, alveolar, consoantes pulmônicas, ejetivas, implosivas, cliques, etc. : tudo "consoante" o alfabeto fonético internacional. Apenas não tem asilo ali o que é nato, inato. O "h" é letra diacrítica.Vide os sinais diacríticos.
Eis uma sumária descrição de ciência que, enquanto arte, fala e grafa ou desenho signos, substituindo símbolos e imagens, os quais introjeta.
(POEMA POLIFÔNICO OU EM CONTRAPONTO E FUGA PARA TOCCATA
A linguagem é o homem
posto na cultura
nu de antropologia
- que não seja rasgo linguístico :
etnologia densa e difusa
( fuso o horário
difuso
na fusão do parafuso
fusco
lusco
luso
dentado
farpado
auto-atarraxante
- parafuso-biela!
A linguagem que é a língua
falada e escrita
contém várias linguagens
no bojo de um mesmo idioma
- linguagens amoldadas
a essa língua genérica
linguodental
No palato o canto
com a palatização
no sopro do oboé
que é
e dá ser
que aflora
na linguagem
e nas linguagens candentes
incandescente
O soprar do arcanjo no fagote
que dança no espaço escalar sonoro
vectorial
feito um palhaço
um trapalhão
- o pobre fagote!
tetrarca em fagocitose
para virtuose
que tosse
e tose
no que tosa
- a tosa
da ovelha
velha
que engelha
ajoelha
espelha
o dossel e a ranhura do abismo
na água do lago
gago
aziago
que afago
- o gajo!
( engajo?!
engajado!
engajar?!...)
A linguagem é o ser do homem
e o ser que o homem dá às coisas
aos entes
duendes
doentes
- ser sem sopro de trompas no corpo
enunciando o anjo
anunciado
com trombetas sonoras
de flores amarelas-goiaba
- de um amarelo-goiaba
beirando a podre
( odre no chão
de São João
do limão galego
- um balão
metereológico
ilógico
e nórdico
com pórtico
para goiabeiras enfloradas
sobre o muro antigo
e o telhado quebrado
da casa velha
alquebrada
abandonada
aos fantasmas camaradas
- comunistas! :
sem-terra
ou teto
para arquiteto
inclinar a cabeça
e dormir o sonho de lua
falciforme
à Joan Miró
em brasa na treva da noite
do gato preto
ao rutilar branco de escarcha
na estrela que pisca
o olho enamorado
no xadrez
de-dia-e-de-noite )
A linguagem não é
nem cerra ou encerra
o homem no amarelo goiabada
ou no escarlate goiaba
latente no vermelho
bichado
parte gusano
anjo-bicho que é
mas não está postulado assim
em linguagem
que o amarra na quilha do arcanjo
qual barco a vela
emergido do oceano onírico
surreal
surrealista
de Salvador Dali
- ali em mim
e também aqui
em ti
posta a linguagem
com suas infinitas variantes
cefeidas
O gusano entretanto
tem sabedoria escrita em código genético
harmonia interna e externa de movimentos
sem conflitos e embates
pois prescinde de linguagem exterior
jargão
jergão
nomenclatura
terminologia
lexicografia
lexicologia
verbete
dicionário
glossário... :
e, concomitantemente,
não processa conhecimento conflitante com a sabedoria inata
congênita
- não se retorce duas vezes
nas vascas da agonia
do conhecimento incerto
perdido na linguagem
olvidado nas especialidade das muitas linguagens
O gusano
o verme
a ave
o gato no preto do branco
do olho no fundo funcho
( Foeniculum vulgaris)
- uma umbelífera aromática
colhida na bacia do Mediterrâneo
- glauco
no seu verde a mar
"verde-glauco"
- glauco de glaucoma
quando não é verde
- o verde para os olhos
sem a mensuração dos raios
para esta cor a mar
devido a obstrução do humor aquoso
nos olhos de um Glauco mítico...
- enfim,
retomando da digressão :
o gusano e outros insetos
e animais que o latim não seccionou
não rendem culto à ciência
que é apenas a parte da sabedoria
com linguagem inventada
pelo homem
- este Glauco
ou Clauceste
celeste
nefelibata
suicida
inconfidente
refugiado no Lácio da língua
no lastro de chumbo dos alquimistas
no deus das saturnais
festividades celebradas no solstício de inverno
( esse o tempo marcado no compasso do ritmo),
na conjuração...
ó Clauceste Saturnino!
- Satúrnio! :
Senhor na noite negra e fria
- do suicídio
perpetrado no cárcere
Ai! ele dormia na enxovia!,
o poeta da arcádia
filho também da ninfa Calisto
hoje refugiada na Ursa Maior
com seu filho na Ursa Menor ( Ursae Minoris )
constelação do hemisfério celestial norte
onde está afixada o brilho da Estrela Polar
vizinha das constelações do Cepheus, Camelopardalis e Draco
Ai! ele chorava, sofria
na enxovia fria...
( Chovia na enxovia
uma chuva ácida
negra
de água nigérrima
betuminosa
na treva da treva
no trevo da treva
Chovia na enxovia
e o poeta na noite negra
sentia a noite passar pelo corpo
com um humor aquoso negro
à boca da noite
boca da mamba negra
a inocular peçonha
a destilar veneno
que leva o zumbi
ao escuro obscurecido pela morte
Chovia na enxovia
no ergástulo sórdido
e o vate sem estro na lira
inconfidente ( crime de lesa-majestade)
conjurado
sublevado
abastado
amancebado
amasiado
bacharel em cânones
Inobstante não passou incólume
pelo sangue da noite
- o sangue da mamba negra
( A noite é uma mamba negra
de boca aberta à morte de Cleópatra
rasgando o véu do tempo
desde o Egito antigo
até o tempo da inconfidência mineira
quando Cláudio Manuel da Costa
foi encontrado morto
na masmorra
- que morra!
tanto quanto mata
a masmorra
de todos os senhores
alfa-bichos
beta-bichos
cujo véu foi rasgado
ao longo do vestido da história
- um ofício do santo ofício :
isto é a história!
( que não tolera sublevação
conspiração
conjuração
que o diga o coração do poeta
batendo...: nos escombros!,
mas também nos saraus
consoante os Anais
que buscam o tempo
e nos autos da Devassa! )
A história do homem
sofre a bifurcação
de ser a historiografia do crime
aflorada sem código genético
- regime natural este
que dá o tom da norma natural
com tinta de DNA
- que pinta de guanina!
e desbota a sombra do crime
e do pecado
na bota
e no bota-fora
Ai! que chovia
na enxovia!
e poeta quedo e mudo
taciturno
olhando o suicídio
no gusano que se remexia
dentro do suicida
( chovia na enxovia
mas fora dela
degredo
degredados
declarado infame o poeta Alvarenga Peixoto
E havia dentro da enxovia
na qual chovia
a Coroa portuguesa
a derrama
a produção aurífera
a capitania de Minas Gerais
( capitania do rei e seus mercenários
pagos do governador ao soldado
todos bandidos
do bando sem semblante )
Havia a via para a metrópole
- a via do ouro !
as jazidas de aluvião
o contrabando
as 100 arrobas
os cléricos e militares insurretos
a classe abastada a conspirar
em insurreição anunciada a trompete de anjo
a conjuração
os iluministas
os mártires
- e a liberdade tardia!...:
que inda tarda
na tarde
e no tempo tardio de hoje
quando atuam as mesmíssimas personagens da tragédia
do drama
vão mudando apenas os atores
como se vão os dedos
e ficam os anéis
a ornar outros dedos leves
das mesmas personagens
da comédia de antanho
ressuscitadas
das levas de trevas
que inunda o mundo
desde que o mundo é mundo
e eu sou pequeno
menino do menino
que fui
desde que o mundo da besta homem
está escrito sob a comédia do direito
- esse fanfarrão ébrio
que chamam direito
e que não tem nem objeto
mas apenas objetivo
- cujo fim é demarcar o território para o animal alfa
e a beta besta
subsequente
Hoje a inconfidência é a mesma
a infidelidade ao rei
e o crime de lesa-majestade
é o mesmo sonegado
Os donos do governo
ainda montam a economia
com a lei
antes que os fora do poder
possam se mover
e concorrer
dentro da lei
que os senhores do poder
já conhecem os efeitos
desde o anteprojeto
e os demais
ou a concorrência
apenas vem a conhecer na publicação da lei
dando, destarte, uma vantagem enorme
aos que traficam no poder
e se enriquecem levianamente
Outrossim tais crimes ainda são punidos com severidade
mas tudo é simbólico
teatral
pois o esquartejamento de Tiradentes
o único membro da classe inferior
qual foi coagido sob tortura a confessar
que ele era o único inconfidente
a fim de que os da alta classe
então presos
pudessem ter a pena comutada para degredo
e desta sorte escapar à morte ignominiosa
- foi um um rito cumprido no cadafalso
e nos logradouros da cidade
que se esgotou na figura de Tiradentes
o mísero que tudo expiou
A expiação
Hoje ainda chove na enxovia
mas o rito sumário foi cumprido
e os inconfidentes de hoje
são penalizados com processos
e outras formas simbólicas
de punir apenas por somatização
Se o réu somatizar
as voltas no deserto
que o processo perdido dá
como o fizeram os judeus
e todos os que se perdem no deserto
e andam em círculos
então sofrem
de outra paixão
que não a de Cristo
ou dos enamorados à fonte
contemplando o anjo que bebe
no marimbondo preto e branco
de corpo oblongo
que o poeta tem
por objeto de poesia
ou de poetisa
que pisou e dorme sob o solo
- Bárbara Heliodora! )
Animal não tem história
que não seja natural
portanto não perpetra crime
está livre do pecado, padre!,
porque no bicho
tudo é saboreado
na escrita dos genes
que move a arara azul
corpo e "alma"
- pagã! :
Sem latim para Vulgata!
e direito canônico
sem cânones!
para Cláudio Manoel da Costa!!!... :
Direito que não lhe valeu de nada,
ó poeta conjurado! :
Árcade
( O mundo não muda em sabedoria
que faz corpo do animal
do vegetal e mineral
que estão no homem
mas não no poeta
- o mundo muda em conhecimento
e no embate entre sabedoria natural
e conhecimento ou erudição
que é de ordem cultural
da lavra da linguagem do homem
sempre a Revolução Francesa é refeita
e num momento vige a sabedora animal
que se assenhora do poder e territórios
marcados a mapa de urina
e em outro momento
vigora o conhecimento
que é uma utopia
mais frágil que uma bolha
prestes a estourar
na chuva
que chovia na enxovia
aonde o anacoreta fora recolhido às pressas
A revolução dos bichos
se passa em terra
escrita no DNA
com citosina e timina e guanina e adenosina
porém a sublevação dos filósofos
se dá na linguagem
que canta a poesia
e tudo o que descende da poesia :
a ciência, técnica, religião, cultura, arte...
está alijada do mundo...)
Mas chovia
chovia muito na enxovia
- até a morte vir-a-ser
a sublevação
o motim
e o motivo dos amotinados
insurretos
conjurados
inconfidentes....:
inconfidente é o homem
- todo homem individualmente é contra o rei em atuação
( ou os reis tripartidos em três poderes despóticos )
Somente não contraria os reis "magos" os magros
( macilentos poderes de semi-cadáveres )
aquelas sombras
que se desenham ao sol
e acompanham o homem
( as sombas de homem!...
subservientes )
- do homem que segue solitário
anacoreta que é
a caminhar intrépido
sem rei ou lei que valha o rei
- que nada vale
no vale
ou por onde passar o homem
em solitude erma
pelo deserto de Gobi
do Atacama ou de Gizé
que desmancham qualquer rasto de cascavel
ou de reis magos
ou magros ou nédios )
posto na cultura
nu de antropologia
- que não seja rasgo linguístico :
etnologia densa e difusa
( fuso o horário
difuso
na fusão do parafuso
fusco
lusco
luso
dentado
farpado
auto-atarraxante
- parafuso-biela!
A linguagem que é a língua
falada e escrita
contém várias linguagens
no bojo de um mesmo idioma
- linguagens amoldadas
a essa língua genérica
linguodental
No palato o canto
com a palatização
no sopro do oboé
que é
e dá ser
que aflora
na linguagem
e nas linguagens candentes
incandescente
O soprar do arcanjo no fagote
que dança no espaço escalar sonoro
vectorial
feito um palhaço
um trapalhão
- o pobre fagote!
tetrarca em fagocitose
para virtuose
que tosse
e tose
no que tosa
- a tosa
da ovelha
velha
que engelha
ajoelha
espelha
o dossel e a ranhura do abismo
na água do lago
gago
aziago
que afago
- o gajo!
( engajo?!
engajado!
engajar?!...)
A linguagem é o ser do homem
e o ser que o homem dá às coisas
aos entes
duendes
doentes
- ser sem sopro de trompas no corpo
enunciando o anjo
anunciado
com trombetas sonoras
de flores amarelas-goiaba
- de um amarelo-goiaba
beirando a podre
( odre no chão
de São João
do limão galego
- um balão
metereológico
ilógico
e nórdico
com pórtico
para goiabeiras enfloradas
sobre o muro antigo
e o telhado quebrado
da casa velha
alquebrada
abandonada
aos fantasmas camaradas
- comunistas! :
sem-terra
ou teto
para arquiteto
inclinar a cabeça
e dormir o sonho de lua
falciforme
à Joan Miró
em brasa na treva da noite
do gato preto
ao rutilar branco de escarcha
na estrela que pisca
o olho enamorado
no xadrez
de-dia-e-de-noite )
A linguagem não é
nem cerra ou encerra
o homem no amarelo goiabada
ou no escarlate goiaba
latente no vermelho
bichado
parte gusano
anjo-bicho que é
mas não está postulado assim
em linguagem
que o amarra na quilha do arcanjo
qual barco a vela
emergido do oceano onírico
surreal
surrealista
de Salvador Dali
- ali em mim
e também aqui
em ti
posta a linguagem
com suas infinitas variantes
cefeidas
O gusano entretanto
tem sabedoria escrita em código genético
harmonia interna e externa de movimentos
sem conflitos e embates
pois prescinde de linguagem exterior
jargão
jergão
nomenclatura
terminologia
lexicografia
lexicologia
verbete
dicionário
glossário... :
e, concomitantemente,
não processa conhecimento conflitante com a sabedoria inata
congênita
- não se retorce duas vezes
nas vascas da agonia
do conhecimento incerto
perdido na linguagem
olvidado nas especialidade das muitas linguagens
O gusano
o verme
a ave
o gato no preto do branco
do olho no fundo funcho
( Foeniculum vulgaris)
- uma umbelífera aromática
colhida na bacia do Mediterrâneo
- glauco
no seu verde a mar
"verde-glauco"
- glauco de glaucoma
quando não é verde
- o verde para os olhos
sem a mensuração dos raios
para esta cor a mar
devido a obstrução do humor aquoso
nos olhos de um Glauco mítico...
- enfim,
retomando da digressão :
o gusano e outros insetos
e animais que o latim não seccionou
não rendem culto à ciência
que é apenas a parte da sabedoria
com linguagem inventada
pelo homem
- este Glauco
ou Clauceste
celeste
nefelibata
suicida
inconfidente
refugiado no Lácio da língua
no lastro de chumbo dos alquimistas
no deus das saturnais
festividades celebradas no solstício de inverno
( esse o tempo marcado no compasso do ritmo),
na conjuração...
ó Clauceste Saturnino!
- Satúrnio! :
Senhor na noite negra e fria
- do suicídio
perpetrado no cárcere
Ai! ele dormia na enxovia!,
o poeta da arcádia
filho também da ninfa Calisto
hoje refugiada na Ursa Maior
com seu filho na Ursa Menor ( Ursae Minoris )
constelação do hemisfério celestial norte
onde está afixada o brilho da Estrela Polar
vizinha das constelações do Cepheus, Camelopardalis e Draco
Ai! ele chorava, sofria
na enxovia fria...
( Chovia na enxovia
uma chuva ácida
negra
de água nigérrima
betuminosa
na treva da treva
no trevo da treva
Chovia na enxovia
e o poeta na noite negra
sentia a noite passar pelo corpo
com um humor aquoso negro
à boca da noite
boca da mamba negra
a inocular peçonha
a destilar veneno
que leva o zumbi
ao escuro obscurecido pela morte
Chovia na enxovia
no ergástulo sórdido
e o vate sem estro na lira
inconfidente ( crime de lesa-majestade)
conjurado
sublevado
abastado
amancebado
amasiado
bacharel em cânones
Inobstante não passou incólume
pelo sangue da noite
- o sangue da mamba negra
( A noite é uma mamba negra
de boca aberta à morte de Cleópatra
rasgando o véu do tempo
desde o Egito antigo
até o tempo da inconfidência mineira
quando Cláudio Manuel da Costa
foi encontrado morto
na masmorra
- que morra!
tanto quanto mata
a masmorra
de todos os senhores
alfa-bichos
beta-bichos
cujo véu foi rasgado
ao longo do vestido da história
- um ofício do santo ofício :
isto é a história!
( que não tolera sublevação
conspiração
conjuração
que o diga o coração do poeta
batendo...: nos escombros!,
mas também nos saraus
consoante os Anais
que buscam o tempo
e nos autos da Devassa! )
A história do homem
sofre a bifurcação
de ser a historiografia do crime
aflorada sem código genético
- regime natural este
que dá o tom da norma natural
com tinta de DNA
- que pinta de guanina!
e desbota a sombra do crime
e do pecado
na bota
e no bota-fora
Ai! que chovia
na enxovia!
e poeta quedo e mudo
taciturno
olhando o suicídio
no gusano que se remexia
dentro do suicida
( chovia na enxovia
mas fora dela
degredo
degredados
declarado infame o poeta Alvarenga Peixoto
E havia dentro da enxovia
na qual chovia
a Coroa portuguesa
a derrama
a produção aurífera
a capitania de Minas Gerais
( capitania do rei e seus mercenários
pagos do governador ao soldado
todos bandidos
do bando sem semblante )
Havia a via para a metrópole
- a via do ouro !
as jazidas de aluvião
o contrabando
as 100 arrobas
os cléricos e militares insurretos
a classe abastada a conspirar
em insurreição anunciada a trompete de anjo
a conjuração
os iluministas
os mártires
- e a liberdade tardia!...:
que inda tarda
na tarde
e no tempo tardio de hoje
quando atuam as mesmíssimas personagens da tragédia
do drama
vão mudando apenas os atores
como se vão os dedos
e ficam os anéis
a ornar outros dedos leves
das mesmas personagens
da comédia de antanho
ressuscitadas
das levas de trevas
que inunda o mundo
desde que o mundo é mundo
e eu sou pequeno
menino do menino
que fui
desde que o mundo da besta homem
está escrito sob a comédia do direito
- esse fanfarrão ébrio
que chamam direito
e que não tem nem objeto
mas apenas objetivo
- cujo fim é demarcar o território para o animal alfa
e a beta besta
subsequente
Hoje a inconfidência é a mesma
a infidelidade ao rei
e o crime de lesa-majestade
é o mesmo sonegado
Os donos do governo
ainda montam a economia
com a lei
antes que os fora do poder
possam se mover
e concorrer
dentro da lei
que os senhores do poder
já conhecem os efeitos
desde o anteprojeto
e os demais
ou a concorrência
apenas vem a conhecer na publicação da lei
dando, destarte, uma vantagem enorme
aos que traficam no poder
e se enriquecem levianamente
Outrossim tais crimes ainda são punidos com severidade
mas tudo é simbólico
teatral
pois o esquartejamento de Tiradentes
o único membro da classe inferior
qual foi coagido sob tortura a confessar
que ele era o único inconfidente
a fim de que os da alta classe
então presos
pudessem ter a pena comutada para degredo
e desta sorte escapar à morte ignominiosa
- foi um um rito cumprido no cadafalso
e nos logradouros da cidade
que se esgotou na figura de Tiradentes
o mísero que tudo expiou
A expiação
Hoje ainda chove na enxovia
mas o rito sumário foi cumprido
e os inconfidentes de hoje
são penalizados com processos
e outras formas simbólicas
de punir apenas por somatização
Se o réu somatizar
as voltas no deserto
que o processo perdido dá
como o fizeram os judeus
e todos os que se perdem no deserto
e andam em círculos
então sofrem
de outra paixão
que não a de Cristo
ou dos enamorados à fonte
contemplando o anjo que bebe
no marimbondo preto e branco
de corpo oblongo
que o poeta tem
por objeto de poesia
ou de poetisa
que pisou e dorme sob o solo
- Bárbara Heliodora! )
Animal não tem história
que não seja natural
portanto não perpetra crime
está livre do pecado, padre!,
porque no bicho
tudo é saboreado
na escrita dos genes
que move a arara azul
corpo e "alma"
- pagã! :
Sem latim para Vulgata!
e direito canônico
sem cânones!
para Cláudio Manoel da Costa!!!... :
Direito que não lhe valeu de nada,
ó poeta conjurado! :
Árcade
Hoje os inconfidentes
são os mesmos entre-dentes
com a faca nos dentes
e no peito ameaçado pelo carrasco
- os mesmos! no rilhar dos dentes
para Tiradentes
e amanhã não será outro dia
mas o velho dia de sempre :
o Ancião dos Dias
que o diga
nos dias que se seguirão aos dias
para um futuro sem futuro social
historial
- Só mudaram os dedos
que vieram a fenecer
nas mãos desumanas
bestiais
dos eternos verdugos
bestiais
dos eternos verdugos
que comandaram o mundo
e continuam a comandar
com os dedos redivivos
de sua prole
- sempre de machado em punho
espada em riste
prontos para a decapitação
no cadafalso
para maior glória de Deus
e espetáculo para a plebe ignara
ordinária
sob as varas
do varão ou dos varões vigorosos
senhores de baraço e cutelo
para os quais passaram os anéis de ouro
cravejados de diamantes
safiras, malaquita, cornalina , marfim...( O mundo não muda em sabedoria
que faz corpo do animal
do vegetal e mineral
que estão no homem
mas não no poeta
- o mundo muda em conhecimento
e no embate entre sabedoria natural
e conhecimento ou erudição
que é de ordem cultural
da lavra da linguagem do homem
sempre a Revolução Francesa é refeita
e num momento vige a sabedora animal
que se assenhora do poder e territórios
marcados a mapa de urina
e em outro momento
vigora o conhecimento
que é uma utopia
mais frágil que uma bolha
prestes a estourar
na chuva
que chovia na enxovia
aonde o anacoreta fora recolhido às pressas
A revolução dos bichos
se passa em terra
escrita no DNA
com citosina e timina e guanina e adenosina
porém a sublevação dos filósofos
se dá na linguagem
que canta a poesia
e tudo o que descende da poesia :
a ciência, técnica, religião, cultura, arte...
está alijada do mundo...)
Mas chovia
chovia muito na enxovia
- até a morte vir-a-ser
a sublevação
o motim
e o motivo dos amotinados
insurretos
conjurados
inconfidentes....:
inconfidente é o homem
- todo homem individualmente é contra o rei em atuação
( ou os reis tripartidos em três poderes despóticos )
Somente não contraria os reis "magos" os magros
( macilentos poderes de semi-cadáveres )
aquelas sombras
que se desenham ao sol
e acompanham o homem
( as sombas de homem!...
subservientes )
- do homem que segue solitário
anacoreta que é
a caminhar intrépido
sem rei ou lei que valha o rei
- que nada vale
no vale
ou por onde passar o homem
em solitude erma
pelo deserto de Gobi
do Atacama ou de Gizé
que desmancham qualquer rasto de cascavel
ou de reis magos
ou magros ou nédios )
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