Não escrevo
para o outro,
Nem para
nenhum leitor:
Escrevo para
mim
Ou me
descrevo
No crevo do
crivo onde grifo o glifo
E o hipoglifo(hipoglifo)
grafo, gravo, cravo
No agravo
crasso
Que grassa
endêmico.
o lenitivo
mo precrevo
Quando tomo a resolução de tomar,
Mas não
tomo: gomo.
Não, não é
para mim
Que dirijo o
discurso
Com
perna-de-pau de soneto,
Solfejo,
sulfeto, cianeto...
Talvez, mais
de um vez
Dirijo-me ao
ser existente
E ao
inexistente insistente e renitente
Que vai em
sombra pós mim,
Na
persecução do meu corpo
E do corpo de
minha paranóia.
Essas quinta-essências
Perambulam
impávidas pelas trilhas caladas da noite
Com o pré-eu no prélio
Do imaginado
escritor paginado
E envolto pelos
signos do tédio
Em tosse no
amarelo
Que amo em
elo
Do mel com a
folha outonal.
Menos mal,
mais rol.
Escrevo, -
quem sabe! - , para assustar
O fantasma
em teia de aranha
Ou em tia
antiga enrustido
E que
vagueia pela velha casa
Assombrada
por ela
E com ela
Que era
cruel
Ao empalar os meninos,
Os passarinhos
e os elefantes brancos
Que matavam
com um tiro de espingarda
De Dona Emenengarda,
Uma senhora
da guarda dos anjos
E que dava
guarita aos transmundanos.
Escrevo para
o deserto
Que sou
sendo humano.
Escrevo-me e
corresponde-me
- tudo só
comigo
Único amigo
louco
Porquanto conviver
com outro ser humano,
É especular
à face do outro,
Que sou em
“alter ego”,
Mas que não
apresenta
Nenhuma ou, se alguma,
Nula
alteridade, Núbia.
Atuar com o
outro
Sob o espetro
solar ou lunar
É pior que
sobreviver
Numa região
desértica,
Aonde só
iria ao encontro
Do profeta
João, o Batista,
Homem de
índole vingativa-vegetativa,
Figura
exótica, esdrúxula, insólita, impoluta...
Conquanto instigante, estimulante,
Porquanto homem porfiando
Contra o
luto
Que acaba
sendo a existência humana,
Sempre em
pré-oásis,
Em prefixo
que asfixia tudo,
Todo o
sufixo e o crucifico
Com o qual
fico cristão
Pela
eternidade que enegrece o tempo,
Cega os olhos
de Sansão
E segue
cegando e promovendo a sega
Com a foice
da morte em riste
À mão de uma
espadaúda mulher
Com espada
em Joana D’Arc.
Ora, João, o
profeta!...
João!,
o profeta, doudo de pedra!,
Doido
de jogar pedra nos meninos zombeteiros!
isso não
é para o
mandeísta,
que o manda
venerar.
Também não
É um homem
que passou
Por um surto
de megalomania,
Paranóia descabida
Ou cabível, plenamente acomodável em um contexto
Como evento
de sanidade
Em fluxo de
santidade
Que para o cristão devoto
Ou o
muçulmano ortodoxo
É normal e
compreensível,
Contextualizável nas escrituras,
Se as há escritas nas areias do deserto,
Onde,
decerto, nada dá certo
Entre
beduínos,
Dos quais
nada sei,
Excepto o
nome tribal(?) deles,
E algumas
palavras vazias
E inúteis
fora do sopro da língua deles,
Que é a
única com léxico e gramática,
Ou até
dislexia,
Para
comunicar o que eles são de fato
Da língua ao
palato
Passando peãs
cordas vocais,
A úvula que
balança na dança de falar e cantar...
Convenhamos, o ser humano é um deserto:
É este
deserto duna duna,
Ou duna a
duna,
Areia a
areia
Até encher
uma ampulheta
Que pouco
tem de luneta
Ou lupa que
busque insetos
Que vivam ao
relento
No areal que
faz desertar
Legiões de
diabos sotaventados
Enredados na
trama de ardis
Para
derribar os bastiões do mundo
Que se mantêm
campeões de vulto
Com
hegemonia milenar.
Em geral,
esse deserto,
Que sói ser
o ser humano
É populoso e
infla demografias
( “Scientia
inflat”)
Uma vez que
estes seres que somos
- São ( somos!) todos estúpidos em tudo.
Alguns
desses seres privilegiados, no entanto,
Em função de
algum milagre inexplicável,
Escapam da estupidez completa
E são
razoáveis na convivência
Procedendo
com tolerável urbanidade romana
Ao manter
uma certa dignidade e cortesia,
O que é
essencial ao trato com o outro
E
possibilita uma relativa alteridade,
A qual não socorre os indivíduos grosseiros
Originários das
camadas mais baixas
Do extrato
social e intelectual,
Porquanto
esses deserdados pela natureza pródiga
Não são afeitos
à gramática social
E
destituídos do menor senso político,
Bem como destituídos
de polidez mínima
Para poder
sustentar
E se fazerem
aceites
Em um
relacionamento social estrito senso.
Isso se dá,
simplesmente,
Porque a estultícia é a característica marcante
Da maioria
dos seres humanos,
Que dela
fazem culto inconsciente.
A estupidez
não é falta de inteligência,
Mas o desuso
ou o mau uso
Ou o uso
insosso
Do bom senso
e da sensibilidade
Que precede
ao traquejo social:
Um luxo para
poucos sábios
Detentores
da arte de conviver.
Também a
estupidez crassa
Não é atitude preponderante
Para a
formação do nonsense,
Forma de
pensar
Conjuminando
pensamento e imaginação delirante,
Que atinge em cheio à ciência,
Enquanto
instituição e conhecimento,
Onde
ocasiona malefícios intelectivos
Mas que,
entretanto, não é óbice
À abordagem
da estética na obra de arte
Quando o ser do esteta
Está imerso
na paixão profunda
Que mal
deixa o peixe respirar
E chega
a matá-lo enquanto “ser anfíbio”,
No “dizer”
do “logos”,
Porquanto o
ser-em-anfíbio
Um ser da
vida
É o ser
humano,
Enquanto
“terra”, barro, “húmus”,
Enfim, silicato, sílica...
Tem necessidade
premente de sair da água
E ir ao
encontro do respiro em terra firme,
Sob pés ou
nadadeiras, ou patas,
Vez que o
que sobe num suspiro
Desce num
respiro
À terra que
é comida
Mas também come o corpo
Quando
decomposto pela peçonha
De alguma
víbora, vírus ou bactéria deletéria,
Se não um
fármaco
Movido
por efeitos colaterais deletérios,
Envenenado
no nado para fora da botica
Em corpo
enrodilhado em cobra simbólica
Que é
letífera enquanto metabólica:
Um bólido de
morte em flecha de prata
Que retesa o
arqueiro da morte,
Pois a vida
é perigosamente viva
E
jocosamente vital,
Ridiculamente
frágil
No fio de prata suspensa
Qual o
mísero funâmbulo
Que
atravessa sobre abismos
Descaídos no
“Grand Canyon”
E, destarte,
ganha a vida
Se é de fato
vida
Aquela chama quente e luminosa
que um dia
irá perder,
dentre as pedras lá embaixo,
na úvula da
garganta do cânion,
Ao perder o
equilíbrio
Em meio
ambiente sem ambiência,
Mas com
corda bamba, balouçante,
De onde será
lançado o biótipo ou fenótipo
Do homem em
profissão de fé de funâmbulo,
Que ganha o
pão de cada dia,
Equilibrando,
eqüidistante,
entre espaços abissais,
sobre as rochas que o esperam pacientemente
No vale do
cânion,
Que do alto
é um abismo,
Uma garganta
aberta
Aguardando o
corpo
Que perdeu
o bioritmo
Ou ritmo
biológico,
Se a
biologia fosse vida
E não apenas
uma voz
Que fala da
vida,
Mas não é
vida:
É
tão-somente seu canto, sua ária...
- pária... e
não páreo
Mesmo do homem
estúpido,
Um biótipo
social,
Preso à
política,
Um espécime
de homem
Que
representa a maioria esmagadora
Que
denominam de massa
Ou rebanho
que trota...
Essa corja,
essa canalha:
“Ecce
homo!”,
Não é como
sou,
Pois eu
perco a pele
E a ignoro.
Não olho
para trás,
Não me apego
a nada.
Sou
livre...- até de mim!
Todas as
células minhas
Já sofreram
mutações
Em muitas
estações,
Equinócios,
solstícios...
E muitas
vezes pereceram,
Feneceram,
ficaram pelo caminho
No canto da
cruz cristã
Sobre uma
cova rasa,
Porquanto
são elas,
Essas tais
mutações,
“Mutatis
mutandis”,
o motor que
produziu
como espaço
em tempo
Minha pele de
cobra,
Da qual saio
ileso, laico:
Não vou ao
paraíso,
Quer seja
cristão ou pagão.
Pago para
não ter essa paga.
Entretanto,
não é somente de pele
De que vive
o homem
E que troco
o tempo todo,
Sofrendo
várias encarnações (mutações!)
Numa mesma
vida
( nesta
única vida que levo a tiracolo),
Num nu corpo
humano para compêndio de medicina,
Mas também na
alma (aristotélica
e teológica,
com o advento do Aquinate
Em “Suma”( “Summae
Theologiae”) ),
A qual muda nesta transição,
Que sói ser
a vida
( “Metamorphoseon”
em “magnum opus” de Ovídio),
Bem como a
mente,
Que já não é
a mesma
De dois anos
atrás para cá
Pois a cada
dois anos,
Ou um tempo
assim,
Nos últimos
anos,
Deixei
várias vidas para trás
E assumi
outras formas de vida,
Sendo outro
ser humano
E não apenas
mudando a pessoa,
Que é uma
personagem social e política,
Na polis
grega mesclada à cidade romana,
Que traz
este romance de língua
Que me liga
em comunicação
Aos outros
cidadãos,
Agora sem
Roma,
E a outros
políticos,
Hoje sem
polis,
Porém um hibridismo
de ambas e ambos.
Os homens de
hoje
Não são de
Roma Imperial,
Nem da
Magna Grécia
e tampouco
de Israel,
conquanto falem
um idioma
romance em mixórdia
com termos
bárbaros, berberes, árabes, gregos,
sânscrito,
hebraico, aramaico, siríaco...,
bem como vozes do copta e outras
murmurações
em subconsciência efetiva
que nos tiram a terra do chão
e nos fazem pisar sem firmeza
na areia movediça
de inúmeras línguas mortas antigas
que não conhecemos,
mas que remanescem na alma do homem
que somos sem terra
e montados
na sela
de um cavalo
em um imenso xadrez
de línguas cruzadas:
- uma
autêntica Torre de Babel,
Articulando
um aranzel para Rapunzel...,
Pois a
língua de conhecimento
Sempre
permanece e prevalece
Em sua
terminologia fundamental,
A qual acata
as palavras-chave
Das
doutrinas fundamentais
Que
grassaram por aquele idioma
Retratando o
espírito do povo ignaro
No
pensamento do douto,
Bem como a
poesia e arte do sábio,
Na
elucubração do filósofo
ou do
pensador independente
E no labor
do esteta e do engenheiro
Que refinam
a cultura intelectual
E a feição do
artefato
Sofisticando
conceito e produção industrial.
Em sinopse,
o que somos?:
O homem sem
terra por escabelo,
Fadado a
falar e escrever mecanicamente,
Em exercício
mnemônico,
Uma quantidade absurda de línguas
E linguagens
vivas e mortas.
Quiçá, não
sejamos sequer mais homens,
Mas apenas
zumbis
Perdido no
tecido negro do xadrez noturno.
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