Um poeta nem sempre,
nem sempre-vivo,
nem-sempre-vivo
na sempre-viva vida,
quiçá, assaz vivaz,
quando muito,
usa do chiste:
outro chicote,
na chacota, chalaça,
na massa atômica,
molecular, nuclear...
Chiste, não xisto,
que existe
(eu existo,
"logos" penso,
apenso o senso)
para açoitar,
açodar, acicatar(acicatar!)...
Acicate.
Todavia, quando fala da planta,
diz da botânica
( o bardo se espreguiça
em saltério na botânica)
e mais que a botânica
aborda a biologia viva na enguia,
discorre córregos que correm
em corredeiras de águas sombrias
a buscar a cássia
vegetal feito em água de dentro,
por dentro, água nuclear,
eucarionte fonte
de mel e leite
no jardim de dentro do ser,
à espera das hespérides,
buscando a origem da vida,
a alma na glicose,
a mãe no ventre
onde pisou primeira terra
prometida, em embrião e feto,
o aedo que produziu a gesta
e a besta
- na fera e no artefato.
Oh! o feto arbóreo!,
boreal no vento
( Bureau na política paleolítica
em pálido estágio de pedra ),
no vento que venta
que vem e vai
varre e inventa
no que venta
nas ventas do derviche
que gira, roda,
revoluteia em teia
de aranha
que arranha
o arranha-céu
com garras felinas
fincadas no flanco
da abóbada celeste (- Alceste!)
que veste a leste
e a oeste deste itinerário
descoberto, desvelado...
posto ao oposto
do homem que velou
em tese do intelecto
ou mero ato físico ( ou tísico?)
do feto desarvorado
em abrupto aborto
torto morto
hirto no horto
caído da queda do anjo decaído
- pois folhas são
quais anjos,
iguais a arcanjos,
penduricalhos em árvore
de folhas caducas,
caduciforme, não-perenes,
infensas a não-queda
sem para-queda...
Quando canta a flor na mulher
canta a floresta negra,
o rapsodo, o trovador,
que encanta o canto
no chão do cantochão
com folhas amarelecidas de outono...
canto o chão!
aonde ela pisa
lisa de Elisa, cartão Visa
net.
(Não é, meu neto?!).
Ah! há a floresta de bétula
- noiva de branco,
mas não a mulher alheia,
a feia alheia,
bela na inversão da paixão
que espia e expia
os meus olhos
em expiação de espião.
Folhas escritas em versos,
cantadas cantatas
em liras de Marília de Dirceu
ou do pastor apaixonado,
perdidamente apaixonado
pela bela árcade,
longe da Arcádia,
errando pelos campos e vales
e prados e riachos
com pés descalços n'água límpida
do arroio em arroz
plantado
no que o olho é verde
ou negro na amada
que olha do escuro
da noite na alma
de Joan Miró
em mulheres noturnas,
Chopin em noturnos
e São João da Cruz
no claustro silente
penitente.
Sim, a Cássia,
acácia...:
a Cassia, no espartilho da flor amarela,
é uma mulher
e uma árvore da vida :
A árvore que doa,
dota, adota a vida
corrente rio na seiva
e refletida pelo espelho do sol
no Narciso a se mirar
na sacarose,
maltose, lactose...
que são o que é o mel
no verde vegetativo
em sistema nervoso
( um rio em verde
à jusante e à montante
pelo corpo do poeta)
tocado pelo violinista verde
em ósculo com a música
e a musa do azul
- do azul violinista do anil,
na anileira em floral
de Bach frugal,
fuga de Bach,
- Bach fisioterápico
em pico de capitalismo
picante
sem marca de Marx.
Não posso dizer
do amor que sinto
nem a que venho
porque vivemos,
minha bela,
sobre a pressão das palavras
- sobrevivemos sob a prisão das palavras:
O mundo é uma prisão de palavras...
ergástulo em palavras,
letras de lei,
signos de reis,
insígnias, símbolos de imperadores
- dos horrores políticos
perpetrados sob sol e chuva,
noite e lua
no anel da menina bela,
ancha do anjo da verdade:
ancho o peito no seio,
coração palpitante
de vida e amor,
que é mais vida
- e mais amor
e...
Um poeta
ou ensaísta à vista
nem sempre usa de chiste
- chiste que existe
para açoitar os lombos
dos quilombos,
dos gongos, bumbos...;
contudo, quando fala da planta
- que planta!
fá-lo no "logos" da botânica
ao nu do olho
fincado na raiz
de botànica agônica
que, destarte, de certo disserta
sobre a cássia ( "cinnamomum cassia "),
Cássia-imperial ("Cassia fístula"),
buscando a fonte da vida
na alma de fronte à glicose,
especulada em Narciso,
e a mãe na madre,
na madressilva....,
onde provou primícias da terra :
Gaia, Gaya, galha! :
Gea, Géia (geléia!), Gê, geada...
Uma mulher
é uma árvore da vida
e do conhecimento do bem e do mal
do zen e do mel
do fel e do véu,
mas uma mulher
por bela e doce
tem sempre um travo
amargo
que vegeta e é vegetal
no sistema de nervos
com autonomia inata,
lei nata,
no leite, leito e flor fosca,
tosca em tosa de olho
que a vê
tosa musgosa.Glosa(glosa!).
A mulher (e o jacaré)
é a árvore que doa a vida,
doa a quem doer!
- Vida corrente curva na seiva
e refletida pelo especto solar
no Narciso em glicogênio
tocado pelo violinista verde
em ósculo com a música do azul
violinista do anil).
Os poetas arcaicos(arcaico!)
e os árcades (da Arca da Aliança!...)
não nativos,
mas inativos, da Arcádia,
usavam nomes mimosos
de Marília, Natércia e Beatriz
para formosuras casadas
em suas travessuras.
Em sua botânica,
na botânica na mulher,
(e falo da raiz do homem
que é a mulher,
sem tocar a cítara
do amor platônico
nas canções sem Musset :
musselinas em musas
e músicas em poesia
que Lia lia antes de Raquel)
- no sistema vegetal da mulher
o homem no hímem cata a vida
na folha virada para dentro
do olho interior
do ciclope cíclico
que olha para o fundo
do abismo profundo
que a mulher
às vezes é
na paixão sem Cristo
do natal triste
de um monge que existe
para parodiar...
(parodiar o ar!).
Houve um arrulho de amor,
que houve!...
Depois ouve o chiste,
bem triste
do amor que foi
morrer no desterro
do desprezo,
bem triste
do amor que foi
morrer no desterro
do desprezo,
no menoscabo
que apagou a paixão
pela mulher em pelo,
sem apelo,
pois o desmazelo dela
fez daquele que antes a amara
no verdejar da Cassia,
na gare do violinista verde
quando o tempo
não tocava o escuro
no coração partido,
não mais partilhado,
prantear o rocio
que corre no alazão da madrugada
rota e sem rota ...
Isto é de dar a pena
- tanta pena!...
do amor que saiu de cena
por uma quantia pequena,
irrisória,
indigna de riso,
infensa ao siso(siso!),
maculada pela mancha
que não manha
o Canal da Mancha,
que apagou a paixão
pela mulher em pelo,
sem apelo,
pois o desmazelo dela
fez daquele que antes a amara
no verdejar da Cassia,
na gare do violinista verde
quando o tempo
não tocava o escuro
no coração partido,
não mais partilhado,
prantear o rocio
que corre no alazão da madrugada
rota e sem rota ...
Isto é de dar a pena
- tanta pena!...
do amor que saiu de cena
por uma quantia pequena,
irrisória,
indigna de riso,
infensa ao siso(siso!),
maculada pela mancha
que não manha
o Canal da Mancha,
nem tampouco macula
o imaculado coração
do perdão,
pois este amor
é maior que o coração
"encouraçado"
dos que se amam
sem remédio e sem veneno
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