segunda-feira, 26 de julho de 2010

COMPANHIA XADREZ ( PEDRÊS)


Duas crianças caminhando na manhã /
cedo em companhia xadrez /
- cedo de aceder ao orvalho hialino /
em caminho pedrês /
ao olor de rocio no ar ( oxigênio químico ) /
campo eivado de ondas eletromagnéticas /
senóides roucas dizendo parábolas no rádio /
ciciando ao ouvido mouco /
- tudo xadrez com xerez de Xerez de La Frontera /
pela trilha pedrês /
a longa aléia que leva ao caminho das flores brancas nos arbustos /
ou da renque de arbustos salpicados de flores brancas /
nos vestidos costurados nas barras das alvas de Chagall /
ou na treva do trevo /
nocturno xadrez enxameado em estrelas brancas /
em noite preta como o anum /
- o anu-preto cujo corpo extenso na envergadura das asas /
em bando piando por trás das trevas /
que chiam como se fossem parar nas antenas /
feito imagem para televisão em preto e branco /
- a noite é a própria tez sob as penas negras da ave feia /
do anum cuja fealdade /
nem o faz parecer um pinto pedrez (xadrez)... /
pois "...E era uma vez um pinto pedrez..." /
dizia minha mãe a mim em criança /
em menino sem fim que fui sim /
o qual matematicamente fui em mim /
assim sem fim para além dos confins /
até o marco do infinito matemático quadrático /
desde a raiz quádrupla no princípio de razão suficiente /
- suficiente para ser um ser além da fenomenologia /
mas dentro do jardim natural das ervas daninhas sem paraíso na floresta negra ) /

Um menino impúbere e uma menina púbere /
ou quase na puberdade /
palmilham o solo das pombas /
juntos conversando num código secreto /
sublevados insurrectos amotinados /
com os pés fora do navio /
distando longitudes e latitudes do capitão de longo curso /
em corveta fragata bergantim caravela /
com cara e vela para o vento Eolo /
- Sopra arcanjo! / a barlavento ou sotavento /
que o ar rarefeito é anjo do Senhor /
nas encostas do Himalaia ou dos Alpes /
Apeninos Apalaches Montanhas Rochosas Andes /
que quero que andes! /
irrequieto menino de sorriso indefinível /
no bojo do amor que está no olhar dentro das cavidades orbitais /
dos meus olhos cravados dentro dos olhos vivos /
ainda remando nas águas profundas e correntes do tempo /
( o menino é um bebê que vai medrar /
para ocupar meu espaço no tempo /
em que eu me ausentar do espaço em ser /
- em ser que foi um tempo movente no espaço em órbitas /
com a alma nos olhos apaixonados pela vida /
elipsóide equação que abraça coisas em função /
mas não a vida da vide mais simples / chã /) /

Um menino e uma menina murmuram a manhã /
abaixo do sol nascente /
do sol no levante /
( O sol é o tempo pensado /
que depois se fez relógio /
conto de contar areias na ampulheta /
no pó de luz e trevas de noite e dia /
- tabuleiro de xadrez na casa de Davi /
sendo a casa da noite negra ( da matéria escura) /
a casa do dia branca-casa ( anã branca ) /
e, outrossim, preto e brancas as peças do jogo /
(animadas de energia negra /
alma negra do universo ) /
- um jogo de xadrez pedrês de estrelas e lua /
é o céu em noite com mulher trajada de negro por Joan Miró /
que pinta a noite sem tinta na mulher bela /
no pássaro e lua aos pedaços minguantes ou crescentes /
no quarto onde a estrela se prende em escarcha na vidraça da janela /
que olha para a noite penteada em trevas de cabelos nigérrimos /
por onde meu pai vinha pela rua torta de lua amarela /
e quase na aquarela de Wassily Kandinsky /
(lua bêbada no amarelo que voa na borboleta /
e se finca na flor ao rés-do-chão das ervas derramadas pelo violinista verde erva ) /
no palor e pavor da madrugada com rapsódia de galos /
- ai! o amarelo pingado de Modigliani em Jeanne Hébuterne! /
sem companhia de canto e dança de alaúde xadrez ) /

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