Dizem que sou incréu.
Sou incréu no papel
E no cretáceo,
Mas na carne do
cetáceo
Que não é nada em mim
( nada em mim!)
- sou crédulo
Tal e qual a criança face sua mãe:
No caso, eu face minha mãe,
filha dileta de Dona Mariinha,
Minha avozinha
materna,
Avezinha voadora
Entre a vizinha
E as procelárias
Que arrastam asas em mansuetude
De Jesus na procela
Em grande pélago profundo.
Minha mãe, avó...
Eternas. Ternas. Termas.
Etéreas ternuras na minha vida
- De agruras negras
E brancas na bancarrota.
( Quantas rotas rotas,
Quão roto o meu sapato
guardião de pé torto
andar descalço
de carmelita descalço
que não pude ser
porque meu pé é frágil
e curvado pela genética
que dançava em pé
de meu pai
- quando em pé
Ele era na Era não-Mesozóica
E m tempo de floradas
de ipê roxo
Ao pé do penhasco abrupto,
Que vigia em outro espaço
Fora do plano geométrico euclidiano
Que eu cria,
Crédulo que sou
Dos embustes dos sábios,
Que sabem à vida
E a mar,
Mas não sabem amar!...).
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