sábado, 31 de maio de 2014

COR UNO("COR UNO") - glossario verbete

Não sei se Deus é tão-somente uma fala
Ou um teatro com falha
No rito e no mito
- que imito e emito.
Sei que o ermitão
que tão-só sou ao sol
É um deus vacante
No altar soerguido em Betel
Pelo patriarca bíblico Abraão,
Senhor da Arca
De Noé e da Aliança
Que roe e rui em Noé
 sem noética
- noética de nauta no naufrágio
De nau Catarineta
A nu ( anu?) no romance da Nau Catrineta
E em todo romanceiro
Gitano ou medieval.
Sei ,também, de ouvir sinos de Belém,
que há um deus me esperando
Na balada narrativa de seu amor ,
Nua mulher arrancada em pedaço de favos
Da lua que luta ao palor do luar,
Mas se dá sem pudor
na volta do semi-círculo
Que faz uma circunferência
pelo barco de ouro
da lua minguante
Que doura o céu noturno
Espelhado nos olhos da mulher na noite
Do pintor catalão Joan Miró
Que amava as negras madeixas bastas
Que vestem sua cabeça
E é a Coma da Berenice no céu
Noturno com Chopin ao piano, ma belle.
( A fala, que hoje recolho à bigorna,
Era canto trágico grego,
Depois escorreu em mel pelos cantares lunares e solares
E, por fim, caiu em nossos corações
Que de dois
Viraram com a  viração
Em “cor uno”(cor uno)
Que não  pressiona nem impressiona
Olhos de impressionistas à Monet
Mirando nenúfares e catedrais góticas,
Mas cala fundo no coração
de grande calado,
à meia-nau de profundidade
no casco do navio,
entre proa e popa,
no ponto mais baixo da quilha,
- quase afogando a trágica Ofélia de Shakespeare!

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sábado, 24 de maio de 2014

MOSTO(MOSTO!) - verbete wikcionario etimo



O nauta salta pela falta
De mar seco
Para por cara a velas
De cefeídas e outras velhas velas padrão:
Olhos que vigiam as velas
Dos veleiros brigues
Que brigam contra o náufrago
Na nau em meio do sal
E sob o sol
De arrebol a arrebol.
( Salto do sal
Do salário ao soldado
Passando pelo cavalo).

 A vida é luta frágil
Contra o  naufrágio
Navegando na fragilidade
De um barco sempre pequeno
Em um mar oceano sempre colossal
Cujas procelas só não abalam
As asas das procelárias
Em  voo  sereno
sobre um mar revoltoso,
Um tritão bravio,
Uma energia marinha
Que dá alma à salamandra,
Anfíbio da família “Salamandridae”, ordem “Caudata”;
Um caracol marinho 
Protegido por  grande búzio,
Cuja nomenclatura binomial é “Charonia tritonis”,
 da família “Ranellidae”...
e o que mais “andae”... a pensar  lesto
com carinho presto,
 andarilho e sombra companheira
de São Brás
(São Brás, São Brás!
Bota o cú pra traz!,
Bradava minha brava e irônica vovó, rindo,
Às gargalhadas depois de fazer a simpatia
Para tirar o espinho de peixe
Preso à  garganta de algum neto.
E olha que era tão fervorosa na fé!...
que São Brás devia rir
Se no túmulo risse
Algo mais que o ricto da caveira!).
Oh! Vovó! O avo do tempo
Foi para as matemáticas
Escrever poesias
Em sua língua
Que fala e corresponde-se
Com toda a ciência
Que vive de essência de vida,
Mas em sã consciência
Não tem vida
E  sim apenas suco : química do quimo,
Orgânica e inorgânico
- para órgão ou sopro de flauta dulcíssima
Em tua boca, amada
Que precisa precoce da mordida na maçã,
Que és e quero
- e vou morder,
Senão até morrer
- até viver para sempre
Arrancando com o dente
um pedaço da apple(Apple!)
dentro ou fora do passo do paraíso
com sapato roto
e olhos no mosto(mosto!).

Assim segue vida e mar
O nauta e o internauta.

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domingo, 18 de maio de 2014

INCRÉU, INCRÉU! - etimologia etimo

Dizem que sou incréu.
Sou incréu no papel
E no cretáceo,
Mas  na carne do cetáceo
Que não é nada em mim
( nada em mim!)
- sou crédulo
Tal e qual a criança face sua mãe:
No caso, eu face minha mãe,
filha dileta de Dona Mariinha,
Minha avozinha  materna,
Avezinha voadora
Entre a vizinha
E as procelárias
Que arrastam asas em mansuetude
De Jesus na procela
Em grande pélago profundo.
Minha mãe, avó...
Eternas. Ternas. Termas.
Etéreas ternuras na minha vida
- De agruras negras
E brancas na bancarrota.
( Quantas rotas rotas,
Quão roto o meu sapato
guardião de pé torto
andar descalço
de carmelita descalço
que não pude ser
porque meu pé é frágil
e curvado pela genética
que dançava em pé
de meu pai
- quando em pé
Ele era na Era não-Mesozóica
E m  tempo de floradas de ipê roxo
Ao pé do penhasco abrupto,
Que vigia em outro espaço
Fora do plano geométrico euclidiano
Que eu cria,
Crédulo que sou
Dos embustes dos sábios,
Que sabem à vida
E a mar,
Mas não sabem amar!...).
Ficheiro:Rock dove - natures pics.jpg

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